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Capítulo 2 O marketing nas bibliotecas de Ensino Superior Português

2.15. Marketing 3.0 e bibliotecas académicas: espaços interativos, inovadores e

2.15.1. Porquê estar presente no Facebook?

Deste o seu lançamento em 2004 por Mark Zuckerberg, esta ferramenta tem conhecido uma utilização sempre crescente, sendo cada vez mais utilizada em todo o mundo. A escolha desta rede para análise e estudo neste trabalho prende-se pelo facto de estar intrinsecamente relacionada com o meio universitário, pois foi neste contexto que foi concebida, ou seja, por alunos da Universidade de Harvard.

Alguns elementos estatísticos que a seguir se apresentam, retirados da página oficial do Facebook, em agosto de 2013, comprovam essa notoriedade: 819 milhões de utilizadores ativos mensais usaram produtos móveis do Facebook; 699 milhões, em média, de utilizadores ativos por dia e cerca de 80% dos utilizadores ativos diários não se encontram nos Estados Unidos da América e no Canadá.

Com efeito, segundo a SocialBaker verifica-se que o número de internautas tem aumentado em Portugal, desde 2009 (895,720) a 2013(4.713,400); que a utilização do Facebook por género é muito homogénea, sendo 52% dos utilizadores do Facebook do género masculino e 48% do género feminino (Fig. 13) e no que se refere ao seu uso por faixa etária, destacam-se o grupo com idades compreendidas entre 25-34, seguido do grupo com idades entre 18-24 anos.

Fonte: SocialBakers, 2013

A tendência para o aumento progressivo do número de utilizadores é visível através da figura que se segue, obtida através de Google Trends:

Fig. 14: Tendência de progressão do número de utilizadores do Facebook

Fonte: Google Trends, 2013

São poucos os estudos empíricos relativamente ao impacto e ao sucesso da adoção da web 2.0, nomeadamente do Facebook, nas bibliotecas, em geral. Aliás os estudos

Fig. 13: Caracterização dos utilizadores do Facebook: idade e género

que existem dão conta das vantagens da usabilidade destas redes pelas bibliotecas, mas não apresentam resultados em termos de impacto na prática bibliotecária. Na verdade apesar do aumento considerável do número de perfis de páginas do Facebook das bibliotecas, parece existir ainda algum ceticismo quanto à sua adoção e quanto ao seu uso relativamente aos serviços da biblioteca. A maioria usa as redes para contactar com amigos, com colegas, para estudo ou para investigação científica (Kawalec, 2013; Gerolimos, 2011).

Nesta medida, um estudo realizado em bibliotecas públicas na Nova Zelândia (Neo & Calvert, 2012) sobre a adoção ou não do Facebook demonstrou que nem todas as bibliotecas adotaram o uso desta rede social na prática profissional, justificando a sua não adoção por não servir os propósitos da biblioteca. Já as bibliotecas que criaram um perfil no Facebook associaram a adoção à rede social como um factor inovador “new innovation”, ainda que o conceito de inovação tenha sido percecionado diferentemente pelas bibliotecas. Enquanto para alguns profissionais é inovador em termos pessoais, para outros é novo em termos organizacionais, comparativamente a outros países.

De uma forma geral, a literatura existente sobre a usabilidade da web 2.0, incluindo Facebook, pelas bibliotecas é consensual no reconhecimento de algumas vantagens. Serrano Cobos (2007), destaca na web 2.0 elementos que permitem aos utilizadores de bibliotecas interagir com uma arquitetura de informação participativa e democrática, que emprega software livre, disponibilizado através de aplicações via web. De igual forma, os blogs foram considerados ferramentas de agregação de conteúdo como espaços para difundir a informação no âmbito educativo e das pesquisas das bibliotecas (Franganillo & Catalán Vega, 2005).

Na mesma linha de raciocínio Arroyo Vázquez e Merlo Vega (2007) indicam algumas experiências a nível prático de ferramentas que podem ser utilizadas em bibliotecas, como, por exemplo: os blogs, a agregação de conteúdo (do inglês content syndication), os podcasts, os espaços wiki, as ferramentas de bookmark social, através do del.icio.us, Connotea e CiteULike, a etiquetação social por meio do tagging ou folksonomias e os sítios web para o compartilhamento de imagens, fotos ou vídeos, como, por exemplo o Flirck e o Youtube, como também a utilização das redes sociais, como o Orkut e o Myspace, o Facebook e o Twitter.

Na mesma linha de raciocínio Kawalec (2013, p. 8) afirma que “… a Web social proporcionou um espaço social de participação dos usuários, permitindo promover

atividades, anunciar os eventos organizados ou planeados, promover a coleção, obter um rápido feedback dos utilizadores, conhecer os utilizadores com base no seu perfil”. A autora acrescenta que o carácter não oficial das páginas do Facebook pode conferir mais liberdade e confiança aos utilizadores para expressar as suas opiniões e recomendações. A observação do número crescente de fãs nas bibliotecas leva a crer que os utilizadores estão contentes pelo facto das bibliotecas estarem presentes nas redes sociais, o que na perspetiva de Neo e Calvert (2012) “gives the library a friendly, approachable and modern image”.

Perante este grupo de vantagens pode-se constatar que as bibliotecas se encontram perante um desafio que oferece uma série de oportunidades: “Agora disponibilizam os seus serviços e recursos a todos os utilizadores, a qualquer momento e em qualquer lugar, podendo ainda juntar novos utilizadores” (Santos, 2011, p. 34), com base no diálogo continuado, estreitando relações.

Contudo, são apontadas algumas fragilidades desta rede, sobretudo a nível da comunicação: falta de participação contínua e ausência de intervenções; falta de equilíbrio nas participações, pois há utilizadores mais ativos e outros mais passivos; falta de experiências de aprendizagem (Gerolimos, 2011) satisfatórias para os membros. É pressuposto que cada participante encontre na rede conteúdos e notícias que aportem conhecimento.

De igual forma Vieira, Baptista e Cerveró (2013) apontam a baixa interatividade; o pouco interesse dos utilizadores e a ausência de uma “atitude 2.0” pelos diretores da biblioteca.

González Fernández-Villavicencio (2007) apresenta uma retrospetiva da história da Biblioteca 2.0 em Espanha, onde indica como marco teórico da Biblioteca 2.0 o artigo de Serrano Cobos (2006), publicado online e, logo depois, no Anuário Think EPI (2007). O autor acima mencionado na altura já anunciava como evolução dos blogs a aplicação de microblogging Twitter, que, ainda, não estava consolidada no meio bibliotecário e que, sem dúvida, viria a ter um futuro promissor para as bibliotecas, pois permitia estar em contato com os utilizadores, através de computadores ou telemóveis, como, também, da incorporação de funcionalidades da web 2.0 aos catálogos OPAC, conhecidos como OPAC Social, destacados por Margaix Arnal (2007b).

Em Portugal, a publicação sobre este tema, no âmbito das CID, começou a surgir em 2009, ano em que o número de perfis no Facebook começou a aumentar significativamente. Esses trabalhos, de uma forma geral, apresentam as redes sociais como uma oportunidade para as bibliotecas ganharem visibilidade externa e efetivarem uma comunicação mais próxima com o público-alvo (Santos, 2009; Leitão, 2010a; Alvim, 2010).

Contudo, as publicações sobre a presença das bibliotecas nas redes sociais não só incidiram sobre a análise, a usabilidade e a comunicação realizada no contexto da tecnologia social como também procuraram compreender a questão da metainformação social, ou seja, dos conteúdos produzidos na web pelos utilizadores, nomeadamente no que diz respeito à atribuição de palavras-chave. Na sequência deste estudo, Leitão (2010b, p.146) constata que: “as bibliotecas têm vindo progressivamente, embora de forma tímida, a integrar a produção de conteúdos pelos utilizadores nas suas práticas. O domínio onde isto se verifica com mais importância e que tem sido objeto de uma maior análise é o das folksonomias, particularmente nos catálogos.”

Nesta perspetiva, as redes sociais são importantes para trabalhar as relações com os utilizadores, por isso uma ferramenta importante para o marketing, porque vive de relações e de comunicação (Santos, 2011, p. 38). Nesta relação com o marketing e colocando a ênfase na comunicação, realizou-se em abril de 2013, em São Diego, o evento Social Media Marketing World, na qual de destacaram as melhores dez frases do evento (anexo 1), evidenciando técnicas para chegar ao público-alvo. Destacam-se palavas como criação, redação, conteúdo, qualidade e informação.

Também Alvim (2011) escreve um artigo nos cadernos BAD, decorrente da investigação que decorreu em 2010 no âmbito da dissertação de mestrado, sobre o nascimento das bibliotecas portuguesas na rede social, no qual aponta os resultados fruto de um estudo sobre o comportamento das bibliotecas portuguesas face às ferramentas 2.0 e utilização da blogosfera e do Facebook. Concluiu-se que do total das 308 bibliotecas públicas existentes em Portugal, só 57, em janeiro de 2010, utilizavam algumas das tecnologias 2.0; 15 bibliotecas tinham criado um perfil ou uma página no Facebook, o que constitui cerca de 26% de bibliotecas presentes na rede social. Em outubro de 2010, 48 bibliotecas aderiram e sucessivamente vê-se surgir mais perfis e mais páginas. No total das 167 bibliotecas académicas (à excepção de instituições de ensino privado), 26 bibliotecas utilizavam pelo menos uma tecnologia

2.0; 5 eram utilizadoras do Facebook, correspondendo a 19%. Este número passado dez meses aumentou para 16 presenças na rede social.

2.15.2. Elementos da página do Facebook

Como elementos mais comuns da página do Facebook das bibliotecas destacam-se os seguintes itens: Mural (para escrever mensagens, funcionando como forum); Info (espaço no qual a biblioteca dá informação sobre missão, visão, localização, história), Youtube (disponibilização de vídeos, apresentações da biblioteca e das coleções, fotos, organização de fotos em albuns) e Notas oferece a possibilidade de publicar notícias, textos.

Existem um conjunto de aplicações, cuja presença ou não na página do Facebook pode variar consoante os objetivos da unidade da informação: Fbml estático (aplicação do Facebook que permite personalizar o perfil); Simply RSS (aplicação que possibilita receber feeds com atualizações), aplicações de busca, MeeboMe; Bookshare Books e páginas favoritas, entre as quais poderão constar: Dialnet e Worldcat.

De um ponto de vista de marketing social a aplicação causes, disponível no Facebook, pode ser uma boa opção, dado ao impacto que apresenta neste âmbito.