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A discussão a respeito das realidades e das problemáticas asso- ciadas aos espaços urbanos tem marcado grande parte da produção acadêmica atual e muitos conceitos têm surgido enquanto instru- mentos analíticos que visam uma melhor interpretação das novas e complexas realidades do mundo contemporâneo. A concepção de metropolização do espaço está inclusa neste contexto e possui sua natureza intrinsecamente associada ao processo de globalização, sendo, ao mesmo tempo, estruturado e estruturador deste.

Neste trabalho, o processo de metropolização do espaço1 será en- 1 A perspectiva aqui desenvolvida não coincide com a amplitude do entendimento de Lencioni (2013),

no qual os espaços metropolizados seriam aqueles que “[...] assumem aspectos e características simila- res, mesmo que em menor escala, aos da metrópole” (p.19). Lencioni (2004, p.154) fala do “[...] extra- vasamento da dinâmica metropolitana para outros territórios [...]” que, assim, “[...] não é mais exclusiva da metrópole ou da região metropolitana institucionalizada”. Já em texto mais recente, a mesma autora (LENCIONI, 2011) destaca que a metropolização do espaço “[...] nada mais é do que uma metamorfose do processo de urbanização” (p.135), mais precisamente, uma fase superior da urbanização.

tendido basicamente como a produção do espaço metropolitano. Por esse ângulo, o resultado do processo de metropolização é a própria metrópole, ou seja, o processo de metropolização faz alusão ao movi- mento, às ações que contribuem à formação do espaço metropolitano. Um movimento que não cessa quando a metrópole ganha existência, mas que a acompanha em seu constante processo de produção.

Indo ao encontro desse entendimento, Di Méo (2008) considera que o termo metropolização faz referência a processos que caracte- rizam “[...] tanto as formas quanto as funções e as dinâmicas dos maiores agrupamentos humanos de nosso tempo” (p.3), mas ressal- ta que o mesmo não pode ser confundido com o processo de urbani- zação nem com a globalização:

[...] a metropolização que não significa urbaniza- ção stricto sensu, e nem se confunde totalmente com a globalização [...], se observa a partir de um nível mí- nimo de concentrações humanas mais ou menos di- fusas. Trata-se de um mínimo pouco preciso, o de aglomerações de algumas centenas de milhares de habitantes (se avizinhando a um milhão?) dispostos em torno de um ou de vários centros urbanos... Até constituir conjuntos territoriais agrupando de uma a duas, ou até três dezenas de milhões de indivíduos, dentre os mais expressivos entre eles.

O autor reconhece no âmbito dos espaços qualificados como metropolitanos uma grande diversidade de realidades, abrangendo desde metrópoles regionais ou nacionais, cuja importância está ba-

Contudo, esse entendimento da metropolização traz consigo um risco de distorção da realidade, qual seja, considerar os processos dinamizadores do espaço e estruturadores da rede urbana como originários apenas de espaços metropolitanos. Isso porque, o termo metropolização advém da concepção de metrópole, um tipo de espaço urbano, mas não o único. Numa rede urbana cada vez mais complexa, a consideração das metrópoles como os únicos espaços a originarem vetores de ação, mesmo que apenas da ação modernizadora, constitui a negação dessa complexidade, que está justamente na sobreposição de lógicas diversas, mediante a ação de agentes variados e situ- ados em centros urbanos com papéis e posições hierárquicas variadas no interior da rede urbana. Essa mesma preocupação é manifestada por Sposito (2015), quando diz: “[...] procuro evitar que se adote a ideia de que as dinâmicas em curso são movimentos que se estabelecem, exclusivamente, como vetores originados nas metrópoles em propagação pelos demais espaços” (p.139). Para Sposito, o processo mais amplo e vivenciado no mundo contemporâneo ainda é a urbanização.

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sicamente restrita aos territórios nacionais, a metrópoles mundiais, que desempenham papéis de grande destaque, especialmente na gestão de grandes empresas.

Segundo Di Méo (2008), as metrópoles desempenham uma sé- rie de papéis fundamentais relativos à economia, à cultura, à po- lítica e à ideologia e “[...] concernem, no mais alto nível, o governo dos homens, de suas atividades, de seus valores. Elas constroem uma rede mundial, um tipo de tecido de centralidades combinando lógicas hierárquica e resilientes” (p.2). Mais precisamente, assim se pronuncia com vistas ao esclarecimento da concepção de metrópole:

Na palavra “metrópole”, sabe-se contem “póle” certa- mente, poli, a cidade, mas também “pólo” (latim po- lus e grego polos), quer dizer o pivô sobre o qual gira uma coisa, um centro e um eixo em torno do qual se desenvolve uma dinâmica, um movimento; não são os pólos os dois pontos virtuais pelos quais passa o eixo de rotação da Terra? Mas o “pólo” é também um ponto que atrai (pólo de atração) em um dado campo magnético, metáfora possível de um espaço geográ- fico e social submisso às leis físicas. Se ele atrai, é porque ele irradia, exerce influência sobre seu meio ambiente. Esta atração descreve no espaço um gra- diente; ela se atenua com a distância se ela não é rea- tivada por polarizações secundárias, por retransmis- sões do pólo ou metrópole. À medida que a influência do pólo se esgota ou se reanima com a distância, ela engendra jogos de escala que fundam novas unida- des geográficas (DI MÉO, 2008, p.6).

Fica evidente nas palavras de Di Méo a proeminência da cen- tralidade exercida pela metrópole, ou seja, sua condição de “cabeça e matriz de rede”, associada a uma forte capacidade de atração e organização.

Da mesma forma, Corrêa (1994) destaca o caráter complexo do espaço metropolitano, ligado ao fato de ser a um só tempo fragmen- tado e articulado, reflexo e condição social, campo simbólico e campo de lutas. Esses pares dialéticos, que caracterizam todos os espaços urbanos, estão, na metrópole, potencializados; e acabam ganhando ainda mais complexidade diante das transformações recentes pelas

quais passam esses espaços que, na visão de Corrêa, podem ser sin- tetizadas em três itens: a descentralização e seu impacto no núcleo central, a ratificação de setores residenciais seletivos e a “explosão” da periferia popular.

Metrópoles, como explica Souza (2003), são espaços urba- nos complexos nucleados por uma cidade grande, dotados de uma área de influência pelo menos regional. Organizadas sob a forma de aglomerações de cidades, não necessariamente apresentam co- nurbações2, pois núcleos urbanos descontínuos, do ponto de vista

do espaço físico, podem fazer parte das metrópoles. Indispensável à configuração da metrópole, na visão de Souza (2003, p.33):

[...] é que todos os espaços urbanos se achem for- temente ‘costurados’, especialmente com a ajuda da ‘linha’ mais importante, sob esse aspecto, que são os deslocamentos diários de trabalhadores, grande parte dos quais trabalha no núcleo metropolitano e reside nas cidades vizinhas a este.

Desse modo, o espaço metropolitano é, por excelência, um es- paço relacional (HARVEY, 1980, 2012), pois a metrópole se funda, enquanto tal, na relação permanente e reiterada com outros centros urbanos, formando uma área de influência. Além disso, o espaço me- tropolitano, na maior parte dos casos, somente é alcançado quando se consideram os fluxos, já que a descontinuidade é cada vez mais comum, como será enfatizado mais adiante. O conceito de metrópole apresentado por Ribeiro, Silva e Rodrigues (2011, p.179) está em con- sonância com esses postulados. Para eles, a metrópole refere-se

[...] a aglomerados urbanos que apresentam as dimensões de polarização e concentração no ter- ritório brasileiro nas escalas nacional, regional e local. A metrópole é identificada então como um espaço urbano com características metropolitanas que, internamente, também apresenta uma hie- rarquização, já que é um aglomerado com concen- tração de poder econômico, social, cultural que não é semelhante para todos os espaços, no caso,

2 Entendido como em Villaça (1997), enquanto processos de fusão de áreas urbanas, mais ou me-

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municípios nele inseridos. Entretanto, tais espa- ços apresentam níveis de integração à dinâmica do aglomerado correspondente, maior ou menor conforme o município.

Assim, os autores acentuam elementos como a polarização (ou a centralidade), a aglomeração de municípios, os níveis va- riados de integração dos municípios e a concentração de poder econômico, social e cultural como fatores caracterizadores da metrópole. Mais adiante em seu trabalho, sintetizam que o ter- mo metrópole é por eles usado para se referir a “[...] espaços urbanos complexos e grandes [...] conjuntos de unidades políti- co-administrativas (municípios) diversas, com diferentes tama- nhos e níveis de integração entre essas unidades, que conjun- tamente apresentam caráter metropolitano” (RIBEIRO, SILVA, RODRIGUES, 2011, p.193).

No Brasil, o reconhecimento oficial desse caráter metropolitano tem sido comumente envolto de muitas polêmicas e contradições. As primeiras regiões metropolitanas brasileiras passaram a existir formalmente nos anos 1970, mais precisamente a partir de 1973, por força da Lei Complementar n. 14, subordinada à Constituição de 1967. A partir da Constituição de 1988, a responsabilidade de cria- ção e organização das regiões metropolitanas deixou de pertencer à esfera federal e passou para a estadual, como definia o § 3º do Artigo 25 (RIBEIRO, SILVA, RODRIGUES, 2011).

A partir de então, como demonstram diversos autores, entre eles Moura e Firkowski (2001), a criação de regiões metropolita- nas passou a ser acompanhada por forte imprecisão conceitual e a obedecer a interesses os mais diversos, ocasionando, em mui- tos casos, o distanciamento entre a institucionalidade da região metropolitana e a realidade do espaço metropolitano. Nesse con- texto, Ribeiro, Silva e Rodrigues (2011) constataram, em 2010, a existência, no Brasil, de 35 Regiões Metropolitanas (RMs) e três Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico (RIDEs) definidas por legislação federal ou estadual, como demonstra o Quadro 11.

QUADRO 11: Regiões Metropolitanas e RIDEs segundo as grandes regiões. 2010

NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO--OESTE

Belém (PA) Macapá (AP) Manaus (AM) Aracaju (SE) Agreste (AL) Cariri (CE) Fortaleza (CE)

Grande São Luís (MA) João Pessoa (PB) Maceió (AL) Natal (RN) RIDE Petrolina/Jua- zeiro RIDE Teresina/Ti- mon Salvador (BA) Sudoeste Maranhen- se (MA) Baixada San- tista (SP) Belo Horizonte (MG) Campinas (SP) Grande Vitória (ES) Rio de Janeiro (RJ) São Paulo (SP) Vale do Aço (MG) Carbonífera (SC) Chapecó (SC) Curitiba (PR) Florianópolis (SC) Foz do Itajaí (SC) Lages (SC) Londrina (PR) Maringá (PR) Norte/Nordeste Catarinense (SC) Porto Alegre (RS) Tubarão (SC) Vale do Itajaí (SC) Goiânia (GO) RIDE Distri- to Federal Vale do Rio Cuiabá (MT)

FONTE: Ribeiro, Silva e Rodrigues (2011).

Objetivando superar as distorções que assinalam a definição formal das regiões metropolitanas e reconhecer os espaços que real- mente manifestam características metropolitanas, o Observatório das Metrópoles desenvolveu o estudo “Hierarquização e Identificação dos Espaços Urbanos” (RIBEIRO, 2009), que ao considerar o termo Região Metropolitana esvaziado de conteúdo e precisão, como resultado das incoerências das legislações que institucionalizam as regiões metro- politanas no país, fez opção por trabalhar com o termo aglomeração metropolitana ou área metropolitana, que corresponderia à

[...] mancha de ocupação contínua ou descontínua diretamente polarizada por uma metrópole, onde se realizam as maiores intensidades de fluxos e as maiores densidades de população e atividades, en- volvendo municípios com alto grau de integração ou englobando parcialmente ou inteiramente apenas a área do município central (RIBEIRO, 2009, pp.3 e 4).

O resultado da aplicação dessa concepção foi o reconhecimento de 15 aglomerados metropolitanos ou áreas metropolitanas no Bra- sil, como exposto no Quadro 12, que reconhece São Paulo como a

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área metropolitana de maior nível hierárquico, ou seja, a de maior destaque com relação à concentração de atividades econômicas e população e que exerce maior centralidade. O quadro também trata do nível de integração entre os municípios que compõem cada aglo- merado e do nível de concentração das atividades e da população no município polo. E, por fim, expõe a caracterização da condição social vivenciada em cada área metropolitana.

QUADRO 12: Categoria na hierarquia, nível de integração, grau de concentração e condição social das áreas metropolitanas brasileiras. 2009

Área metropolitana

Categoria na Hierar-

quia Integração Concentração

Condição social

São Paulo 1 Muito alta Menos concentrada Muito boa

Rio de Janeiro 2 Muito alta Concentrada Boa

Belo Horizonte 3 Média Menos concentrada Média alta

Porto Alegre 3 Média Menos concentrada Boa

Brasília 3 Muito alta Muito concentrada Média baixa

Curitiba 3 Média Concentrada Boa

Salvador 3 Baixa Concentrada Média alta

Recife 3 Média Menos concentrada Ruim

Fortaleza 3 Média Concentrada Ruim

Campinas 4 Média Menos concentrada Muito boa

Manaus 4 _ _ Média baixa

Vitória 4 Alta Menos concentrada Média alta

Goiânia 4 Média Muito concentrada Média alta

Belém 4 Alta Muito concentrada Média baixa

Florianópolis 4 Alta Concentrada Muito boa

FONTE: Ribeiro (2009).

A área metropolitana de Belém pertence à categoria 4 na hie- rarquia, com uma alta integração entre os municípios componentes do aglomerado, mas com muita concentração de atividades econô- micas e população no município polo e com uma condição social média baixa. O trecho a seguir apresenta maiores detalhes sobre a caracterização do Observatório das Metrópoles.

A área de maior integração à dinâmica metropoli- tana nessa RM é composta pela própria cidade de Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides, caben- do ressaltar que esta integração é mais forte, entre Belém e Ananindeua, onde se localiza a maior parte dos 1.991.542 habitantes da área. A densificação na rede de transportes e a emergência de outros centros urbanos têm diminuído a importância rela- tiva de Belém no conjunto da rede urbana nacional. Ainda assim, Belém mantém seu poder polarizador, o que se revela nos indicadores selecionados, se- diando quatro empresas dentre as 500 maiores do Brasil, empregando 9.869 pessoas em atividades de ponta, apresentando total de 78 agências ban- cárias e movimento aéreo de passageiros de mais de um milhão de pessoas. Na área de metropoli- zação mais densa localiza-se um total de 92.058 domicílios carentes e 57.840 domicílios deficientes. Na classificação por condição social, apenas Belém e Ananindeua estão em situação média, os demais municípios desta região metropolitana estão em si- tuação ruim (RIBEIRO, 2009, p.65).

Dos municípios que compunham a Região Metropolitana de Be- lém em 2009, data de publicação do estudo, o município de Santa Bárbara foi considerado menos integrado à dinâmica metropolitana, sendo que os demais possuíam boa integração, com destaque a Be- lém e Ananindeua.

O processo de metropolização de Belém que, na visão de Trindade Júnior (1998), com a qual há concordância aqui, se inicia na década de 1960 e se consolida nas décadas seguintes, “pressupõe a incorporação de cidades e vilas próximas a Be- lém, definindo uma malha urbana única, ainda que fragmenta- da” (p.3). Segundo este autor, o processo de metropolização de Belém é composto por dois momentos distintos e que se revelam em duas formas diferenciadas: a forma urbana confinada e a forma urbana dispersa.

A primeira é caracterizada por uma expansão urbana res- trita aos limites estabelecidos pelo denominado “cinturão insti- tucional”, que instalado no período da segunda guerra mundial,

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consistia num conjunto de instituições públicas localizado nos limites da cidade e que passou a funcionar como um obstáculo à expansão urbana horizontal contínua. A ocupação das baixa- das, o adensamento populacional e a valorização dos terrenos de topografia mais elevada foram os grandes atributos dessa forma confinada (TRINDADE JÚNIOR, 1998).

Já a forma dispersa se configura com a superação da bar- reira formada pelo cinturão institucional nos anos 1960 e a ex- pansão da malha urbana para “[...] localidades até então con- sideradas distantes, notadamente, para a Rodovia Augusto Montenegro (eixo Belém-Icoaraci) e para a BR-316 (eixo Belém- -Ananindeua) [...]” (TRINDADE JÚNIOR, 1998, p.104). A década de 1980 consolida esses eixos de expansão e, por consequência, a forma urbana dispersa.

Os novos espaços de assentamento passaram a receber em grande escala a população pobre deslocada das áreas centrais, prin- cipalmente das baixadas, que passaram por um relevante processo de valorização associado a obras de saneamento. Com isso, esses novos espaços de assentamento distantes do centro da metrópole adquiriram um forte caráter de periferia urbana, não somente pela distância geométrica em relação ao centro da cidade, mas, como explicam Chaveiro e Anjos (2007) em relação à definição de perife- ria, por possuir “[...] um cotidiano específico, bem como uma mo- dalidade de tempo social que define a vida dos sujeitos. Poder-se-ia dizer que é um lugar específico de dramas sociais, de problemas e vicissitudes humanas” (p.183). Esse processo de produção de espa- ços periféricos, em muito se confundiu com o próprio processo de metropolização de Belém.

A Região Metropolitana de Belém – RMB foi institucionali- zada em âmbito estadual, em 19 de outubro de 1995, por força da Lei Complementar nº 027, sendo formada pelos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara (Diário Oficial do Estado do Pará, n. 28.116, de 22/12/95). Pela Lei Complementar nº 072, de 20 de abril de 2010, publicada no DOE Nº 31.656, de 30/04/2010, foi inserido mais um município

à RMB, Santa Izabel do Pará. E pela Lei Complementar n. 076, de 28 de dezembro de 2011, que altera a Lei 027, de 19 de ou- tubro de 1995 (Diário Oficial do Estado do Pará, 28 de dezembro de 2011, Caderno 2, p.8), o município de Castanhal também foi integrado à RMB. Com isso, a RMB passou a ser composta pelos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara do Pará, Santa Isabel do Pará e Castanhal (Figura 20). Entretanto, como já discutido, a região metropolitana institu- cionalizada não necessariamente condiz com a realidade de um espaço metropolitano.

Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides formam um con- junto com claras características metropolitanas, como atestam os estudos do Observatório das Metrópoles (RIBEIRO, 2009), já a inserção de Santa Bárbara do Pará, Santa Isabel do Pará e Cas- tanhal são bem mais questionáveis. Com a inclusão desses muni- cípios, a forma dispersa do espaço metropolitano de Belém seria bastante reforçada. Contudo, mesmo desconsiderando a adição desses últimos núcleos, a forma urbana dispersa, ainda assim, tipifica o espaço metropolitano de Belém, como demonstrado por Trindade Júnior (1998).

O interesse maior aqui é demonstrar a realidade do processo de dispersão metropolitana para a Região Nordeste do Pará, segundo o recorte estabelecido no capítulo anterior, especialmente a sua ocorrência e intensidade nos principais centros urbanos da região, Castanhal, Capanema e Bragança, para, assim, consubstanciar uma análise mais precisa sobre a inserção de novas áreas no es- paço metropolitano de Belém, como colocado para Castanhal pela legislação estadual (Lei Complementar n. 076, de 28 de dezembro de 2011) e por alguns estudos acadêmicos (ALVES, 2012; TRINDA- DE JÚNIOR E PEREIRA, 2007).

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FIGURA 20: Região Metropolitana de Belém. Municípios componentes. 2015

Partindo da premissa de um espaço relacional (HARVEY, 1980, 2012), serão analisadas as interações espaciais das cidades de Bragan- ça, Capanema e Castanhal com o espaço metropolitano de Belém, isto é, com os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides. Essas interações serão examinadas com base nos deslocamentos de pessoas, que envolvem os atores sociais, ou seja, indivíduos e grupos sociais em suas atividades cotidianas. Os indicadores serão os deslocamentos tem- porários por motivo de trabalho e os deslocamentos temporários por mo- tivo de estudo, ambos dados extraídos do censo de 2010 (IBGE, 2010).

AS INTERAÇÕES ESPACIAIS DE BRAGANÇA,