• Nenhum resultado encontrado

Manifestações de Força nas Actividades Desportivas

No documento TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL (páginas 49-57)

2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA

2.1. Manifestações de Força nas Actividades Desportivas

Segundo Badillo (1999), podemos considerar as seguintes formas de manifestação da força:

- Força absoluta, que corresponde a um potencial "teórico" e apenas se manifesta em situações psicológicas extremas;

- Força Máxima Excêntrica, que diz respeito à máxima capacidade de activação contra resistências que se deslocam no sentido da força da gravidade (geralmente);

- Força Isométrica Máxima, corresponde a uma activação voluntária máxima contra uma resistência insuperável;

- Força Dinâmica Máxima, que corresponde à máxima expressão da força concêntrica, mais precisamente ao ângulo em que se produz a mínima velocidade de deslocamento;

- Força Dinâmica Máxima Relativa, diz respeito à máxima força expressada contra resistências inferiores ao necessário para se manifestar a FDM;

- Força Explosiva, diz respeito à relação entre a Força alcançada e o tempo necessário para a produzir

- Força Elastico-explosiva - semelhante à anterior juntando a energia elástica do pré- estiramento;

- Força Elastico-explosivo-reactiva, manifesta-se quando o CEE é muito curto, juntando à anterior manifestação, a componente de facilitação nervosa através do reflexo miotático.

Segundo o mesmo autor, a classificação das manifestações de força decorre das diferentes formas que os músculos têm para transformar em força a sua própria tensão. Neste sentido, importa tomar em consideração os factores que intervêm no processo de produção de tensão, ou seja: o tipo de activação ou acção muscular, a velocidade e acelaração do movimento, a magnitude da tensão, as fases em que se acentua a manifestação máxima da força dentro do desenvolvimento do movimento, e as condições iniciais de execução.

Posteriormente, o mesmo autor num trabalho onde pretende sistematizar o conceito e medida da Força explosiva no Desporto ( González Badillo, 2000b), sublinha a importância da Força útil, ou seja a força aplicada no gesto específico de competição, a qual se produz à velocidade e tempo específico da competição. Esta Força engloba-se dentro do grupo de valores de Força dinâmica máxima relativa, os quais numa escala hierárquica aparecem depois da FIM e da FDM, sendo que o PMF se mede quando não há movimento ou seja corresponde à FIM (figura 9).

FDM rel. específica Força útil/ funcional FDM relativa (N) cargas abaixo de 1RM FDM (N ou Kg) 1RM FIM (N) Resistência Insuperável PMF

Força explosiva máxima Força explosiva/

Produção de força (N/s):

Força manifest na unid. tempo

Curva Força-tempo Relação Força-tempo Curva de Potência Curva Força-velocidade Relação Força-velocidade Força

Figura 9 - Esquema hierárquico da Força e relações F-t e F-v (G. Badillo, 2000)

Siff & Verkhoshansky (2000) consideram que, a tensão muscular deve dividir-se em oito tipos: Tensão muscular tónica, Tensão fásica, Tensão fásica-tónica, Tensão explosiva isométrica, Tensão explosiva-balística e Tensão explosivo-reactivo-balística. Sugerem ainda a necessidade de identificar o caracter específico da tensão muscular, em particular, as velocidades em que se desenvolve, a sua magnitude, duração e número de repetições, assim como o trabalho dos músculos antes do início dessa tensão.

Neste sentido, considerando a diversidade de condições nas quais os músculos desenvolvem o seu trabalho, categorizam as capacidades de desenvolver uma força específica em quatro tipos, todos interrelacionados: Força Absoluta, Força-Velocidade,

Força Explosiva e Força-Resistência. Se prestarmos atenção ao facto do caracter explosivo com que se desenvolve a força, estar associado com a força absoluta ou força velocidade (dependendo das condições externas), então são duas as capacidades gerais – Força Explosiva e Força Resistência, que servem de base à produção de todos os movimentos desportivos (Siff & Verkhoshansky, 2000).

Pelo que pudemos perceber do trabalho destes autores, ainda que não apresentem uma sistematização das manifestações da força, referem-se às seguintes condições em que se pode produzir força: Força Excêntrica máxima (que pode ser similar à força absoluta), Força Isométrica máxima, Força Dinâmica máxima. Qualquer delas se apresenta aquando do estudo da força explosiva, a partir da análise da curva força tempo, na qual também é possível distinguir os conceitos de Força inicial, que diz respeito à capacidade de desenvolver com rapidez a maior força possível no momento inicial da tensão, e de Força de acelaração, que corresponde à capacidade de desenvolver uma força de trabalho tão rápido quanto possível uma vez iniciada a contracção. Apresentam ainda a reactividade, como uma capacidade neuromuscular para gerar força explosiva, dependente do estiramento preliminar e da rapidez da reacção. Quanto à força-resistência, consideram que é a forma específica na qual se desenvolve a força em actividades que requerem uma duração relativamente longa de tensão muscular com uma diminuição mínima da eficácia. Segundo o tipo de actividade desportiva, distinguem duas formas de expressão: Força –resistência dinâmica, a qual se relaciona com exercícios cíclicos nos quais se repete sem interrupção uma tensão considerável durante cada ciclo de movimento; e Força-resistência estática, a qual se relaciona com actividades nas quais é necessário desenvolver uma tensão isométrica de intensidade e duração variáveis (Siff & Verkhoshansky, 2000).

Por sua vez Mil-Homens (1996a; 1996b), estrutura as principais formas de manifestação da força em três grandes grupos, a saber: Força Máxima, Força Rápida e Força de Resistência. Cada um destes grupos é constituído por diversas componentes.

Assim o autor apresenta, segundo Schmidtbleicher, a Força Máxima como sendo o valor mais elevado de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir, independentemente do factor tempo, contra uma resistência inamovível (Schmidtbleicher, 1985a; 1985b, citado por Mil-Homens, 1996a; 1996b). Desta forma, para esta definição de força máxima os autores estão a considerar que ela se deve avaliar em termos isométricos, ainda que se possa exprimir também em termos

concêntricos e excêntricos. Ainda associadas com a força máxima o autor apresenta a força absoluta, a força relativa e a força limite. A primeira diz respeito ao valor de força mais elevado que o atleta pode produzir, a força relativa diz respeito ao valor de força produzido por unidade de peso corporal, enquanto que a força limite diz respeito ao pico de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir numa única contracção máxima e que envolve pouca ou nenhuma acção voluntária, manifestando-se apenas em situações de risco (Schmidtbleicher, 1996 e 1998 citando Poliquin e Patterson, 1989).

Por Força Rápida devemos entender a capacidade do Sistema neuromuscular produzir o maior impulso possível num determinado período de tempo (Mil-Homens, 1996 e 1998), por tanto é o mesmo conceito que apresentamos para a Força Explosiva segundo Badillho (1999). Ainda assim o autor, apresenta como componentes da Força Rápida, a Força Inicial ou Taxa Inicial de Produção de Força e a Força Explosiva ou Taxa Máxima de Produção de Força. Apresenta ainda a Força Reactiva, que decorre da acção do CEE como sendo a última componente da Força Rápida. Sugere uma certa independência entre o funcionamento muscular do Ciclo Muscular Alongamento Encurtamento (CMAE, atrás designado por CEE) e as acções isométricas e concêntricas, sendo que não será de estranhar que se relacionarmos os níveis de Fmáx com a performance do CMAE encontremos valores de correlação muito baixos (Mil- Homens, 1996 e 1998). Considera existirem dois tipos de CMAE, um longo e um curto. O primeiro com duração superior a 250ms e caracterizado por um grande deslocamento angular das articulações coxo-femural, joelho e tíbio-társica e o segundo mais reduzido com duração de 100 a 200ms (Mil-Homens, 1986a; 1986b; Schmidtbleicher, 1996; 1998).

Martín Acero (1999), Velez (2000) e Garcia Manso & colaboradores (1996), utilizam a terminologia proposta pelo professor Carlo Vittori (1990), na qual se podem distinguir dois grandes grupos de manifestações de força: Manifestações Activas e Manifestações Reactivas (Figura 10).

Como podemos verificar na figura 10, nas manifestações activas consideram-se: - manifestação Máxima Dinâmica da força, que aparece ao deslocar num só

movimento e sem limitação de tempo a maior carga possível;

- a manifestação explosiva da força, que ocorre aquando de uma contracção o mais rápida e potente possível, partindo de uma posição de imobilidade.

Figura 10 – Manifestações da força segundo Vittori, 1990 (Modificado por Barros & Macedo, 2001)

As Manifestações reactivas resultam do efeito produzido pelo CEE. Como referimos anteriormente, segundo Schmidtbleicher, podem distinguir-se dois tipos, um curto e um longo. Segundo Velez (2000), estes dois tipos de CEE coincidem respectivamente com os dois tipos de manifestações reactivas da força propostas pelo professor Vittori (1990):

- a manifestação Elástico-Explosiva, (CEA longo, mais lento) acontece quando se aproveitam as condições biomecânicas do estiramento da musculatura aquando da contracção excêntrica, uma vez que esta energia cinética gerada será aproveitada como energia elástica, que se libertará na fase concêntrica. Este ciclo mais longo permite mais tempo para aplicar maiores níveis de força;

- a manifestação Elástico-Explosivo-Reflexa, (CEA curto, mais rápido) que acontece quando a transição da contracção excêntrica concêntrica é muito rápida, adicionando aos mecanismos referidos anteriormente o trabalho nervoso (do fuso neuromuscular – reflexo miotáctico) e por outro lado a máximo aproveitamento das características

elásticas e/ ou rigidez do sistema musculo-tendinoso, que segundo Vittori (1996) se apresenta como requisito prévio desta manifestação de força.

Chegados a este ponto, cremos que convém precisar um pouco melhor um parâmetro ou capacidade, a Resistência de Força. Alguns autores consideraram como manifestação da força (Siff & Verkhoshansky, 2000; Schmidtbleicher, 1985a; 1985b, citado por Mil-Homens, 1996a; 1996b), para outros apenas como uma associação entre essas duas capacidades, uma vez que a manutenção da força pode ser objectivo em qualquer das manifestações consideradas.

Para Harre & Leopold (1987), o conceito de Resistência de força define um pressuposto condicional da prestação determinado pela associação entre a força (máxima ou rápida) e a resistência. A primeira distinção que efectuam, diz respeito à separação entre a Resistência Absoluta e a Resistência Relativa da Força. A primeira diz respeito ao valor médio absoluto do desenvolvimento repetido da força realizada, enquanto a segunda pode definir-se como a capacidade do atleta se opor à fadiga, referindo-se á diferença entre o máximo rendimento possível de força (sem diminuição devida à fadiga) e o valor médio de força desenvolvido durante o esforço.

A fim de perceber as condições particulares de cada disciplina desportiva, estes autores apresentam uma estruturação da Resistência de força que pode ser consultada no esquema da figura 11. Forma de Movimento Empenho da força Tipo de trabalho muscular

máxima ou inferior à máxima máxima inferior à máxima média a próxima da máxima

Resistência estática à força máxima (ou inferior à máxima) Constante - Intermitente - Repetitivo

Estático Resistência à Força Máxima Resistência à Força Rápida Aciclico Resistência à Força Rápida Ciclico Dinâmico Resistência de Força

Figura 11 – Esquema de Classificação da Resistência de Força (Harre & Leopold, 1997)

Segundo os autores, podem utilizar-se vários critérios a fim de classificar a Resistência de força: a duração do impulso de força, a velocidade crescente de aplicação da força e o sistema energético utilizado no movimento. A partir daqui os autores definiram os vários planos de classificação (figrua 9): segundo tipo de trabalho muscular, a forma de movimento, a manifestação de força associada com a resistência e ainda, o empenho da força.

Arcelli & Franzetti (1997), efectuaram uma revisão sobre este tema da Resistência de força, tendo verificado que, se por um lado algumas definições se complementam, por outro existem alguns autores que por vezes entram em contradição.

Kuznezow (1982, citado por Arcelli & Franzetti, 1997) fala de força resistente, como um dos factores que, no exercício de caracter cíclico, determinam a força especial necessária ao desenvolvimento da velocidade. Tal qualidade, em presença da força rápida, permite a necessária amplitude de movimento por um determinado período de tempo, sendo que a velocidade alcançada dependerá da frequência de movimento e do nível de força aplicado na fase de trabalho.

Também Siff & Verkhoshansky (2000), sugerem que a Força-resistência proporciona um nível alto de capacidade de trabalho especial, que é sobretudo típico dos desportos cíclicos nos quais se executam acções de grande potência. Dando claramente a entender que estamos a referirmo-nos a provas de velocidade resistente ou de meio- fundo curto, como sejam os 400m e 800m em Atletismo, os 100m e 200m em natação, ou os 1000m em ciclismo de pista.

Relativamente à terminologia, os autores de origem soviética utilizam preferencialmente o termo Força Resistente, como uma qualidade que intervém, de forma diversificada, nas actividades de duração média de alguns segundos. Por sua vez os anglo-saxónicos utilizam o termo Speed resistance strenght ou Speed-strenght

Endurance (Resistência de força rápida) o qual diz respeito às necessidades de prestação

para as corridas de velocidade prolongada e de meio-fundo curto, bem como outras disciplinas análogas de características lácticas (Arcelli & Franzetti, 1997). Já o termo

Muscle Endurançe, segundo os mesmos autores, diz respeito às actividades que com

maior duração exigem grande esforço da musculatura, mas que ainda assim apresentam características aeróbias ao nível da solicitação metabólica. Os autores, apesar de referirem que em Itália se utilizam os termos:

- Força aeróbia, para actividades de duração prolongada em que se pretende que a cadeia muscular aplique mais força com recurso ao metabolismo aeróbio, permitindo ao mesmo tempo uma melhoria do limiar anaeróbio e do aspecto técnico do gesto atlético (Rosa & Veicstainas, 1984 citados por Arcelli & Franzetti, 1997) e; - Força - resistência, a qual não é a simples soma da força e da resistência, uma vez

que segundo o autor existem uma série de mecanismos fisiológicos inerentes à melhoria da força e à melhoria da resistência que são de difícil associação, são os

casos das disciplinas nas quais a força resistência apresenta componentes tipicamente lácticos (Arcelli, 1990 citado por Arcelli & Franzetti, 1997),

Sugerem que o termo Resistência de Força é bastante adequado e utilizado para as actividades desportivas caracterizadas por apresentarem, por um período longo de tempo, necessidades de força elevadas.

No documento TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL (páginas 49-57)