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Da metodologia: vou de porta em porta

No documento A ORDEM DO DISCURSO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL (páginas 142-146)

4 PROBLEMATIZAÇÃO, POLÊMICA E EXPERIÊNCIA: ANÁLISE DOS DADOS

4.1 Da metodologia: vou de porta em porta

Os soluços graves Dos violinos suaves Do outono Ferem a minh'alma Num langor de calma E sono. Sufocado, em ânsia, Ai! quando à distância Soa a hora, Meu peito magoado Relembra o passado E chora.

Daqui, dali, pelo Vento em atropelo Seguido, Vou de porta em porta,

Como a folha morta Batido... (Canção do Outono, Paul Verlaine, 1866)

4.1.1 Objeto de pesquisa

Como se ordena o discurso dos professores regulares da rede de ensino municipal de São Luís e dos dispositivos oficiais acerca da formação docente na Educação Especial, em meio a trama saber-verdade-poder.

4.1.2 Sujeitos da pesquisa

Foram selecionados 20 professores do ensino regular da rede municipal de São Luís. O critério de seleção é, que estes professores tinham que ter algum aluno com deficiência em sala de aula. A escolha da quantidade deveu-se a um número que permitisse uma maior diversidade discursiva. Também para tentar garantir essa diversidade, optou-se por dez escolas, abrangendo todos os núcleos da zona urbana de São Luís. Inicialmente na SAEE/SEMED, acessei uma lista com todas as escolas da rede que têm alunos inclusos, escolhi aleatoriamente as escolas por núcleo.

Na escola, apresentei-me à direção, explicando os objetivos da pesquisa. Ocorreram diversas situações; em algumas escolas, o diretor me encaminhou para o coordenador pedagógico e juntamente com este eu realizava a escolha dos professores; em outras, eu ia diretamente à sala de professores e lá entrava em contato direto com estes; e em outras, escolhia com o próprio diretor. Entretanto, em todas as situações buscou-se evitar que a seleção fosse maculada por somente a escolha dos professores mais “capacitados” e com o discurso mais “aceitável”, ou somente o oposto.

Segue abaixo, no QUADRO 05 como se dispuseram as características dos professores entrevistados, bem como o nome de fantasia44 que lhes darei para que seja mantido o sigilo.

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Inspirado na literatura, que vem nos cortando ao longo dessa pesquisa e regido pela norma ética que garante o anonimato dos participantes, nomeio cada um com nomes de personagens da obra shakespeariana. Vale destacar, que em nenhum momento faço associação das características dos professores com as personagens, apenas no que diz respeito ao gênero optei por mantê-lo.

QUADRO 05 – Caracterização dos professores entrevistados45 Ordem Nome Fantasia Graduação/Pós-Graduação Formação continuada na SEMED em Educação Especial Série/Etapa Tempo em sala de aula Tempo de sala de aula na SEMED Tempo em sala de aula com aluno com deficiência Gênero Idade P1 Lady MacBeth Matemática/Didática de Nível Superior Informações nas reuniões de planejamento 7ª série 34

anos 34 anos 6 anos F 58 P2 Hérmia Engenharia Civil (Não preencheu) 6º ano 7 anos 7 anos 4 anos F 39 P3 Helena

Pedagogia/Ciências Contábeis/Docência do

Ensino Superior

(Não preencheu) 9º ano 15

anos 8 anos 5 anos F 48 P4 Julieta Pedagogia/Educação

Infantil Não

2ª etapa do 1º ciclo

10

anos 3 anos 2 anos F 40 P5 Titânia C. Biológicas/Docência no

Ensino Superior (Não preencheu) 6º e 7º ano 12

anos 4 anos 4 anos F 34 P6 Otelo Educação Física/

Especial/Treinamentos Educação Física adaptada 5ª e 6ª série 15

anos 5 anos 20 anos M 43 P7 Miranda Pedagogia/Supervisão e

Gestão (Não preencheu)

1ª e 2ª etapa do 2ª

ciclo

7 anos 3 anos 2 anos F (Não forneceu) P8 Gertrudes Pedagogia (incompleto) (Não preencheu) Creche 3 anos 3 anos Começou

esse ano F 30 P9 Ofélia Turismo (Não preencheu) Infantil I 3 anos 3 anos 1 ano F 30 P10 Emília Pedagogia/Gestão Escolar (Não preencheu) 6º ao 9º

ano

18

anos 18 anos 3 anos F 42 P11 Cleópatra Pedagogia (Não preencheu) 1ª etapa do

1º ciclo 18

anos 4 anos 4 anos F 37 P12 Adriana Pedagogia (incompleto) (Não preencheu) 2ª etapa do

2º ciclo 10

anos 3 anos 1 ano F 36 P13 Hamlet Geografia/Doutorado (Não preencheu) 5ª a 8ª

série 28

anos 8 anos 6 anos M 49 P14 Luciana Pedagogia/Saúde e

Ambiente/Gerontologia (Não preencheu)

5ª a 8ª série

30

anos 25 anos 33 anos F 62 P15 Bianca Pedagogia (Não preencheu) 1ª etapa do

1ª ciclo 20

anos 5 anos 2 anos F 39 P16 Catarina Pedagogia (Não preencheu) 3ª etapa do 1º ciclo anos 18 4 anos 1 ano F 38 P17 Rosalinda Pedagogia/Orientação e Gestão Escolar Autista/Deficiências Múltiplas 1ª etapa do 2º ciclo 16

anos 6 anos 2 anos F 35 P18 Elizabeth Letras (Não preencheu) 3ª etapa do

1º ciclo 20

anos 8 anos 2 anos F 42 P19 Lady Anne Pedagogia/Biblioteconomia/

Supervisão Escolar

Pró Letramento Linguagem/ Matemática/ PROFA

4ª série 7 anos 7 anos 3 anos F 31

P20 Desdêmona Letras/Orientação,

coordenação e gestão (Não preencheu)

1ª etapa do 2º ciclo

12

anos 6 anos 6 anos F 32

No que tange aos dispositivos utilizados para a análise dos dados, são esses apresentados no QUADRO 06. Buscou-se analisar os dispositivos que foram decisivos na elaboração de um discurso inclusivo no que toca à Educação Especial/Inclusiva e à Formação de Professores. São priorizados os dispositivos nacionais/internacionais, pois os municipais apenas repassam as decisões em nível nacional para a rede.

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QUADRO 06 – Dispositivos oficiais sobre Educação Especial/Inclusiva e/ou Formação de professores

Dispositivo Ano Procedência

Constituição da república federativa do Brasil 1988 Governo do Brasil

Declaração de Salamanca 1994 ONU

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 1996 MEC

Plano Nacional de Educação 2001 MEC

Parecer CNE/CP nº 09 (Sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação

plena)

2001 MEC

Resolução nº 2 (Institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica)

2001 MEC

Referenciais para Formação de Professores 2002 MEC Resolução CNE/CP nº 1 (Institui as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação

plena)

2002 MEC

Resolução CNE/CP nº 1 (Institui as Diretrizes Curriculares para o Curso de Graduação em

Pedagogia, licenciatura)

2006 MEC

Plano de Desenvolvimento da Educação 2007 MEC

Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva

2008 MEC

Decreto nº 6571 (Dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado)

2008 MEC

Parecer CNE/CEB nº13 (Sobre Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade

Educação Especial)

2009 MEC

Resolução nº 4 (Institui as Sobre Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade

Educação Especial)

2009 MEC

4.1.3 Instrumentos e procedimentos metodológicos

Em contato com os selecionados, expliquei os objetivos da pesquisa. Cada professor preencheu um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A), uma Ficha de Identificação (APÊNDICE B), o questionário46 (APÊNDICE C) e foram realizadas as entrevistas semi-estruturadas (LUDKE & ANDRÉ, 1986), de acordo com um roteiro

46

Esse questionário, aqui utilizado, foi elaborado pela Prof.ª Dr.ª Valdelúcia Costa para a pesquisa “Políticas públicas de educação especial no Estado do Rio de Janeiro: desafios da inclusão escolar de alunos com deficiência” e foi também serviu de instrumento na pesquisa em parceria acadêmica (UFMA/UFF/UFBA) – “Formação de Professores para a Educação Inclusiva”.

(APÊNDICE D). Os dados da entrevistas foram transcritos na sua integralidade para que as análises pudessem ser realizadas em conjunto com os outros instrumentos.

As análises dos discursos tanto dos professores (através dos questionários e entrevistas), quanto dos dispositivos (através da análise documental (SPINK, 1999)), são feitas a partir dos referencias teóricos discorridos ao longo deste texto e das cartografias (DELEUZE & GUATTARI, 1995) realizadas.

4.2 O professor inclusivo é o professor incluso: “[...] porque a inclusão está aí e a gente

No documento A ORDEM DO DISCURSO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL (páginas 142-146)