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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO REALIZADA

3.2 Metodologia do Estudo

3.2.2 Metodologias Específicas

3.2.2.1 Introdução

Seguidamente apresenta-se a Metodologia específica adotada para cada atividade de levantamento empírico de informação.

Os trabalhos de recolha de informação podem ser agrupados em três conjuntos:

1) Questionários - 3, um lançado em 2014 a países da UE e com foco na existência e atividades de regulação; e dois lançados em 2017, um para as EG de Portugal Continental e outro para Peritos portugueses do setor do Abastecimento de Água, onde o foco principal nos dois últimos questionários referidos é a questão das Perdas de Água, mas onde também nos dois questionários é abordado o tipo de atribuições e competências do Regulador face à questão da Água Não Faturada.

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2) Entrevistas – realizadas em Março e Abril de 2014, aos decisores das Entidades Gestoras do Distrito de Setúbal;

3) Visitas a Entidades Gestoras – 4 do Distrito de Setúbal e duas a Norte de Portugal, para completar o leque de tipos de gestão existente no nosso país. Estas visitas realizaram-se em Maio, Junho e Julho de 2015;

Para as Entrevistas e para as Visitas foram definidos “Atores-Chave” e portanto o critério pode ser discutível mas o número de eventos foi previamente definido.

Para as Entrevistas a amostra corresponde ao universo de decisores políticos das EG do Distrito de Setúbal. Para as visitas de novo se aproveitaram os contactos e a heterogeneidade do Distrito de Setúbal, mas foi necessário alargar a amostra a outras regiões para visitar EG de todos os tipos existentes em Portugal, o que não acontece integralmente no Distrito de Setúbal.

Quer para as Entrevistas, quer para as visitas e também para os Questionários, em especial para o Questionário dos Peritos, as questões a debater (nas Entrevistas) e também a própria constituição dos conjuntos de atores-chave, ou informadores privilegiados, tiveram uma preparação que Foddy (1993) define muito claramente e que se reparte por dois pontos:

 O que queremos saber?

 Quem vai responder tem a informação pretendida?

Quanto aos Questionários, enviados por email, e portanto via Internet, e sem um contacto direto entre quem quer obter a resposta e quem responde, existiu sempre a preocupação de que o número de respostas permitisse validar os resultados obtidos.

Vários autores referem a situação a que Carmo e Ferreira (2008) chamam “elevada taxa de não-respostas” para inquéritos por questionário, sem contudo clarificar o que se pode considerar uma “elevada taxa”.

Vieira, Castro e Schuch Júnior, (2010) são mais assertivos e referem que das potenciais desvantagens das pesquisas on-line a que pode ser considerada como principal é a baixa taxa de resposta aos questionários.

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Também Hill e Hill (2012) formula de outro modo a mesma questão: “Quantos casos

são necessários para a minha investigação?” respondendo de seguida: “Infelizmente não há resposta simples para esta pergunta”, sugerindo os autores que seja sempre construída uma

amostra alvo representativa da População ou Universo e seguidamente se analise se a amostra reduzida (as respostas válidas) são representativas da amostra alvo.

Mesmo tendo todos os cuidados na preparação dos questionários que são referidos por Carmo e Ferreira (2008) e Hill e Hill (2012), nomeadamente na preparação da amostra, vários autores alertam para o facto dos questionários enviados por email (que foi sempre o caso, no presente estudo) e portanto sem um contacto pessoal direto, têm grande tendência para o número de repostas ser continuamente reduzido à medida que passa o tempo e se esvanece a inovação deste tipo de contacto.

Vieira, Castro e Schuch Júnior, (2010) avançam com alguns exemplos e taxas de resposta. Num exemplo referido de um questionário realizado no meio escolar universitário no Brasil referem uma taxa de respostas de 25,23% e refere que este valor pode ser considerado um número razoável, dado que para Marconi e Lakatos (2005), questionários que são enviados para os entrevistados via email alcançam em média 25% de respostas.

A recolha de dados foi realizada por meio do envio de questionários para o email dos entrevistados, sendo que este método de recolha de dados pode ser classificado segundo Mattar (2008) como questionário Auto preenchido, em que o pesquisado lê o instrumento e responde diretamente sem qualquer intervenção do entrevistador.

No caso dos questionários do presente estudo, a menor taxa de respostas foi de 77,8% para os Questionário da UE, seguido de 80,7% para as respostas do questionário às Entidades Gestoras e finalmente uma taxa de respostas válidas de 88,1% para os Questionários dos Peritos. E neste último caso, se fossem consideradas todas as respostas, incluindo as que não foram validadas (4) então a taxa de sucesso nas respostas seria de 94,9%.

Em qualquer um dos três casos considerou-se, pelas experiências existentes e pela literatura consultada, que as taxas de resposta são muito elevadas e os resultados devem ser considerados válidos, até porque foram sempre seguidos, nos três questionários todos os

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passos recomendados para a elaboração deste tipo de ferramenta de recolha de dados e nomeadamente a preparação e efetivação de um pré-teste com uma amostra reduzida mas credível e a posterior correção do questionário inicial resultante do feedback recebido durante o pré-teste. Em especial para os Questionários de 2017 (EG e Peritos), mas também ainda que em menor grau em 2014 nos questionários da UE, para obter elevadas taxas de resposta, teve-se que enviar várias rondas de emails a solicitar os dados e também, proceder a contactos telefónicos durante várias semanas, até ser atingido um número significativo de respostas e se considerar que seria já difícil, mesmo com novas insistências, obter melhores resultados.

Dois exemplos recentes de taxas de resposta a Questionários e sobre este mesmo tema:

1) No Relatório Final da “Avaliação ex ante dos Instrumentos Financeiros de Programas do Portugal 2020” realizado pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão I.P. (AD&C) e pelo Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano (CEDRU), (2015:8) é referido que a Comissão de Avaliação lançou um conjunto de Inquéritos (6) para a recolha de opiniões sobre os Instrumentos Financeiros propostos. Cinco desses Inquéritos foram sobre a Eficiência Energética e tiveram uma taxa de respostas variando entre a mais baixa de 9,1% e a mais elevada de 44,7%. Sobre a Gestão Eficiente das Águas, a Comissão de Avaliação do PENSAAR 2020 lançou um Inquérito em que o Universo foram todas as Entidades Gestoras de Serviços de Água e Saneamento e a taxa de respostas foi de 27,4%. Estes Inquéritos foram lançados em 2015. No caso concreto do Abastecimento de Água e do Saneamento, a Comissão de Avaliação do PENSAR 2020, lançou o Inquérito a todas as EG existentes no setor da Água e também no Saneamento (294) tendo tido 80 respostas, contra as 134 respostas obtidas por nós, junto das EG do Abastecimento de Água (247 no Continente).

2) A APDA, com carater bienal, edita um estudo a que chama “Água e Saneamento em Portugal – O Mercado e os Preços”. Fundamentalmente é feita a análise dos Tarifários na Água e no Saneamento, em todas as EG de Portugal, Açores e Madeira incluídos, e portanto cobrindo a totalidade das EG existentes no nosso país. No último trabalho, editado em 2016

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e relativo a 2015, tem um capítulo dedicado à Analise de Conjuntura às EG, que é realizado com base nas respostas a um questionário dirigido a todas as EG nacionais e informa que as respostas dos últimos anos a esses questionários foram - 2012: 41 respostas; 2013: 46 respostas; 2014: 50 respostas e 2015: 40 respostas (APDA, 2016). E neste caso a Amostra é coincidente com o Universo de EG, ou seja 279 (Continente, RAA e RAM), o que representa uma taxa de respostas a rondar os 15%.

Pela literatura existente e até por experiências anteriores neste mesmo trabalho (Questionário na UE sobre a Regulação) realizadas em 2014, o nível de respostas em que os Questionários foram dirigidos a endereços de emails gerais foi muito baixo, mas tal ultrapassa em muito os valores obtidos para situações similares, de acordo com Vieira, Castro e Such Júnior (2010), com Mattar (2008) e com Marconi e Lakatos (2005), que referem taxas de resposta a rondar os 20%.

Os dados recolhidos foram objeto de um tratamento estatístico. A metodologia fundamental da análise estatística é a que consta do ponto seguinte.

Análise estatística67

A análise estatística envolveu medidas de estatística descritiva (frequências absolutas e relativas, médias e respetivos desvios-padrão) e algumas técnicas de estatística inferencial. O nível de significância para aceitar ou rejeitar a hipótese nula foi fixado em p ≤ 0,05, no entanto foram analisados caso a caso situações pontuais que se encontram nesta fronteira.

Utilizou-se o teste t de Student nas situações em que se comparam duas amostras independentes para variáveis dependentes de tipo quantitativo. Os pressupostos de validade destes testes, nomeadamente o pressuposto de normalidade de distribuição e o pressuposto de homogeneidade de variâncias foram analisados com os testes de Kolmogorov-Smirnov e também com o teste de Levene. Quando a homogeneidade de variâncias não se encontrava satisfeita usou-se o teste t de Student com a correção de Welch.

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Nos casos em que estes pressupostos não se encontravam assegurados optamos por alternativas não-paramétricas, designadamente o teste de Mann-Whitney, o teste de Kruskal-Wallis e o teste de Levene.

Considerou-se que para amostras de dimensão superior a 30, e pouco assimétricas, a distribuição da média amostral é satisfatoriamente aproximada à normal. Nos outros casos utilizaram-se os métodos não-paramétricos.

A análise estatística foi efetuada com o IBM® SPSS® Statistics (Statistical Package for the Social Sciences) versão 24.0 para Windows, disponibilizado pela Universidade Aberta.

No Capítulo 4, Análise de Resultados, indica-se, para cada variável ou conjunto de