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3 A PESQUISA: OS CAMINHOS METODOLÓGICOS

3.5 MAPEANDO AS MULHERES ENTREVISTADAS

Os dados seguintes apresentam o perfil dessa população pesquisada com

relação a variáveis referentes à idade, cor/raça, estado civil, grau de escolaridade,

quantitativos de filhos e moradores por residências, participação na contribuição com

os gastos e mercado de trabalho, com objetivo de traçar um perfil ou mapear essas

mulheres pesquisadas.

De acordo com a pesquisa de campo, as mulheres beneficiárias do Programa

Bolsa Família entrevistadas apresentam idades muito variadas, compreendendo a

faixa etária de menos de 20 anos a mais de 60 anos. A caracterização destas, com

relação à idade é apresentada na Tabela 1, a seguir.

Tabela 1 – Distribuição das frequências absolutas e relativas da idade das mulheres beneficiárias do PBF, do Conjunto Residencial D.Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013. FAIXA ETÁRIA FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Menor de 20 anos 21 a 39 anos 60 anos 61 a mais 18 1 1 80 10 10 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 1, percebe-se que 80% das

mulheres participantes da pesquisa estão em idade que varia de 21 a 39 anos,

totalizando 80% das participantes, com isso é possível perceber que a maioria das

mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família que moram no Conjunto

Residencial D. Lindu tendem a ser jovens e em idade ativa.

Destacamos que das mulheres pesquisadas somente uma se encontra na

faixa etária de 40 a 60 anos, o que corresponde a 5% e também apenas uma na faixa

etária acima de 61 anos.

Considerou-se relevante para a pesquisa saber como as mulheres se

autoidentificam quanto a sua cor/raça. A Tabela 2, a seguir, mostra os dados

revelados.

Tabela 2 – Distribuição das frequências absolutas e relativas da autoidentificação quanto à cor/raça das mulheres beneficiárias do PBF, do Conjunto Residencial D.

Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013.

COR/RAÇA FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Branca Parda Preta Amarela Indígena Outras 10 9 1 50 45 5 TOTAL 20 100,00

Com relação à distribuição por cor/raça das mulheres que compõem o

universo pesquisado, constata-se que 95% são pardas ou pretas, nenhuma das

entrevistadas se declarou branca e apenas (1) 5% se declarou indígena, a

distribuição condiz com a caracterização da população pobre do país e com relação

ao município de Lauro de Freitas o qual tem uma população significativa de negros

e pobres.

Os dados obtidos referentes ao estado civil das mulheres participantes da

pesquisa são apresentados na Tabela 3, a seguir.

Tabela 3 – Distribuição das frequências absolutas e relativas quanto ao estado civil das mulheres beneficiárias do PBF, do Conjunto Residencial D. Lindu, Lauro de

Freitas-Ba, 2013.

ESTADO CIVIL FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Solteira Casada Separada/ divorciada Viúva 15 4 1 75 20 5 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

De acordo com as informações apresentadas na Tabela 3, observa-se que há

um número significativo de mulheres que se consideram solteiras, entre as

entrevistadas, sendo um total de 15 (75%) mulheres, entretanto é importante salientar

que mesmo se considerando solteiras, a grande maioria convive com o companheiro.

Das mulheres participantes da pesquisa, 4 (20%) são casadas e apenas 1 (5%) está

separada recentemente do companheiro.

Todas as mulheres participantes da pesquisa afirmam ter filhos. O número de

filhos variou de 1 a 6 filhos, conforme a Tabela 4, que segue.

Tabela 4 – Distribuição das frequências absolutas e relativas do número de filhos das mulheres beneficiárias do PBF, do Conjunto Residencial D. Lindu, Lauro de

Freitas-Ba, 2013.

N° DE FILHOS FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Um Dois Três Quatro Cinco Seis 3 5 5 6 1 15 25 25 30 5 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

Com relação ao número de filhos das mulheres pesquisadas, nota-se que a

grande maioria tem de dois a quatro filhos. Destas, 6 mulheres o que equivale a (30%)

possuem quatro filhos; Já 5 das mulheres entrevistadas o que equivale a (25%)

possuem três filhos e o mesmo quantitativo de mulheres (5 ou 25%) possuem dois

filhos.

Do grupo de mulheres entrevistadas, apenas 3 mulheres, ou seja (15%)

possuem um filho, e apenas uma mulher (5%) possui 6 filhos.

A Tabela 5 apresenta os dados encontrados com relação à escolaridade das

mulheres pesquisadas.

Tabela 5 – Distribuição das frequências absolutas e relativas quanto ao grau de instrução das mulheres beneficiárias do PBF, no Conjunto Residencial D. Lindu,

Lauro de Freitas-Ba, 2013.

GRAU DE INSTRUÇÃO FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Ensino Fundamental Incompleto

Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Superior 11 4 4 1 55 20 20 5 TOTAL 20 100,00

De acordo com os dados apresentados, observa-se que todas as mulheres

participantes da pesquisa tiveram acesso à educação formal. Sendo que a maioria

das mulheres apresentam o Ensino Fundamental incompleto, fazendo um total de 11

mulheres, o que refere-se a 55% das entrevistadas. Quatro (20%) mulheres informam

ter o Ensino Médio incompleto e a mesma quantidade, 4 (20%) também revelam ter

concluído o Ensino Médio. Das entrevistadas, apenas 1 (5%) informa ter Ensino

Superior.

Com relação ao número de pessoas que vivem nas residências das mulheres

beneficiárias do PBF, os dados encontrados estão apresentados na Tabela 6, a

seguir.

Tabela 6 – Distribuição das frequências absolutas e relativas do número de pessoas que moram na casa das mulheres beneficiárias do PBF, no Conjunto Residencial D.

Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013.

N° DE PESSOAS QUE MORAM NA CASA FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete Oito 1 1 7 1 4 3 2 1 5 5 35 5 20 15 10 5 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

Na tentativa de compreender a socialização da renda da família,

buscou-se estabelecer um paralelo entre o número de pessoas que contribuem com os

gastos e a quantidade de pessoas que vivem na casa. Neste caso, constata-se

que, de acordo com os dados apresentados, o número de moradores que vivem

nas residências das mulheres beneficiárias do PBF, varia de 1 a 8 pessoas, com

destaque para as residências que possuem três moradores, as quais totalizam 7

(35%) das mulheres entrevistadas. É importante destacar que nas residências que

possuem três moradores, a sua maioria é composta pela entrevistada (mãe) e dois

filhos – com isso, percebe-se que a mulher é única pessoa adulta da família que

possui renda, consequentemente essa mulher é reconhecida como a provedora da

família.

Quatro (20%) das mulheres entrevistadas convivem com cinco pessoas por

residências, neste caso, percebe-se que geralmente nessas residências existe a

presença de um homem adulto, a entrevistada e três crianças, ou seja, essa

entrevistada convive com o companheiro, que na maioria das vezes não é o pai

biológico das crianças, mas por conta dessas novas famílias reconstituídas eles

assumem com as entrevistadas o papel de pai.

Três (15%) das entrevistadas convivem com seis pessoas nas residências, e

duas (10%) convivem com sete pessoas nas residências, nesse caso, o que totalizam

(5) mulheres há um número excessivo de moradores se levarmos em consideração

os tamanhos das residências, referindo-se a pessoas por metro quadrado.

As demais mulheres entrevistadas, particularmente quatro (20%) cada uma

delas convivem com 1 pessoa, 2 pessoas, quatro pessoas e 8 pessoas.Nota-se que

as famílias mais numerosas geralmente são compostas pelas entrevistadas, seus

filhos e seus netos, ressalta-se que em alguns casos, os netos são filhos das filhas,

que na maioria das vezes ainda são menores de idade, com isso, produzindo mais

demandas financeiras para estas famílias que já vivem em condição acentuada de

pobreza.

A Tabela 7 apresenta os dados referentes ao número de pessoas que moram

nas residências das mulheres entrevistadas beneficiárias do PBF e contribuem com

os gastos, segue a Tabela.

Tabela 7 – Distribuição das frequências absolutas e relativas do número de pessoas que moram e contribuem com os gastos nas casas das mulheres beneficiárias do

PBF, no Conjunto Residencial D. Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013. PESSOAS QUE CONTRIBUEM COM

OS GASTOS

FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%)

Mulher

Mulher e companheiro Mulher e filhos

Mulher e outros parentes

6 10 1 3 30 50 5 15 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 7, do grupo de mulheres

entrevistadas, 10 (50%) informaram que tanto elas quanto seus companheiros

contribuem com os gastos. Destaca-se que 6 (30%) das mulheres entrevistadas

informaram que só as mesmas mantém suas casas, ou seja, essas mulheres são

consideradas a pessoa de referência da família, geralmente é a única pessoa adulta

do domicilio e são responsáveis por todos os gastos com a família.

Já 3 (15%) das mulheres entrevistadas informaram que ela e outros parentes

(a exemplo de mãe e irmãos) contribuem com os gastos. Somente 1 (5%) informou

ser responsável pela despesa da casa juntamente com o filho.

A participação da mulher no mercado de trabalho brasileiro intensificou-se a

partir da década de 1970, em um contexto de expansão da economia com acelerado

processo de industrialização e crescente urbanização (BRUSCHINI, 2000, p 85) sobre

o mercado de trabalho a participação da mulher beneficiária do PBF os dados obtidos

encontram-se a seguir, na Tabela 8.

Tabela 8 – Distribuição das frequências absolutas e relativas de mulheres que trabalham formal ou informalmente beneficiárias do PBF, no Conjunto Residencial D.

Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013.

N° DE MULHERES QUE TRABALHAM FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Não Sim 13 7 65 35 TOTAL 20 100,00

Com relação aos dados apresentados na Tabela 8, constata-se que as

mulheres beneficiárias do PBF entrevistadas 13 (65%) estão desempregadas e 7

(35%) estão exercendo trabalho remunerado, é importante ressaltar que a maioria das

mulheres trabalham informalmente e desempenham funções que variam de

trabalhadoras domésticas, diaristas, revendedoras e auxiliar de serviços gerais.

Percebe-se que se trata em sua grande maioria de trabalhadoras em tempo

parcial, de empregos precarizados e informais. Segundo Hirata apud Duque –Arrazola

(2010, p.233) a subjetividade dessas mulheres revelam “a vontade de permanecer

numa atividade remunerada, a despeito da penúria geral do emprego”, por conta da

sua carga de responsabilidade social de gênero com a reprodução social da família e

ainda como provedora do seu bem- estar.

Dessa forma, percebe-se que o desemprego ou emprego precarizado aparece

como a maior fonte de vulnerabilidade da população pobre, principalmente quando

esta condição está atrelada ao gênero e a raça.

Destaca-se ainda que há a necessidade da inserção da mulher no mercado

de trabalho em consequência do aumento da renda da familiar, “a sua renda tem

ajudado a arcar com os gastos da família e a defender o nível socioeconômico

adquirido, evitando maior deterioração na situação de bem-estar” (BRUSCHINI, 2000,

p. 89), entretanto, de acordo com o mapeamento do perfil das mulheres pesquisadas

muitas são responsáveis diretas pelo bem-estar da família, portanto, na maioria das

vezes a renda feminina pode ser, e geralmente é, a única renda do domicílio

proveniente do trabalho produtivo.

Foi perguntado às mulheres participantes da pesquisa quais das entrevistadas

trabalham ou trabalhou de carteira assinada. A Tabela 9, a seguir apresenta os dados

obtidos.

Tabela 9 – Distribuição das frequências absolutas e relativas de mulheres que trabalham ou exercem trabalho registrado, beneficiárias do PBF, moradoras do

Condomínio Residencial D. Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013. TRABALHA OU TRABALHOU REGISTRADO FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Não Sim 10 10 50 50 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

De acordo com os dados apresentados na Tabela acima, 10 (50%) das

mulheres informaram que nunca trabalharam de carteira assinada e 10 (50%)

mulheres informaram que sim, que já trabalhou ou trabalha registrado.

Considerou-se relevante conhecer quais dos moradores das residências das

mulheres beneficiárias do PBF têm renda proveniente do trabalho registrado. Os

dados são apresentados na Tabela 10, a seguir.

Tabela 10 – Distribuição das frequências absolutas e relativas de moradores que têm renda proveniente do trabalho registrado nas residências das mulheres beneficiárias

do PBF, do Conjunto Residencial D. Lindu, Lauro de Freitas-Ba, 2013. RENDA PROVENIENTE DO

TRABALHO REGISTRADO

FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%)

Nenhum dos moradores Companheiro Mulher Filho Mulher e companheiro 14 3 1 1 1 70 15 5 5 5 TOTAL 20 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

Percebe-se, de acordo com os dados apresentados, que 14 (75%) das

mulheres entrevistadas informaram que nenhum dos moradores da residência

possuem renda proveniente do trabalho registrado, percebendo-se assim, que tanto

as mulheres quanto os homens das residências pesquisadas trabalham

informalmente. Três (15%) das entrevistadas informaram que seus companheiros

trabalham de carteira assinada, enquanto só 1 (5%) das entrevistadas relatou exercer

trabalho registrado. Contudo, apenas 1 (5%) das entrevistadas informou que ambos

trabalham de carteira assinada.

Em resumo, mapeamos algumas informações obtidas quando do estudo de

caso, identificando as beneficiárias do PBF, residentes no Conjunto Residencial D.

Lindu. São mulheres pobres, que tendem a conviver com alto nível de vulnerabilidade

e de exclusão social. Negras em sua grande maioria, desempregadas ou empregadas

em atividades de baixo rendimento e sem cobertura trabalhista, aliás tanto elas como

os cônjuges. Além disso, registra-se baixo capital cultural quanto a estudos e

possivelmente com alta carga de responsabilidade para a sobrevivência do grupo

doméstico, já que grande parte dos membros da família de residência, que tendem a

ser mais de 3 membros, não colaboram para o orçamento familiar. Ou seja, no plano

de necessidades materiais, o PBF de fato viria a colaborar para minimizar situações

de pobreza extrema.

No capítulo seguinte, revisita-se o debate sobre as condições de vida e mais

– discute-se sobre empoderamento e sentidos do PBF segundo os depoimentos das

entrevistadas.