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3. O professor aprendiz na educação de adultos no PEIS

3.1. Metodologia da pesquisa

Para conhecermos as contribuições do PEIS no processo de formação de professores para o público adulto, optamos pela investigação qualitativa, que se desenvolveu de duas formas distintas e complementares: estudo exploratório e entrevistas semiestruturadas.

Iniciamos nossa investigação com a pesquisa exploratória. De acordo com Gil (2008), essa metodologia é utilizada em momento preliminar de modo que o pesquisador possa entrar em contato com o objeto de seu estudo, para que dele possa tomar maior conhecimento. Essa aproximação inicial possibilita uma visão geral de um determinado contexto a fim de que forneça subsídios para a formulação de abordagens posteriores. Segundo Cervo, Bervian e Da Silva (2007), a pesquisa exploratória tem como objetivo

buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo. Tais estudos têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter uma nova percepção dele e descobrir novas ideias. A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre seus elementos componentes. (p. 63)

Optamos por esse estudo preliminar porque tínhamos como objetivo inicial verificar possíveis transformações que pudessem ter ocorrido desde a participação da pesquisadora no Projeto Supletivo Preparatório aos Exames, quando aluna do curso de Pedagogia na PUCCAMP, no período de 1990 a 1993. Para tanto, frequentamos o PEIS nos anos de 2012 a 2014. Era intenção, também, conhecer os integrantes do Projeto, professores, equipe administrativo-pedagógica e alunos adultos.

No retorno ao Projeto para realizar a pesquisa exploratória, o olhar esteve voltado para elementos que pudessem contribuir com a investigação, tendo em vista a formação do professor de adultos. Procuramos compreender como e por quais meios, valores e ações o Projeto apresentava elementos que possibilitassem a formação docente. Participamos de atividades, como reuniões pedagógicas e de socialização e Estudo do Meio. Assistimos aulas e acompanhamos o trabalho das professoras alfabetizadoras realizado pelas alunas do curso de Pedagogia da Unicamp.

As observações a respeito do que acontecia em cada um desses momentos e espaços foram registradas em caderno de campo. Anotávamos como aconteciam as matrículas, como se dava a escolha do tema gerador, o modo como o professor o articulava ao conteúdo de sua disciplina e como o trabalhava no momento da socialização. Descrevíamos também como acontecia a escolha do local para a realização do estudo do meio, bem como a organização prévia e o retorno dessa atividade. Contemplávamos ainda acontecimentos referentes ao momento do lanche coletivo e como se dava a reunião pedagógica.

Esse estudo preliminar possibilitou uma visão geral e atualizada da organização e estrutura do PEIS no tocante, principalmente, às ações e espaços que constituem a formação docente do adulto. Os dados colhidos nessa investigação exploratória forneceram alguns elementos que possibilitaram a elaboração de um roteiro com vinte e duas questões para a realização de entrevista semiestruturada (BOGDAN; BIKLEN, 1994) com os professores do Projeto.

Possibilitaram também o delineamento de algumas categorias de análise que, após a realização das entrevistas, confirmaram-se e serão apresentadas ao longo deste capítulo. São elas a formação do professor de adultos na prática, a elaboração do próprio texto e/ou material didático pelo professor e os espaços de formação docente para além da sala de aula (as reuniões pedagógicas e de socialização, as oficinas, o tema gerador e o estudo do meio).

Foram cinco os professores entrevistados, quatro deles que atuaram e um que ainda atua no PEIS. Em razão do longo tempo de participação de cada um deles, pudemos contemplar o período de 1984 a 2014 – praticamente todo o período de existência do Projeto, que teve seu início em 1982.

- Ana ingressou em 1984 e permaneceu até 1991, totalizando 8 anos de participação nesse primeiro momento. Fez uma pausa em virtude da maternidade e retornou no período de 1993 a 1995, totalizando mais 3 anos de participação.

- Roberto atuou no período de 1989 a 2006, totalizando 18 anos. - Pedro participou de 1992 a 2000. Foram 9 anos no Projeto.

- Maria Flor iniciou em 2003 e atuou até 2008 – 6 anos de participação. - Felipe ingressou no segundo semestre de 2006 e ainda atua no PEIS.

- Professores que atuaram em diferentes fases do Projeto, quando “Projeto Supletivo Preparatório aos Exames” e enquanto “Projeto Educativo de Integração Social” (PEIS);

- Professores provenientes de diferentes cursos de Licenciatura.

Ao primeiro contato com os professores, todos aceitaram prontamente o convite para participar da pesquisa. Os encontros foram individuais e aconteceram de acordo com a disponibilidade de data e horário dos docentes.

Do mesmo modo, como esclarecem Bogdan e Biklen (1994), o roteiro elaborado para a realização da entrevista semiestruturada foi um elemento norteador do diálogo, mas não ficou restrito a ele; houve flexibilidade para que os professores discorressem as questões do modo que quisessem.

As entrevistas foram gravadas com o consentimento de todos e transcritas para análise.

Embora os entrevistados tivessem autorizado que seus nomes reais fossem divulgados, optamos por adotar nomes fictícios, como uma forma de preservar da exposição pessoas a que eles fizeram referência em seus relatos e que não puderam ser consultadas quanto à possibilidade de terem sua identidade revelada em algum grau.

Pelo relato dos professores e com fundamentação teórica em autores como Pimenta (2000), Pontuschka (1994; 2003; 2004), Freire (1988), Nóvoa (2007; 2014), Libâneo (2004), Giubilei (2007), Fontana e Guedes-Pinto (2002) e Arroyo (2006), enfrentamos o desafio de elaborar compreensões de como o Projeto tem contribuído com a formação do professor ao adulto que dele tem participado, e que apresentamos na sequência deste capítulo.