• Nenhum resultado encontrado

Esta pesquisa configura-se como pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, e exploratória-descritiva, visando analisar modelos de Gestão da Informação encontrados na literatura para uma melhor compreensão do quadro conceitual da GI e de suas práticas, sob os critérios metodológicos abaixo descritos.

Para a realização da pesquisa, foram utilizados os seguintes recursos metodológicos:

No que concerne à revisão da literatura para estabelecimento do quadro teórico- conceitual e seleção dos modelos de GI foram selecionadas as seguintes fontes16:

 Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações;

 Portal de Periódicos CAPES e repositórios nele contidos nas áreas de Ciência da Informação e Administração;

 Anais do ENANCIB;  Portal da BRAPCI;  Portal Scielo;

 Livros nacionais e estrangeiros;

No levantamento de literatura, em variadas áreas, constatou-se que os assuntos relacionados à temática proposta – Gestão da Informação – encontram-se, em sua grande maioria, discutidos na Ciência da Informação e Administração. Alguns resquícios desta temática puderam ainda ser encontrados na Ciência da Computação, mas por terem preocupações excessivamente técnicas próprias desta área, julgou-se que não contribuíam expressivamente para os fins pretendidos nesta pesquisa.

Para a seleção dos modelos de GI a serem analisados, tomou-se como base não somente as frequentes citações e representatividade dos referidos modelos, tanto nas áreas da Ciência da Informação quanto da Administração17, mas também por suas características integrativas em relação aos recursos informacionais (Davenport, 2002, p.21; Marchand, 2001,

16 Quando não acessíveis ou disponibilizados em repositórios digitais, tais materiais serão consultados em

bibliotecas universitárias ou especializadas.

17 Cf: SOUZA, I. G. C. de O; DUARTE, E. N. Dimensões de um modelo de gestão da informação no campo da

Ciência da Informação: uma revelação da produção científica do ENANCIB. Liinc em revista, v. 7, n. 1, p. 152-169, mar, 2011.

p. 7; Frade et. al., 2003, p. 41; Bergeron, 1996). Tais características baseiam-se em três elementos básicos:

 Processos  Pessoas  Tecnologia

Além destes, um outro elemento foi considerado para fins desta pesquisa, por entender-se que dele derivam alguns critérios não abrangidos pelos três elementos citados:

 Políticas e Princípios

Assim, os seguintes modelos foram selecionados:

 Modelo de James McGee e Laurence Prusak;  Modelo de Thomas Davenport;

 Modelo de Chun W. Choo;

 Modelo de Donald Marchand, William Kettinger e John Rollins.

De modo a tornar esta pesquisa viável e consoante com seus propósitos, foi adotado o método de análise comparativa, visando estabelecer aspectos de convergência e divergência entre modelos apresentados em contextos comuns. Sobre o método comparativo, verificou-se em Marconi e Lakatos a seguinte afirmação:

Este método realiza comparações com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências. [...] O método comparativo permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais. [...] Pode ser utilizado em todas as fases e níveis de investigação: num estudo descritivo, pode averiguar a analogia ou os elementos de uma estrutura; nas classificações, permite a construção de tipologias; finalmente, em termos de explicação, pode, até certo ponto, apontar vínculos causais entre os fatores presentes e ausentes. (MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M., p. 92, 2000)

Diferentemente de disciplinas das ditas Ciências Exatas, as disciplinas de Ciências Sociais, tendo no ser humano seu foco – seja em nível individual ou coletivo – possuem características e particularidades tão dinâmicas e complexas quanto permite o nível de interação entre os indivíduos em coletividades ou sociedade. A mecânica destas interações torna os fenômenos sociais extremamente complexos e muitas vezes imprevisíveis, sujeitos a variados fatores de ordem política, econômica, social, psicológica etc. Desta forma, o método comparativo constitui-se numa metodologia amplamente empregada, por contemplar aspectos

de cunho não somente quantitativo, mas também qualitativo – tão característico das Ciências Sociais.

Segundo Schneider e Schmitt (1998), o método comparativo tem desempenhado um importante papel nas Ciências Sociais desde fins do século XIX, tendo sido utilizado e aperfeiçoado por teóricos como Auguste Comte, Émile Durkheim e Max Weber. Para os autores,

A comparação, enquanto momento da atividade cognitiva, pode ser considerada como inerente ao processo de construção do conhecimento nas ciências sociais. É lançando mão de um tipo de raciocínio comparativo que podemos descobrir regularidades, perceber deslocamentos e transformações, construir modelos e tipologias, identificando continuidades e descontinuidades, semelhanças e diferenças, e explicitando as determinações mais gerais que regem os fenômenos sociais. (SCHNEIDER, S; SCHMITT, C. J. p. 49)

Os autores sustentam ainda que o método comparativo possui dimensões que, embora não tenham a pretensão de serem metodologicamente rígidas, são essenciais ao processo de comparação, a saber:

 Seleção de duas ou mais séries de fenômenos que sejam efetivamente comparáveis;  Definição dos elementos a serem comparados e;

 Generalização.

No que concerne à Ciência da Informação, se vista como uma ciência social, González de Gómez considera o método comparativo – ao lado de outros métodos como o quantitativo, qualitativo e coleta e análise da informação – como uma metodologia que “define a direção e modalidade das ações de pesquisa de modo secundário, estando já

ancorados num domínio epistemológico e político que acolhe e legitima as condições de produção do objeto da pesquisa” (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2000.)

Sob tais perspectivas, considerou-se para a análise dos modelos selecionados o método comparativo, uma vez que permite uma abordagem tão rigorosa quanto abrangente – do ponto de vista metodológico e científico – podendo-se inferir seus padrões estruturais, características, diferenças e semelhanças em seus contextos de aplicação em comum, visto que tais modelos pretendem oferecer soluções para os mesmo problemas do ambiente informacional.

O estudo proposto nesta pesquisa, como já mencionado, vem a ser a comparação entre modelos de processos de Gestão da Informação. Desta forma, para recortes metodológicos, torna-se necessário caracterizar conceitualmente “modelos” para os propósitos aqui pretendidos. Numa acepção mais didática, segundo o dicionário Oxford de Filosofia, um modelo vem a ser uma “representação da realidade pelo qual as principais características de

alguns aspectos do mundo real são apresentados em termos simplificados, a fim de tornar esse aspecto mais fácil de compreender e, muitas vezes, facilitar a realização de previsões.”

(Oxford, 2008). Para Sayão,

Um modelo é uma criação cultural, um “mentefato”, destinada a representar uma realidade, ou alguns dos seus aspectos, a fim de torná-los descritíveis qualitativa e quantitativamente e, algumas vezes, observáveis. A existência de modelos jaz na impossibilidade cultural de descrever os objetos com perfeição, esgotando as possibilidades de sua observação. Não sendo transparente para o homem, o mundo se lhe apresenta como um permanente desafio à sua descrição. Essa limitação filosófica de percepção é que permite e exige o aparecimento de modelos. (SAYÃO, p. 83, 2001)

A representação do mundo por modelos ainda está longe de traduzir ou interpretar integralmente a complexidade da realidade dos fenômenos, motivo pelo qual várias modelos são propostos sob a pretensão de substituir modelos anteriores e menos completos. Quanto mais abrangente um modelo se apresentar, maior será a chance de substituir um modelo prévio. Entretanto, a modelização é uma prática comum no ambiente científico e na Ciência da Informação, a informação – seu objeto de estudo – também tem sua representação por modelos. Segundo Floridi (p. 5, 2010), a informação pode ser modelada de acordo com seu ciclo de vida, que vem a ser:

 Criação / Geração;  Coleta;  Registro;  Processo;  Distribuição / Transmissão;  Uso;

 Reciclagem / Atualização / Descarte.

No escopo desta pesquisa, os modelos selecionados para análise comparativa referem-se aos processos de gerenciamento da informação em ambientes organizacionais, tal como propostos pelos autores, com base em suas experiências profissionais e expertises acadêmicas.

Para que o método comparativo seja eficientemente aplicado, julgou-se antes necessário estabelecer padrões semânticos e sintáticos entre os modelos, de modo que seus elementos discursivos sejam equivalentes e propícios à análise. Desta forma, foi estabelecido o método de Análise de Conteúdo para definição destes padrões, visto que constitui-se de uma abordagem bastante articulada e versátil. Segundo Bardin, a Análise de Conteúdo é

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens. (BARDIN, p. 42, 1977)

Nas Ciências Sociais, a Análise de Conteúdo tem se caracterizado como um método de inferência textual consideravelmente útil, no qual embora possua etapas e procedimentos específicos, proporciona um amplo espectro de visões e interpretações acerca do conteúdo descritivo de um discurso. Tal como exposto por Bardin, as etapas desta técnica consistem em 1) pré-análise; 2) exploração do material – ou codificação e; 3) tratamento dos resultados – inferência e interpretação.

No que concerne aos critérios de comparação entre os modelos de GI, levou-se em conta a importância de alguns dos tópicos expostos por Savić (1992, p. 134), cuja pesquisa com abrangência de mais de 30 anos na literatura sobre GI identificou aspectos de interesse nesta temática:

 Custo e valor da informação;  Técnicas de GRI;

 Planejamento estratégico e;  Políticas de informação.

Além disso, considerou-se também algumas diretrizes apontadas por Davenport (2002, p. 51), cujos parâmetros também embasarão os critérios comparativos:

 Equipe;  Estratégia;  Cultura/comportamento;  Processos;  Arquitetura e;  Política.

Tendo então em vista os parâmetros citados, os seguintes critérios foram aplicados para a análise comparativa, conforme a figura 11:

A representação acima ilustra a integração dos recursos de informação e cada aspecto foi definido como um critério pelo qual foram comparados os modelos selecionados de GI, uma vez que se reconheceu em tais critérios aspectos relevantes e significativos de acordo com suas respectivas categorias de recursos de informação.

FIGURA 11: CRITÉRIOS DE COMPARAÇÃO SEGUNDO O MODELO INTEGRATIVO

PROCESSOS  Arquitetura da Informação  Fluxo Informacional TECNOLOGIAS E FERRAMENTAS  Sistemas de Informação

 Produtos e Serviços de informação

PESSOAS

 Cultura Organizacional / Cultura Informacional / Comportamento  Equipe / Profissionais de Informação /

Capacitação

POLÍTICAS E PRINCÍPIOS

 Planejamento Estratégico  Governança da Informação

7. ESTABELECIMENTO DE MECANISMO DE COMPARAÇÃO ENTRE OS