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2 CONTRACPÇÃO E ESTERILIZAÇÃO HUMANA: CONSIDERAÇÕES À LUZ

2.2 Métodos contraceptivos

Os métodos contraceptivos são usados como forma de planejamento familiar, contudo eles auxiliam também na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Há muitos desafios com relação ao conhecimento desses métodos, pois muitos homens e mulheres deixam de usar por não ser agradável ou cômodo.

Como já mencionado a falta de uso pode estar relacionada à falta de conhecimento sobre o grande leque de possibilidades quanto aos métodos contraceptivos, pois há o DIU, injeção anticoncepcional, coito interrompido, anel vaginal, camisinha, espermicida, ligadura de trompas, vasectomia, diafragma, implante anticoncepcional, pílula anticoncepcional e adesivo.

DIU (Dispositivo intrauterino) e SIU (Sistema intrauterino) são métodos contraceptivos que devem ser inseridos no útero por médicos. A vantagem dos métodos são proteger a mulher num período de 5 (cinco) até 10 (dez) anos. Esses contraceptivos impedem a penetração e passagem dos espermatozoides, tendo a diferença entre ambos que o SIU libera um hormônio dentro do útero, permitindo a redução do fluxo menstrual (RAMOS, 2015).

Em outras palavras, Pinheiro explica que:

O DIU é um pequeno dispositivo de plástico em forma de T, que deve ser implantado dentro do útero da mulher, através da vagina, pelo médico ginecologista durante uma consulta. [...] Existem 2 tipos de DIU: o DIU revestido de cobre e o DIU revestido por hormônio progestorona, chamado de DIU Mirena. Uma vez implantado, o DIU pode permanecer no útero por até 5 anos no caso do DIU Mirena, ou 10 anos no caso do DIU de cobre. O DIU é um método contraceptivo de longa duração, mas rapidamente

reversível com retirada do mesmo, caso seja necessário (PINHEIRO, 2017, s.p.).

Esses métodos não causam aborto, apenas impedem que o espermatozoide fecunde o óvulo. Nesses contraceptivos, existe chance de falha tanto quando os métodos cirúrgicos, sendo esses métodos uns dos mais eficazes. Também, como qualquer outro contraceptivo, existe contraindicação e efeitos colaterais, por isso a necessidade prévia avaliação médica (RAMOS, 2015).

A injeção anticoncepcional é um método de introdução de uma fórmula de combinações de hormônios, com uma porção para prolongada duração, podendo ser aplicada mensalmente ou trimestralmente. A eficácia desse contraceptivo é parecida com a pílula anticoncepcional, contudo tem muitos efeitos colaterais como o aumento de peso, acne e dor de cabeça. O uso desse método é muito eficaz, devendo ser recomendado pelo médico ginecologista (RAMOS, 2015).

Coito interrompido ocorre quando em uma relação sexual o homem retira o pênis da vagina da mulher antes da ejaculação. Este método, apesar de antigo, não é muito eficaz e não recomendado para contracepção, pois as secreções que saem do pênis enquanto ele se excita podem possuir espermatozoides. Além disso, esse método não previne contra doenças sexualmente transmissíveis (RAMOS, 2015).

A tabelinha, além de ser um método muito utilizado por quem deseja engravidar, auxilia, também, aqueles que não querem ter filhos. O método envolve o cuidado com o ciclo menstrual da mulher, para ter o controle sobre o período de ovulação, contudo nem todas as mulheres têm ciclos regulares, tendo um maior problema na efetividade do método. Pinheiro explica que a lógica por trás do método:

[...] o espermatozoide tem uma vida média de 5 dias dentro do aparelho reprodutor feminino, e como óculo só sobrevive por 24 horas, os cinco dias que antecedem a ovulação e as 24 horas a seguir são período com maior risco da mulher engravidar. O pico ocorre nas 48 horas antes da ovulação. Qualquer outro momento do ciclo feminino que não inclua esse curto intervalo pré e pós-ovulatório não há risco de gravidez (2017, s.p.).

Ramos (2015) descreve o anel vaginal dizendo que este “é um pequeno anel flexível de superfície lisa, não porosa e não absorvente, que contém etonogestrel e etinilestradiol”. Esse anel deve ser introduzido na vagina em dias específicos e deverá permanecer na posição

colocada durante 21 (vinte um) dias, tendo de ser retirado e colocado um novo após um período de 7 (sete) dias. O método libera hormônios que entram na corrente sanguínea com intuito de inibir a ovulação“. O anel é contraindicado em algumas situações, além de possuir efeitos colaterais. Mas sua eficácia é de 99%, sendo tão recomendadas quando as pílulas”. (RAMOS, 2015, s.p.).

A camisinha é um contraceptivo feito de látex ou poliuretano, que impede a subida dos espermatozoides ao útero, sendo recomendada também na proteção contra doenças sexualmente transmissíveis. Este método é um dos mais eficientes, apresentando “uma taxa de 90-95% de eficácia [...]. Deve ser utilizada em todas as relações sexuais. É acessível a todas as pessoas e não há contraindicação” (RAMOS, 2015, s.p.).

O espermicida é uma substância química, que deve ser introduzida na vagina da mulher antes da relação sexual. Essa substância destrói os espermatozoides durante a relação sexual e pode ser usada em creme, supositório, gel, espumas, spray e em comprimido, cada um com uma maneira de uso. O espermicida pode ser usado com outros métodos contraceptivos e o tempo de duração do produto é de 2 (duas) horas (RAMOS, 2015).

Pinheiro informa que o espermicida age como uma barreira química interdita a entrada do útero feminino, impedindo a chegada dos espermatozoides. Entretanto, “quando usado isoladamente, sem ouro método contraceptivo complementar, como camisinha, esponja ou diagrama, a sua taxa de sucesso é inaceitavelmente baixa (2017, s.p.).

Além de apresentar um alto índice de falha e não prevenir doenças sexualmente transmissíveis, o método também não é recomendado tendo em vista que “pode causar irritação, ulceração cérvico-vaginal e peniana” (RAMOS, 2015, s.p.).

“O diafragma é um anel flexível envolvido por uma borracha fina, que impede a entrada dos espermatozoides no útero”. O contraceptivo deve ser introduzido na vagina cerca de 15 (quinze) a 30 (trinta) minutos antes da relação sexual e retirado 12 (doze) horas após o ato. Esse método apresenta um índice de falha de 10%, sendo recomentado o uso conjunto com o espermicida, para maior eficácia. No entanto, não deve ser usado sem uma prévia orientação médica, pois existem algumas contraindicações (RAMOS, 2015, s.p.).

O implante anticoncepcional é uma cápsula pequena, de 4 centímetros de comprimento e 2mm de diâmetro, possuindo hormônio. O método impede a liberação do óvulo ao ovário, dificultando o ingresso de espermatozoides, tendo uma eficácia de 99%. A introdução do contraceptivo é realizada embaixo da pele por meio de um aplicador, sendo recomendável a inserção por meio de médico ginecologista. Como alguns dos contraceptivos já citados, ele possui contraindicações e efeitos colaterais, necessitando-se de orientações médicas antes do uso (RAMOS, 2015).

A pílula anticoncepcional é um comprimido com uma combinação de hormônios que torna os espermatozoides hostis. “O uso desse método contraceptivo deve ser indicado pelo médico ginecologista, pois somente após análise é possível indicar qual a pílula adequada ao seu organismo”. Os hormônios contidos na pílula são manipulados e podem gerar efeitos colaterais, porém seu índice de falha é muito baixo (RAMOS, 2015, s.p.).

Se tomada de forma correta, a pílula é extremamente eficaz em inibir a ovulação, sendo um dos melhores métodos contraceptivos. Porém, se a mulher não for disciplinada e esquece-se frequentemente de tomar a sua dose diária, a pílula pode falhar, permitindo a ocorrência de uma gravidez indesejada. Por ser um método que manipula o ciclo ovulatório feminino, a pílula só deve ser utilizada sob orientação médica. [...] (PINHEIRO, 2017, s.p.).

O adesivo é um contraceptivo que após colocado na pele deve continuar na mesma posição pelo período de uma semana. Esse método tem uma formula baseada em hormônios liberados na circulação. “É um método contraceptivo muito eficaz e possui poucos efeitos colaterais [...] para mulheres acima do peso é possível que ocorra uma redução na eficiência” (RAMOS, 2015, s.p.).

A pílula do dia seguinte, apesar de ser um método contraceptivo, não deve ser usada com frequência, uma vez que tem uma alta dose de hormônios somente podendo ser utilizada em caso de emergência, veja-se, Pinheiro refere da seguinte forma:

A pílula do dia seguinte foi desenvolvida para ser utilizada como uma medida emergencial de contracepção para os casos em que o método anticoncepcional habitual falhar, como por exemplo, quando a camisinha estourar ou um diafragma que saiu do lugar. Para ser eficaz, a PDS precisa ser tomada o mais rápido possível, havendo um limite de 72 horas para que ela possa ser útil. Depois de 3 dias, a pílula já não é mais capaz de impedir uma gravidez (2017, s.p.).

Outro método contraceptivo é a esponja vaginal, como o diafragma, ele protege a entrada do útero, Pinheiro explica:

A esponja contraceptiva é um dispositivo macio, em forma de disco, feito de espuma de poliuretano e com uma alça para facilitar sua remoção. A esponja já vem com espermicida e deve ser molhada antes de ser inserida na vagina. A esponja só deve ser retirada após 6 horas da última relação sexual, podendo permanecer dentro da vagina por até 30 horas. Não é preciso trocar a esponja se mais de uma relação sexual ocorrer dentro do prazo de 24 horas. Ao contrário do diafragma, não há tamanhos diferentes para a esponja. A sua eficácia em mulheres que já tiveram pelo menos um parto é mais baixa que nas mulheres que nunca pariram (2017, s.p.).

Contudo, sabe-se que as mulheres que tem menos estudo e menos conhecimento sobre métodos contraceptivos acabam usando os mais acessíveis e mais baratos. A grande maioria das mulheres inicia com anticoncepcional oral sem nenhuma consulta médica, algumas pela dificuldade ao acesso a saúde, outras pela pouca idade e o medo de conversar com familiares sobre sexo (BAHAMONDES, 2006).

A Constituição do Brasil de 1988 estabelece que homens e mulheres tenham direito ao uso de métodos contraceptivos e que o Estado tem a obrigação de fornecer os mesmos. Entretanto, os resultados deste estudo mostram que na prática o planejamento familiar no Brasil se apoia quase que exclusivamente nos dois métodos observados, a pílula e a ligadura tubária, sendo muito restrito o acesso aos outros métodos (BAHAMONDES, 2006, p. 267).

Os métodos contraceptivos são mal interpretados e na maioria das vezes não são considerados medidas preventivas, esse tipo de pensamento equivocado faz com que os contraceptivos sejam usados de maneira errada, gerando riscos à saúde da mulher (BAHAMONDES, 2006).

Existem excelentes métodos contraceptivos, como o injetável trimestral com acetado de edroxiprogesterona de depósito, os injetáveis mensais combinados, os implantes contraceptivos subdérmicos, o sistema intra- uterino liberador de levonorgestrel, e o DIU com cobre, todos com taxas de falha similares ou ainda menores que a laqueadura, com a vantagem que todos são reversíveis e, consequentemente, permitem nova gravidez (BAHAMONDES, 2006, p. 269).

Os direitos sexuais e reprodutivos são direitos garantidos por nossa constituição. É livre a escolha de quando e quantos filhos os brasileiros vão ter, ocorre que o Estado deveria

trabalhar mais e investir mais em acesso às ações de contracepção, oferecendo métodos e prévio conhecimento sobre os mesmos (BAHAMONDES, 2006).

2.3 A esterilização como prática contraceptiva e a Lei do Planejamento familiar (Lei n.º