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Se há um desejo de viagem, há também um desejo de escritura. E nesse desejo desdobram-se diversos aspectos que merecem uma análise mais detalhada. Pensemos na Forma. Antes de se escrever, imagina-se como escrever. Em A preparação do Romance, Roland Barthes faz uma distinção entre o Livro e o Álbum, apresentando o livro como vemos abaixo:

O Livro é, em sua mais alta concepção (Dante, Mallarmé, Proust), uma representação do universo; o livro é homólogo ao mundo. Querer o Livro, “arquitetural e premeditado”, é conceber e querer um universo Uno, estruturado, hierarquizado (BARTHES, A preparação do Romance, vol. II, tradução de Leyla Perrone- Moisés, 2005, p. 130).

O livro, em sua pré-elaboração formal, teria uma pretensão de abranger um todo, de dar a esse todo uma ordenação hierárquica. Por outro lado, o “Álbum, à sua maneira, representa pelo contrário um universo não-uno, não hierarquizado, disperso, puro tecido de contingências, sem transcendência”64.

Para Barthes, diante dessas duas formas, é possível recusar “essa dispersão, e por isso mesmo repelir o Álbum, o Diário, pois o Álbum é da ordem do ‘assim’, ‘do jeito que vem’, e implica, no fundo, que se acredite na natureza absolutamente contingente do mundo”65. Ou pode- se “acomodar-se à glória dessa dispersão, dessa cintilação, recusando o mito do profundo oposto ao aparente”66.

Uma vez que se escolhe escrever, é necessário, diz Barthes, decidir sobre a forma, a qual revelaria uma filosofia da composição ou seria a resposta à pergunta “em que acredito?”. Seguindo o seu argumento, Barthes afirma: “a ideia de Livro implica uma filosofia monista

64 BARTHES, A preparação do romance, vol. II, tradução de Leyla Perrone- Moisés, 2005, p. 130.

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BARTHES, A preparação do romance, vol. II, tradução de Leyla Perrone- Moisés, 2005, p. 130.

66 BARTHES, A preparação do romance, vol. II, tradução de Leyla Perrone- Moisés, 2005, p. 131.

(estrutura, hierarquia, ratio, ciência, fé, história); a ideia de Álbum implica uma filosofia pluralista, relativista, cética, taoísta etc”67.

Tencionando o argumento de Barthes − ele mesmo reconhece que essa oposição entre livro e álbum é frágil, veremos adiante − em torno da produção dos autores que contemplamos aqui, façamos uma revisão de suas produções escritas, de maneira a refletir sobre as características formais de suas publicações.

O único livro de Tastevin, La langue Tapihiya, foi publicado em 1910, em Viena, “ás expensas e cuidado da Academia Imperial do extincto imperio austro-hungaro”68, como nos diz o próprio autor no prefácio à edição brasileira. Nesse prefácio, Tastevin nos informa sobre as razões que o levaram a publicar o livro em português:

A boa aceitação que teve no mundo scientifico, e o desejo de agradar aos meus amigos brasileiros, me levou a pedir a esse illustre corpo scientifico a licença de preparar uma edição portugueza da Grammatica e do Diccionario tupy. Foi-me gentilmente concedido o favor solicitado. O Director do Museu Paulista Dr. Affonso d’E. Taunay69 se offereceu a custear o trabalho de

67 BARTHES, A preparação do romance, vol. II, tradução de Leyla Perrone- Moisés, 2005, p. 131.

68 TASTEVIN, Grammatica da lingua Tupy, 1922, p. 537.

69 Os primeiros integrantes da família Taunay que chegaram ao Brasil são o pintor Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) e seu irmão, o escultor Auguste- Marie Taunay (1768-1824). Ambos participaram da Missão Artística Francesa, chefiada por Jean-Baptiste Debret (1768-1848) (para mais informações, cf. DEBRET, J.-B., Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, 1978; ou LEENHARDT, J., “Jean-Baptiste Debret: um pintor francês no Brasil imperial”, 2008). Nicolas-Antoine trouxe seus cinco filhos, que seguiram a carreira artística e intelectual do pai: Charles-Auguste Taunay (1791-1867) publicou o Manual do Agricultor Brasileiro (para mais informações sobre esse livro, cf.: ROCHA, Cássio Bruno de Araújo. “Leituras de um manual agrícola oitocentista: Saberes e preconizações de um ilustrado no nascimento da nação brasileira”, 2009); Hippolyte Taunay (1793-1864) participou da expedição de Jean-Ferdinand Denis (1798-1890), com o qual publicou Le Brésil, ou Histoire, mœurs, usages et coutumes des habitans de ce royaume, em 1822 (cf. PESAVENTO, Sandra Jatahy. “Imagens francesas do Brasil no século XIX: paisagens e panorama”, 2008); Aimé-Adrian Taunay (1803-1828) foi integrante da expedição Langsdorff, na qual morreu afogado tentando atravessar o rio Guaporé (cf.: COSTA, M.; DIENER, P. Bastidores da Expedição Langsdorff,

impressão, e o Padre Manoel Valencio d’Alencar, meu amigo e collega me ajudou no trabalho de tradução (TASTEVIN, Grammatica da língua Tupy, 1923, p. 537).

A edição70 brasileira conta com a tradução do prefácio feito para a publicação francesa. Ali, o padre ressalta os aspectos inéditos de sua obra, afirmando que os autores que se debruçaram anteriormente sobre a língua Tupi não conseguiram desvendá-la a contento, conforme podemos ler na citação abaixo:

Digamol-o com franqueza: nenhum desses autores conseguiu descobrir o mechanismo, o segredo, tão simples e tão fácil, dessa bella língua, tanto no capitulo dos verbos, como no dos pronomes. Muito restava a fazer pois: salientar diversos pontos desapercebidos, expôr noções novas, 2014); Theodore Taunay, publicou, em memória do irmão morto, Idylles brésiliennes (cf.: <http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb31436879r>); e, Félix Émile Taunay (1795-1881), o Barão de Taunay, foi professor de Pintura e Paisagem da Academia Imperial, professor de D. Pedro II, e diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay (1843-1899), filho de Félix, honra o nome de sua família e seguiu atuante na política e na intelectualidade brasileira. Seu livro mais conhecido é Inocência, mas publicou outros livros, como A retirada de Laguna. Foi um dos fundadores da ABL, criando a cadeira número 13. Participou da Guerra do Paraguai como engenheiro militar, mas abandona sua carreira política quando a República é proclamada (para mais informações, cf.: <http://www.academia.org.br/academicos/visconde-de-taunay/biografia>). Seu filho, Affonso d’Escragnole (1876-1958), cursou a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, tendo seguido uma carreira acadêmica e burocrática. Foi diretor do Museu Paulista a partir de 1917 e também foi membro da ABL, ocupando a cadeira número 1. Esse breve resumo que fizemos serve para demonstrar o engajamento da família Taunay tanto na documentação da paisagem brasileira, quanto na política imperial e republicana. (Cf. DIAS, Kelly Keiko Koti. “Affonso d ́Escragnolle Taunay e a História como construtora da identidade nacional”, 2011; ANHENZINI, Karina. “Comemoração, memória e escrita da história: o ingresso de Afonso de Taunay no IHGB e a reintegração do pai”, 2011).

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Essa tradução foi publicada na “Revista do Museu Paulista” (São Paulo, tomo XIII), em 1923, dividida em três partes, a saber: “Gramática e vocabulário da língua tupi” (p. 537-579); “Vocabulário tupi-português” (p. 603-686) e “Nomes e plantas de animais em língua tupi” (p. 689-763).

asserções falsas a refutar e observações a rectificar.

Apresento hoje o resultado das minhas observações quotidianas, das minhas leituras, e das minhas confrontações. A confiança com que as apresento á crítica dos especialistas basêa-se unica e exclusivamente nas provas que as acompanham e me parecem irrefutáveis (TASTEVIN, Grammatica da língua Tupy, 1923, p. 539).

As considerações de Tastevin sobre o seu próprio livro demonstram a sua pretensão de ter revelado os aspectos estruturais da língua tupi. Como veremos posteriormente, esse livro foi bastante criticado em suas conclusões. Suas pretensões nos mostram uma perspectiva de que há um mistério escondido que precisa ser revelado, trazido à tona nessas concepções de Livro − a representação do universo, nos termos de Barthes − que ordenaram essa publicação.

Além desse volume, só temos artigos; eles saíram em várias revistas diferentes, em publicações que começaram em 1907 e se estenderam até 1955. O conteúdo dos artigos implicava na seleção, análise e reprodução de informações de acordo com o público receptor dos textos. Manuela Carneiro da Cunha, uma das editoras da obra de Tastevin no Brasil, em sua apresentação da coletânea de traduções de textos assinados pelo autor, comenta sobre a dubiedade de sua escrita, fato que ela atribui às características das convenções adotadas pelos meios em que ele publicou: “O Tastevin que se quer explorador ou linguista adota uma prosa totalmente diferente da do Tastevin missionário”71. Respeitando a divisão proposta pela editora dos artigos do padre no Brasil, teríamos dois grandes grupos das publicações de Tastevin: os artigos publicados em revistas apostólicas e os publicados em revistas não-apostólicas ou científicas.

Os textos destinados à comunidade católica foram publicados nas

Les Missons Catholiques72; Annales Apostholiques73; O Missionário74;

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CARNEIRO DA CUNHA, “Tastevin, Parrissier: algumas fontes espiritanas para a história do Alto Juruá”, 2009, p. XVI.

72 Revista fundada em 1868, cujo objetivo principal era a propagação da fé, através da publicação de artigos sobre as missões realizadas pela Igreja católica. Em 1914, Tastevin publica ali o artigo “En Amazonie”; na mesma edição aparece o artigo “En Amazonie. Sur le Môa, aux limites extrêmes du Brésil et du Pérou”. Já depois da Primeira Guerra, em 1919, nessa revista, ele publica

Bulletin de l’Oeuvre Apostolique75; Amitiés Catholiques Françaises76 e

Le Lys de St. Joseph77. Nos artigos publicados nessas revistas, Tastevin dispõe informações sobre a população seringueira e indígena, seus costumes, censos, as circunstâncias envolvidas nas desobrigas, a execução das viagens e informações relativas à topografia dos rios visitados.

As publicações nas revistas científicas são mais numerosas. Tastevin publica nas revistas Anthropos78; Bulletins et Mémoires de la “Origines de quelques mots français empruntés à la langue tupy-guarany”. Em 1920, “Les indiens de l’Amazonie”. Em 1921, “Un course apostolique au fleuve Japourá-Caquetá”. Em 1922, dois artigos na mesma edição, um chamado “Amazonie” e outro chamado “Brésil. Dans la forêt amazonienne. Chez les ‘Singes à figure écarlate’”. Em 1924, ele publica seu último artigo da fase amazônica, “Chez les indiens du haut Juruá”. Ou seja, em dez anos, o padre publica nove artigos na revista.

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Revista fundada em 1886 pela Congregação do Espírito Santo. Em 1909, Tastevin publica o artigo “Une tournée de mission au Ménérua”. Em 1911, “Amazonie. Ce que nous faisons au pays des grandes fleuves”. Depois da Primeira Guerra, em 1920, “Le Baptême d’un hameau ‘Saint Joseph des Canamaris’”. Em 1922, “Une tournée dans le Bas-Jurua”. Em 1924, “Une scene d’incantation magique dans le Haut-Juruá”. Em 1925, “Les kachinawas Mangeurs de Cadavres”. Desde o primeiro artigo, em 1909, Tastevin publica seis vezes na revista.

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Tastevin publicou apenas dois artigos em um mesmo número (ano V, n.1) da revista O Missionário, de Tefé: “A necrophagia nos Cachinauas” (uma versão em português do artigo publicado em francês – “Les kachinawas Mangeurs de Cadavres” − em Annales Apostoliques, também de 1925) e “Os Índios da Prefeitura apostolica de Teffé”, de 1925.

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Em 1930, já depois de ter saído da Amazônia, Tastevin publica “Conférence à l’Oeuvre apostolique sur la Mission de Teffé”. O Bulletin foi fundado em 1873 como Annales de L’Oeuvre Apostolique sous le patronage des Saint Femmes de L’Evangile, torna-se em 1918, Bulletin de L’Oeuvre Apostolique.

76 Depois de ter deixado a Amazônia, em 1931, Tastevin publica “Les fêtes brésiliennes du Christ Rédempteur”, nessa revista fundada em 1915, com o objetivo de “contribuer à rendre l’opinion mondiale favorable à la France”. A publicação existe até hoje (Cf. <http://amities- francophones.catholique.fr/category/qui-sommes-nous-publications/>).

77 Em 1926, ano de sua saída da Amazônia, Tastevin publica “Sur les fleuves de l’Amazonie” na revista, fundada em 1889.

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Anthropos é uma revista de antropologia e linguística, fundada em 1906 por Wilhelm Schmidt. O nome da revista expressa seu propósito de publicação: o estudo das sociedades humanas nas suas dimensões culturais. A publicação ainda existe, sob a responsabilidade do Instituto Anthropos (cf.

Societé d’Anthropologie de Paris79; La Géographie80; Revista do Museu

Paulista81; Journal de la Societé des Américanistes82;

<http://www.anthropos.eu/anthropos/>). Tastevin publicou seis artigos nessa revista, a saber: “Deux notes philologiques sur les mots Tupana et Tapihiya de la langue Tupi”, em 1907; “Préface d’un dictionnaire de la langue tupihija, dite tupi ou néengatu”, em 1908; “De la formule de salutation chez les indiens du Brésil”, em 1909; “Le poisson symbole de la fécondité ou de la fertilité chez les indiens de l’Amérique du Sud”, em 1914; “La maison cabocle”, em 1915; “Noms génériques des Cours d’eau dans l’Amérique tropicale, avec une carte”, em 1927.

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Publicação fundada em 1859, os Bulletins et Mémoires de la Société d'Anthropologie de Paris tinham por objetivo dar notícia da atividade científica internacional no domínio da “história natural do homem”, compreendido como o estudo da origem e da diversidade da espécie humana (cf: <http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/revue/bmsap>). Aí Tastevin publicou dois artigos: “Note sur quelques mots français empruntés à la langue tupi du Brésil, au Galibi de la Guyanne, et à l’Aruac des Antilles”, em 1919 e, em 1920, “Quelques considérations sur les Indiens du Juruá”.

80 A revista La Géographie é de responsabilidade da Société de Géographie francesa, fundada em 1821. Seu primeiro boletim sai em 1822 e desde então é reconhecido como um grande veículo de publicação de trabalhos universitários ou de escritores sobre as grandes questões da geografia contemporânea (cf: <http://www.socgeo.org/la-societe/editorial/>). Tastevin publicou, em 1920, “Le fleuve Juruá (Amazonie)”; em 1921, “Statistique du Japurá”; em 1924, “Délimitation des frontières du Brésil et du Pérou (d’une lettre)”, “La région de l’Autaz” e “Amazonie (d’une lettre)”; em 1925, “Le fleuve Murú: ses habitants, croyances et moeurs kachinaua” e “Le haut Tarauacá”; em 1927, “La région du Moyen Amazone ou Solimões (Brésil)”; em 1928, “Le ‘Riozinho da Liberdade’”; em 1929, “La delta du Japurá et Piuriny”. São dez publicações, incluindo mapas, artigos e fotografias, além do artigo que publica juntamente com Paul Rivet, em 1921, “Les tribus indiennes des bassins du Purus, du Juruá et des régions limitrophes”.

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O primeiro número da Revista do Museu Paulista é datado de 1895 e publicado em 1897. A publicação é ligada ao Museu Paulista e pretendia ser um veículo para divulgar “estudos e estabelecer relações entre pares – cientistas e instituições, dando continuidade, por exemplo, a iniciativas anteriores, como as desenvolvidas pela Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (1886/1931) de mapeamento de território ou identificação de áreas com solo adequado às atividades agrícolas” (cf. BITTENCOURT, “Revista do Museu Paulista e(m) capas: identidade e representação institucional em texto e imagem”, 2012, p. 157). Tastevin publica “Gramática e vocabulário da língua tupi”, “Vocabulário tupi-português” e “Nomes e plantas de animais em língua tupi”, em 1922 e, em 1927, “A lenda do Jabuti” −todas essas publicações saíram na Revista enquanto Affonso de Taunay era diretor do Museu.

L’Anthropologie83; Revue d’Ethnographie et des traditions populaires84;

Revue de la Société d’Ethnographie de Paris85; Revue

Anthropologique86; e Cahiers du monde nouveau87.

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O Journal de la Société des Américanistes é uma publicação que existia em torno de “um corpo constituído de pesquisadores oriundos de áreas diversas reunidos em torno da Société des Américanistes. Esses mantêm contato através de reuniões e publicações regulares, no Journal que inicia sua publicação em 1896 (...). Essa mesma Société que funciona na base do voluntariado e conta com as anuidades dos sócios para funcionar, tem sua sede numa instituição pública: o Museu do Trocadéro que depende do Museu Nacional de História Natural (MNHM), recebendo subvenções do Ministério das Colônias e abriga as coleções americanistas [...] guardadas em expositores num corredor escuro do velho Troca” (CAVIGNAC, “O Americanismo visto do Musée de l’Homme: Etnografia e internacionalismo científico – o exemplo da Amazônia”, 2011, p.130). Cavignac ainda comenta: “O caráter amador e superficial das pesquisas realizadas no seio da Société des Américanistes até a Segunda guerra mundial é ressaltado de forma cruel por Eduardo Viveiros de Castro (1992:19): “O venerável Journal de la Société des Américanistes nunca ultrapassou as fronteiras da subespecialidade esotérica, onde arqueologia, linguística, antropologia e amadorismo esclarecido conviviam pacífica e obscuramente. Nenhuma monografia clássica, nenhum ensaio teórico relevante se refere privilegiadamente aos índios das terras baixas sul-americanas, vítimas de indigência antropológica” (CAVIGNAC, “O Americanismo visto do Musée de l’Homme: Etnografia e internacionalismo científico – o exemplo da Amazônia”, 2011, p. 131). Tastevin publica, juntamente com Paul Rivet, “Affinités du Makú et du Puináve”, em 1920, e “Les Langues arawak du Purus et du Juruá (grupe Arauá)”; em 1922, assume sozinho a publicação de “Les Pétroglyphes de La Pedrera, Rio Caqueta (Colombie), e, em 1923, “Les Makú du Japurá” (cf: <http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/revue/jsa>).

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A revista L’Anthropologie, de Paris, surgiu em 1890 e é publicada até hoje. É uma publicação sobre ciências pré-históricas e paleoantropologia. Tastevin publica apenas um artigo na revista, em 1923, “Les indiens Mura de la région de l’Autaz (Haut-Amazone)”.

84 Oriunda de uma fusão entre a Revue des traditions populaires, fundada em 1885 por Paul Sébillot, e a Revue d’ethnographie et de sociologie, fundada em 1910 por Arnold Van Gennep, a Revue d’ethnographie et des traditions populaires foi publicada entre 1920 e 1929, em dez volumes (cf. <http://www.berose.fr/?La-Revue-des-traditions-populaires>. Nessa revista, em 1925, Tastevin publica o artigo “La légende de Boyusu”.

85 Na Revue de la Société d’Ethnographie de Paris, fundada pela Société d’Ethnographie de Paris em 1860, Tastevin publicou em 1928 o artigo “Communication sur les Indiens Katukina à la Société d’Ethnographie de Paris” e, em 1954, “Préparation et utilization du manioc dans la région du moyen Amazone et ses affluents”.

A maioria desses artigos aparece depois da Primeira Guerra. A ida de Tastevin à Europa, mesmo em serviço militar, teria facilitado o seu trânsito com pesquisadores franceses, principalmente com (e através de) Paul Rivet. Na bibliografia reunida por Manuela Carneiro da Cunha88 sobre as publicações de Tastevin na Amazônia − bibliografia na qual me baseio − constam seis artigos de autoria de Tastevin e Rivet89, além de um em que os dois escrevem com o padre Pierre Kok90.

As viagens de desobriga do padre eram fonte de informações que interessavam à rede de americanistas. Assim, através da publicação de seus artigos, Tastevin almejava receber prêmios por sua atuação em campo, sobre o que Manuela Carneiro da Cunha comenta:

Rivet percebeu que Tastevin poderia trazer uma contribuição importante à linguística do oeste amazônico brasileiro. A guerra mundial de 1914 a 1918 interrompeu os primeiros contatos, mas logo após o seu término, firma-se uma colaboração 86 Na Revue Anthropologique, em 1955, Tastevin publica o artigo “Les merveilleux développement de l’agriculture toujours ‘pré-colombienne’ des indiens insoumis de l’Amazonie brésilienne”. A revista existiu entre 1911 e 1968, publicada pelos professores da L’École d’Anthropologie de Paris, filiados ao Institut international d'anthropologie.

87 Em 1949, Tastevin publica o artigo “L’Hylea amazonienne” na revista Cahiers du monde nouveau, lançada em 1946 e que se tornaria posteriormente a revista Monde nouveau paru.

88 A bibliografia reunida por Carneiro da Cunha teve por base a compilação do pe. espiritano Henrique Lennik, de 1986, e a compilação feita pelo pe. Berger, além de dados que ela mesma incluiu depois de suas pesquisas de arquivo. 89

Rivet e Tastevin publicam, entre 1919 e 1924, o artigo “Les Langues du Purus, du Juruá et des régions limitrophes”, na revista Anthropos. Em 1920, publicam “Affinités du Makú et du Puináve”, no Journal de la Société des Américanistes. Em 1921, “Les tribus indiennes des bassins du Purus, du Juruá et des régions limitrophes”, na revista La Géographie. Entre 1927 e 1929, publicam “Les dialectes Pano du haut Juruá e du haut Purus”, na revista Anthropos. Em 1931, publicam “Nouvelle contribution à l’étude du groupe Kapanahua”, no International Journal of American Linguistics. Entre 1938 e 1940, publicam “Les Langues arawak du Purus et du Juruá (groupe Arauá), no Journal de la Société des Américanistes.

90 Em 1925, Rivet e Tastevin publicam o artigo “Nouvelle contribuition à l’étude de la langue Makú”, no International Journal of American Linguistics, junto com o padre monfortino Pierre Kok. O artigo se encontra disponível em: <http://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/463754>. Acesso em abril de 2016.

entre Rivet e Tastevin, que consiste essencialmente em Rivet conseguir verbas para Tastevin, este lhe fornecer vocabulários indígenas e Rivet redigir, com base neles, uma série de artigos que assina juntamente com Tastevin, que confessa por escrito seu pecado de vaidade (CARNEIRO DA CUNHA, “Tastevin, Parrissier: algumas fontes espiritanas para a história do Alto Juruá”, 2009, p. XV).

Tastevin se queixava em seus textos da dificuldade logística e financeira para atingir os lugares em que os índios estavam. A parceria

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