5. CAMPO EMPÍRICO: MODELOS DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO
5.4 Modelo de Marchand, Kettinger e Rollins
Marchand, Kettinger e Rollins veem o processo de gestão da informação de uma forma um pouco distinta dos demais autores analisados. Embora também tenham um foco integrador, eles possuem uma visão voltada ao que denominam Orientação à Informação. Eles afirmam que a Orientação à Informação se constitui numa nova métrica para avaliação de processo de gestão de informação. Nas palavras dos autores,
Podemos falar de uma nova métrica: Orientação à Informação ou OI. A Orientação à Informação mede a extensão no qual os gerentes seniores percebem que suas organizações possuem as capacidades associadas ao uso eficaz da informação para a melhora do desempenho corporativo. (MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS, 2001, p. 1)
A métrica proposta deve considerar 3 fatores:
1) Práticas de Tecnologia de Informação: capacidade de gerenciamento de tecnologia e infraestrutura de suporte a operações como processos de negócios, tomada de decisões e inovação;
2) Práticas de Gestão da Informação: capacidade de gerenciamento do ciclo de vida da informação;
3) Comportamento Organizacional / Valor Organizacional: capacidade de promover comportamentos e valores, nos indivíduos, para o uso efetivo da informação.
Fonte: Marchand, Kettinger e Rollins, 2001, p. 7.
Para os autores, esta visão integrativa orientada à informação é o caminho a ser seguido por gerentes e alta cúpula organizacional para a competição na chamada era da informação. Ainda segundo eles (2001, p. 17-18), na linha histórica, a base teórica para a Gestão da Informação emergiu de duas grandes disciplinas:
1) Escola da Gestão de Informação: que vem a ser a escola de gestão voltada para o estudo dos processos da gestão da informação;
2) Escola da Tecnologia da Informação: escola que forma profissionais de tecnologia de informação, como analistas de sistemas, analistas de bancos de dados etc.
Uma outra disciplina também teve sua influência na Gestão da Informação, a Escola da Teoria Comportamental da Administração. Contudo, os autores afirmam que esta é confusa, não possuindo uma base teórica clara nem consistente. (Marchand, Kettinger e Rollins, 2001, p. 35). As duas primeiras disciplinas desenvolveram perícias e capacidades técnicas e teóricas em suas respectivas áreas, porém em seu estágio inicial foram vistas como meramente operacionais.
O processo de gerenciamento da informação sob a concepção da Orientação à Informação deve possuir 5 características essenciais:
1) As pessoas devem usar a informação visando o bem-estar da organização e não seus próprios interesses;
2) As pessoas devem explicitar seu conhecimento ou expertise para que o uso efetivo da informação ocorra;
3) A organização não pode satisfazer vários objetivos simultaneamente: deve focar o comportamento de busca informacional nas metas que são realmente importantes;
Comportamento Organizacional / Valor Organizacional
Práticas de suporte de TI Gestão da Informação
FIGURA 7: VISÃO DO USO EFETIVO DA INFORMAÇÃO FOCADA NO ELEMENTO HUMANO
4) As pessoas devem ter habilidade e boa vontade para aprender com vistas à sua evolução e desenvolvimento;
5) As pessoas devem reconhecer a constante mudança como uma característica natural das organizações modernas e estar sempre prontas a novos desafios.
Atendendo a estas 5 características comportamentais, Marchand, Kettinger e Rollins acreditam que a organização usará e gerenciará seus recursos informacionais de forma efetiva, inclusive os recursos de tecnologia da informação. A dinâmica deste processo pode ser explicitada conforme a figura 8:
Fonte: Marchand, Kettinger e Rollins, 2001, p. 9.
A abordagem Orientada à Informação tem como referência os gerentes seniores, conforme Marchand, Kettinger e Rollins (2001, p. 10), constituindo-se em um requisito para o desempenho das organizações, sob a ótica dos gerentes. Segundo uma pesquisa realizada pelos autores, os resultados apontaram para um uso efetivo da informação no qual algumas características essenciais foram reveladas, como:
Incorpora uma visão centrada no elemento humano; É casualmente relacionada à performance organizacional;
É uma métrica exaustiva a toda organização e não a departamentos específicos;
É uma métrica aplicável a qualquer tipo de organização, privada ou pública, em qualquer lugar (tem caráter universal);
Pode ser utilizada como um indicador-chave de desempenho na mediação de efetividade de ações gerenciais para a melhoria do comportamento e valor informacional, práticas de GI e práticas de Tecnologias da Informação.
Estes resultados podem ser representados da seguinte forma:
FIGURA 8: ESPIRAL DO USO EFETIVO DA INFORMAÇÃO EM ORGANIZAÇÕES
Boas práticas de TI
Boas práticas de GI Bons comportamentos e valores
informacionais
Espiral de uso efetivo da informação
Fonte: Marchand, Kettinger e Rollins, 2001, p. 142.
Tomando como base sua concepção de Orientação à Informação, Marchand, Kettinger e Rollins estabeleceram as etapas do processo ou ciclo de vida informacional em seu modelo de GI, consistindo este de cinco etapas:
Detecção/Percepção; Coleta;
Organização; Processamento; Manutenção.
Assim entendido, seu modelo de GI tem como base o ciclo de vida da informação, sendo constituído da seguinte forma, conforme a figura 10:
FIGURA 10: MODELO CONCEITUAL DE GI DE MARCHAND, KETTINGER E ROLLINS
Fonte: Marchand, Kettinger e Rollins, 2001, p. 76.
Neste sentido, a fase de detecção ou percepção de informação consiste em leitura do ambiente interno e externo para prospecção de informação útil ou relevante; coleta seria a aquisição e seus métodos de informação útil ou relevante; organização seria entendida como sintetização, classificação, indexação e anexação ou registro em bases de dados, desenvolvimento de produtos e serviços de informação; por processamento entende-se a conversão da informação em formatos de uso, ou mesmo o empacotamento da informação, bem como desenvolvimento de produtos e serviços de informação; manutenção seria a reciclagem da informação, a atualização de bases de dados e atualização dos dados utilizados.
Práticas de Gestão da Informação
Comportamentos e valores informacionais
Práticas de
Tecnologias da Informação Orientação à Informação
Uma ideia de alto nível de como uma companhia usa a informação de maneira
efetiva
Performance organizacional FIGURA 9: NOVOS DESAFIOS DE PESQUISA EM INFORMAÇÃO
Detecção /
Percepção Manutenção
Coleta Organização