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Uruguai, com destaque para os Departamentos de Artigas, Rivera e Cerro Largo54.

Fonte: http://www.sgm.gub.uy/index.php/informacion-territorial/division-politica

Também no recorte da fronteira Brasil – Uruguai, porém no âmbito do território político-administrativo do Uruguai, é desenvolvido o Programa de Educação Bilíngue por immersión em escuelas públicas del Uruguay, gerenciado pela Administración Nacional de Educación Pública (ANEP), que oferece diferentes modalidades de programas bilíngues, dentre os quais o Programa de Ensino Bilíngue por Imersão Dual Espanhol/Português, implementado em escolas localizadas em áreas fronteiriças situadas nos Departamentos de Artigas, Rivera e Cerro Largo.

Nessas regiões, encontram-se sociedades bilíngues na língua nacional uruguaia (o espanhol) e em português em sua variedade uruguaia, conhecido em meio acadêmico como Dialeto Português do Uruguai (DPU). Trata-se de uma designação das práticas linguísticas resultantes do contato linguístico entre o português do Brasil e o espanhol do Uruguai (STURZA, 2006). Segundo Behares (2010), nos novos documentos educativos do país, dentre os quais a nova Lei Geral de Educação, reconhece-se o Português do Uruguai como constitutivo da formação linguística do país e, por isso, “[...] os Departamentos fronteiriços uruguaios estão em processo crescente em direção à educação bilíngue.” (BEHARES, 2010, p. 18).

Outra ação que merece ser citada é a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), visando ao fortalecimento da integração entre países latino-americanos. Trata-se de uma Instituição de Ensino Superior (IES) pública sediada em Foz do Iguaçu, no contexto da tríplice fronteira Argentina-Brasil-Paraguai. Sua criação data de 2010, por meio da Lei n. 12.189, de 12 de janeiro de 2010, e, embora seu campus esteja ainda em construção, a universidade encontra-se em pleno desenvolvimento de suas atividades desde 2010. Em projeto pioneiro, a universidade oferece cursos superiores gratuitos a alunos oriundos de diferentes países da América Latina, tendo em sua proposta uma política de ensino bilíngue (português e espanhol) e como missão, conforme o Artigo 2º. da lei,

[...] formar recursos humanos aptos a contribuir com a integração latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e educacional da América Latina, especialmente no Mercado Comum do Sul – MERCOSUL. (BRASIL, 2010a).

Seminário de Gestão em Educação Linguística de Fronteira no MERCOSUL55 entre os dias 20 e 22 de julho de 2011, em Foz do Iguaçu. A ação realizada pelo IPOL, União Latina e IILP, teve como objetivo oferecer formação na área de gestão em educação linguística de fronteira para responsáveis da/pela educação (professores, gestores escolares, gestores de em Secretarias de Educação, Ministérios, dentre outros). No evento, foram abordadas diversas temáticas, dentre as quais: a dinâmica sociolinguística das fronteiras; bilinguismo e interculturalidade; a intercompreensão como potencialidade no âmbito do MERCOSUL; modelos de/para uma gestão do multi/plurilinguismo nas regiões de fronteira.

Nesse quadro de recentes ações nas/para a educação na fronteira, situo, então, o projeto Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF). Das experiências e resultados das ações realizadas em prol da construção de modelos de ensino-aprendizagem específicos para as regiões de fronteira – precisamente as ações do PEIBF, desenvolvidas em seus primeiros anos de implementação – e a partir do lançamento do

Programa Observatório da Educação (Edital 038/2010,

CAPES/INEP)56, deriva a idealização e concepção desse projeto (OBEDF), que compõe esse quadro de políticas, iniciativas e experiências em torno da educação nas fronteiras. É do Observatório da Educação na Fronteira que trato, com devido destaque, na seção a seguir.

3.2 O OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO NA FRONTEIRA (OBEDF)

O projeto multi-institucional Observatório da Educação na Fronteira (doravante OBEDF) foi desenvolvido entre os anos 2011 e 2013 em articulação às iniciativas do IPOL, com duas universidades públicas brasileiras – UFSC e UNIR – e a parceria de escolas públicas

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Vide blogue do evento. Disponível em: < http://seminariogelf.blogspot.com.br/ > Acesso em 20/06/2012.

56 O Programa Observatório da Educação foi instituído pelo Decreto n. 5.803 de 08 de junho de

2006, pelo Governo Federal, visando fomentar o desenvolvimento de estudos e pesquisas em educação, tendo dentre suas diretrizes a capacitação de professores, a disseminação de conhecimentos sobre educação, bem como o fortalecimento do diálogo entre comunidade acadêmica, gestores de políticas nacionais de educação e os diversos atores no processo educacional.

brasileiras localizadas em municípios fronteiriços57. Tendo como prioridade a ampliação do campo de observação sobre a fronteira e sobre os processos educativos peculiares a essas regiões e seus efeitos, o projeto visou ao fomento de pesquisas e políticas linguísticas para os espaços de escolarização nos contextos sociolinguisticamente complexos como o são as fronteiras.

3.2.1 O recorte na faixa de fronteira

O Brasil possui uma extensa faixa de fronteira internacional (15.719 km) que abarca 588 municípios de 11 Unidades da Federação58 e onde se estima uma população de cerca de dez milhões de habitantes. Nessa longa faixa, algumas regiões são notadamente plurilíngues, como é o caso do Arco Central, “que abrange a Faixa de Fronteira dos Estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul” (BRASIL, Ministério da Integração Nacional, 2009). Nesse, o Brasil se limita à Bolívia e ao Paraguai.

Dada a necessidade de delimitar um espaço de atuação para o desenvolvimento das ações, o projeto OBEDF contemplou três municípios brasileiros dessa faixa central como recorte para as investigações e ações, considerando seus aspectos sociolinguísticos e efeitos na educação. Tal sendo, o trabalho conjunto foi desenvolvido com equipes de duas escolas brasileiras dos núcleos de Guajará Mirim, RO (fronteira Brasil – Bolívia), uma escola de Epitaciolândia, AC (fronteira Brasil – Bolívia) e duas escolas de Ponta Porã, MS (fronteira Brasil – Paraguai).

Apesar de tratar-se de projeto desenvolvido na/sobre a fronteira, o OBEDF teve como parceiras somente escolas brasileiras em razão dos direcionamentos constantes no Edital 38/2010 para a apresentação de propostas de projetos para o Programa Observatório da Educação. Desse modo, os trabalhos realizados contaram com a participação e envolvimento de profissionais da educação vinculados ao sistema de ensino público brasileiro.

Dos três municípios abrangidos no recorte do projeto OBEDF,

57 Inicialmente, seis escolas brasileiras faziam parte do projeto, porém, ao longo do

desenvolvimento, devido a questões administrativas, somente cinco escolas permaneceram no desenvolvimento dos trabalhos.

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Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.

somente Ponta Porã-MS, localizado na fronteira Brasil – Paraguai, sediou também o desenvolvimento do projeto PEIBF até o ano de 2010. Dessa forma, dois importantes projetos que abarcam as questões linguístico-educacionais ocorreram nesse espaço geográfico.

Como a presente pesquisa foi realizada neste recorte, tratarei da caracterização do município de Ponta Porã em seção própria.