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TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL

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Academic year: 2021

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TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL

ELABORADO CON EL PROPÓSITO DE OBTENER EL TÍTULO DE MASTER

UNIVERSITARIO EN EL ÁMBITO DEL ALTO RENDIMIENTO DEPORTIVO

Paulo Jorge Paixão Miguel

Director del Trabajo: Prof. Doctor Juan José González Badillo

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... 3 ABREVIATURAS ... 5 ÍNDICE DE TABELAS ... 7 ÍNDICE DE FIGURAS ... 9 RESUMEN ... 13 RESUMO ... 14 ABSTRACT ... 15 I – INTRODUÇÃO ... 16 II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ... 18

III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 22

1. CARACTERÍSTICAS DA CORRIDA DE 400m ... 22

1.1. Características Gerais ... 22

1.2. Metabolismo ... 26

1.2.1. Contribuição das porções aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m ... 32

1.3. Corrida de 400m como especialidade de RDC ... 34

1.3.1. Factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m ... 35

1.4. Biomecânica da Corrida ... 42

2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA ... 48

2.1. Manifestações de Força nas Actividades Desportivas ... 48

2.2. Manifestações de Força na Corrida dos 400m ... 56

2.2.1. Força explosiva e Força reactiva ... 56

2.2.2. Resistência de Força ... 58

3. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE SALTO COMO FORMA DE DETERMINAR A FORÇA E POTÊNCIA MUSCULAR ... 60

3.1. História ... 60

3.2. O Sistema ERGOJUMP de Bosco ... 63

3.3. Protocolos de Bosco ... 65

3.4. Validade, Fiabilidade e Objectividade ... 69

3.5. Estandardização e Controlo das condições ambientais ... 70

3.6. Valores de Referência e Estudos Realizados ... 71

3.7. Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de Velocidade ... 79

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V - METODOLOGIA ... 84

1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 84

2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ... 85

2.1. Relativas à avaliação da Força elástico-explosiva ... 85

2.2. Relativas à avaliação da Força elástico-explosivo-reactiva (ou stiffness muscular) ... 85

2.3. Relativas à avaliação da Resistência de Força ... 85

2.4. Relativas à corrida dos 400m ... 86

3. DESIGN ... 86

3.1. Fase Prévia ... 87

3.2. Fase de Recolha dos Dados ... 88

3.3. Fase Final ... 88

4. INSTRUMENTOS DE MEDIDA ... 89

4.1. Fiabilidade dos testes e instrumentos ... 90

5. PROCEDIMENTO ... 93

5.1. Condições Prévias aos Testes ... 93

5.2. Protocolos ... 95

5.3. Competições de 400m ... 98

6. ANALISE DOS DADOS ... 99

7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 99

VI - RESULTADOS ... 100

VII - DISCUSSÃO ... 116

VIII - CONCLUSÕES FINAIS ... 129

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AGRADECIMENTOS

Um trabalho desta natureza só é possível graças à colaboração de muitas pessoas, pelo que não podemos deixar de agradecer alguns importantes contributos.

Ao Prof. Doutor Juan José Gonzalez Badillo, pela orientação prestada, só possível pelo elevado grau de conhecimento e rigor científico que possui.

Á Escola Superior de Desporto de Rio Maior, na pessoa do Prof. Doutor José Rodrigues, pela sua amizade e apoio prestado no sentido da progressão da nossa carreira académica.

Ao Dr. Félix Romero pela sua sempre pronta disponibilidade e auxilio no tratamento dos dados, bem como no esclarecimento de quase todas as dúvidas relativas às questões da Estatística.

Ao Dr. António Moreira, responsável pela Secção de Tecnologia e Notação Desportiva do Laboratório de Investigação em Desporto da ESDRM, pela sua pronta disponibilidade e cedência de equipamento, sem o qual não teria sido possível levar a cabo o presente estudo.

Ao António Graça, sempre disponível a colaborar na recolha e tratamento de imagens de muitos dos testes realizados.

Ao Dr. David Catela e ao Prof. Doutor José Alves, sempre disponíveis a prestar esclarecimentos, o primeiro numa fase inicial do trabalho e este último na sua fase final.

Aos atletas e treinadores que prontamente se disponibilizaram para participar, e ainda pelo empenho demonstrado.

(5)

A todos os outros atletas que connosco têm trabalhado e servido de incentivo a uma constante procura e actualização de conhecimentos no âmbito do Alto Rendimento Desportivo.

Aos meus pais que possibilitaram, e desde sempre apoiaram e incentivaram todo o meu percurso em geral e académico em particular.

A todos os outros que de uma forma ou de outra possam ter prestado o seu contributo e por lapso ou esquecimento não foram referidos.

(6)

ABREVIATURAS

AEFA – Association des entraîneurs français d´athlétisme ATP – Adenosina tri-fosfato

c.g. – centro de gravidade

CEA – ciclo de estiramiento – acortamiento (design. español) CEE – ciclo de estiramento – encurtamento (design. Português) CK – Creatina-quinase

cm – centímetros

CMAE – Ciclo muscular de alongamento–encurtamento CMJ – Counter-movement jump (salto com contramovimento) 30”CMJ - Trinta segundos de saltos com contramovimento CP – Fosfocreatina

DJ – drop jump

FDM – Força dinâmica máxima FIM – Força isométrica máxima Fr – Força reactiva

FT – fast twitch (fibra muscular de contracção rápida) g – gravidade

h – Altura

HC – Hidratos de Carbono Hmáx – Altura máxima

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Hméd – Altura média Kg – quilograma m – metros

MAOD – Maximal accumulated oxygen deficit MARP – Maximal anaerobic running test

mmol/l – milimol por litro P – Potência

PFK – Fosfo-fruto-quinase Pmáx - Potência máxima Pméd - Potência média PMF – Pico máximo de força

RCD – Resistência de curta duração RFR – Resistência de Força rápida seg. – segundos

ST – slow twitch (fibra muscular de contracção lenta) T400 – Tempo aos 400 metros

TC – tempo de contacto TV – tempo de voo

VO2máx – Volume máximo de Oxigénio vs – versus

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Marcas relativas a Campeonatos Mundiais, Nacionais e Regionais, realizados no ano de 2001 (Fontes: Butler 1999 e 2001, RFEA, FPA, AAS) ... 23 Tabela 2 - Contribuição percentual dos sistemas energéticos solicitados na prova de

400m ... 26 Tabela 3 - Percentagem da participação da fracção aeróbia e anaeróbia na corrida de

400m ... 27 Tabela 4 - Critérios da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999) ... 34 Tabela 5 - Factores determinantes da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e

Navarro, 1999) ... 35 Tabela 6 - Definições de Capacidade Anaeróbia (criado a partir de G. Ayestaran &

Calbet, 2001) ... 37 Tabela 7 - Componentes do metabolismo láctico que interferem na corrida de 400m

(Modificado a partir de Arcelli, 1995) ... 39 Tabela 8 – Protocolos de Bosco ... 65 Tabela 9 - Relação entre as expressões de força e velocidade com a marca aos 100m

(Vittori, 1990 in Barros, 2001) ... 80 Tabela 10 - Características dos sujeitos que constituíram a amostra e respectivos

recordes pessoais aos 400m (em 2001) ... 84 Tabela 11- Resultados dos testes CMJ a 12 atletas de várias disciplinas ... 91 Tabela 12 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de

CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ... 100 Tabela 13 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de

CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2002 ... 101 Tabela 14 – Resultados obtidos pelo Sujeito B nas competições de 400m e 400m

(9)

Tabela 15 – Resultados obtidos pelo Sujeito C nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ... 103 Tabela 16 – Relação entre o T400 e as variáveis de Força explosiva (hCMJ) e de Força

Reactiva pelo sujeito A ... 112 Tabela 17 – Relação entre o T400 e as variáveis relativas à avaliação da Resistência de

força rápida pelo sujeito A ... 112 Tabela 18 – Variável que melhor explica o resultado da corrida de 400m (hmed

30”CMJ) do Sujeito A ... 114 Tabela 19 – Modelo Sumario da Predição da Performance em 400m para o Sujeito A

... 114 Tabela 20 – Coeficientes do Modelo de Predição da Performance em 400m para o

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Consumo Energético na corrida de 400m referente ao recorde Mundial de Michael Johnson (a partir de Arcelli 1999) ... 30 Figura 2 – Variação da concentração de ATP e CP muscular ao longo da corrida de

400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) ... 31 Figura 3 - Variação da concentração de Lactato muscular e sanguíneo ao longo da

corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) ... 32 Figura 4 – Variação da contribuição de energia ao longo da corrida dos 400m

(Modificado a partir de Reis, 1997) ... 33 Figura 5 – Contribuição das fontes energéticas para esforços de diferente duração e

possibilidades de utilização em regime de capacidade e potência (Adaptado de Navarro, 1999) ... 40 Figura 6 – Média dos tempos dos 8 finalistas em Campeonatos Mundiais, na primeira e

segunda metade da corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) 46 Figura 7 – Tempos parciais dos finalistas de Sevilla 99, para cada 200m de corrida

(dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) ... 47 Figura 8 - Velocidade média dos finalistas de 400m, Sevilla 99 (dados retirados de

Ferro et all, 2001) ... 47 Figura 9 - Esquema hierárquico da Força e relações F-t e F-v (G. Badillo, 2000) ... 49 Figura 10 – Manifestações da força segundo Vittori, 1990 (Modificado por Barros &

Macedo, 2001) ... 52 Figura 11 – Esquema de Classificação da Resistência de Força (Harre & Leopold, 1997)

... 53 Figura 12 – Teste de Sargent - Jump and reach (retirado de Bosco, 1994) ... 61 Figura 13 – Teste de Abalakov (retirado de Cometti, 1998) ... 61 Figura 14 - Representação do impulso de força em função do tempo (retirado de Bosco,

(11)

Figura 15 – Registo da Força de Reacção do terreno na direcção Vertical de uma

Plataforma de Força (retirado de Bosco, 1994) ... A- Squat Jump ou salto de parado; B- CMJ – coutermovement jump ou salto com contramovimento; C- DJ – Drop Jump ou salto pliométrico. NI: impulso neto – representa a fase de impulso do salto, em que o c.g. é pressionado para cima; W – massa do sujeito. A força está expressada em N e representada em função do tempo

(seg.) (Bosco, 1994) ... 63

Figura 16 - CMJ... 65

Figura 17 - CMJ 30" ...66

Figura 18 - Stiffness Test ………..67

Figura 19 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) ... 71

Figura 20 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens atletas do Club Italia de Atletismo (Bosco, 1994) ... 72

Figura 21 – Elevação do c.g. no CMJ em atletas de nível internacional (Bosco, 1985, in Bosco, 1994) ... 72

Figura 22 – Valores de elevação do c.g. no CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare, 2000) ... 73

Figura 23 – Valores de salto vertical com contramovimento (CMJ) de alguns atletas masculinos da equipa espanhola de 4x400m (Gorostiaga, 1992, in Badillo&Gorostiaga, 1999). Também se mostram valores de alguns atletas de 400m americanos com marcas compreendidas entre 46”9 e 43”8 (Mero, citado por Badillo&Gorostiaga, 1999) ... 74

Figura 24 – Altura média de salto no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos 400m (Miguel, 2002) ... 75

Figura 25 – Potência média no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos 400m (Miguel, 2002) ... 75

Figura 26 – Potência mecânica em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) ... 76

Figura 27 – Potência mecânica durante 15-30seg de saltos contínuos registada sobre atletas da selecção italiana de Esqui Alpino (Bosco, 1994) ... 76

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Figura 28 – Potência mecânica durante 15seg de saltos contínuos em atletas

internacionais (Bosco, 1985, citado por Bosco, 1994) ... 77

Figura 29 – Valores em cms no teste de Potência Mecânica 15”CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare, 2000) ... 77

Figura 30 – Tempo de contacto e de voo e potência mecânica medidos durante saltos sobre obstáculos em atletas de nível internacional (Bosco, 1985 citado por Bosco, 1994) ... 78

Figura 31 – Relação entre o tempo obtido na corrida de 400m e a elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ em atletas juniores e seniores portugueses da selecção nacional (Miguel, 2002) ... 82

Figura 32 – Cronograma de actividades a desenvolver ... 87

Figura 33 – Receptor Ergotester e tapete Ergojump com respectiva ligação ... 89

Figura 34 – Local onde foram realizados os testes (Sala do Estádio Municipal de Rio Maior) ... 93

Figura 35 – Sujeito realizando um CMJ no seu aquecimento ... 94

Figura 36 – Sequência fotográfica do Teste CMJ ... 95

Figura 37 – Sequência fotográfica do Teste da Reactividade (2 saltos iniciais) ... 96

Figura 38 – Sequência fotográfica do Teste de 30” CMJ (2 saltos iniciais) ... 96

Figura 39 – Valores médios de elevação do c.g. dos 3 sujeitos nos testes CMJ e 30”CMJ ... 104

Figura 40 – Evolução da Potência Reactiva do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002 ... 106

Figura 41 – Evolução da Potência Reactiva dos Sujeito B e C durante a época de 2001 ... 106

Figura 42 - Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002 ... 107

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Figura 43 – Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) dos Sujeitos B e C durante a época de 2001 ... 108 Figura 44 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas aos 400m pelo Sujeito A ao longo da época de 2001 ... 109 Figura 45 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400

barreiras pelo sujeito B ao longo da época de 2001 ... 110 Figura 46 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400m pelo Sujeito C ao longo da época de 2001 ... 110 Figura 47 – Evolução do Índice de Resistência (h30CMJ/ hCMJ * 100) dos três Sujeitos em estudo, durante o ano de 2001 e do Sujeito A no ano de 2002 ... 111 Figura 48 – Relação entre a elevação média do c.g. obtida no teste de 30”CMJ e a

performance em competições de 400m pelo Sujeito A (p<0.05) ... 113 Figura 49 – Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 15s

Reactividade, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A ... 120 Figura 50 - Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 30”CMJ,

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RESUMEN

La Fuerza elástico-explosiva (FE-E), el stiffness muscular1, bien como la asociación de tales expresiones de fuerza con la Resistencia, parecen ser aspectos determinantes en la carrera de los 400m lisos. En este sentido, el estudio de las manifestaciones de fuerza implicadas en tal carrera, se puede constituir como un importante medio de controlo del entrenamiento. Por otra vía, el estudio de la relación que tales manifestaciones presentan con él rendimiento, puede fornecer pistas adicionales rumo a una mejor comprensión de la especialidad deportiva, bien al nivel de sus exigencias bien al nivel de la propia Metodología del Entrenamiento.

Los objetivos del estudio han sido: a) Identificar las manifestaciones de fuerza exigidas en la carrera de los 400m lisos; b) Evaluar las referidas manifestaciones en corredores de 400m; c) Determinar la relación de cada manifestación de fuerza con él rendimiento en la carrera de 400m lisos; h) Determinar la variación de los niveles de fuerza (de cada manifestación) a lo largo de la temporada; i) Estimar el rendimiento a obtener en una carrera de 400m lisos en situación competitiva.

Tres corredores de 400m, han participado voluntariamente en el estudio (récordes personales - 47,15; 49,47 y 49,83 seg.; Edad – 20, 19 y 18 años; Altura – 182, 180 y 178 cm; Peso – 72, 71 y 66 Kg.). Todos los sujetos han sido evaluados durante la temporada de 2001, siendo que uno de ellos también en 2002. Los siguientes testes han sido realizados en las fases de preparación y competitiva (en esta última con una periodicidad quincenal, y 48 horas después de cada competición de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividad (stiffness) y 30”CMJ. Además la media y la desviación estándar, han sido utilizados los siguientes procedimientos estadísticos: Coeficiente de Correlación de Pearson (1-tailed) para determinar las asociaciones entre las variables de evaluación de las manifestaciones de fuerza y el resultado competitivo en 400m (T400); Análisis de regresión múltipla (método stepwise), con el propósito de establecer un Modelo de Predicción del rendimiento.

Los resultados medios obtenidos por los sujetos han sido los siguientes: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 y 46,58 cm); 15 saltos Reactividad (61,09; 59,15; 77,66 y 66,04 watt/Kg); 30”CMJ (41,57; 39,97; 39,06 y 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 y 50,72 segundos), respectivamente para el Sujeto A en 2001 y 2002, y Sujetos B y C en 2001. Con estés sujetos, los niveles de manifestación de fuerza han cambiado a lo largo de la temporada deportiva (3,32 a 10,48%). Han sido encontradas, para el sujeto A, relaciones significativas (p<0,05) entre el T400 y: la Potencia media reactiva 0,753); Altura media de salto (hméd) en el teste 30”CMJ (-0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primera e segunda mitades del teste: -0,811 e –0,872); Índice de resistencia (relación hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814). El modelo de predicción del rendimiento en carreras de 400m, para el sujeto A, ha presentado la siguiente formula: T400= 53,988 – (0,156 * hméd 30”CMJ). El error padrón encontrado ha sido de 0,16 segundos y el R2= 0,772.

Los resultados alcanzados en este estudio comprueban la existencia de relación entre el resultado de la carrera de 400m lisos y: el stiffness muscular, y la Resistencia á la fuerza rápida (ó Resistencia de fuerza explosiva). Sugieren además que para el corredor de 400m parece importante evidenciar un determinado nivel de (FE-E) sobre el cual se desarrollará la Resistencia a la fuerza. Sin embargo, se necesitan otros estudios (transversales y longitudinales) con el fin de verificar: ¿Hasta que punto el desarrollo de la Fuerza explosiva? ¿Si es más importante un nivel medio de FE-E y un nivel elevado de Resistencia a la fuerza ó el inverso?

Palabras Clave: Fuerza explosiva, Resistencia à la Fuerza rápida, carreras de velocidad,

Evaluación de la Fuerza, CMJ

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RESUMO

A Força elástico-explosiva (FE-E), o stiffness muscular2, bem como a associação destas duas expressões de força com a Resistência, parecem ser aspectos determinantes na corrida de 400m. Desta forma, o estudo das manifestações de força implicadas nesta corrida, pode constituir-se como um importante meio de controlo do treino. Por outro lado, o estudo da relação que estas manifestações apresentam com rendimento, pode fornecer pistas adicionais no auxilio a uma maior compreensão desta especialidade desportiva, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino.

Os objectivos deste estudo foram: a) Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m; b) Avaliar as referidas manifestações em corredores de 400m; c) Determinar a relação de cada manifestação de força com o resultado na corrida de 400m; h) Determinar a variação dos níveis força (de cada manifestação) ao longo da época; i) Estimar o resultado a obter na corrida de 400m em situação de competição.

Três corredores de 400m, participaram voluntariamente neste estudo (recordes pessoais - 47,15; 49,47 e 49, 83 seg.; Idade – 20, 19 e 18 anos; Altura – 182, 180 e 178 cm; Peso – 72, 71 e 66 Kg). Todos os sujeitos foram avaliados durante o decorrer da época de 2001, sendo que um deles também o foi, na época seguinte. Os seguintes testes, foram realizados nas fases de preparação e competitiva (nesta última com uma periodicidade quinzenal, e 48horas após cada competição de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividade (stiffness) e 30”CMJ. Para além da média e desvio padrão, foram utilizados os seguintes procedimentos estatísticos: Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações entre as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o resultado competitivo em 400m (T400); Análise de regressão múltipla (método stepwise), a fim de estabelecer um Modelo de predição do rendimento.

Os resultados médios obtidos pelos sujeitos foram os seguintes: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 e 46,58 cm); 15 saltos Reactividade (61,09; 59,15; 77,66 e 66,04 watt/Kg); 30”CMJ (41,57; 39,97; 39,06 e 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 e 50,72 segundos), respectivamente para o Sujeito A em 2001 e 2002, e Sujeitos B e C em 2001. Com estes sujeitos, os níveis de manifestação de força variam ao longo da época desportiva (3,32 a 10,48%). Foram encontradas, para o Sujeito A, relações significativas (p<0,05) entre o tempo obtido em competição de 400m (T400) e: a Potência média reactiva (-0,753); Altura média de salto (hméd) no teste 30”CMJ (-0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primeira e segunda metades do teste: -0,811 e –0,872); Índice de resistência (relação hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814). O modelo de predição do rendimento em corridas de 400m, para o sujeito A, apresentou a seguinte fórmula: T400= 53,988 – (0,156 * hméd 30”CMJ). O erro padrão encontrado foi de 0,16 segundos e o R2= 0,772.

Os resultados alcançados neste estudo comprovam a existência da relação entre o resultado em 400m e: o stiffness muscular e a Resistência à FE-E. Sugerem ainda que para o corredor de 400m parece importante evidenciar um determinado nível de FE-E sob o qual se desenvolverá a Resistência de força. Contudo outros estudos (transversais e longitudinais) são necessários a fim de verificar: Até que ponto desenvolver a Força explosiva? Se será mais importante um nível médio de FE-E e um nível elevado de Resistência de força, ou vice-versa?

Palavras Chave: Força explosiva, Resistência de Força rápida, corridas de velocidade,

Avaliação da Força, CMJ

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ABSTRACT

Elastic-explosive strength and muscular stiffness3, as well as their association with endurance, seams to be determinant aspects in the 400m race. In this way, the study of strength expressions involved in this race, can make up as an important way of training control. On the other hand, the assessment of their relationship with performance, can produce new ideas to help us on the understanding of this speciality, mainly on the level of the demands but also on their Training Methodology.

The aims of this study were: a) to Identify the demands of strength components in the 400m race; b) to Evaluate the referred strength components in 400m runners; c) to Determine the relationship of each strength component with the 400m performance; h) to Determine the variations of strength levels during season; i) to Estimate the performance of the 400m race (T400).

Three 400m runners, participated voluntarily in this study (personal bests - 47,15; 49,47 and 49, 83 sec.; Age - 20, 19 and 18 years; Height - 182, 180 and 178 cm; Weight - 72, 71 and 66 Kg). All subjects were evaluated during the 2001 season, moreover one of them was also evaluated during 2002. The following tests, were performed in preparatory and competitive phases (in this last one, with a biweekly periodicity, and 48 hours after each competition of 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 Reactivity jumps (stiffness) and 30"CMJ. Besides the average and standard deviation, the following statistical procedures were used: Pearson Correlation (1-tailed) to find the associations between all the current variables out coming from strength components evaluation, and the T400; Multiple Regression Analysis (stepwise method), in order to establish a Model to predict performance.

The medium results obtained by the subjects were the following ones: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 and 46,58 cm); 15 Reactivity jumps (61,09; 59,15; 77,66 and 66,04 watt/Kg); 30"CMJ (41,57; 39,97; 39,06 and 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 and 50,72 seconds), respectively for the A Subject in 2001 and 2002, and B and C Subjects in 2001. The levels of strength components of these subjects vary along sport season (3,32 to 10,48%). We found significant relationships (p <0,05), for A subject, between the T400 and: the Average Reactive Power (-0,753); Average Height of jump (hméd) in the 30"CMJ test (-0,910); hméd 0-15 and hméd 15-30 (first and second half of the test: -0,811 and -0,872); Endurance Index (relationship hméd 30"CMJ/ hCMJ: -0,814). The model to predict T400 (A subject), presented the following formula: T400 = 53,988 - (0,156 * hméd 30"CMJ). Standard error was 0,16 seconds and R2 = 0,772.

These results prove the existence of the relationship between the 400m performance and: the muscular stiffness, and the speed-strength endurance (or explosive-strength endurance). They also suggest that for the 400m runner it seems important to achieve a certain level of explosive-strength, under which the strength endurance will develop. However other studies (traverse and longitudinal) are necessary in order to verify: Until witch level develop explosive strength? Would be more important a medium level of explosive-strength and a high level of strength endurance, or vice-versa?

Key words: explosive strength, speed-strength endurance, sprinting, Strength evaluation, CMJ

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I – INTRODUÇÃO

A melhoria dos programas de treino, a utilização de conhecimentos científicos, bem como as novas tecnologias que se colocam à disposição de treinadores e atletas, são aspectos que nas últimas décadas contribuíram para um avanço substancial nos resultados desportivos.

O conhecimento das exigências de condição física de cada especialidade ou modalidade é hoje em dia facilitado pela enorme quantidade de instrumentos e aparelhos que estão à disposição dos treinadores. Desta forma, e segundo Badillo (2000), para determinar as exigências de condição física de um desporto, modalidade ou especialidade devemos:

a) Medir o grau de manifestação de cada qualidade e compará-lo com o rendimento específico;

b) Recolher dados sobre as características da própria competição e deduzir teoricamente as exigências que implicam.

Contudo, até há bem pouco tempo eram poucos os estudos que avançavam com informação de credibilidade científica na compreensão das exigências e características da corrida dos 400m. Inclusive alguns estudos sobre a referida prova parece terem levantado alguma perplexidade e controvérsia entre treinadores e investigadores (Costa, 1996).

Esta corrida é habitualmente conhecida por ser uma prova de velocidade resistente (Acero, 1999), onde se exige a capacidade de manter uma velocidade submáxima, muito próxima da máxima, num esforço que dura cerca de 45”.

Neste sentido, em termos de capacidades físicas, uma combinação de força velocidade e resistência são requisitos necessários para a referida prova. Também a nível fisiológico, esta corrida é das que reúne maior complexidade (Coelho e Reis, 1995), ainda que se saiba que o metabolismo láctico assume maior preponderância.

Neste nosso trabalho esperamos contribuir, por um lado para um maior conhecimento desta especialidade no que toca às suas exigências de condição física, especialmente da qualidade física força em associação com a velocidade e a resistência, ou seja a Resistência de força elástico explosiva ou Resistência à força rápida como sugerem alguns autores (Bosco, 1983; Acero, 1999). Por outro lado esperamos que este

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maior conhecimento seja também contributo para aperfeiçoar e melhorar os programas de treino, bem como o incremento das prestações desportivas.

O presente trabalho está organizado da seguinte forma: Parte I – Introdução

Parte II – Apresentação do Problema Parte III – Revisão Bibliográfica Parte IV – Hipóteses

Parte V- Metodologia Parte VI – Resultados Parte VII – Discussão

Parte VIII – Conclusões Finais

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II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

A melhoria do rendimento nas várias disciplinas desportivas depende essencialmente do conhecimento que se tenha acerca das exigências que apresentam e consequentemente de uma escolha, e adequada programação, de meios e métodos de treino.

Até ao momento a generalidade dos estudos relacionados com a corrida de 400m dizem respeito à sua caracterização fisiológica e exigências em termos metabólicos. Vários autores se tem referido a esta corrida como uma prova de características muito especiais e complexas sob o ponto de vista da intervenção das diferentes fontes energéticas (Coelho e Reis, 1995). Embora os valores apresentados pelos diferentes autores (Suslow citado por Zintl, 1991; Zaciorskij citado por Zintl, 1991; Fox e Mattews´s, 1983; Reis, 1997; Arcelli, 1999; Newsholme et all citados por McArdle et all, 1998), quanto à percentagem de participação das diferentes fontes energéticas não seja coincidente, porém não existem dúvidas quanto à maior intervenção do metabolismo láctico. Tal facto leva a que a acumulação de hidrogeniões e consequente abaixamento do ph sanguíneo se apresente como um dos principais mecanismos de produção de fadiga (Terrados Cepeda e Garcia, 1999; Miñarro, Lopez Villalba e Fernández, 2000; Bompa, 1994) e consequentemente como factor limitativo do rendimento.

Diversos estudos sobre a fadiga na corrida dos 400m apresentam um foco nas alterações da técnica da corrida e ainda, no aumento de metabolitos sanguíneos e musculares (Numella et all, 1994).

Importa referir que estas alterações técnicas se apresentam precisamente como um dos efeitos da fadiga, que se manifesta de maneira diferente nos diversos grupos musculares (Numella et all, 1994; Costa, 1996 citando Costill et all, 1983). De facto Costa refere-nos que Costill e colaboradores no seu trabalho ao determinarem a concentração de ácido láctico e a variação de ph nos músculos vastus lateralis e

gastrocnemius, concluíram que existem variações individuais consideráveis entre estes

dois grupos musculares e que estas diferenças deveriam ser atribuídas á técnica de corrida e ao tipo de treino prévio dos atletas. Este autor faz ainda referencia ao trabalho de Chapman (1982) que apresenta conclusões semelhantes.

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Os trabalhos de Hirvonen e colaboradores (1992) e Numella e colaboradores (1992; 1994) sugerem que durante os primeiros 100 metros da corrida de 400m, a maior parte da energia produzida provem da degradação de CP muscular. Entre os 100 e os 300m a glucolise anaeróbia apresenta uma grande participação na produção de energia, enquanto que assistimos a uma diminuição da participação da CP muscular. Tal facto acompanha-se de uma diminuição da velocidade de corrida, sendo que nos últimos 100 metros esta chega a ser dramática, indicando que existe uma grande fadiga (Gorostiaga Ayestaran e Santos, 1999). Estes autores sugerem que nesta última fase da corrida existe uma diminuição da capacidade para produzir energia porque provavelmente a concentração muscular de CP se esgota, existindo também um abaixamento da capacidade de restituir ATP por via da glucolise anaeróbia.

Desta forma, compreende-se que uma elevada concentração de lactato produzida nos primeiros 300m de corrida possa diminuir drasticamente o ph sanguíneo e inibir a glucolise anaeróbia. Por outro lado, um cansaço das fibras FT leva a que se passe a recrutar fibras do tipo ST (Numella et all, 1994), as quais não produzem a mesma quantidade de trabalho por unidade de tempo.

Assim e segundo os mesmos autores, na fase final da corrida verifica-se um aumento da actividade electromiográfica, o qual traduz precisamente um tipo de fadiga de origem muscular e não nervosa ou de falhas ao nível da transmissão neuromuscular.

Considerando que estes estudos que temos vindo a referir apresentam, para além das alterações metabólicas, um foco nas alterações técnicas bem como numa menor capacidade de continuar a produzir força (Numella et all, 1994; Costa, 1996), parece que a resistência de força rápida, ou resistência à força elástico-explosiva se apresenta como uma aspecto muito importante para a corrida de 400m.

Parece-nos então que o estudo da Resistência à Força elástico-explosiva em corredores de 400m pode fornecer mais algumas pistas no auxilio a uma maior compreensão desta especialidade, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino.

Por outro lado, considerando que nas corridas de velocidade, especialmente na fase lançada, o stifness muscular das pernas é um factor determinante na performance (Vittori, 1996; Chelly e Denis, 2000), interessa-nos saber até que ponto este aspecto é importante para os quatrocentistas.

Ainda assim, uma vez que na corrida dos 400m se exige uma passada mais ampla, com possibilidade de total extensão do joelho durante o apoio, ao contrário do

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que acontece nas corridas de 100 e 200m onde este aspecto é de menor importância (Vonstein, 1996), tal facto solicita uma maior participação dos músculos anteriores da coxa. A solicitação deste grupo muscular acontece quer para a extensão do joelho durante o apoio, quer para a sua elevação na fase de circular à frente da corrida (Simonsen, Thomsen e Klausen, 1985 citados por Hay, 2000).

Todas estas considerações enquadram o nosso trabalho, no qual efectuaremos avaliações de diferentes manifestações de força a corredores de 400m. A avaliação da força explosiva e da resistência à força explosiva será realizada através do teste de CMJ e 30"CMJ respectivamente, enquanto que a avaliação da força reactiva ou elástico-explosivo-reactiva será efectuada através do teste de 15 saltos reactivos. Quaisquer dos testes utilizam como recurso a plataforma de Bosco (marca GLOBUS), sendo realizados dois dias após cada competição de 400m.

Neste estudo os objectivos estabelecidos pretendem dar resposta aos seguintes problemas:

- Qual a importância do stiffness muscular para os corredores de 400m? - Qual a importância da força elástico-explosiva para os corredores de 400m? - Qual a importância da Resistência á Força elástico-explosiva para os

corredores de 400m?

- Como se relacionam as diferentes manifestações de força com o rendimento obtido em competição de 400m?

Os nossos objectivos são os seguintes:

- Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m.

- Avaliar o nível de stiffness muscular (força elástico-explosivo-reactiva) em corredores de 400m.

- Avaliar o nível de força elástico-explosiva em corredores de 400m. - Avaliar a Resistência à força elástico-explosiva em corredores de 400m.

- Determinar a relação entre o stiffness muscular e o resultado na corrida de 400m. - Determinar a relação entre o nível de Força elástico-explosiva e o resultado na

corrida de 400m.

- Determinar a relação entre a Resistência à Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m.

- Determinar a variação dos níveis de força elástico-explosivo-reactiva ao longo da época.

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- Determinar a variação dos níveis de Força elástico-explosiva ao longo da época. - Determinar a variação da Resistência á Força elástico-explosiva ao longo da época. - Estimar o resultado a obter na corrida de 400m em situação de competição.

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III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. CARACTERÍSTICAS DA CORRIDA DE 400m

A corrida de 400m pode ser caracterizada sob o ponto de vista de um vastíssimo número de critérios. No âmbito científico, considerando os estudos que possam ser feitos na área da Biologia ou da Biomecânica, é habitual fazer-se referência aos aspectos do metabolismo ou da mecânica da corrida.

No nosso caso, numa primeira análise, optámos por efectuar uma revisão e caracterização geral desta prova. Depois referência ao seu metabolismo e na sequência, a apresentação desta prova como especialidade de Resistência de curta duração (RCD). Por fim, efectuámos também alguma recolha no que se refere aos aspectos da biomecânica da corrida.

1.1. Características Gerais

A corrida de 400m está integrada dentro das corridas de velocidade que compõem o programa olímpico. No entanto, a volta à pista pouco tem a ver com as provas de 100 e 200m, uma vez que pela duração que encerra apresenta algumas características muito diferentes destas duas provas, nomeadamente no que se refere à capacidade física resistência e às ligações que esta estabelece com as capacidades, força e velocidade (Miguel, 2002b).

Ainda assim, a velocidade apresenta-se como uma capacidade determinante no resultado desta prova. Segundo Schaefer (1989), a velocidade máxima de competição corresponde a 90% da capacidade individual máxima locomotora. Neste sentido, um atleta que não possua um nível de velocidade máxima bastante elevado, por muito resistente que seja, o seu resultado final estará sempre condicionado.

Por outro lado importa considerar um aspecto que se relaciona com a economia de esforço, isto é, quando nos referimos à velocidade máxima de competição devemos considerar um valor muito próximo mas submáximo em relação à máxima velocidade de locomoção do atleta (como sugere o parágrafo anterior). Esta economia consegue-se, como nos sugere Pascua (1998), por um lado à custa de uma acelaração mais longa e fluida (relativamente a uma corrida de 100 e 200m) e de uma boa utilização da força elástico-reflexa ou elástico-explosivo-reactiva.

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- Velocidade – onde se distingue a fase de aceleração e a velocidade máxima;

- Força – qualidade necessária para adquirir e manter a velocidade. A força máxima dinâmica e principalmente a força elástico-explosiva são as manifestações que determinam a fase de aceleração. Por sua vez as expressões de força que influenciam a fase de máxima velocidade de corrida são, força elástico-explosiva e elástico-explosiva-reflexa.

- Resistência – qualidade necessária para que se possa continuar o esforço apesar da instalação da fadiga. Depende fundamentalmente do sistema energético anaeróbio láctico, dada a intensidade e brevidade do esforço.

- Gestão do esforço – o atleta deverá seleccionar uma óptima combinação entre frequência e amplitude de passada por forma a adquirir velocidade de um modo o mais económico possível que lhe possibilite manter o seu ritmo de corrida.

Por sua vez, na revista da AEFA (1981) apresentam-se conteúdos de treino para os 400m, com vista ao desenvolvimento de: qualidades físicas gerais (preparação de base), qualidades de resistência, velocidade, preparação física e musculação.

Para além da necessidade de desenvolver todas as capacidades condicionais de uma forma harmoniosa, importa perceber que consoante o nível do atleta as exigências poderão apresentar-se de forma diferenciada. Puig (1998) sugere que quanto melhor for o registo de um atleta, maiores serão as exigências de velocidade e de força. Se considerarmos que os melhores especialistas mundiais apresentam tempos na casa dos 45” enquanto que as mulheres andam pelos 50”, parece lógico esperar que para estas a capacidade resistência se apresente com um nível de exigência relativa, ligeiramente superior, ao contrário dos homens para quem esta menor solicitação é compensada com um direccionamento para as capacidades de força e velocidade como acima referimos.

Tabela 1- Marcas relativas a Campeonatos Mundiais, Nacionais e Regionais, realizados no ano de 2001 (Fontes: Butler 1999 e 2001, RFEA, FPA, AAS)

Nível 400m

Mundial Nacional Regional

Espanha Portugal Santarém

Masculinos 1º 44,64 45,54 47,15 51,60 Finalistas 45,15 47,07 48,48 53,84 Femininos 1º 49,86 52,87 56,16 61,63 Finalistas 50,56 54,53 58,42 65,06

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Na tabela 1 podem consultar-se as marcas obtidas nos Campeonatos Mundiais, Nacionais de Espanha e Portugal e, Regionais de Santarém (Portugal) do ano 2001 para atletas masculinos e femininos. Em cada linha apresenta-se o tempo do campeão e a média dos finalistas.

Desta forma, se considerarmos que os valores oscilam entre os 44” e 65”, facilmente se poderá deduzir que uma duração tão ampla deverá corresponder a solicitações ligeiramente diferentes, ainda que estejamos a referirmo-nos à mesma prova. Badillo (2000) aquando da apresentação dos modelos de análise do rendimento desportivo, enuncia o modelo evolutivo, o qual parte do pressuposto de que nos níveis de rendimento superior é necessário o contínuo desenvolvimento de determinadas capacidades e a estabilização de outras. Tal facto vem corroborar as anteriores apreciações relativas às exigências diferenciadas para níveis diferenciados.

Pese embora muitos dos treinadores se refiram e discutam acerca dos aspectos atrás descritos, tanto quanto nos foi possível pesquisar, apenas Nummela & Rusko (1995) e Nummela et all (1996) apresentaram estudos acerca dos mesmos, onde procuraram saber quais as diferenças entre sexos na potência anaeróbia de corrida (teste MARP), respeitantes, quer à componente metabólica quer à neuromuscular. Sugerem que os factores determinantes para a corrida de 400m possam ser diferentes em homens e em mulheres (e em maior número neles). A economia de corrida em sprint foi encontrada em ambos, indicando que o treino deve focar-se especialmente na forma de corrida. As mulheres terão melhores resultados caso sejam submetidas a programas em que se dê ênfase ao aspecto técnico, enquanto que os homens beneficiarão se cuidarem deste aspecto e ainda de um adequado trabalho e condição física (Nummela & Rusko, 1995). Nummela et all (1996), sugerem que a velocidade máxima, a potência anaeróbia de corrida a 10mmol/l e a diferença entre a potência máxima e o VO2máx. (encontrados com o teste de 30m e MARP) são os aspectos determinantes em corredores homogéneos de 400m.

Em alguns estudos com especialistas e não especialistas, também foram encontrados diferentes factores que determinam o resultado. Ohkuwa et all, (1984a) sugerem que para os especialistas em 400m existem outros factores que determinam o resultado neste evento, para além da glucolise anaeróbia. Podem ser a quantidade de ATP e nível de força por secção transversal de músculo. Por sua vez Ohkuwa &

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Miyamura (1984b), comparando sprinters e meio-fundistas concluíram que o pico máximo de concentração de lactato pode ser um indicador útil da capacidade anaeróbia para os segundos mas não para os primeiros.

Schaefer (1989) considera a corrida de 400m como uma prova de sprint prolongado, uma vez que se observarmos o gráfico da curva de velocidade temos uma fase de aceleração, uma de velocidade máxima e uma de diminuição contínua da velocidade. O rendimento obtido pelos atletas diferencia-se pela maior ou menor velocidade obtida em todos os trajectos da corrida. Segundo o mesmo autor, a curva de velocidade na corrida dos 400m é determinada essencialmente devido às alterações metabólicas, ou seja a fase de aceleração e máxima velocidade são asseguradas pela obtenção de energia a partir da fonte anaeróbia aláctica, enquanto que a fonte anaeróbia láctica assegura a resistência de velocidade motora.

Estas alterações metabólicas e respectiva influência nas capacidades de produzir força e/ou de manter a mesma velocidade têm sido confirmadas por diversos estudos (Hirvonen et all, 1992; Numella et all, 1992 e 1994; Arcelli, 1995 e 1999; Lacour, 1990).

Já no que se refere aos efeitos da fadiga na corrida, observados especialmente na fase final da prova, também alguns autores estudaram as alterações mecânicas e respectiva perca de velocidade. Costa (1996) foi um desses autores, e refere-se aos trabalhos de Bates e Osterning (1977), Chapman (1982), Sprague e Mann (1983), Tupa e colaboradores (1984), Mero e colaboradores (1988), Ae e colaboradores (1989) e Costa (1991 e 1992). Como já referimos no ponto 1.4. iremos analisar estes aspectos com o pormenor que se lhes exige.

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1.2. Metabolismo

A ressíntese das moléculas de ATP requer utilização de energia proveniente de vários sistemas energéticos:

 Sistema ATP-Cp  Sistema Glucolítico

 Sistema Oxidativo (oxidação de HC e lípidos)

Durante o exercício exaustivo, a contribuição relativa destes três sistemas energéticos, é determinada pela duração da actividade (Hill, 1999). Estes sistemas não operam de forma independente no exercício, trabalhando de forma unida com vista à ressíntesse do ATP para fazer frente às necessidades energéticas do músculo (Green, 1995).

Durante muitos anos, a maioria dos manuais sugeriam que, nas corridas como os 400m, com uma duração total inferior a 1 minuto, o sistema anaeróbio (ATP-CP e glucolise) poderiam fornecer até 70 a 80% do custo energético total, com apenas 20 a 30% vindo da fonte aeróbia (e.g. Astrand e Rodahl, 1977; Newshome et all, 1992; Foss e Ketevyan, 1998 citados por Hill, 1999).

Das consultas que fizemos podemos concluir que a grande maioria dos autores apresenta valores próximos dos acima referidos.

Em alguns estudos é apresentada a contribuição percentual aproximada dos sistemas energéticos solicitados (tabela dois).

Tabela 2 - Contribuição percentual dos sistemas energéticos solicitados na prova de 400m

Fontes Autor (es)

13.9% ATP-CP

63.3% glicólise anaeróbia

23.8% glicólise aeróbia Arcelli (1999)

15% ATP-CP 55% glicólise anaeróbia

30% glicólise aeróbia Arcelli (1995 a partir de Lacour, 1990)

6% ATP-CP 50% glicólise anaeróbia

44% glucolise aeróbia Newsholme et all (1992) citado por McArdle et all (1998)

80% ATP-CP + glicólise anaeróbia

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Outros autores apresentam apenas valores em termos da contribuição da fracção aeróbia e anaeróbia (tabela três).

Tabela 3 - Percentagem da participação da fracção aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m

Fontes Autor (es)

75% anaeróbio 25% aeróbio Suslow (1971, citado por Zintl 1991)

92% déficit de O2 4 8% consumo O25 Zaciorskij (1972, citado por Zintl 1991)

62% (± 4) anaeróbio ♀ 38% aeróbio Hill (1999)

63% (± 5) anaeróbio ♂ 37% aeróbio Hill (1999)

76,5% anaeróbio láctico ♀ 26,6% aeróbio Arcelli (1976 e1995)

73,4% anaeróbio láctico ♂ 23,5% aeróbio Arcelli (1976 e1995)

75% anaeróbio 25% aeróbio Newsholme et all (1992, citados por Hill, 1999)

70% anaeróbio 30% aeróbio Astrand e Rodahl (1977, citados por Hill, 1999)

72% anaeróbio 28% aeróbio Lacour et all (1990, citados por Hill, 1999)

90 a 95% anaeróbio 5a 10% aeróbio Stephan (1986, citado por Reis 1997)

77,5% anaeróbio 22,5% aeróbio Reis (1997)

57% anaeróbio 43% (± 1) % aeróbio Spencer & Gastin (2001)

56% (± 2) anaeróbio 44% (± 2) aeróbio Medbo & Serjested (1985, citados por G. Ayestaran e Santos, 1999)

80% anaeróbio 20% aeróbio Weineck (1986, citado por Reis 1997)

75 a 85% anaeróbio 15 a 25% aeróbio Black (1988, citado por Reis 1997 e Coelho & Reis, 1995)

63% anaeróbio 37% aeróbio Spencer et all (1988, citados por Hill, 1999)

30 a 36% anaeróbio 64 a 70% aeróbio Weyand et all (1988, citados por Hill, 1999 e G. Ayestaran & Santos, 1999 )

82% anaeróbio 18% aeróbio Foss e Keteyian (1988, cit. p Hill, 1999)

4 Correspondente á energia obtida pela via anaeróbia 5

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Ainda que grande parte da energia conseguida para esta prova provenha da via anaeróbia, a partir dos quadros dois e três podemos também verificar que existe uma grande dispersão, no que respeita aos valores encontrados pelos diferentes autores em outros tantos estudos.

Ayestaran & Santos (1999) numa análise à literatura sobre este tema em geral e mais concrectamente no que respeita à utilização muscular de ATP, CP, glucogénio e produção de lactato, sugerem que a grande variabilidade de valores encontrados para este último factor, pode explicar-se por uma ou várias das seguintes razões:

- Diferenças metodológicas, uma vez que existem diferenças entre estudos no que se refere ao lugar de extracção da amostra e sua posterior análise;

- Especialistas – os resultados encontrados em especialistas relativamente a desportistas de outras especialidades ou sedentários, são diferentes, uma vez que aqueles atletas conseguem valores superiores;

- Nível dos atletas - Especialistas de Alto Rendimento conseguem geralmente valores superiores;

- Tipo de testes realizado – se verificarmos valores de competição com valores de treino ou de teste em laboratório, os da primeira situação são muito mais elevados.

Por seu turno Spencer & Gastin (2001), sugerem que poucos são os estudos que simulam o esforço em situação específica, quer para eventos de corrida quer para testes realizados com cicloergómetros. Por esse facto realizaram o seu estudo envolvendo atletas corredores de elite, de 200 a 1500m, em que cada grupo de atletas realizava apenas os testes para o seu evento. Ou seja, encontraram a contribuição das porções aeróbia e anaeróbia, para a corrida de 200m em corredores de 200m, para a corrida de 400m em corredores de 400m, bem como para as corridas de 800m e 1500m.

Nummela e Rusko (1995) em testes de corrida supramaxima realizados em treadmill, verificaram que para um tempo de esforço semelhante (49,5seg.), atletas especialistas de 400m e meio-fundistas, obtinham contribuições diferenciadas das porções aeróbia e anaeróbia. A contribuição aeróbia para corredores de 400m foi de 37,1%, enquanto que os meio-fundistas conseguiram um valor de 45,6%.

Pelo exposto, parece resultar que as provas utilizadas para determinar o potencial de energia apresentam algumas limitações. Relativamente a este assunto Green (1995), sugere que para além das provas anaeróbias lácticas e alácticas estarem baseadas em critérios de rendimento (trabalho realizado por unidade de tempo nas

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provas de potência anaeróbia e trabalho total realizado nas provas de capacidade anaeróbia), e de esse rendimento observado estar limitado por um determinado sistema energético, sendo que no caso da potência aláctica tenta calcular-se o ritmo a que o CP pode ser hidrolizado e no caso da potência anaeróbia láctica o objectivo é o de calcular o ritmo a que o ATP pode ser regenerado por via da glucólise anaeróbia. Sugere o mesmo autor, que apesar de em termos teóricos estas suposições serem muito convenientes, não existem em termos científicos provas suficientes de que efectivamente as coisas se passem assim. Para além do sistema energético que está a ser posto á prova, existem outros aspectos que determinam o resultado e as possibilidades de o músculo poder trabalhar, entenda-se contrair e descontrair, da forma mais eficaz possível.

Neste sentido se considerarmos os aspectos da coordenação motora e técnica de corrida, da progressão da fadiga com respectivas anomalias centrais e periféricas, da correspondente dificuldade em manter os processos de excitação e contracção muscular, e por outro lado o facto de atletas com diferentes níveis de performance, com tempos para percorrer a distância de 400m desde o record mundial de 43.18 até aos 60 segundos, é fácil perceber que estas poderão ser algumas das razões pelas quais os diferentes estudos acerca do metabolismo da referida corrida apresentam valores tão dispersos.

Os valores apresentados correspondem a estudos efectuados com atletas de nível diferenciado, desde universitários, a atletas especialistas na referida prova, passando por selecções de países até ao trabalho de Arcelli (1999) acerca do record mundial conseguido por Michael Jonhson (Figura1).

Neste estudo, o autor sugere que supondo que o atleta atingia uma concentração de lactato sanguíneo de 28 mmol/l, o consumo energético para a prova seria repartido da seguinte forma: 13,9 – 65,7 e 20,4% para as fontes aláctica, láctica e aeróbia respectivamente. Por sua vez, caso o atleta tivesse uma concentração de lactato sanguíneo de 27 mmol/l, o consumo energético apresentar-se-ia da seguinte forma: 13,9 – 63,3 e 22,8% para as mesmas fontes. O autor apresenta a hipótese do atleta conseguir estes valores de lactatémia, tendo como referência um estudo que envolveu a recordista mundial feminina, com um valor de 27 milimol por litro (Lacour et all, 1990).

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AERÓBIO LÁCTICO A L Á C T IC O seg. 10 20 30 40 ml/kg/min 150 100 50

Figura 1 - Consumo Energético na corrida de 400m referente ao recorde Mundial de Michael Johnson (a partir de Arcelli 1999)

De facto, a concentração máxima de lactato no sangue parece ser uma condição necessária para conseguir bons resultados nesta competição, pese embora por si só não produz nenhum aumento de rendimento (Schaefer , 1989), uma vez que atletas com rendimentos muito dispares, após uma competição, poderão ter níveis de concentração de lactato sanguíneo muito próximos.

Ainda assim, para Alejandro e colaboradores (2001), a relação encontrada entre a concentração de lactato e a manutenção da velocidade numa corrida de 400m, confere-nos um meio mais preciso de estudar a capacidade anaeróbia dos atletas, do que qualquer teste de laboratório. Lacour e colaboradores (1990) também encontraram, em especialistas de alto nível (homens e mulheres), uma relação entre o lactato sanguíneo alcançado e a sua performance relativa. Sugerem que só em competições de elevado nível (neste caso encontros internacionais) é possível os atletas explorarem o seu potencial, sendo que com os testes de laboratório não é possível determinar diferenças entre estes grupos tão homogéneos.

Desta feita e continuando esta revisão a estudos com os melhores especialistas mundiais, Arcelli (1995) refere-se precisamente ao facto destes atletas conseguirem, em provas de 400m, uma contribuição do mecanismo anaeróbio aláctico de pelo menos

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18% das despesas energéticas totais da corrida. Este autor extrapola/sugere esta percentagem a partir dos estudos de Serresse e colaboradores (1988), onde calcularam o contributo dos principais mecanismos energéticos para esforços de 10, 30 e 90” de duração.

Hirvonen e colaboradores (1992) sugerem que durante os primeiros 100m da corrida de 400m a maior parte da energia produzida provem da degradação de CP muscular (Figura 2). Por sua vez, Arcelli (1995) sugere que o mecanismo anaeróbio aláctico possa intervir massivamente no primeiro terço da corrida. Entre os 100 e os 300m a glucólise anaeróbia tem uma grande participação na produção de energia, enquanto que a participação de CP muscular se reduz. Tal facto é acompanhado por uma diminuição de velocidade de deslocamento. Nos últimos 100m de corrida esta diminuição de velocidade é ainda mais dramática, indicando que existe uma grande fadiga. Segundo os referidos autores, esta diminuição da capacidade de produzir energia acontece provavelmente por se esgotar a concentração de CP e por diminuir a capacidade de produzir ATP pela via da glucólise anaeróbia, visto que a concentração de lactato muscular aumenta também substancialmente (Figura 3).

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 100 200 300 400 8

Distâcia (m) Rec (min)

m m o l/ k g CP ATP

Figura 2 – Variação da concentração de ATP e CP muscular ao longo da corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992)

Hirvonen e colaboradores (1992) crêem que provavelmente a diminuição da capacidade de produzir ATP nos últimos metros de corrida se possa dever a:

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- grande acumulação de lactato muscular que se produz nos primeiros 300m de corrida e se acompanha por um abaixamento do ph muscular (acidez) que inibe parcialmente a glicólise anaeróbia;

- aumento do recrutamento de fibras ST, devido ao facto de as fibras FT se terem fatigado, sendo que as primeiras não produzem a mesma quantidade de trabalho por unidade de tempo.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 100 200 300 400 10 20 30

Distâcia (m) Rec (min) mmol/l (Bla)

mmol/kg (Mla)

mla bla

Figura 3 - Variação da concentração de Lactato muscular e sanguíneo ao longo da corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992)

1.2.1. Contribuição das porções aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m

Como já referimos, vários são os estudos que se referem à contribuição da porção aeróbia e anaeróbia para a corrida dos 400m. Geralmente nestes estudos, não é apresentada a percentagem de contribuição do sistema anaeróbio aláctico e láctico, referem-se antes ao metabolismo anaeróbio no seu todo, utilizando para tal o recurso a métodos não invasivos (Gastin, 1994). A participação da porção aeróbia é traduzida pelo consumo de Oxigénio enquanto que o cálculo do déficit máximo de oxigénio acumulado permite saber qual a contribuição do metabolismo anaeróbio num determinado esforço, sendo que esta quantidade ou este déficit corresponde ao O2 adicional que haveria de se consumir para evitar a participação do metabolismo anaeróbio (G. Ayestaran & Calbet, 2001).

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Reis (1997) no seu trabalho de determinação do Déficit de Oxigénio acumulado em corredores de 400m apresenta-nos a contribuição da porção aeróbia e anaeróbia ao longo da prova (Figura 4) e em diferentes momentos da época (Setembro/Outubro – inicio de época e Abril do ano seguinte - véspera do período competitivo). Para além dos atletas melhorarem no segundo teste, verificou ainda que:

- Na parte inicial da época desportiva os atletas utilizam maior percentagem de energia da fonte aeróbia relativamente ao mesmo teste realizado na véspera do período competitivo;

- O perfil metabólico de esforço no inicio da época desportiva, alterou-se substancialmente a partir dos 30 segundos;

- No segundo teste, o perfil metabólico de esforço mantém-se praticamente constante ao longo da prova;

- O Déficit máximo de Oxigénio não se correlacionou com a velocidade média nos 400m nem com a concentração máxima de lactato.

Variação da Energia durante a prova de 400m

0% 20% 40% 60% 80% 100% 00:00,0 0:00:15 0:00:30 0:00:45 0:00:54,2 Tempo (seg) E Aeróbia E Anaeróbia

Figura 4 – Variação da contribuição de energia ao longo da corrida dos 400m (Modificado a partir de Reis, 1997)

Refira-se no entanto que Heugas e Brisswalter (2000) sugerem que o MAOD não é um teste adequado para determinar a capacidade anaeróbia a corredores de elite de 400m, uma vez que embora melhorando a performance em competição ao longo da época, os resultados obtidos no referido teste não sofreram alterações significativas. Observaram sim, uma grande variabilidade intra-sujeito.

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1.3. Corrida de 400m como especialidade de RDC

A Corrida dos 400m pela duração e exigências que apresenta, bem como pelo facto de a capacidade física resistência se apresentar como factor determinante no rendimento competitivo, é uma prova classificada por alguns autores como sendo de Resistência de Curta Duração (Navarro,1999 e 2000; Zintl,1991). Navarro (2000) cita vários autores (Harre, 1987; Neuman, 1990; Zintl, 1991) que classificam como disciplinas desportivas de Resistência de curta duração (RCD) todas as actividades que se situem num espaço temporal que medeia entre os 35” e os 2 minutos, para as quais a intensidade da carga deve ser máxima, à duração de cada esforço.

Segundo Zintl (1991), nas Especialidades de RCD é necessário resistir à fadiga em cargas a velocidade submáxima, pese embora a velocidade do movimento seja elevada, bem como aos níveis de força que se aplicam.

Os critérios mais característicos da RDC são os que podemos observar na tabela quatro.

Tabela 4 - Critérios da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999)

Critério RDC

Duração da carga 35" - 2`

% de VO2 máx. 100

Lactato, mmol/l 10 – 22

Substrato energético principal Glucogénio e Fosfatos

Vía energética predominante Anaeróbio

Relativamente à prova de 400m, temos que:

- pode durar entre 43 e 65 segundos (ver tabela 1);

- Se atingem valores de VO2 máximo sempre superiores a 100% - 138 e 171; 154; e 147 % (G. Ayestaran & Santos, 1999 citando Medbo & Sejersted, 1985; Olesen e cols., 1994; Withers e cols, 1991),

- Se atingem valores de lactatémia de 15,4 (Reis, 1997) a 24,9 (Kinderman & Keul, 1977 citados por L. Miñarro e cols, 2000),

- Apresenta como substratos energéticos principais o glicogénio e CP (Hirvonen e cols, 1992) e,

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- A fonte energética predominante é a anaeróbia (ver tabela 2).

Neste sentido, os estudos referidos confirmam a possibilidade de incluir a corrida de 400m nos critérios de classificação de Zintl e Navarro, referidos no quadro quatro.

Os mesmos autores apresentam como factores determinantes da RDC, os que se podem observar na tabela cinco.

Tabela 5 - Factores determinantes da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999)

Sist. energético Factores

Anaeróbio Capacidade de dispor de muita energia /unidade de tempo

(dependente dos depósitos de fosfatos e da actividade das enzimas glicólise anaeróbia)

Capacidade de produzir lactato (Potência láctica) Capacidade de tamponamento (atrasar a hiperacidez) Melhoria da tolerância à acidez

Aeróbio Capacidade aeróbia (Regulação da produção/ eliminação de lactato; melhoria da eliminação de substratos e resíduos metabólicos)

Os autores consideram ainda outros factores como sejam, o nível de força ou velocidade dentro da técnica motriz, no nosso caso a corrida. Estes aspectos serão tratados mais adiante (ver pontos 1.4. e 2.2.).

O quadro cinco e o parágrafo anterior referem os principais factores de rendimento, de uma forma geral, para as especialidades de RCD. De facto no caso do atletismo também as corridas de 800m se podem incluir nesta classificação e apresentam diferenças consideráveis relativamente às provas de 400m.

1.3.1. Factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m

Neste sentido e por forma a que possamos ser mais precisos, passemos a referir os conceitos relacionados com o potencial energético que estão subjacentes ao quadro apresentado, e que se enquadram dentro dos factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m, são eles:

- Capacidade Anaeróbia aláctica - Potência anaeróbia láctica

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- Capacidade Anaeróbia láctica - Potência e Capacidade Aeróbia

Como já referimos anteriormente a Capacidade refere-se à quantidade total de energia disponível, enquanto que a quantidade total de energia gerada por unidade de tempo denomina-se Potência, e diz respeito à intensidade máxima alcançada por esse sistema energético (Green, 1995). Neste sentido, a Capacidade Anaeróbia aláctica é a quantidade total de ATP que pode ser restituída por via do sistema ATP-CP, a qual segundo Green (1995) e Treviño & Hill (2001) reflecte os depósitos de fosfocreatina. A Potência anaeróbia láctica diz respeito ao ritmo a que o ATP pode ser regenerado por via da glucólise anaeróbia, enquanto que a capacidade láctica é a quantidade total de energia que pode ser gerada por via da referida fonte.

Quanto à Potência e Capacidade aeróbia, a primeira é caracterizada pelo Consumo máximo de Oxigénio (VO2 máx.) que corresponde ao ritmo com que o metabolismo aeróbio fornece energia (Thoden, 1995), ou seja é a capacidade de produzir energia aeróbia a uma taxa elevada (Bangsbo et all, 1993 citado por Colaço, 1999). Por sua vez, e pelo exposto anteriormente, podemos considerar a Capacidade aeróbia como quantidade total de energia disponível obtida a partir do metabolismo aeróbio.

Relativamente à importância do metabolismo aeróbio, não obstante a maior participação do metabolismo anaeróbio, não pode ser menosprezada neste tipo de esforços como vimos anteriormente. Newsholme (1986) considera que existem duas vantagens de se produzir energia de origem aeróbia numa corrida de 400m: 1) a produção de ATP é mais eficiente, porque se utiliza menos glucogénio (4,6g de glicogénio por cada mole de ATP quando se produz energia por via do metabolismo aeróbio, em vez de 60g de glucogénio para cada mole de ATP aquando do metabolismo anaeróbio), e 2) o mais importante provavelmente, porque quando se proporciona mais oxigénio ao músculo durante o exercício, o caudal de sangue desse mesmo músculo deve aumentar, e isto permite que os iões de hidrogénio produzidos junto ao lactato possam libertar-se desde o músculo para o sangue e aí metabolizar-se noutros tecidos. Esta capacidade de remoção do lactato é tanto melhor quanto maior for a densidade mitocondrial e a actividade das enzimas oxidativas (Donovan et all, 1989 e 1990 citados por Carter & Oosthuyse, 1999).

Referências

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