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Capítulo II – Metodologia

1. Método

2. Instrumentos de recolha de dados 2.1. Análise documental

2.2. Inquérito por questionário 2.2.1. Participantes

2.2.2. Instrumento 2.2.3. Procedimento

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1. Método

O presente capítulo é dedicado à explicitação das opções metodológicas que nortearam o desenvolvimento deste estudo. Dados os objetivos deste trabalho, as opções metodológicas apontam para dois momentos distintos. O primeiro dedicado à análise documental e o segundo à aplicação de dois questionários.

No primeiro momento, foi preciso passar em revista os documentos legais como os programas de Língua Portuguesa que, de acordo com a lógica da sua estruturação, se agrupam, ainda, nos mesmos moldes da anterior estruturação do subsistema do Ensino Secundário, ou seja, em três ciclos. Sendo o primeiro o que integra o 7º e 8º anos de escolaridade, o segundo, o 9º e 10º anos e, finalmente, o terceiro que abarca o 11º e 12º anos de escolaridade, subdivido em Programa de Língua Portuguesa para a área de Humanística e Programa de Comunicação e Expressão para as áreas de Ciência e Tecnologia e Económico-Social.

Respeitando a lógica da apresentação dos programas, entendo que incluir os programas do 7º e do 8º anos de escolaridade e os professores que trabalham com alunos desses dois níveis contribuiria para ampliar a minha perspetiva e ajudaria a elucidar todos os interessados nesta questão.

Com o objetivo de olhar para as práticas de escrita, além dos documentos legais, analisei também os manuais, tendo abrangido os dois recém-editados (7º e 8º), um único (7º e 8º), recentemente, substituído, um esgotado (9º) e um que nunca chegou a ser editado (10º). Para os dois últimos anos, ou seja 11º e 12º, não há manuais. Por esta razão, olhei também para os módulos que substituem e fazem a vez daqueles.

Em cumprimento de mais um objetivo deste trabalho, esse olhar sobre os manuais e módulos permite-me mapear os tipos de texto presentes nas práticas de escrita no contexto de Cabo Verde.

Como forma de complementar esse olhar sobre os documentos, que por si só se revelam insuficientes para compreender quais as práticas de escrita que estão presentes neste contexto insular, elaborei um inquérito destinado aos professores que pudesse ajudar a perceber as perceções dos mesmos sobre as suas práticas.

Ainda, pensando na anterior estruturação do sistema educativo quis abarcar todos os níveis do Ensino Secundário, para conseguir um panorama mais abrangente e que me permitisse generalizar as conclusões.

38 Também, para contrapor a posição dos professores, foi preciso a elaboração de um outro inquérito agora dedicado aos alunos do último ciclo do Ensino Secundário.

A escolha de alunos deste nível prende-se com a necessidade de considerar alunos com um percurso escolar mais longo, que estivessem em condições de olhar para esse percurso e pudessem avaliar os aspetos bem conseguidos e os menos conseguidos. Além disso, alunos que pudessem dar conta, no que à escrita diz respeito, do que se passa nas aulas de Língua Portuguesa.

Relativamente aos documentos oficiais, manuais e módulos a análise aplicada é a qualitativa e no que aos dois inquéritos diz respeito, a análise é quantitativa.

Posto isso, passarei agora a explicitar primeiramente os métodos adotados e depois as técnicas de recolha dos dados.

Sendo necessário uma explicitação dessas técnicas de recolha, optei por fazê-la em dois momentos distintos, ou seja, para o tratamento das informações recolhidas nos programas, nos manuais e nos módulos, utilizei a análise documental, da qual falarei primeiro.

Para a recolha dos demais dados, que são complementares aos anteriormente mencionados, optei pela administração de inquéritos por questionário, da qual darei conta mais adiante, assim comodescrevo os participantes deste estudo, esses dois instrumentos e por fim descrevo os procedimentos seguidos na sua administração.

Efetivamente, conciliei, neste percurso investigativo, as duas técnicas de recolha de informação: as documentais, ou seja, a partir dos suportes bibliográficos já existentes e a não documental por via direta (através da observação participante) e indireta (mediante administração de inquéritos por questionário).

A minha experiência, de aproximadamente duas décadas, como professora, permitiu-me, através da observação participante, reunir informações que me ajudam a compreender o funcionamento do sistema educativo bem como as dificuldades daí advenientes.

Como forma de complementar e apurar os dados, foram também, como referido, anteriormente, administrados dois inquéritos por questionário, objetivando a contraposição dos dados.

Relativamente ao método que apliquei neste trabalho, do ponto de vista de Carmo e Ferreira (1998: 178), este cruza o quantitativo e o qualificativo. Optei ora por um, ora

39 por outro e em determinados momentos, pela combinação dos dois, consoante a necessidade.

Com o objetivo de perceber as práticas de escrita no contexto de Cabo Verde, selecionei os professores de Língua Portuguesa, em exercício de função, com turmas que variam do 7º ao 12º 8 anos de escolaridade e alunos do 11º e 12º anos para administrar um

inquérito por questionário. Assim, optei pela seleção aleatória da população (amostragem) para a recolha e análise dos dados estatísticos, com o objetivo de generalizar os resultados que se identificam com o método quantitativo, na perspetiva dos autores supracitados.

A pesquisa documental efetuada abrange os documentos legais que servem de suporte no processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, em Cabo Verde, começando pelos programas, passando pelos manuais escolares existentes e culminando com os módulos que substituem os manuais nos dois últimos anos do Ensino Secundário.

A investigação documental pressupõe o uso da informação disponível qualquer que seja o seu caráter, conforme defende Erlandson (1993, p.99) citado por Moreira:

O termo documento refere-se a uma ampla gama de registos escritos e simbólicos, assim como a qualquer material e dados disponíveis. Os documentos incluem praticamente qualquer coisa existente antes e durante a investigação, nomeadamente relatos históricos ou jornalísticos, fotografias, transcrições, folhetos, agendas e notas de reunião, registos áudio ou vídeo, apontamentos… Os dados obtidos a partir dos documentos podem utilizar- se da mesma forma que os resultantes de observações ou entrevistas. Moreira (2007, p.153)

8 A integração do 7º e 8º anos no Ensino Básico provocou a “descida” dos professores do Ensino Secundário para o Básico. Por isso, encontrámos professores que lecionam em turmas, por exemplo, do 5º e 9º ou 6º e 8º.

Na verdade, os alunos desses dois níveis (7º e 8º) ficaram nas escolas básicas que possuem capacidade física para os manter. Já os professores do Secundário, passaram a deslocar-se para os encontrar como de resto já acontecia quando os alunos transitavam para o liceu. De resto, tudo continua igual. E os professores tanto do Básico como do Secundário têm o nível de licenciatura.

Os programas, os manuais, os professores e o processo de ensino-aprendizagem continua igual ao que era antes da integração destes dois níveis no Ensino Básico. Por esta razão, reforço que a referência aos demais níveis abaixo do 7º ano de escolaridade não interfere de todo com o que inicialmente se propôs estudar neste trabalho investigativo.

40 Perspetiva semelhante é defendida por MacDonal e Tipton (1993, p.188) quando afirmam que:

os documentos são algo que se refere a qualquer aspecto do mundo social. Isto inclui, claro, tudo quanto é feito com a intenção formal de registar esse mundo – os dados oficiais, por exemplo – mas também os registos privados e pessoais, como cartas, diários, e fotografias, que não foram feitos para ser tornados públicos (…). Tais citações, são, também, documentos que podem ser “lidos” embora num sentido metafórico. Moreira (Op cit, p.154)

Os documentos que serviram de referência neste estudo, como já foi referido anteriormente, são oficiais e servem de suporte no processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, de um modo geral, e das práticas de escrita, em particular. Os módulos, embora variem de escola para escola, mediante a orientação seguida na planificação trimestral, são concebidos, à partida, de acordo com as orientações emanadas nos programas do respetivo nível (11º ou 12º).

A partir das fontes de dados, é possível, assim, de acordo com Moreira (2007), a classificação das mesmas em dados primários como os obtidos por meio de observação e entrevistas ou inquéritos, intencionalmente, gerados pelo investigador enquanto testa uma hipótese de trabalho. São considerados dados secundários os documentos escritos, de uma forma geral, tanto os institucionais (de caráter público) como os pessoais (de caráter privado como autobiografias, diários, cartas, testemunhos orais, etc.) e também documentos audiovisuais (fotografias, filmes, vídeos, registos gravados, discos, CD, DVD, etc.).

Assim, os dados dos dois inquéritos (vd. Apêndice 3 em diante) gerados durante este percurso investigativo são dados primários que ficam à disposição de outros investigadores com interesse nestas questões. Já os programas, manuais e módulos figuram como documentos secundários (vd. Anexos).