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2.4 IMPACTOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

2.4.1 Mensuração do Impacto da TI

Laurindo et al (2001) resumem os principais modelos de análise do papel da TI e seus impactos nas organizações apresentados pela literatura, conforme resumo apresentado no Quadro 5, a seguir.

QUADRO 5 – MODELOS DE ANÁLISE DA TI NAS ORGANIZAÇÕES

MODELO IDÉIA/DESTAQUES

FOCO NO DIAGNÓSTICO

Mahmood (1993) Relação entre uso de TI e indicadores financeiros, mostrando relação positiva.

Byrd & Marshall (1997) Relação entre uso de TI e indicadores financeiros, mostrando resultados inconclusivos.

Nolan (1979) Modelo de estágios de informatização das empresas.

Donovan (1988) Modelo de estágios da TI descentralizada.

McFarlan (1984) Grid estratégico: papel estratégico das aplicações presentes e futuras de TI para diferentes empresas.

Porter e Millar (1985) Matriz de intensidade de informação nos produtos e processos.

Henderson e Venkatraman

(1993) Alinhamento entre estratégias de TI e negócio e infra-estrutura de TI do negócio.

Eardley et al (1996) Estudo de casos clássicos de sucesso de sistemas de TI estratégicos, de acordo com as forças competitivas de Porter.

Li e Ye (1999) Desempenho da TI e da empresa, conforme contexto ambiental, estratégico e administrativo, a partir dos investimentos em TI.

FOCO NA PRESCRIÇÃO

Luftman (1996) Discussão sobre fatores facilitadores e inibidores do alinhamento, de acordo com a visão dos executivos de TI e do negócio.

Prairie (1996) Benchmarking de alinhamento estratégico, tendo como base pesquisa em grandes empresas com uso bem sucedido de TI.

Rockart et al (1996) Imperativos para a organização da TI, de acordo com o cenário de competição globalizada.

Smithson e Hirscheim

(1998) Classificação dos modelos de avaliação de TI; histórico de avaliação da TI.

McFarlan (1990) Análise da década da Informação (anos 90), enfocando as tendências para a TI, características de sistemas estratégicos e razões para fracassos dos projetos de TI.

FOCO NA AÇÃO

Rockart (1979) Modelo dos fatores críticos de sucesso, relacionando-os com os sistemas de informação que lhes dêem suporte ou a suas medições.

Ross et al (1996) Competitividade no longo prazo com base em três ativos de TI: staff de TI, base tecnológica reutilizável e parceria entre a administração da TI e do negócio.

Farbey et al (1995) Avaliação de benefícios: classificação de aplicações de TI em oito grupos e respectivos métodos de avaliação.

MODELOS INTEGRATIVOS

Willcocks e Lester (1997) Discussão dos fatores a serem considerados para análise da TI, explicando a origem do paradoxo da produtividade. Modelo de avaliação de ciclo de vida dos sistemas utilizando diversos outros modelos.

Laurindo (1995; 2000) Modelo para análise do papel da TI nas organizações, utilizando diversos modelos de forma integrada.

FONTE: LAURINDO, F. J. B.; SHIMIZU, T.; CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. O papel da tecnologia da informação (TI) na estratégia das organizações. Gestão e Produção, v. 8, n.

2, ago. 2001, p. 174.

Os autores dividiram os modelos foram divididos em quatro categorias: 1) de diagnóstico (fornecem instrumentos e critérios para que seja diagnosticado o papel da TI nas organizações); 2) prescritivos (indicam padrões de benchmark ou relatam as melhores práticas relativas ao uso estratégico da TI); 3) voltado para ações (indicam procedimentos

para o planejamento e para a seleção de aplicações da TI a fim de trazer impactos positivos para o desempenho da organização); e 4) integrativos (agregam vários elementos das abordagens citadas, formando uma estrutura mais ampla de análise). Vale destacar aqui os modelos mais utilizados em estudos, conforme registra a literatura.

Em artigo publicado em meados dos anos 80, McFarlan (1998) afirma que para avaliar-se o impacto da TI, as empresas deveriam abordar cinco questões que indicariam a TI como um recurso estratégico importante: 1) criação de barreiras de entrada, conservando desta forma os clientes atados à empresa; 2) impedimento de troca de fornecedor, criando com o cliente uma dependência operacional; 3) alteração na base da competição (por exemplo, competição por custos, diferenciação do produto ou especialização num nicho de mercado, de acordo com a análise de Michael Porter); 4) alteração do equilíbrio de poder nas relações com os fornecedores, redistribuindo o poder entre estes e os compradores e 5) geração de novos produtos.

O impacto de TI também pode ser avaliado sob a perspectiva dos sistemas de informação. O uso dos sistemas de informação é um construto pivô que liga a linha de pesquisas sobre as causas de sucesso dos sistemas (ou seja, com o foco na implementação da tecnologia) à linha de pesquisa sobre o impacto da tecnologia da informação na organização (análise após a implementação), segundo Doll e Torkzadeh (1998).

Considerada a importância deste construto, sua medição tem sido o foco de diversos estudos. Sethi e King (1994) apud Doll e Torkzadeh (1998) propuseram instrumentos para medir o impacto da TI na geração das competências competitivas (impacto estratégico), mas sem identificar os usos sob a ótica do comportamento necessário para se atingir aqueles resultados.

Outros estudos já consideram o uso dos sistemas de informação sob o ângulo comportamental, mas tendem a propor uma medição unidimensional considerando, por exemplo, apenas as horas de uso, supondo que quanto mais tempo os sistemas são usados, melhor (DOLL E TORKZADEH, 1998).

Baseados na literatura das ciências sociais, que abordam o impacto da TI no trabalho, e na coleta de dados com 409 usuários, Doll e Torkzadeh (1998) propõem um modelo de medida multidimensional do uso dos sistemas de informação no contexto organizacional, considerando três dimensões: suporte à decisão, integração do trabalho e serviço ao consumidor.

Segundo os autores, as medidas muldimensionais podem facilitar as pesquisas nesta área, promovendo uma ligação entre os fatores causais do uso destes sistemas às suas conseqüências (impactos sociais e econômicos).

Utilizando também uma mensuração multidimensional, que se baseia no modelo de Doll e Torkzadeh (1998) e de outros autores, Vidal, Zwicker e Souza (2003, 2005) propõem um modelo para avaliar a informatização das organizações (abrangendo Infra-estrutura, Uso e Gestão de TI) e o impacto (ou benefícios) da TI nestas organizações.

Os autores conceituam informatização como “o uso gerenciado de recursos de TI para apoiar e desenvolver uma organização, com o objetivo de otimizar seu desempenho”

(VIDAL, ZWICKER e SOUZA, 2005, p. 172).

O modelo dos pesquisadores é apresentado na Figura 1, a seguir.

FIGURA1 - MODELO PARA AVALIAÇÃO DA INFORMATIZAÇÃO

FONTE: VIDAL, A. G. R.; ZWICKER, R.; SOUZA, C. A. Um estudo da informatização em empresas industriais paulistas. Revista de Administração Contemporânea, v. 9, n. 2, 2005, p. 179.

Ao pesquisar 326 indústrias paulistas, os autores concluem que há uma relação entre o tamanho das empresas, o uso da TI e o desempenho. Consideradas as limitações do estudo, os resultados sugerem que quanto maiores as empresas, mais intenso é o uso da TI e, quanto mais intenso este uso, maior o impacto nos negócios, ou seja, melhor o desempenho da organização (VIDAL, ZWICKER e SOUZA, 2003, 2005).

O construto de Informatização de Vidal, Zwicker e Souza (2003, 2005) foi utilizado de forma adaptada para a realização da presente pesquisa, pela sua adequação à investigação proposta, como será detalhado no item 3.Metodologia.

Albertin (2004), por sua vez, observa que os benefícios do uso da TI envolvem as dimensões Infra-Estrutura e Processo e devem ter métricas que os vinculem com o desempenho empresarial, a fim de formar-se indicadores que possam estabelecer uma relação direta ou indireta entre estes dois fatores. O autor lembra, porém, que o

desempenho é afetado pelas variáveis mercadológicas, tecnológicas, organizacionais e de indivíduo, as quais acabam se constituindo como fatores críticos de sucesso.