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Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de Velocidade

No documento TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL (páginas 80-85)

3. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE SALTO COMO FORMA DE DETERMINAR A

3.7. Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de Velocidade

Já aqui referimos por diversas vezes a relação existente entre a força explosiva e o rendimento em corridas de velocidade, especialmente nas provas de velocidade curta (100 e 200m). No ponto 2.2. deste trabalho fizemos referência ao estudo de Locatelli (1996 e 1996b) acerca da importância da glicolise anaeróbia e da reactividade em provas de 60, 100 e 200m. Este autor verificou que nos corredores de 200m existe uma relação entre o stiffness e a manutenção da velocidade de corrida, sendo que os atletas que apresentam maior potência no teste de reactividade são os que na fase lançada se deslocam a maior velocidade.

Bosco (1994) a partir de diversos estudos com diferentes populações sugere que a força explosiva, elástico explosiva e reflexo-elástico–explosiva (testes SJ, CMJ e DJ) apresentam relação com a corrida de velocidade, essencialmente até 60m.

Manou et all (2000), estudaram em sprinters britânicos de alto nível, a relação entre a corrida de velocidade e os exercícios e testes utilizados para treino e avaliação ou predição da performance. Verificaram que os saltos verticais (SJ, CMJ e CMJ braços) evidenciaram grande correlação com a performance na corrida de 100m, sendo que o CMJ braços foi o que apresentou maior correlação. Em diversos saltos horizontais efectuados, apenas o salto em comprimento de parado apresentou correlação forte com o resultado. Segundo os autores, estes resultados estão em consonância com outros estudos efectuados (Costill et all. 1968, Mero et all. 1981, Nesser et all. 1996, Young et all. 1995; citados por Manou et alll, 2000)

García Manso et all (1998), efectuaram uma recolha exaustiva sobre diversos estudos, trabalhos e experiências de vários investigadores e treinadores de todo o mundo, no que respeita ao treino da força para melhorar a capacidade de acelaração e a velocidade máxima, ou às correlações existentes entre a força e a marca nas corridas de velocidade, especialmente na prova de 100m. Para estes autores, um dos trabalhos mais interessantes é o que realizou Alexander (1989, citado por Garcia Manso et all, 1998), no qual apresenta os seguintes resultados: A marca de 100m correlaciona-se de forma inversa (r=-0.71) com a força extensora do joelho/ rodilla a altas velocidades (230º/ seg.) numa contracção concêntrica. Os extensores do joelho são especialmente

importantes durante a fase de suspensão durante o apoio, momento no qual a força de reacção é três a três vezes e meio superior ao peso corporal (Mann, 1981; Williams, 1985, citados por Garcia Manso et all, 1998). Também se encontraram elevadas correlações com os flexores da anca/ cadera, flexores do joelho, e força excêntrica e concêntrica dos músculos responsáveis pela flexão do pé.

Relativamente à fase de máxima velocidade e aos aspectos que afectam a possibilidade de a poder desenvolver, García Manso et all (1998) consideram: a força específica da musculatura que intervém de forma mais directa nesta parte da corrida, bem como a técnica de corrida. No que se refere ao primeiro aspecto, sugerem que a força necessária, é a elástico-reflexa, especialmente a dos flexores plantares. Apresentam diversas investigações que demonstram esta estreita relação (Locatelli, 1996; Komi, 1984; Bisas et all, 1995), bem como a relação da máxima velocidade de corrida e o tempo de acoplamento em exercícios de ciclos curtos de estiramento- encurtamento (Mero et all, 1981, citados por García Manso et all 1998).

Vittori (1990, citado por Barros, 2001) apresenta uma tabela (9) de referência no qual estabelece a relação entre a marca aos 100m e os resultados nos vários testes de força e velocidade. Podemos verificar que a evolução na marca de competição terá de corresponder a uma melhoria nestes testes, ou seja o atleta para melhorar nos 100m terá de melhorar os seus níveis de Força explosiva (SJ), elástico-explosiva (CMJ) e elástico explosivo-reactiva (3 e 5step), bem como a capacidade de acelaração e máxima velocidade.

Tabela 9 - Relação entre as expressões de força e velocidade com a marca aos 100m (Vittori, 1990 in Barros, 2001) Marca aos 100m Squat Jump (cm) CMJ (cm) 30m lançados 30m (blocos) 3 step 5 step 10.60 – 10.40 40 – 45 48 – 53 2.88 – 2.78 3.70 – 3.60 9.00 – 9.50 15.50– 16.20 10.40 – 10.20 45 – 52 53 – 60 2.78 – 2.70 3.60 – 3.50 9.50– 10.00 16.20– 17.00 10.20 – 10.00 52 – 58 60 – 68 2.70 – 2.62 3.50 – 3.40 10.00 – 10.50 17.00 –17.90

Para corredores de 100m de diferentes níveis de performance, também Mero (1987, citado por Badillo & Gorostiaga, 1999) apresenta os resultados obtidos no SJ e CMJ, sendo possível verificar a relação existente entre a marca da corrida e a altura do salto. O autor agrupou os atletas pelo nível médio da marca. Assim, um grupo de atletas

com marca média de 12”22 aos 100m, apresenta um resultado no CMJ de 42cm, enquanto que um grupo de atletas com marca média de 10”96, apresenta um resultado de 50cm. Por sua vez um grupo com marcas médias de 10”62, apresenta um resultado de 58cm.

Relativamente à relação que Vittori preconiza para alcançar determinada marca em 100m e necessidades de prestação nos saltos verticais, verifica-se que os dados de Mero estão um pouco inflaccionados, sendo que para as mesmas marcas em 100m, os atletas apresentam valores de saltos verticais ligeiramente superiores. Ainda assim, em termos relativos as diferenças são idênticas.

Por sua vez, Hennessy & Kilty (2001) encontraram em sprinters femininas de nível médio, correlações fortes entre os resultados do teste CMJ e a performance em 30m, 100m e 300m.

Nos 400m parece que apresenta maior importância não a força, mas sim a capacidade de manter e produzir elevados níveis de força durante muito tempo. Com efeito, como pudemos verificar a partir da figura 23, atletas com marcas a rondar os 45 segundos, apresentam valores de elevação do c.g. no CMJ superiores a 60cm, enquanto que atletas com marcas de 47” apresentam valores próximos dos 50cm, e atletas com marcas superiores a 50”, apresentam valores aproximados aos 40cm. Desta forma, tais dados parecem sugerir a existência da relação entre a marca desportiva, em 400m, e o nível de força explosiva. Tal facto pudemos também comprovar através do trabalho que realizámos com 15 atletas juniores e seniores da selecção nacional portuguesa, todos corredores de 400 e 400m barreiras e com marcas na prova plana compreendidas entre os 47,05 e os 51,30 (Miguel, 2002), onde encontramos uma correlação de -.596 (p<0,05) entre o resultado no teste de CMJ e a marca aos 400m (figura 31a).

Quanto à Resistência de força, embora diversos estudos se refiram à diminuição da capacidade de gerar ou manter os níveis de força no final da prova e, consequentemente da importância da associação destas capacidades. Não encontramos na literatura nenhum estudo acerca da Resistência de força e respectiva relação com o rendimento em corridas, especialmente nos 400m. Ainda assim, no trabalho que atrás referimos (Miguel, 2002) encontramos uma correlação de -.615 (p<0,05) entre a altura média de salto no teste de 30”CMJ e a marca aos 400m (figura 31b).

HCMJ 60 50 40 30 T 4 0 0 52 51 50 49 48 47 H30CM J 44 42 40 38 36 34 32 T 4 0 0 52 51 50 49 48 47

Figura 31 – Relação entre o tempo obtido na corrida de 400m e a elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ em atletas juniores e seniores portugueses da selecção nacional (Miguel, 2002)

No referido estudo, os testes realizados aos atletas foram efectuados em momento de treino, no período pré-competitivo (Abril de 01 e final de Março 02) e comparados com o melhor resultado obtido na prova de 400m na referida época. A figura 31 a e b mostra a tendência do grupo no que refere à diminuição do tempo obtido aos 400m e respectivo incremento na altura de salto nos testes CMJ e 30”CMJ. Este estudo, ainda que não terminado, quer pelos dados obtidos quer pela relativa homogeneidade do grupo, sugere que existe uma forte relação entre a resistência de força rápida e o rendimento na corrida de 400m.

IV – HIPÓTESES

Pelo que pudemos perceber a partir da revisão bibliográfica efectuada, as manifestações de força exigidas para a corrida de 400m são: a força elástico-explosiva, a força elástico-explosivo-reactiva (stiffness muscular) e a resistência à força elástico- explosiva.

Neste sentido, consideramos como hipóteses de trabalho as seguintes:

H1 – O nível de stiffness muscular varia ao longo da época desportiva; H2 – O nível de Força elástico-explosiva varia ao longo da época desportiva; H3 – A Resistência à Força elástico-explosiva varia ao longo da época

desportiva.

H4 – Existe relação entre o nível de stiffness muscular e o resultado na corrida dos 400m;

H5 – Existe relação entre a Força elástico-explosiva e o resultado na corrida dos 400m;

H6 – Existe relação entre a Resistência à Força elástico-explosiva e o resultado na corrida dos 400m;

H7 – Conhecendo a relação entre as manifestações de força e o resultado competitivo na corrida de 400m, é possível a partir dos resultados obtidos nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a obter em prova.

V - METODOLOGIA

No documento TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL (páginas 80-85)