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A metodologia adotada foi a Metodologia de Projeto, uma vez que ela possibilita a aquisição de novas capacidades e competências pessoais tendo como principal objetivo a resolução de problemas identificados num contexto real (Ruivo, Ferrito & Nunes, 2010). Ao longo deste percurso houve ainda a necessidade de realizar, de forma transversal, uma pesquisa bibliográfica que fundamentasse uma prática base- ada na evidência científica e que culminou com a revisão scoping.

3.1. A Metodologia de Projeto

Este tipo de metodologia, que “permite criar uma nova relação entre a prática e a teoria, entre os saberes escolares e os saberes sociais” (Mateus, 2011, p. 3), é composto por diferentes etapas interrelacionadas entre si: Diagnóstico da situação;

Planificação das atividades, meios e estratégias; Execução das atividades planea-

das; Avaliação; e Divulgação dos resultados obtidos (Ruivo et al., 2010).

A primeira etapa, a de diagnóstico da situação, que diz respeito à descrição da realidade existente, identificando o problema sobre a qual se pretende intervir, foi já descrita no capítulo anterior.

Na etapa de planeamento, partindo dos problemas identificados na etapa de di- agnóstico, defini os objetivos com diferentes níveis, gerais e específicos, procurando que estes fossem precisos, percetíveis, exequíveis e mensuráveis. Definindo poste- riormente as estratégias e os meios necessários para alcançar os respetivos objeti- vos, tendo em consideração os recursos existentes (Apêndice III), foram seleciona- dos os serviços mais adequados para a realização dos estágios, atendendo ao ca- rácter formativo de cada um deles. Segundo Canário (2007) o nosso percurso forma- tivo ao longo da vida resulta do somatório de diversas aprendizagens formais e in- formais, mas são estas últimas que constituem a maioria das nossas aprendizagens, designado por currículo oculto. O meio tem um potencial formativo e de aprendiza- gem, designada por ecoformação (Galvani, 2011), que, a par com a autoformação e com a heteroformação, contribuem para a formação no seu todo. Tendo em conta estas premissas selecionei a ECCI/ECSCP para contexto onde iria desenvolver o projeto. A prática neste local iria permitir entrar no espaço familiar onde grande parte das PI se encontra e onde, por vezes, a violência doméstica é vivida. O SUG foi se- lecionado como local de estágio por ser a principal porta de entrada dos serviços de

saúde, nas situações de violência contra as PI (Fulmer, Paveza, Abraham & Fair- child, 2000). Posteriormente foi elaborado um cronograma de forma a calendarizar as atividades definidas (Apêndice III). Todas estas fases foram realizadas no segun- do semestre do curso, através da elaboração do projeto.

A etapa de execução teve início com o estágio e com a concretização das ativi- dades planeadas. Leite, Malpique & Santos (1989) referem que esta metodologia permite um processo dinâmico e flexível, possibilitando adaptações e reorientações ao longo da intervenção. E foi isso que de certa forma aconteceu. Na fase da con- cretização do projeto houve necessidade de reformular algumas estratégias, de for- ma a contornar as dificuldades que iam surgindo, nomeadamente a ausência de au- torização para aplicar o instrumento de avaliação proposto.

Na etapa de avaliação houve necessidade de comparar os resultados que foram inicialmente definidos com os que foram concretizados. Na realidade, este processo de avaliação do projeto foi transversal ao longo do percurso, implicando a análise e reflexão crítica do trabalho desenvolvido, confrontando continuamente os objetivos inicialmente definidos com os resultados atingidos. Como apontado por Mateus (2011), as avaliações são momentos importantes de questionamento face ao traba- lho desenvolvido. Ao longo do estágio foram realizadas várias avaliações intercala- res através de momentos de discussão e de partilha, realizada de forma individual, quer com a professora orientadora quer com a enfermeira orientadora do estágio, e com os diferentes elementos da equipa. Outras avaliações ocorreram durante as formações com a equipa interdisciplinar. As reuniões de orientação tutorial com a professora orientadora foram fulcrais, porque permitiram aprofundar a reflexão sobre as estratégias desenvolvidas, ajudaram a reequacionar novas abordagens e contri- buíram para a gestão do ânimo, sobretudo nos momentos adversos.

Na etapa de divulgação dos resultados pretende-se dar a conhecer a perti- nência do projeto e descrever o percurso efetuado na resolução dos problemas iden- tificados. O relatório final, que foi elaborado ao longo de todo este percurso, a dis- cussão pública, a participação em congressos com posters e apresentação oral, tive- ram, têm e terão especial relevância nesta fase, por serem veículos importantes na transmissão e divulgação dos resultados.

3.2. Pesquisa bibliográfica e revisão scoping

Face à relevância de fundamentar a prática com a evidência disponível, foi reali- zada a pesquisa bibliográfica, uma atividade transversal a todo o período desta unida- de curricular, tendo a mesma sido iniciada na unidade curricular Opção II, na fase de conceção do projeto e prolongando-se até à fase de elaboração do presente relatório. Esta pesquisa, que teve como finalidade contextualizar e integrar-me nas dife- rentes temáticas que foram desenvolvidas, foi também crucial para fundamentar as intervenções realizadas na prestação de cuidados diretos à PI e família (prática ba- seada na evidência científica), bem como as aprendizagens e competências do en- fermeiro especialista e mestre, que estão descritas no presente relatório. A prática baseada na evidência, segundo o Conselho Internacional de Enfermeiros (2012) ci- tado por Chicória (2013, p. 37), consiste num “método de resolução de problemas no âmbito da decisão clínica que incorpora uma pesquisa da melhor e mais recente evidência, experiência e avaliação clínica, bem como as preferências do utente no contexto do cuidar”.

A pesquisa bibliográfica culminou com a realização de uma revisão scoping, de acordo com as etapas definidas pelo Instituto Joanna Briggs. Apesar de ter como limite temporal os últimos 10 anos, foram, no entanto, integrados neste relatório al- guns trabalhos mais antigos face à sua relevância na área.

Defini como questão de partida: Quais as intervenções do enfermeiro no do-

micílio, ao nível da prevenção da violência doméstica? A condução da pesquisa

inicial foi desenvolvida em inglês, partindo dos seguintes descritores: “elder”, “aged”, “ancient”, combinados por or para a população; “violence”, “abuse”, “negligence”, “mistreatment”, “domestic violence” combinados por or, a que se associou and “pre- vention”, “intervention”, “response”, “guidelines”, “protocols”, “consensus”, “recom- mendation”, combinados por or, a que se associou “nursing” or “nurse”, a fim de chegarmos ao conceito. Por fim, para o contexto incluí as palavras “home”, “hou- sing”, “primary health care”, “home care”. Os três componentes da questão de parti- da foram combinados com and, restringindo as pesquisa. Posteriormente foram su- jeitos aos filtros Full Text e aos limites temporais. O processo de elaboração da revi- são scoping encontra-se descrito no apêndice IV.

Embora esta tipologia de revisão não permita fazer recomendações para a prá- tica a partir dos resultados, uma vez que a avaliação da qualidade metodológica não faz parte desta revisão da literatura (The Joanna Briggs Institute, 2015), ela

contribuiu para alargar os saberes na área da violência contra a PI, permitiu supor- tar a prática clínica na investigação e no conhecimento e serviu de suporte ao en- quadramento teórico deste relatório.