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Manifestações de Força na Corrida dos 400m

No documento TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL (páginas 57-61)

2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA

2.2. Manifestações de Força na Corrida dos 400m

Como já referimos anteriormente, a força é uma capacidade física que determina as possibilidades de obtenção de um bom resultado nas corridas de velocidade, nomeadamente a força explosiva uma vez que é necessário aplicar força rapidamente, quer para produzir uma acelaração inicial, quer para alcançar e manter a máxima velocidade (Chelly & Denis, 2000).

Parece existir unanimidade de investigadores e treinadores quanto à importância desta capacidade para os corredores de 400m. Schaefer (1989) refere que no treino da força se deve destacar o grande volume do treino de resistência de força rápida. Por sua vez Puig (1998), considera que esta capacidade física, quando desenvolvida de forma específica (Resistência de força rápida), deve concorrer para:

- desenvolver o pressuposto neuromuscular para uma velocidade mais elevada, - incrementar a resistência muscular local de grupos musculares envolvidos,

principalmente, na impulsão,

- criar uma base para a melhoria da técnica desportiva e seu controlo para uma impulsão eficaz em condições de cansaço,

- construir a capacidade de mobilizar a própria energia psicofísica em condições de fadiga.

Ainda que na literatura possamos encontrar diversos estudos sobre a capacidade física força ou suas manifestações nas corridas de velocidade, é essencialmente nas provas mais curtas de 60m, 100m e 200m que estes trabalhos são desenvolvidos. São particularmente conhecidos os estudos do professor Vittori e da sua equipa de colaboradores. Por seu turno, com corredores de 400m e pelo que tivemos oportunidade de consultar, destacam-se um conjunto de trabalhos apresentados por diversos investigadores da Universidade de Jyvaskyla.

2.2.1. Força explosiva e Força reactiva

Vittori (1996 e 1996b) estudou os distintos modos de expressão da força implicados na actuação dos velocistas. Relativamente ao estudo do comportamento biomecânico do trem inferior na corrida de 100m, juntamente com os seus colaboradores, deduziram que grande parte da força usada na primeira fase da corrida se pode descrever como expressão activa da força explosiva (ou elástico-explosiva), sendo

que á medida que a corrida avança e os tempos de contacto com o solo diminuem (para valores abaixo dos 100ms), os impulsos são produzidos por força reflexa reactiva, cujo requisito prévio dinâmico é a rigidez músculo-tendinosa ou stiffness. Desta forma, na fase de máxima velocidade as expressões de força determinantes são, a força elástico- explosiva e elástico-explosiva-reflexa.

Locatelli (1996 e 1996b) estudou as várias prestações de atletas italianos, em provas de 60, 100 e 200m, tendo verificado que a manutenção da velocidade lançada depende fundamentalmente do stiffness muscular e que a fase de acelaração depende da força dos músculos envolvidos.

Por sua vez, Chelly e Denis (2000), estudaram em terreno e em laboratório a ligação entre a potência (força explosiva e elástico-explosiva) e o stiffness muscular na corrida de velocidade. Verificaram que embora a força explosiva seja necessária para a acelaração e manutenção da máxima velocidade, o stiffness muscular das pernas é um factor determinante na performance especialmente na fase lançada de máxima velocidade.

Kuitunen et all (2000) verificaram que na corrida de velocidade o stiffness permanece constante a velocidades desde 70 a 100% da máxima velocidade, existindo uma forte correlação entre o stiffness da articulação tibio-társica e o tempo de apoio em todas as velocidades de corrida.

No que respeita aos corredores de 400m, Vittori sugere que o desenvolvimento da força elástico-explosiva e elástico-explosiva-reflexa é particularmente importante para os músculos antigraviticos, especialmente os posteriores da perna, do pé e ainda os glúteos, uma vez que estes músculos auxiliam uma correcta colocação da pélvis durante a fase de máxima velocidade. Nesta fase, a acção do pé do quatrocentista difere ligeiramente relativamente ao sprinter curto (100 e 200m), sendo que deverá ser mais elástica e mais aproximada a uma corrida económica a velocidade elevada. Um bom aproveitamento desta acção do pé, possibilita uma redução significativa do envolvimento dos músculos da anca e da coxa, permitindo desta forma um atraso da fadiga (Vittori, 1991). Este relacionamento do stifness musculotendinoso com a economia de corrida tem inclusive sido referido em estudos com atletas de disciplinas de meio-fundo (Spurrs & cols, 2001; Paavolainen & cols, 1999), os quais apresentam modificações positivas da performance sem alteração das variáveis fisiológicas.

2.2.2. Resistência de Força

No ponto 1.4 deste trabalho fizemos referência às alterações técnicas e de diminuição da velocidade na parte final da corrida de 400m. Nummela e cols (1992) observaram para além da diminuição de velocidade, alguns factores que se associam a este aspecto, como sejam: aumentos do tempo de contacto e da actividade electromiográfica e, diminuições da força e da amplitude de passada. Para Harre & Leopold (1987), em virtude da duração do exercício e das exigências de força que encerra, as referidas alterações – sinónimo de fadiga, só se conseguem minimizar com uma boa Resistência de Força a qual se apresenta como pressuposto condicional da prestação. Ou seja, nas provas de velocidade prolongada e de meio-fundo curto, a Resistência de força é a base de manutenção da força rápida do movimento cíclico, sendo portanto um aspecto determinante para o resultado competitivo (Harre e Leopold, 1987; 1987b, citados por Arcelli & Franzetti,1997).

No estudo de Nummela e cols (1992), os sujeitos correram em dias diferentes, 400m e ainda distâncias de 100, 200 e 300m como se fossem efectuar uma prova de 400. A fim de avaliar a capacidade de produzir força, no final de cada destas distâncias efectuavam um teste de avaliação da Força reflexo-elástico-explosiva (DJ – 39cm). Comparando a evolução dos resultados com os valores de repouso é possível verificar a diminuição da capacidade de produzir força ao longo da corrida. Por outro lado, os autores encontraram uma relação linear negativa entre a altura de salto e a concentração de lactato a partir das 6mmol/l.

Para Gorostiaga Ayestarán & Santos (2000) os resultados destes trabalhos sugerem que durante os primeiros 200 metros as propriedades do músculo modificam-se (reflectidas por um aumento do tempo de contacto e uma diminuição da força explosiva durante o salto vertical), ainda que a velocidade de deslocamento não diminua. No entanto, a partir dos 200-300m e coincidindo com uma concentração de lactato capilar superior a 6mmol/l, há uma diminuição da capacidade de gerar força, um aumento da acidez e um aumento da actividade electromiográfica dos músculos que intervém na corrida.

Este aumento da actividade electromiográfica durante a corrida de 400m é consequência do recrutamento de novas unidades motoras a fim de compensar os efeitos da fadiga das fibras inicialmente recrutadas (Nummela et all, 1994).

No final da corrida também o CEE se modifica. Como é sabido, este depende não apenas das propriedades contrácteis do músculo mas também da utilização da energia elástica acumulada na fase excêntrica.. Nummela e colaboradores (1994), sugerem que a elevada acidose e repetidas acções de estiramento-encurtamento durante a corrida, possam diminuir a capacidade do sistema neuromuscular para gerar força e suportar a reacção dos impactos em cada passada.

Sugerem os mesmos autores que no final da prova, as forças de reacção no inicio do contacto diminuem drasticamente, o que reflecte a diminuição da capacidade do sistema múculo-tendinoso em tolerar as forças de impacto. As diferenças encontradas pelos autores entre, corridas submáximais de 20m à velocidade de competição e o final dos 400m, sugerem que possam existir diferenças de regulação do stiffness muscular. Segundo os mesmos autores, estas falhas de regulação do stiffness levam a que não se aproveite na totalidade a energia elástica acumulada na fase de estiramento.

Desta forma, se o aumento da pré-activação e o stiffness muscular não é suficiente para compensar esta fadiga muscular, então a capacidade de produzir força diminui drasticamente (Nummela et all, 1994).

Assim sendo, uma vez que ao longo da prova a capacidade de produzir força vai diminuindo progressivamente e por seu turno tempo de apoio vai aumentando (Nummela et all, 1992 e 1994; Hirvonen et all, 1992; Costa, 1996), a Resistência de Força vai ganhando preponderância. Quanto melhor se apresentar esta associação maior será a capacidade de exprimir níveis elevados de força por um período de tempo relativamente prolongado, sem que se tenham de solicitar fibras ST devido à fadiga das FT, bem como a desregulação do stiffness muscular, aspectos característicos na parte final da prova como vimos nos parágrafos anteriores. Desta forma, como sugerem Harre & Leopold (1987), quanto maior for a capacidade do atleta se opor à fadiga, mantendo ou diminuindo o mínimo possível os níveis de força, menor será a perca de velocidade e consequentemente melhor será o resultado obtido.

Neste sentido, tomando em consideração as expressões ou manifestações de força que consideramos anteriormente para as corridas de velocidade, parece que para a corrida de 400m a Resistência á força elástico-explosiva e elástico-explosivo-reactiva (ou reflexo-elástico-explosiva) se apresenta como factor determinante. Ainda assim, pela simplicidade que o termo encerra bem como pelo facto de ser utilizado por diversos autores, utilizaremos preferencialmente a denominação de Resistência à Força Rápida ou Resistência à Força Explosiva como referimos anteriormente.

3. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE SALTO COMO FORMA DE

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