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Memória e a Educação Patrimonial no Museu Municipal Parque da Baronesa

O reconhecimento de que a memória está interligada ao Patrimônio Cultural fica claro, visto que a necessidade por parte do indivíduo de cultivar suas raízes, ideais e cultura, e consequentemente as suas lembranças, são fruto de um processo coletivo que estará sempre inserido num contexto social e cultural.

A memória do indivíduo faz a história ser compartilhada, quando, por exemplo, existe um lugar que todos consideram importante, uma história, um local de encontro, ou um fato que envolveu um bairro ou a cidade, enfim, algo no qual muitas pessoas se identifiquem ou tenham memórias afetivas.

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Conforme coloca Halbwachs (2015, p4)65 em seu texto-base “A memória coletiva”, não há memória coletiva que não aconteça em um contexto espacial. “[...] é justamente a imagem do espaço que, em função de sua estabilidade, nos dá a ilusão de não mudar pelo tempo afora e encontrar passado no presente – mas é exatamente assim que podemos definir a memória e somente o espaço é estável o bastante para durar sem envelhecer e sem perder nenhuma de suas partes”.

Os bens, que constituem os elementos formadores do Patrimônio, são ícones repositórios da memória, permitindo que o passado interaja com o presente, transmitindo conhecimento e formando a identidade de um povo. Para o ser humano, a memória é a imagem viva de tempos passados ou presentes. De acordo com Duarte, a memória coletiva de uma determinada população estende-se aos territórios onde vive, aos seus monumentos, aos vestígios do passado e do presente, aos seus problemas, à cultura material e imaterial e as pessoas. (Duarte, 1994, p12).

O Patrimônio e a memória ligam as pessoas e suas comunidades, um exemplo são as lembranças da infância, do jeito de preparar uma comida; da destruição de um templo ou de uma casa; a lembrança de uma dança; de uma música; de uma brincadeira e até mesmo de paisagens tristes de suas vidas. Contudo, pode-se dizer também que patrimônio são todos os bens, materiais e imateriais, naturais ou construídos, que uma pessoa ou um povo possui ou consegue acumular.

Choay nos apresenta em seu livro Alegoria do Patrimônio o significado da palavra patrimônio:

Patrimônio, esta bela e antiga palavra estava, na sua origem, ligada às estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no tempo e no espaço. Requalificada por diversos adjetivos (genético, natural, histórico, etc.) que fizeram dela um conceito ‘nômade’, ela segue hoje uma trajetória diferente e retumbante. (CHOAY, 2001, p11)

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Neste viés, o artigo 216 da Constituição Federal de 198866 observa que o patrimônio cultural brasileiro é constituído pelos bens materiais e imateriais.

Seguindo o entendimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),o patrimônio representa o conjunto de bens, de natureza material e/ou imaterial, que guarda em si referências à identidade, a ação e à memória dos diferentes grupos sociais. É um elemento importante para o desenvolvimento sustentado, a promoção do bem-estar social, a participação e a cidadania.

Neste sentido, o patrimônio cultural material de um grupo é entendido como patrimônio cultural material como o conjunto de todos os bens imóveis que, pelo seu valor intrínseco, devem ser considerados de relevante interesse para a permanência e a identidade cultural de um povo. Fazem parte destes bens culturais materiais: as igrejas, as casas, as praças, os conjuntos urbanos e, ainda, locais dotados de expressivo valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral.

Porém, o patrimônio imaterial é imprescindível e complementa o sentido de lugar que tem o patrimônio material. São reconhecidos pela UNESCO, IPHAN, como como patrimônio imaterial, as práticas, as celebrações, os saberes, os ofícios, os lugares, as técnicas e as expressões artísticas e lúdicas que funcionam como referências para a história e a memória dos grupos sociais que os praticam, juntamente com os objetos, instrumentos, artefatos e lugares culturais que lhe são associados, este patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração, gerando um sentimento de continuidade e identificação. A noção e o entendimento sobre este patrimônio englobam o universo das culturas populares tradicionais e das manifestações folclóricas que os indivíduos buscam preservar e valorizar em respeito às gerações passadas.

Ainda como patrimônio imaterial podemos citar os costumes tradicionais, os folguedos, as danças populares, as expressões artísticas, os festejos populares, a culinária

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66 Art. 216. Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

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tradicional, as lendas, a literatura popular, os lugares culturais, as práticas artesanais, os mestres da cultura, dentre outras.

Toda vez que profissionais da área da cultura se reúnem para construir e investigar, entender e transformar a realidade que nos cerca e conseguem passar para os indivíduos este conhecimento, estão fazendo uma ação educativa e quando estas ações se referem ou tem relação direta com nosso patrimônio cultural, então estão tratando de educação patrimonial, ou seja, ações educativas. Nesse sentido, o conjunto de patrimônio material e imaterial forma um conceito mais amplo e mais inclusivo que diz respeito ao que é patrimônio cultural e que, na reunião de Caracas em 1992 foi assim definido: “O patrimônio cultural de uma nação, de uma região ou de uma comunidade é composto de todas as expressões materiais e espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural”. (Declaração de Caracas - 1992).

E assim, ao compreendermos essa noção ampliada de patrimônio, percebemos que há uma ausência de informação especifica para a população em geral o que dificulta a percepção das pessoas sobre o que é, como preservar e como usufruir do patrimônio cultural. Nem as escolas têm temas diretos ou transversais sobre esse assunto, nem boa parte dos museus praticam ações educativas e culturais que expliquem o patrimônio, em seu conjunto, ao público.

Na década de 1980, foi introduzida no Brasil, a partir de ações desenvolvidas no Museu Imperial de Petrópolis, a noção de educação patrimonial. Esse tipo de educação voltada para bem explicar o patrimônio cultural no Brasil e no mundo, tem por base a reserva de memória existente em diversas comunidades que mantêm histórias, saberes, tradições e bens culturais próprios; portanto, um dos grandes desafios que enfrentam os profissionais que trabalham diretamente com este assunto é fazer com que esses bens sejam reconhecidos por seu povo e seja pensada uma forma de fortalecer o conhecimento e a valorização dos bens das comunidades.

Uma forma de fazer com que isso aconteça é garantir a aplicabilidade da Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (Lei nº 9394/96), em seu artigo 26, confirmando a necessidade de abrir nos espaços formais e informais de educação, nos currículos do ensino fundamental e médio, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, uma parte diversificada, em que se possa pensar sobre as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e das pessoas que acessam a educação, compartilhando assim dos bens culturais existentes, sendo ela uma proposta metodológica para o envolvimento da

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comunidade em um processo contínuo para a valorização, preservação, aprendizagem e identificação destes bens. Acreditamos que o papel social dos museus, a exemplo do que já demonstramos sobre a história do Museu da Baronesa e da própria figura da mulher que deu à instituição o seu nome, pode se integrar com as atividades escolares e proporcionar tal conhecimento patrimonial.

Oportunamente as autoras Horta, Grunberg e Monteiro explicam que:

Educação patrimonial, trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no patrimônio cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da educação patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. (HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO, 1999).

O Programa Educativo e Cultural dos museus da Superintendência de Museus e Artes Visuais de Minas Gerais67 elaborou um documento que define ações educativas como:

Elementos fundamentais no processo de comunicação que, juntamente com a pre- servação e a investigação, formam o pilar de sustentação de todo museu, qualquer que seja sua tipologia. Entendidas como formas de mediação entre o sujeito e o bem cultural, as ações educativas facilitam sua apreensão pelo público, gerando respeito e valorização pelo patrimônio cultural.

Neste sentido, Magaly Cabral e Aparecida Rangel68 (IBRAM, 2009) observam que:

A importância de um Programa Educativo e Cultural para os Museus é fundamental na organização de um setor educativo, permitindo maior eficácia no gerenciamento e orientação do mesmo. Trata-se de uma ferramenta de planejamento que dará

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67 Documento elaborado em 2009 pela Diretoria de Desenvolvimento de Linguagens Museológicas da Superintendência de Museus da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, sob a consultoria de Vanessa Barboza Araújo.

68 Este texto faz parte do Caderno Temático “Comunicação e Educação em Museu”, de autoria de Aparecida Rangel e Magaly Cabral, a ser publicado pelo IBRAM. REFERÊNCIA adotamos aqui as denominações constantes na Portaria Normativa nº 1, de 5 de julho de 2006, publicada no DOU de 11/07/2006, que dispõe sobre a elaboração do Plano Museológico dos museus do IPHAN Apud STUART, Davies.

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subsídios para todas as ações a serem desenvolvidas, norteando os projetos, as linhas de pesquisa, os programas de trabalho e as atividades. Pelo alcance do mesmo é importante que, na sua elaboração, haja a participação de todos os profissionais envolvidos com o setor, independentemente do seu status profissional. O Programa Educativo e Cultural deve ser parte integrante do Plano Museológico da instituição e estar em sintonia com este.

Angélica K. Schwanz (2004, p.12) comenta que a metodologia da educação patrimonial começa a ser difundida no Brasil em meados do ano de 1980, por ocasião dos primeiros debates conceituais e práticas sobre este assunto, mais especificamente, durante o 1º Seminário sobre o “Uso Educacional de Museus e Monumentos”, que aconteceu em julho de 1983, no Museu Imperial, em Petrópolis, RJ. Este método foi desenvolvido para propiciar a criação de programas didáticos no museu e o objetivo principal foi o estudo no próprio museu.

No mesmo trabalho de Schwanz, há uma citação de Magaly Cabral que expõe o que considera os objetivos da educação patrimonial, os quais seriam:

… trazer para a sua ação o que o bem cultural pode oferecer para uma discussão a respeito da relação do indivíduo com a realidade; buscar a identificação de significados e sentidos, num contexto que é diferente para o usuário, já que percepções e identificações significadas e sentidos variam de acordo com as experiências passadas de cada um, vivenciadas dentro de seu contexto histórico – social; tratar o bem cultural propondo hipótese sobre o que significa para o indivíduo, buscando um movimento de recriação e reinterpretação das informações, conceitos, e sentidos nele contidos (CABRAL, 2002, apud SCHWANZ 2004, p. 13).

Podemos dizer que toda vez que um grupo de indivíduos se reúne para construir e ou dividir novos conhecimentos, para investigar, entender e transformar a realidade que nos cerca, estamos falando de uma ação educativa. Quando isto é feito e o assunto em pauta nos remete a algo ou alguma coisa que tenha relação com nosso patrimônio cultural, então estamos falando de educação patrimonial.

Neste sentido, Horta comenta que:

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do

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universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural. (HORTA, 1999, p6).

Conforme a autora, educação patrimonial é uma metodologia de ensino pensada para o espaço do museu e que orienta o uso do objeto cultural para reconstruir os significados dos bens patrimoniais junto às suas comunidades, tendo por base o pensamento de Paulo Freire. A autora comenta ainda que:

A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. (HORTA, 2003, p.6).

Contudo, percebemos que os processos educativos que primam pela construção coletiva do conhecimento e pelo diálogo, possuem referências culturais, onde são vivenciadas noções de patrimônio cultural. Exemplos disto são as escolas e as comunidades, que por sua vez tem o objetivo de fazer com que diferentes grupos e gerações se conheçam interajam e compreendam o convívio social, promovendo assim, o respeito pela diferença ao próximo.

Estas ações desenvolvidas nos museus, com o apoio das escolas, podem e devem ser lugares para gerar conhecimento, entretenimento, encantamento, possibilitando reconhecer e mudar atitudes, transformando e modificando o modo de ver as coisas, os objetos, as pessoas e as relações entre nós mesmos. Santos coloca que:

Museu para a maioria dos professores e alunos, ainda permanece como “um local onde se guarda coisas antigas”. Do mesmo modo, o patrimônio cultural é compreendido como algo que se esgota no passado, cabendo as pessoas, sujeitos sociais, contemplá-lo, de maneira passiva, sem nenhuma relação com a vida, no presente. Cultura, patrimônio e tradição são produtos dissociados do cotidiano do professor e da vida dos seus alunos. (SANTOS, 2002, p 311)

Por conseguinte, este assunto deve ser tratado e trabalhado com os professores e educadores, para que eles próprios entendam o que é um museu e, assim, possam refletir e

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entender o que é cultura, patrimônio e tradição, e ao levar seus alunos a uma visita ao museu, estes momentos passados dentro da instituição sejam realmente aproveitados.

Repensar a tradição e reconstruí-la é missão primordial da escola; o legado cultural deve ser a base, o referencial básico para a apresentação de novos problemas e de novas abordagens, o que só poderá ser conseguido por meio da pesquisa considerada como princípio educativo (SANTOS, 2002, p.311).

A autora afirma ainda que:

Assim como a educação, o patrimônio cultural é o referencial básico para o desenvolvimento das ações educativas. Os processos museais gerados ao longo dos anos contribuíram de modo efetivo para a ampliação do seu conceito, à medida que, para sua aplicação, o patrimônio cultural é compreendido como relação do homem com o meio, ou seja, o real na sua totalidade: material, imaterial, natural e cultural em suas dimensões de tempo e espaço. (SANTOS, 2002, p.312).

Novamente defende que ação educativa é uma ação de comunicação, porque é buscando as interfaces das ações de pesquisa, preservação e comunicação que conseguimos nos distanciar da união das disciplinas e, ao mesmo tempo realizar, nas trocas, no diálogo, na interação com os nossos pares e com os demais sujeitos sociais. Todos os indivíduos envolvidos nos diversos projetos nos quais estejamos atuando, estabelecer metas e objetivos que não se esgotam na aplicação da técnica, isolada, descontextualizada, evitando, assim, a dissociação entre os meios e o fim (SANTOS, 2002, p.314).

De acordo com o Glossário da Revista Museu,69 ações educativas são:

Procedimentos que promovem a educação no museu, tendo o acervo como centro de suas atividades. Pode estar voltada para a transmissão de conhecimento dogmático, resultando em doutrinação e domesticação, ou para a participação, reflexão crítica e transformação da realidade social. Neste caso, deve ser entendida como uma ação cultural, que consiste no processo de mediação, permitindo ao homem apreender, em um sentido amplo, o bem cultural, com vistas ao desenvolvimento de uma consciência crítica e abrangente da realidade que o cerca. Seus resultados devem

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assegurar a ampliação das possibilidades de expressão dos indivíduos e grupos nas diferentes esferas da vida social. Concebida dessa maneira, a ação educativa nos museus promove sempre benefício para a sociedade, em última instância, o papel social dos museus.

Maria Célia Moura Santos (1987) afirma que ao colocar, em seu primeiro livro, o título “Museu, escola e comunidade”, levou em consideração a integração, já naquela época, necessária entre a escola, museu e a comunidade, com a realização de tarefas conjuntas, em prol de objetivos comuns.

Um museu é uma instituição que tem um comprometimento com o processo educacional, seja ele formal ou informal. Tanto o museu como a escola devem enfatizar os recursos educativos da comunidade, realizando uma troca necessária entre o ensino formal e o não formal, um complementando o outro e se enriquecendo mutuamente. Portanto, é importante que as crianças tenham desde cedo a informação de que esta instituição pode e deve fazer parte de suas vidas, que neste local elas possam viver momentos de aprendizado e entretenimento.

Moema Nascimento Queiroz também coloca de forma clara que é através da educação patrimonial que acontece o processo de ensino e aprendizagem podendo ser dinamizado e ampliado, muito além do ambiente escolar onde uma comunidade inteira pode estar envolvida.

É papel do museu, proporcionar uma abertura para o diálogo entre o mediador, o educador e o público, fazendo com que o mesmo seja participativo, despertando um olhar sensível, interpretativo do que está sendo apresentado, independente da forma como ele entra no museu - sozinho ou em uma visita guiada - que torna o que antes parecia distante e ameaçador, em uma experiência real e prazerosa.

A visitação pode e deve ser um momento de prazer, aventura e aprendizado, para isto, devemos lançar pontos de apoio para o conhecimento, a fim de dar condições ao visitante de sentir-se mais seguro e capaz de transitar com confiança dentro do museu. Os museus guardam coleções, as quais são fruto do hábito humano de acumular, guardar, conservar, proteger, admirar, descobrir, espantar-se e comparar. Do mesmo modo, a atração que os museus exercem, sobre mais variados públicos, enfatiza que todos podem e devem se apropriar deste local de encantamento, cultura e lazer.

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A educação patrimonial constitui-se, assim de um conjunto de ações educativas que têm como intuito revitalizar o espaço do museu, bem como fazer com que a comunidade escolar e local conheça e reconheça o museu como um espaço público e como um bem cultural que faz parte da sua história e que pode ser usufruído por todos.

Pode tornar-se um instrumento a mais no processo de educação que colabore com o despertar de uma consciência crítica e de responsabilidade para com a preservação do patrimônio – em toda sua expressão – e a percepção da relação entre esse com sua identidade pessoal e cultural.

Sendo assim, ao incorporarmos este instrumento de ação, iremos ao encontro do pensamento de Paulo Freire, (2003) buscando uma “alfabetização cultural” que capacite o educando a compreender sua identidade cultural e a se reconhecer, de forma consciente, em seus valores próprios, em sua memória pessoal e coletiva. Ainda segundo nosso pensador, “a criticidade e as finalidades que se acham nas relações entre os seres humanos e o mundo implicam em que estas relações se dão com um espaço que não é apenas físico, mas histórico e cultural”. (FREIRE, 2003, p.81).

Pensando em quanto as ações educativas são importantes para as instituições museais, Santos (2008, p.153), escreve que: “as ações museológicas não podem esgotar-se em si mesmas, na mera aplicação da técnica pela técnica”. Para que a Museologia atinja “por meio da interpretação e do uso do patrimônio cultural”, a inclusão social e o exercício da cidadania, “é necessário que seja aplicada com competência formal e política, ou seja, é necessário desenvolver a face educativa da Museologia”.

Consideramos que a autora Denise Grinspum (2001) vem ao encontro do pensamento de Santos (2008), no momento em que nos explica: o museu se tornou público, no século XVIII, sua função social tem sido motivo para justificar sua existência. Atualmente, sob a égide da Nova Museologia, o compromisso sociopolítico dos museus é, antes de tudo, educacional e sua nova definição aponta para “instituições de serviço público e educação, um termo que inclui exploração, estudo, observação, pensamento crítico, contemplação e diálogo”. (GRINSPUM, 2001, p 2).

Podemos assim entender como ação educativa ou cultural, o processo de mediação

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