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SIMPLIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS ACESSÓRIAS DO ICMS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1.1 Situação problema

Este estudo visa verificar se a quantidade e o grau de complexidade das obriga- ções acessórias atribuídas aos contribuintes do ICMS estão adequados à sua aplicabi- lidade e às necessidades do fisco.

Para a solução do problema apresentado, apresentam-se as hipóteses: (i) manu- tenção das atuais obrigações acessórias tributárias; (ii) adequação da forma de apre- sentação das atuais obrigações tributárias acessórias; ou (iii) possibilidade de supres- são de algumas das atuais obrigações tributárias acessórias.

1.2 Justificativa

É comum a reclamação por parte dos contribuintes sobre o excessivo esforço empregado para atendimento das exigências por parte do ente público, no caso em tela, sob a forma de obrigações tributárias acessórias. Muitos são os argumentos tra- zidos para sustentar a alegação de que essas exigências aumentam demasiadamente os custos operacionais das empresas, o que justificaria a demanda por simplificações. Dentre eles, podemos citar os números apresentados recentemente em revista de cir- culação nacional (REVISTA VEJA, edição 2367, p. 52):

• 275.095 regras tributárias foram criadas no Brasil entre 1988 e 2011, segundo uma compilação transformada em livro pelo advogado mineiro Vinícius Leôncio. • 80 vezes no ano as empresas brasileiras chegam a fornecer a mesma infor-

mação para as administrações tributárias federal, estadual e municipal, de acordo com o levantamento do advogado. Em média, uma empresa preen- che 2.200 campos de documentos fiscais ao ano.

• 45 bilhões de reais são gastos anualmente com contadores, advogados e toda a estrutura para lidar com a burocracia fiscal, segundo estudo da Fede- ração da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesc).

• 2.038 reais é o custo médio para a abertura de uma empresa no Brasil, con- tra 1.213 reais na Colômbia, 315 reais no Canadá e 559 reais na Rússia.

Ressalte-se também a pesquisa divulgada pelo Projeto Doing Business, mantido pelo Grupo Banco Mundial. O relatório mostra indicadores-chaves para tópicos espe- cíficos da economia e compara-os com médias regionais e médias de países de renda elevada. Entre esses, um tem relevo para este trabalho, aquele que diz respeito ao pagamento de impostos, no qual o Brasil é comparado com países da América Latina e Caribe e países da OCDE. Esse indicador detalha os encargos tributários que uma empresa de porte médio recolhe durante o ano fiscal, indicando também as exigências administrativas para o pagamento desses encargos.

Em que pese o Brasil apresentar número de pagamentos de impostos e contri- buições reduzido (9 para o Brasil, 30 para a América Latina e Caribe, 12 para os países da OCDE), os demais indicadores mostram claramente como a exigência tributária no Brasil é maior em comparação com outros países.

Tabela 1. Pesquisa doing business: comparativo entre Brasil e América Latina e Caribe

Indicador Brasil América Latina e Caribe OCDE

Pagamentos (número) 9 30 12

Tempo (horas por ano) 2.600 369 175

Imposto sobre lucros (% lucros) 24,9 20,5 16,1

Contribuições e impostos sobre o trabalho (% lucros) 39,6 14,7 23,1

Outros impostos (% lucros) 3,8 12,1 2,0

Alíquota de imposto total (% do lucro) 68,3 47,3 41,3

Fonte: http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/brazil/#paying-taxes

Tais constatações também fazem eco no âmbito das administrações tributárias, fato que é comprovado pelos inúmeros eventos realizados para discutir o tema “obri- gações acessórias”. Como exemplo, tem-se o Encontro Nacional de Administradores Tributários (Enat), que reune os titulares das administrações tributárias federal, es- taduais, do Distrito Federal e dos municípios de capitais e o Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (Encat). Esses encontros têm como objetivo buscar soluções conjuntas das três esferas de governo que promovam maior integração administrativa, padronização e melhor qualidade das informações; racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; maior efi- cácia da fiscalização; maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas; maior possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas

esferas governamentais; cruzamento de dados em larga escala com dados padroniza- dos e uniformização de procedimentos.

Além disso, o tema encontra-se também no campo do senso comum, o que de- monstra carecer de uma análise mais criteriosa sobre a real necessidade de adequação dessas obrigações tributárias acessórias a fim de determinar se estas devem ter sua forma de atendimento alterada, serem supridas ou mantidas. É o que se pretende rea- lizar por meio deste estudo.

1.3 Objetivos

Nesta seção, serão apresentados os objetivos que irão pautar o desenvolvimento deste estudo.

1.3.1 Objetivo geral

Estudar as obrigações acessórias relacionadas ao ICMS como instrumentos de controle da arrecadação e fiscalização do tributo.

1.3.2 Objetivos específicos

1. Conceituar os principais aspectos que envolvem o tema obrigações tributá- rias acessórias.

2. Demonstrar a evolução das obrigações acessórias do ICMS no tempo, desde sua gênese, com a instituição do primeiro Ajuste Sinief, nos anos 1970, até o momento presente, destacando o comportamento dos deveres instrumentais a partir do uso da tecnologia da informação.

3. Verificar a aplicabilidade da obrigação tributária acessória pelas administra- ções tributárias.

4. Analisar se o dispêndio empregado pelos contribuintes para adimplir as obri- gações tributárias acessórias se revertem em receita efetiva para o estado.

1.4 Metodologia

A metodologia empregada tem como base pesquisa bibliográfica, seguida de con- fecção e aplicação de questionário on-line e posterior análise dos resultados obtidos, com o objetivo de desenvolver propostas de resolução para os problemas encontrados.

A pesquisa bibliográfica envolveu revisão da literatura sobre os conceitos legal e doutrinário de obrigação acessória, a sujeição passiva e a natureza jurídica da obriga- ção tributária acessória e os princípios norteadores do tema.

A bibliografia consultada possibilitou criar base conceitual para alcançar o pon- to crucial do estudo, ou seja, a verificação da complexidade, da aplicabilidade e da adequação da quantidade de obrigações acessórias do ICMS exigidas do contribuinte.

A definição da ferramenta questionário foi motivada por seu baixo custo de execução, bem como pela facilidade de resposta pelos entrevistados e pelo benefício advindo da participação destes com a identificação de suas necessidades.

Por meio da utilização do questionário, pretendeu-se obter dados que demons- trassem, por um lado, o nível de satisfação, e, por outro, o nível de dificuldade desses usuários no cumprimento das obrigações tributárias do ICMS. Foram coletadas 160 respostas.

Para a realização da pesquisa e a mensuração do comportamento dos usuários, construiu-se uma escala de Likert de quatro pontos, adaptada às peculiaridades deste estudo. Mattar (2005, p. 236) explica esta escala como sendo uma série de afirmações em relação ao objeto pesquisado em que o respondente não apenas concorda ou dis- corda da afirmação, mas indica o grau de concordância ou discordância.

O questionário foi elaborado utilizando-se o aplicativo Google Drive, especifi- camente a ferramenta “formulários”. Na sequência, foi encaminhado, sob a forma de convite para participação aos contabilistas de diversas Unidades da Federação, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) respectivos, tendo-lhes sido informado que seu objetivo era subsidiar este trabalho.

Justifica-se a pesquisa de satisfação junto aos usuários como metodologia apli- cada a fim de atender aos pressupostos de transparência e participação popular nas decisões governamentais, finalidade que pode estar sendo cumprida ou não conforme o nível de maturidade social alcançado até então.

2 ASPECTOS TEÓRICOS E LEGAIS RELACIONADOS ÀS OBRIGAÇÕES