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Percepção das mulheres beneficiárias sobre o PBF

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PERCEPÇÃO DAS MULHERES BENEFICIÁRIAS DO PBF SOBRE

4.1.2 Percepção das mulheres beneficiárias sobre o PBF

Ao se abordar com as mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família em

quais circunstâncias de vida conheceu o programa, passou a ser beneficiária e como

este inflexionou sua vida, a maioria das mulheres destacam que quando passou a

receber o benefício vivia em condição de vida com muita dificuldade e que o PBF pôde

promover um pouco de alívio em meio as suas vidas repletas de dificuldades e

10 Ver em K. Marx, O Capital, Crítica da Economia Política – Capítulo XXIII (A Lei Geral da Acumulação Capitalista).

pobreza. Sendo assim, é possível afirmar que o Programa é eficiente no que diz

respeito ao alívio imediato da pobreza como previsto pelas suas normas.

Das mulheres entrevistadas, 16 (80%) informaram que no período que foram

contempladas estavam passando por muitas dificuldades financeiras, principalmente

por serem pessoas de referência da família, com filhos pequenos, morando de aluguel

ou em condições muito precárias e frequentemente desempregadas. Isto é percebido,

inclusive, nas falas das entrevistadas, “[...] quando passei a receber o beneficio estava

vivendo com muita dificuldade, estava separada e criando os meus três filhos sozinha”

(E.3).

Mesmo evidenciando o baixo valor do benefício às mulheres destacam que

este proporcionou mudanças nas suas vidas, principalmente considerando a relação

de dependência ou de ajuda destas, com os familiares e os vizinhos, “[...] recebo o

beneficio há cinco anos, quando passei a receber já estava convivendo com meu

segundo companheiro e já tinha 2 filhos, o benefício ajudou principalmente nos

momentos de aperto quando estávamos nós dois desempregados, antes do bolsa

família precisava sempre recorrer a minha mãe” (E. 6).

Segundo LAVINAS (2012), o maior impacto do Programa Bolsa Família

consiste em reduzir a intensidade da pobreza e a magnitude da indigência e sua

severidade.

Diante das falas das mulheres, constata-se que há uma tentativa de

relacionamentos com intuito de acerto, entretanto, observa-se que, cada relação

desfeita, traz consigo filhos de pais distintos e que na maioria das vezes esses pais

não compartilham das responsabilidades com a criação e educação dos filhos,

promovendo mais vulnerabilidade e talvez a reprodução desse ciclo geracional de

pobreza.

Das entrevistadas, quatro, ou seja (20%) das mulheres não responderam essa

questão; contudo durante entrevista e observação, percebe-se que suas histórias de

vida, com relação ao período que foram contempladas com o Programa, não são

diferentes dos relatos expostos pelas mulheres que responderam essa questão, Para

CARVALHO; FERNANDES, (2009, p. 373) “trata-se, portanto, de famílias

efetivamente pobres, cujos responsáveis têm baixo grau de escolaridade e precárias

condições de ocupação”.

Segundo a entrevistada (E. 9), quando ela se cadastrou no Bolsa Família

“estava grávida, separada e morando numa casa muito precária deixada por minha

mãe, logo recebi a visita das assistentes sociais e fui viver do bolsa aluguel e do PBF”.

Segundo a mulher entrevistada:

Depois que passei a receber o benefício, melhorou bastante a minha vida e da minha família, pois era visível as dificuldades que eu passava [...] o recurso chegou numa boa hora, num momento de extrema precisão para mim e minha família (E.6).

Com isso, nota-se que há uma semelhança com relação ao momento em

que essas mulheres passaram a receber o benefício, observa-se também que são

famílias em situação de pobreza extrema, em condições de moradia e infraestrutura

extremamente precárias, mulheres geralmente com filhos menores de idade e

pessoa de referência da família, vivendo em situação de vulnerabilidade e exclusão

social.

Neste mesmo bloco de questões sobre o PBF, foi abordado como as mulheres

utilizam o recurso. Um total de 12 (60%) das mulheres entrevistadas informam que

utilizam o benefício principalmente para pagar contas fixas, como: apartamento, água,

luz e comprar alimentação; já 4 (20%) das entrevistadas informam que utilizam

basicamente com alimentação vestuário e calçados para as crianças, as demais (3

mulheres, 15%) informam utilização diversas, entretanto sempre relacionada a

pagamentos referentes ao lar, uso pessoal e/ou compras para as crianças. Apenas 1

(5%) não respondeu.

De acordo com os estudos que discutem sobre o PBF, o valor do benefício é

irrisório, contudo, como a condição de pobreza das famílias é bastante acentuada o

benefício torna-se relevante e assume um significado real, mesmo que modesto, para

as famílias beneficiadas, condição essa exposta por Carvalho e Fernandes:

O Programa alivia a pobreza e a carência das famílias assistidas, mas não produz mudanças efetivas e duradouras na sua situação. Além do pequeno valor da transferência, ele não vem contemplando a questão da inserção produtiva dos seus beneficiários nem desenvolvendo políticas orientadas nesse sentido. Existe a expectativa de que ocorram mudanças a mais longo prazo, com a interrupção do processo de reprodução da pobreza que seria

propiciado pelo cumprimento das condicionalidades (CARVALHO;

Constata-se que o Programa tem viabilizado principalmente o aumento da

quantidade e a melhoria da qualidade da alimentação, principalmente considerando

que a maioria dessas famílias vivia em condição de pobreza extrema. No caso das

famílias pesquisadas, há uma modificação com relação ao uso do recurso, surgindo

assim contas fixas, por conta dos novos modelos de moradias, os quais exigem o

pagamento dos apartamentos, água e energia elétrica, ampliando assim a utilização

dos recursos.

É importante salientar que durante as entrevistas realizadas ficou evidente a

importância da manutenção das novas moradias e também a condição de moradia,

portanto, o benefício passa a obter relevância fundamental para a manutenção dessas

residências principalmente se referindo ao pagamento das mensalidades dos

apartamentos, conta de água e energia e ainda a necessidade primária que é a

alimentação.

A seguir, na Tabela 11, discrimina-se a utilização do beneficio pelas mulheres

entrevistadas.

Tabela 11 – Distribuição das frequências absolutas e relativas da utilização do recurso do PBF pelas mulheres beneficiárias, do Conjunto Residencial D. Lindu, Lauro de

Freitas-Ba, 2013.

UTILIZAÇÃO DO RECURSO FREQUÊNCIA (N) PERCENTUAL (%) Pagar conta de luz, água, fazer unha,

cabelo e comprar remédio.

Pagar contas de luz água alimentação e transporte da neta.

Pagar apartamento, água, luz, alimentação e material escolar. Alimentação.

Alimentação, vestuário e calçados para crianças. Não respondeu. 1 1 12 1 4 1 5 5 60 5 20 5 TOTAL 20 100,00

4.1.3 Percepção das mulheres beneficiárias sobre as condicionalidades do