• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3 – Caso de estudo e metodologia

3.1 Contexto

3.2.3 Apresentação do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

3.2.3.2 Missão e Visão

O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro tem como missão a prestação de cuidados de saúde direcionados às necessidades da população da região proporcionando-lhes longevidade com melhor qualidade de vida, através de uma “resposta equitativa, atempada, rigorosa e eficiente, intensificando o conceito da humanização que contribui para a promoção da saúde e prevenção da doença, promovendo simultaneamente a valorização pessoal e profis- sional dos seus recursos humanos” (CHTMAD, 2018b).

O CHTMAD ambiciona tornar-se uma unidade de saúde de excelência e incitadora de desenvolvimento sustentável com elevado sentido de competência aos seus utentes e colabora- dores (CHTMAD, 2018b).

3.2.3.3 Valores e Princípios

O CHTMAD rege-se pelos seguintes valores (CHTMAD, 2018b): a solidariedade, a união, a transparência, o respeito, a competência, a responsabilidade, a integridade, a ambição e o entusiasmo.

Para a atingir a forma desejada, o centro hospitalar segue ainda os seguintes princípios:

o respeito pela dignidade e direitos dos cidadãos, a ação assistencial e cultura de gestão centra- das em elevados padrões éticos, a promoção da saúde na sociedade, a responsabilidade ambi- ental, a multidisciplinaridade e o trabalho de equipa (CHTMAD, 2018b).

3.2.4 Caracterização do BO do CHTMAD

O BO do CHTMAD é considerado uma das áreas mais importantes deste centro hospi- talar, onde se pretende obter a maximização dos tempos operatórios disponíveis através do se- guimento de normas de utilização racional e eficiente. Possui onze salas operatórias (seis da Unidade de Vila Real, três na Unidade de Lamego e duas na Unidade de Chaves), sendo duas delas exclusivas para cirurgias em regime ambulatório (CHTMAD, 2019)

As salas de operações são estruturalmente semelhantes. Cada sala de operações detém uma zona de desinfeção, uma para material esterilizado e outra dedicada à administração da anestesia ao doente antes de seguir para a cirurgia. O BO possui ainda uma sala para o recobro pós-anestésico, zonas de armazenagem de material farmacêutico, salas para material esterili- zado, sala para sujos, uma copa para refeições e vestiários. As respetivas plantas dos três blocos operatórios encontram-se representadas no Anexo A.

A divisão do BO é efetuada de acordo com as recomendações técnicas da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). O BO divide-se em três zonas consoante a autorização de acesso às mesmas (Penedo et al., 2015): 1) Área livre, onde se pode circular com roupa de exterior e não tem limitação de circulações. Esta área inclui a zona de receção e acolhimento do doente, pessoas e materiais com a zona de controlo centralizada, e incorpora as áreas de transferência e a zona de desinfeção de macas; 2) Área semi-restrita, onde é obrigatória a utili- zação de roupa do BO incluindo a touca. Esta área compreende as zonas de suporte periféricas que circundam a área restrita. Inclui as áreas de cuidados ao doente pré e pós-operatórios, zonas de armazenamento de instrumental cirúrgico e equipamentos, gabinetes de trabalho, sala de estar de colaboradores e os corredores de acesso às áreas restritas. Nesta área apenas estão au- torizados a circular profissionais e doentes que, eventualmente, poderão ter a presença de acom- panhantes, desde que estes estejam devidamente fardados; 3) Área restrita, onde é obrigatória a utilização de roupa do BO incluindo touca e máscara. Esta zona inclui as salas de operações, salas de anestesia, salas de desinfeção e armazéns de apoio de material estéril anexo às salas de operações.

3.2.4.1 Recursos Humanos

Os serviços efetuados no bloco operatório envolvem diferentes departamentos e uma equipa multidisciplinar altamente treinada e qualificada que exerce a sua atividade, interagindo com tecnologia avançada, em situações de alto risco, com responsabilidade em responder às necessidades do doente cirúrgico (Penedo et al., 2015).

A gestão de recursos humanos é um processo dinâmico que visa garantir a disponibili- dade da força de trabalho necessária à prestação de cuidados cirúrgicos, quer em termos de quantidade quer tem termos de qualidade, considerando as necessidades e os objetivos em saúde (Penedo et al.,2015).

Os recursos humanos relativos ao BO podem se dividir em dois grupos. O primeiro grupo refere-se aos profissionais residentes – enfermeiros, assistentes técnicos e assistentes operacionais, que executam funções exclusivamente no BO. Os profissionais temporários – médicos (cirurgiões, anestesiologistas) e técnicos de diagnóstico e terapêutica, apesar de exer- cerem funções no Bloco Operatório, não são exclusivos deste serviço ou seja, não esgotam a totalidade do seu horário no BO e não dependem hierarquicamente da coordenação do mesmo (Penedo et al., 2015).

A equipa cirúrgica do hospital de São Pedro, em Vila Real, é constituída por 2 cirurgi- ões, 1 enfermeiro circulante, 1 enfermeiro instrumentista e 1 enfermeiro anestesista, 1 aneste- sista, 1 assistente operacional e 1 técnico de radiologia. A presença deste último elemento não é sempre necessária.

3.2.4.1.1 Cirurgião

O cirurgião é o principal elemento da equipa cirúrgica, devendo estar presente na sala de operações durante todo o tempo da cirurgia assumindo a responsabilidade integrada da ci- rurgia, sem prejuízo da autonomia técnica e responsabilidade dos restantes membros da equipa. É autonomamente competente e capacitado para a execução da cirurgia proposta e resolução de eventuais complicações operatórias que possam ocorrer (Penedo et al.,2015). Tem como prin- cipais funções examinar o doente, avaliando os riscos da intervenção, o método a empregar, tendo em conta o estado geral do paciente, a sua reação ao tratamento médico e a sua história clínica (Digital, 2019).

3.2.4.1.2 Médico Anestesiologista

Quando chega ao BO, o paciente é recebido pelo médico anestesista e pelo enfermeiro, e são estes dois elementos que dão início ao ato cirúrgico, administrando a anestesia no paci- ente. Durante o ato cirúrgico, ou outros tratamentos invasivos, é o anestesiologista que trata a dor do paciente, controla o nível de consciência e assegura o conforto, o bem-estar e monitoriza as funções vitais como a respiração, frequência e ritmo cardíaco, pressão arterial, temperatura corporal e balanço dos fluidos energéticos. Através da interpretação contínua destes dados, di- agnosticam, regularizam e tratam o sistema orgânico enquanto o balanço personalizado e equi- librado de medicamentos é administrado (Pegado, 2010).

No final da cirurgia os anestesiologistas revertem o efeito da medicação de forma a que o paciente recupere o estado de consciência. A este momento denomina-se como o “acordar” ou recobro da anestesia (Pegado, 2010).

3.2.4.1.3 Enfermeiros perioperatórios

Os enfermeiros perioperatórios são profissionais de saúde cuja especialização cirúrgica permite ajudar o doente no bloco operatório a manter a sua estabilidade, segurança e bem-estar, antes, durante e após o ato cirúrgico (A Enfermagem e as Leis, 2019).

No BO existem três enfermeiros: um enfermeiro anestesista, um enfermeiro instrumen- tista e um enfermeiro circulante. As funções de cada um são distintas, no entanto, todos têm competências para desempenhar os três papeis, rotativamente, caso seja a política do BO.

Segundo a Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses, citado por Lopes (2012) enfermeiros perioperatórios têm como funções:

a) Assistir o Médico Anestesista durante a indução e manutenção da Anestesia e no rever- ter da anestesia do doente;

b) Efetuar o preenchimento da check-list de verificação;

c) Conhece com o rigor todos os passos da cirurgia de modo a antecipar-se às necessidades do cirurgião;

3.2.4.1.4 Assistentes operacionais

fissional que colabora, sob orientação de técnicos de saúde, na prestação de cuidados aos doen- tes, na manutenção das condições de limpeza e higienização nas instalações e no apoio, logístico e administrativo, ao serviço e ou unidade integrados em estabelecimentos de cuidados de sa- úde.” (Saúde, 2005).

As assistentes operacionais exercem as suas tarefas de acordo com a orientação e super- visão do enfermeiro. De entre as várias tarefas estão (Pegado, 2010):

a) Ajudar o enfermeiro a receber o doente, colocá-lo na marquesa e posicioná-lo;

b) Desinfetar, lavar e secar o material cirúrgico.

3.2.4.2 Tipos de cirurgia

De acordo com a literatura, as cirurgias podem dividir-se em dois grupos: cirurgias ur- gentes e cirurgias eletivas ou programadas. As cirurgias urgentes são aquelas em que os paci- entes chegam de forma aleatória e necessitam de receber o tratamento de forma imediata (Lamiri et al., 2008). É efetuada no BO, sem data de realização previamente marcada, por equi- pas afetas ao serviço de urgência (Saúde, 2008).

As cirurgias programadas são efetuadas no BO com data de realização previamente agendada (Saúde, 2008). As cirurgias eletivas podem ser convencionais ou de ambulatório (fi- gura 9) (Marques et al.,2012).

A cirurgia convencional é realizada em regime de internamento, ou seja, o paciente tem de permanecer no hospital pelo menos vinte e quatro horas (Marques et al., 2014).

A cirurgia de ambulatório é uma intervenção programada, realizada sob anestesia geral, loco-regional ou local, que pode ser realizada em instalações próprias, com segurança e de acordo com a legis artis, em regime de admissão e alta no período máximo de vinte e quatro horas (Saúde, 2008).