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2.2 TECHNOLOGY ROADMAPPING

2.2.6 Métodos para realização de TRM

O TRM constitui-se em uma poderosa técnica para auxiliar a gestão e plane- jamento do desenvolvimento tecnológico, especialmente por explorar e comunicar as ligações dinâmicas entre os recursos tecnológicos, objetivos organizacionais e o ambiente de atuação (PHAAL, 2004). Por ser uma técnica bastante flexível e adap- tável às necessidades dos seus realizadores, como será apresentado, não existe um único método para sua aplicação. Na verdade, as organizações procuram adaptar os métodos existentes a sua realidade e os objetivos esperados com o processo. Dois métodos comumente referenciados sobre a construção de TRMs são os métodos propostos pro Phaal (2000) e por Bray (1997).

O TRM proposto por Phaal: T-Plan

Com o intuito de auxiliar as organizações, Phaal (2001) propôs um processo genérico denominado T-Plan, que objetiva a rápida iniciação do TRM e consequente produção de uma primeira versão, rascunho, do Technology Roadmap. Essa abor- dagem baseou-se em resultados de três anos de pesquisa aplicada. Neste período, mais de 20 TRM foram realizados em colaboração com uma grande variedade de organizações em diversos setores da indústria.

Durante a elaboração do método, Phaal preocupou-se com que este método possuísse algumas características:

 Dar condições para a organização iniciar o seu processo próprio;

 Estabelecer pontos chaves de ligação entre recursos tecnológicos e direciona- dores de negócio;

 Identificar lacunas importantes na inteligência de mercado, produto e tecnolo- gia;

 Desenvolver rapidamente uma primeira versão do Technology Roadmap;  Contribuir com a estratégia tecnológica e as iniciativas de planejamento na or-

ganização;

 Contribuir com a comunicação entre as funções técnicas e as comerciais da organização.

O processo padrão definido pelo T-Plan (Figura 7) é composto por quatro workshops – os três primeiros com o objetivo de encontrar os elementos que com-

põem cada uma das camadas básicas do Technology Roadmap (mercado ou negó- cio, produto ou serviço e tecnologia), e o quarto e último workshop realizando a co- nexão das camadas e inclusão da linha do tempo para a construção do documento e representação visual.

Figura 7: Método de Phaal para o TRM

Fonte: Phaal (2004)

Observando-se a figura anterior, percebe-se o encadeamento das etapas (workshops) para a construção de um Technology Roadmap de produto, o processo conforme proposto tem um ciclo de vida em cascata, com início e fim bem definidos. Phaal (2000) descreve estas etapas da seguinte forma:

 Planejamento. Estabelecer os objetivos é importante para o processo, pois ao final permite que se avalie o sucesso do TRM ao mesmo tempo em que garan- te que o seu foco é apropriado. Os participantes do processo devem formar um grupo heterogêneo composto pelo corpo técnico e comercial da organização. A participação contínua do grupo formado inicialmente é desejável ao longo do processo, ao menos do conjunto principal de participantes. Entre cada uma das etapas a coordenação é importante, pois se preocupa com o alinhamento entre as necessidades da organização e o desenrolar do processo uma vez que o resultado de cada workshop não pode ser previsto com antecedência.

 Workshop 1 – Mercado/Negócio. O primeiro workshop visa estabelecer o con-

junto de objetivos de mercado e negócio, normalmente através da identificação das necessidades dos clientes, que devem ser priorizados pela organização para o futuro, considerando fatores externos e internos. As dimensões de per- formance que conduzem o desenvolvimento de um produto dentro do negócio são consideradas primeiro (por exemplo: velocidade, peso, confiabilidade, de-

sign, etc.), pois estas características facilitam a ligação entre os objetivos de mercado e as capacidades tecnológicas necessárias para cumprimento destes objetivos.

 Workshop 2 – Produto/Serviço. Este workshop preocupa-se em estabelecer um

conjunto de conceitos diferenciais do produto que possam satisfazer os objeti- vos de mercado e negócio identificados no workshop um (Mercado e Negócio). Estes objetivos junto com os diferenciais identificados para os produtos permi- tem a construção de uma relação entre os mesmos de forma que os diferenci- ais do produto tenham o seu impacto avaliado individualmente em relação aos objetivos do mercado e do negócio.

 Workshop 3 – Tecnologia. Este workshop visa identificar possíveis soluções

tecnológicas que possam entregar os diferenciais desejados para o produto. Estas soluções são agrupadas em áreas técnicas que, em conjunto com os di- ferenciais do produto identificados na fase anterior, permitem a construção da relação entre as áreas de tecnologia e os diferenciais do produto de forma que seja possível avaliar o impacto da tecnologia tanto nos diferenciais do produto quanto nos objetivos de mercado e negócio, conectando os diversos níveis do Technology Roadmap.

 Workshop 4 – Representação. Os primeiros três workshops preocuparam-se

com a construção das ligações entre as três camadas do Technology Roadmap a ser desenvolvido. Nesta fase o documento é definido em termos de escala temporal, níveis e estratégia de produto. Marcos são identificados, a evolução do produto é desenhada e um plano tecnológico é apresentado. Esta represen- tação, além das ligações entre as camadas do documento, deve manter a co- nexão entre os objetivos de mercado priorizados, diferenciais de produto de al- to impacto e as soluções tecnológicas mais atrativas.

 Implementação. Questões de implementação são consideradas ao fim do pro- cesso que deve ser apropriado para o contexto particular da organização, em termos de necessidades e circunstâncias. Nesta fase fatores de sucesso e bar- reiras são consideradas e os próximos passos são identificados.

O TRM proposto por Bray

dido em três fases: (i) Atividades preliminares, (ii) Desenvolvimento do Technology Roadmap e (iii) Atividades posteriores. No entanto, ao contrário do T-Plan, estas fa- ses não determinam um processo linear de execução. Conforme o próprio autor, es- te é um processo iterativo que se ajusta ao planejamento estratégico e tecnológico existente dentro da organização.

A Figura 8 sintetiza as fases do processo de TRM propostas por Bray.

Figura 8: Fases do TRM

Fonte: Bray (1997)

O processo proposto por Bray (1997) para aplicação do TRM foi formulado em três fases, cada uma com suas respectivas subfases:

Fase 1: Atividades Preliminares

1. Satisfazer condições essenciais. Para que o TRM tenha sucesso algu- mas condições devem ser previamente satisfeitas. Estes passos envol- vem checar e garantir que estas condições já foram ou serão alcança- das. Estas condições incluem: Percepção da necessidade de um TRM e o desenvolvimento colaborativo; Contribuição e participação de dife- rentes grupos (Em uma organização áreas como: marketing, produção, pesquisa e desenvolvimento, planejamento, etc. Em um setor/indústria: Próprios membros, clientes, fornecedores, membros do governo e aca- demia); e o TRM deve ser orientado por uma necessidade e não por uma solução.

2. Prover patrocínio/liderança. Em função do tempo e do esforço envolvi- do no TRM, geralmente, ser elevado, deve haver comprometimento por parte do grupo que irá liderar/patrocinar a implementação e, conse- quentemente, receber os benefícios da realização do processo.

3. Definir o escopo e os limites para o TRM. Esta etapa garante que o contexto para o TRM foi definido e garante, ainda, a existência ou o desenvolvimento, caso não exista, da visão de futuro da organização. Esta etapa também deve identificar como o TRM auxiliará e como será utilizado pela organização para alcançar esta visão.

Fase 2: Desenvolvimento do Technology Roadmap

1. Identificar o produto que será o foco do TRM. O passo crítico no TRM é fazer com que os participantes identifiquem e concordem em necessi- dades comuns de produtos que devem ser satisfeitas. Isto acontece, pois o produto pode ser complexo e podem haver muitos componentes e níveis que o TRM irá focar, por este motivo selecionar o foco apropri- ado é tão importante;

2. Identificar os requisitos críticos do sistema e os seus alvos. Identificar os requisitos críticos do sistema fornece a estrutura geral do Techno- logy Roadmap e, os requisitos críticos identificados, são as dimensões de alto nível com os quais as tecnologias devem relacionar-se. Os al- vos para estes requisitos são os índices de performance esperados pa- ra estes requisitos;

3. Definir as principais áreas tecnológicas. Estas são as áreas tecnológi- cas que irão auxiliar a obtenção dos requisitos críticos do produto; 4. Definir a orientação tecnológica e os seus alvos. Neste ponto, os requi-

sitos críticos de sistema são transformados em diretrizes tecnológicas para áreas específicas de tecnologia. Estas diretrizes tecnológicas são variáveis críticas que irão determinar quais alternativas tecnológicas serão selecionadas;

5. Identificar alternativas tecnológicas e o impacto no horizonte temporal. Uma vez que tanto a orientação tecnológica quanto os alvos foram de- finidos, as alternativas tecnológicas que satisfaçam estes alvos devem ser identificadas. Um alvo difícil pode impactar diversas tecnologias e vice-versa, uma tecnologia pode impactar múltiplos alvos. Para cada

alternativa tecnológica identificada, o Technology Roadmap deve tam- bém estimar uma linha do tempo de maturação em relação aos orien- tadores tecnológicos.

6. Recomendar as alternativas tecnológicas que devem ser perseguidas. Esta etapa seleciona o subconjunto de tecnologias que serão perse- guidas primariamente. Estas alternativas tecnológicas variam em ter- mos de custo, cronograma e performance. Em alguns casos, podem haver ferramentas de análise e modelagem para auxiliar qual alternati- va tecnológica deve ser buscada e quando mudar para uma tecnologia diferente. Em outros casos, a análise de custo-benefício deve ser reali- zada por especialistas. Para ambos os casos o TRM consolidou a me- lhor informação disponível e desenvolveu um consenso de muitos es- pecialistas. Além do mais, o TRM iniciou um processo colaborativo que quando implementado irá resultar em investimentos em tecnologia mais eficientes e efetivos.

7. Criação do relatório do TRM. Este relatório deve identificar e descrever cada área tecnológica e sua situação atual; apresentar os fatores críti- cos que se não alcançados irão levar o TRM ao fracasso; identificar claramente áreas não cobertas pelo TRM; e prover recomendações técnicas e de implementação.

Fase 3: Atividades Posteriores

1. Critique e valide o TRM. O trabalho deve ser exposto a um grupo muito maior para validação e aprovação por duas razões. Primeiro, a versão inicial precisa ser revista, criticada e validada. Segundo, deve haver uma aprovação por parte de um grupo que represente a organização ou o setor industrial que estará envolvido na implementação do plano. 2. Desenvolva um plano de implementação. Neste ponto, há informação

suficiente para tomar melhores decisões em relação às opções tecno- lógicas e aos investimentos. Baseado nas recomendações tecnológi- cas, um plano é desenvolvido.

3. Revisão e atualização. Technology Roadmaps devem ser constante- mente revistos e atualizados. O ciclo de revisão e atualização deve ser baseado na taxa de mudança das tecnologias ou das necessidades.

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