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Mais uma vez o México integra o roteiro latino-americano em 1986

No documento Caminhos da copa (páginas 171-174)

2 O FUTEBOL E O BRASIL

3.13 Mais uma vez o México integra o roteiro latino-americano em 1986

Novamente o território mexicano é eleito para sediar a COPA DO MUNDO FIFA de Futebol em 1986, depois da desistência da Colômbia, que já estava acertada desde a Copa da Argentina, em 1978, como a sede do campeonato mundial. Na Copa da Espanha, em 1982, os estandes “Colômbia-86” estavam expostos e tudo parecia realizável, em quatro anos.

O presidente Bettancourt, após consultar “uma parcela do público e verificar as condições do tesouro” colombiano, negou o pedido da Federação Colombiana de Futebol à realização do evento esportivo no país, contam Voser, Guimarães e Ribeiro (2010, p. 99). A principal alegação do presidente da Colômbia foi a crise na economia, fato impeditivo para que o país assumisse um compromisso financeiramente tão grandioso.

Denardin (2011, p. 73) registra que outros fatores, além da fraca economia, compunham o quadro colombiano em 1986; “existia uma crise social provocada pelo tráfico

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de drogas, com três grandes cartéis – em Bogotá, Cáli e Medellín [...] Ações executadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (as Farc) encontravam no Mundial um prato cheio para eventos terroristas”, Bettancourt não quis arriscar.

Não era apenas a Colômbia que estava enfrentando uma crise econômica importante. O Brasil foi consultado e o governo do presidente João Batista de Oliveira Figueiredo não aceitou a proposta da FIFA em sediar os jogos da COPA DO MUNDO FIFA de Futebol de 1986, reforçando as escusas da Colômbia, tendo a crise econômica como justificativa.

Surge a candidatura dos Estados Unidos da América para sediar o campeonato mundial de futebol, na América do Norte, pela primeira vez. A campanha foi capitaneada por

Henri Kissinger, político nacional que assistia muitos jogos de futebol e, por Pelé, o brasileiro

que “ensinou” o futebol aos norte-americanos na década de 1970, atuando no clube Cosmos. O governo Ronald Reagan apoiava a iniciativa da candidatura do país para sediar o Mundial de 1986. A campanha dos Estados Unidos da América não obteve sucesso; A FIFA não se interessou pela candidatura dos americanos que, mesmo sendo um dos países filiados à entidade desde o início do século XX, não tinha tradição na prática do futebol (soccer) e já havia desrespeitado as regras do jogo.

O Canadá também se candidatou para sediar o campeonato Mundial de Futebol organizado pela FIFA, em 1986. Sua candidatura também não encontrou eco junto à organização. Holanda e Bélgica foram pensadas como sedes conjuntas para a Copa do Mundo de 1986. A Inglaterra, a Espanha e a Alemanha Ocidental foram possibilidades que surgiram como solução para a realização do evento pela FIFA.

O México foi lembrado e consultado pela Associação Internacional das Federações de Futebol (FIFA). O Comitê organizador da FIFA buscou elementos para apresentar o grande país latino como o substituto da Colômbia: 1) fora o país organizador do Mundial de 1970, com sucesso, 2) também obteve sucesso na organização dos jogos Olímpicos de 1968, 3) realizou os jogos Pan-Americanos e torneios internacionais com êxito em todas as edições, e 4) o apoio do governo de La Madrid, foi o elemento decisivo para a definição do território mexicano pela FIFA. Era a oportunidade que a FIFA precisava para testar o interesse do público dos EUA e do Canadá em acompanhar o certame através das transmissões pela mídia (jornais, rádio e TV) e de verificar se torcedores americanos e canadenses se deslocariam para ver os jogos de futebol no México.

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Em 1985, entretanto, os terremotos que assolaram o país colocaram em dúvida a realização do Mundial mexicano. O presidente da FIFA, João Havelange deslocou-se até o México para averiguar in loco a questão. Nem os estádios, nem os serviços de hotelaria e de transmissão de dados e de imagens e sons foram atingidos pelos terremotos. Guilherme Cañedo, membro do comitê organizador do Mundial de 1986, declarou após a visita de Havelange “Mexico sigue vivo. Haremos el Mundial!”, relembram Voser, Guimarães e Ribeiro (2010, p. 100).

Em 15 de dezembro de 1986 foi realizado o sorteio dos grupos para o Mundial de 1986. Os estúdios da Televisa, na Cidade do México, foram o palco para a realização do sorteio que foi transmitido ao vivo para todos os países que transmitem os jogos do Mundial. A seleção Brasileira ocupou a cabeça de chave do “Grupo D”, junto às equipes da Espanha, da Argélia e da Irlanda do Norte.

Algumas informações sobre a desorganização da direção da seleção brasileira tomaram pouco ou quase nenhum espaço na mídia da época. Quinze dias antes da abertura da Copa do Mundo do México, a equipe do Brasil se deslocou para o país, certa de sua hospedagem na colônia de férias da Nestlé, em Toluca, cidade distante sessenta quilômetros (60 Km) da capital mexicana. Ao chegarem ao local, o administrador da Nestlé não permitiu a entrada do grupo brasileiro na colônia de férias da Nestlé mexicana afirmando que estava com as vagas preenchidas por funcionários das unidades de Acapulco e Guadalajara e que não fora informado sobre a concentração da seleção brasileira no local.

Entretanto, no Brasil, ressurge no imaginário coletivo nacional a conquista de 1970, a última memória da vitória brasileira no Futebol mundial. A própria imprensa enfatiza que a seleção “canarinho” participa de novo de jogos no estádio Jalisco, em Guadalajara, local onde foi conquistado o título do tricampeonato. Como a equipe mexicana não passou da segunda fase daquele mundial, os mexicanos novamente adotaram o selecionado brasileiro e torceram por ele. O selecionado brasileiro “tinha até o momento o melhor rendimento de todas as seleções deste Mundial. Eram quatro vitórias em quatro jogos e nenhum gol sofrido”, relatam Voser, Guimarães e Ribeiro (2010, p. 102).

Passando pela seleção da Polônia nas oitavas de final, com o placar de quatro a zero (4 a 0), a torcida brasileira se empolgou com os resultados da equipe de Telê Santana. Ainda assim, o time do Brasil foi desclassificado nas quartas de final ao perder para a equipe da

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França. A seleção Argentina venceu a disputa naquele ano, superando a seleção da Alemanha Ocidental. Os times de França e Bélgica ocuparam as terceira e quarta posições na tabela final daquela Copa. O selecionado do Brasil aparece apenas na quinta posição na classificação geral final do torneio, que contou com a participação de trinta e duas (32) seleções nacionais, cumprindo a meta traçada pelo presidente da FIFA João Havelange, desde 1975.

Foi, também, na Copa do Mundo de Futebol de 1986, no México, que a FIFA implantou novas regras para o torneio. Voser, Guimarães e Ribeiro (2010, p. 100) esclarecem que “a partir das oitavas de final, não haveria mais jogos extras em caso de empate. A decisão seria na prorrogação e, depois, nos pênaltis”; a seleção que perdesse a partida voltaria para seu país de origem imediatamente.

O ranking final da FIFA apresenta a seguinte classificação: Argentina (1º. lugar), Alemanha Ocidental (2 º. lugar), França (3 º. lugar), Bélgica (4 º. lugar), Brasil (5º. lugar), México (6 º. lugar), Espanha (7 º. lugar), Inglaterra (8 º. lugar), Dinamarca (9 º. lugar) e URSS (10 º. lugar). Os representantes do futebol americano e não-europeu, são o selecionado do Brasil (5 º. lugar) e do México (6 º. lugar).

No documento Caminhos da copa (páginas 171-174)