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O estudo se pautou em levantamento bibliográfico com ênfase no seguro garantia como instrumento complementar aos mecanismos de garantias financeiras, consultas a professores, advogados, empresas de seguros e resseguros, corretores de seguros, técnicos de órgãos reguladores da área de meio ambiente e empresas de mineração, para a obtenção de pontos de vista a respeito dos instrumentos de gestão que poderiam ser exigidos para garantir o planejamento integrado de reabilitação e fechamento de mina.

Restou demonstrado que o seguro garantia basicamente é contratado para cumprir formalidades legais nas licitações e concorrências públicas, sendo inexpressivo seu emprego para as contratações de obrigações ambientais objeto do presente estudo.

Em razão da quase inexistente literatura nacional, deve ser considerado ainda que, o início da pesquisa (2008) se pautou na instituição de instrumentos econômicos com o advento da Lei nº 11.284, de 02.03.2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável e prevê expressamente o seguro ambiental no inc. I do art. 21 e o seguro garantia no § 2º inc. III do art. 21, entre outras modalidades de garantias2.

Referido diploma legal alterou a Lei nº 6.938/1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, instituindo o seguro ambiental como instrumento econômico para a gestão pública, além de inserir o seguro garantia entre outras modalidades previstas em lei. A título

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elucidativo menciona-se apólice de Seguro Garantia para Concessão de Floresta Pública Federal, para o cumprimento das obrigações contratuais constantes do Plano de Manejo aprovado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

A pesquisa se pautou no estudo de dois casos práticos ocorridos no país onde os órgãos legitimados exigiram garantias financeiras ou seguro para a execução das obrigações contratuais consignadas no Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta – TAC firmado com os responsáveis legais pela reparação do dano ambiental.

O estudo contempla a legislação argentina apresentando o clausulado do seguro garantia exigido pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável para Garantias Ambientais denominado Seguro de Caucion por Daño Ambiental de Incidencia Colectiva.

O levantamento realizado nas políticas públicas vigentes no ordenamento jurídico pátrio contemplam ações isoladas de alguns estados da federação, mas há a necessidade de legislação federal específica sobre a exigência de garantias financeiras para assegurar a execução das obrigações ambientais impostas aos responsáveis pela recuperação dos danos ambientais causados.

Em razão da não obtenção de apólice de seguro garantia para recuperação ambiental de área degradada e fechamento de mina foi analisado julgamento histórico proferido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) que culminou com a recuperação ambiental que compõe a Bacia Carbonífera do Sul do Estado de Santa Catarina3 contemplando as áreas de depósitos de rejeitos, áreas mineradas a céu aberto e minas abandonadas, bem como o desassoreamento, fixação de barrancas, descontaminação e retificação dos cursos-d'água, além de outras obras que têm por finalidade amenizar os danos sofridos principalmente pela população dos municípios-sede da extração e do beneficiamento do carvão mineral, com fundamento nos dados oficiais obtidos junto à 1ª Vara Federal de Criciúma estado de Santa Catarina.

Além da importância doutrinária do acórdão, o estudo foi delineado nas obrigações ambientais consignadas no Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta homologado em juízo para a reabilitação de 6.171, 24 hectares de áreas degradadas pela atividade de mineração. No entanto, a garantia financeira apresentada pelos empreendedores foi consubstanciada por

3 Primeiro Relatório de Monitoramento Ambiental. Criciúma, Agosto, 2007. Constante nos Autos da Ação Civil

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caução hipotecária, consoante informação prestada pela Procuradoria da República de Criciúma,

que demonstra quão conservador ainda é o mercado de seguros para subscrição de novos riscos. A metodologia descritiva foi desenvolvida com base em dados secundários disponibilizados na internet, em relatórios anuais de empresas de mineração e de órgãos reguladores, além de periódicos especializados na área de mineração e meio ambiente, em que será caracterizado o seguro garantia como mitigador de danos ambientais, um instrumento complementar de gestão ambiental para o cumprimento das obrigações contratuais do empreendedor-minerador.

A pesquisa bibliográfica e documental foi baseada no referencial teórico da legislação, doutrina e jurisprudência nacional e nas jurisdições de países mineiros que se utilizam de boas práticas e garantias financeiras com planejamento para o Fechamento Integrado de Mina de acordo com os procedimentos do Conselho Internacional de Mineração e Metais.

O estudo prático fora elaborado por meio de pesquisa exploratória com o levantamento de apólice contratada no mercado segurador nacional para o cumprimento de obrigações contratuais consignadas no TAC firmado com uma indústria e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro.

O órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro foi precursor ao inserir as garantias reais ou fidejussórias no Sistema de Licenciamento Ambiental (SLAM), mas o estado de São Paulo avança no sentido de estabelecer instrumentos econômicos (garantias bancárias ou seguro ambiental) facultando sua substituição no Projeto de Regulamento da Lei nº 13.577/2009 por

seguro garantia, com vistas à implementação do Plano de Remediação aprovado pela CETESB

– Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

Na mesma esteira, o estado de Minas Gerais vem envidando esforços para delinear o gerencimaneto de áreas contaminadas dentro de sua realidade geológica e geográfica para obtenção dos valores de referência e instituiu o Banco de Declarações Ambientais (BDA) que contemplam áreas impactadas por degradação e contaminação ambiental.

Quanto à desativação e encerramento de empreendimentos, o estado de São Paulo criou o instrumento de gestão de passivos denominado Plano de Desativação (2002) sem estabelecer diretrizes e procedimento administrativo para sua avaliação ambiental na mineração.

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Diferentemente no estado de Minas Gerais, a Deliberação Normativa do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) nº 127/2008 instituiu o Plano Ambiental de

Fechamento de Mina (PAFEM) e exige do empreendedor seu protocolo com antecedência de

dois anos da data prevista para fechamento da atividade para a respectiva avaliação ambiental da fase de desativação e encerramento de mina.

O delineamento da pesquisa dar-se-á com os princípios informadores do Direito Ambiental e Minerário que tutelam o aproveitamento dos recursos minerais e sua conectividade com os instrumentos econômicos da política ambiental mediante estudo de caso prático, comentário jurisprudencial, análise de viabilidade do seguro garantia de remediação ambiental e propositura análoga para construir clausulados próprios, com condições adaptadas às necessidades das obrigações públicas ambientais, a seguir elencadas:

1. Estudo de caso prático por contratação de Seguro Garantia de Obrigações Públicas de controle de poluição: ar, água e contaminação do solo para cumprimento das obrigações

ambientais pactuadas no Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta - TAC, em

que o INEA exige garantias para execução dos projetos à empresa responsável pelos danos ambientais.

2. Exemplo elucidativo de contratação de Seguro Garantia de Concessão Pública para cumprimento do contrato e das obrigações constantes do Plano de Manejo Florestal

Sustentável (PMFS).