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A rede básica de serviços de saúde do município A é composta por unidades tradicionais e unidades de saúde da família, estas últimas proporcionando uma cobertura de cerca de 50% da população do município. Alguns indicadores, apresentados no Quadro 3, permitem estimar a cobertura de serviços básicos no município. A média anual de consulta médica básica era de 0,7 por habitante em 2004, inferior à média do Estado, estimada em 1,2 (SIA-SUS, 2004). Desde que foi implantado, o PSF apresentou um impulso importante, tendo

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A classificação ideológica em blocos partidários foi a de Rodrigues, L. M. (2002): direita, centro e esquerda com agrupamento partidário proposto por Melo (2000): esquerda – PT, PDT, PSB, PC do B, PPS e PV; centro – PMDB e PSDB; direita – PFL, PPB, PTB, PL PDC, PL, PST, PSC, PTR, PMN, PSD, PRP e PRS.

passado de cerca de 4% em 1999 a 26% em 2001, continuando em ritmo de crescimento acelerado até o momento da pesquisa (SIAB, 1999 a 2004). O município fez adesão ao Projeto de Expansão do Programa de Saúde da Família, apresentando uma meta de cobertura populacional de mais de 75% ao final de 2005. A cobertura de agentes comunitários de saúde era de mais de 70% no final de março de 2005 (SIAB, 2005).

A organização da atenção básica é assumida como prioridade de governo no discurso da equipe gestora e documentos oficiais, através da implantação progressiva do Programa de Saúde da Família. Ainda assim, a implantação de unidades chamadas tradicionais é justificada pela necessidade de oferecer maior cobertura de ações básicas em curto espaço de tempo.

O município realizou mapeamento do território para definição das áreas de abrangência das equipes. Todavia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) identificou problemas em relação à distribuição territorial dos agentes comunitários, sub- dimensionamento da população e ausência de diagnóstico das necessidades de saúde das áreas cobertas pelas equipes.

A cobertura populacional de cada equipe ultrapassa muito, em geral, o número de 1.000 famílias ou 3.500 pessoas, preconizado pelas normas do PSF, chegando a 4.000 ou 4.500 pessoas. Nas equipes sem médico, que correspondiam a 36% do total, na época da coleta de dados, os usuários são encaminhados para uma unidade básica tradicional ou para o Centro de Atendimento Especializado para atendimento médico. À época da coleta de dados, a SMS estava estudando a possibilidade de estabelecer carga horária parcial aos médicos do PSF para que eles viessem a trabalhar em duas unidades.

As equipes de saúde da família possuem autonomia na definição da sua rotina e organização das ações ofertadas, contudo, a equipe gestora exige que seja dedicado um turno semanal de trabalho para reunião de equipe e que o coordenador da equipe seja o profissional de enfermagem. Esta decisão pautou-se no argumento de que este profissional apresenta perfil

mais adequado às atividades gerenciais, não tendo sido uma boa experiência, na avaliação da equipe gestora, a assunção desta tarefa por outros profissionais de nível superior16.

No município, o esforço de organizar o trabalho com equipes multiprofissionais na atenção primária se faz exclusivamente no âmbito das equipes de saúde da família. Nas unidades tradicionais, embora existam profissionais de formação variada (médico, enfermeiro, odontólogo, auxiliares de enfermagem e auxiliares administrativos) o trabalho é desenvolvido de forma fragmentada, sem qualquer integração entre os profissionais.

As equipes de saúde da família são formadas por médico, enfermeiro, agentes comunitários e auxiliares de enfermagem, correspondendo ao formato “equipe mínima” do PSF. O odontólogo ainda não foi incorporado à maioria das equipes e os usuários das unidades de saúde da família, que não têm este profissional, buscam esse tipo de serviço em unidades básicas tradicionais.

As percepções dos entrevistados em relação às diferenças da atenção prestada por unidades de saúde da família e unidades tradicionais foram contraditórias. Enquanto alguns ressaltaram, como aspecto distintivo, a questão do vínculo nas equipes de saúde da família, outros mencionaram não haver diferenças entre o tipo de atenção prestada por ambos os modelos.

A rede básica de serviços de saúde do município B é composta por unidades tradicionais e unidades de saúde da família, estas últimas proporcionando uma cobertura de aproximadamente 60% da população do município. A média anual de consultas médicas básicas por habitante era de aproximadamente 0,9 em 2004, um pouco abaixo da média do Estado, estimada em 1,2 (Quadro 3). A cobertura de agentes comunitários de saúde era de mais de 90% no final de março de 2005 (SIAB, 2005). A gestão municipal refere a adoção do

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A maioria das equipes funcionava com base num esquema de rodízio para o cargo de coordenação, considerando que este gera uma sobrecarga de trabalho para o profissional que o assume. A equipe gestora avaliou que os profissionais médicos não cumpriam satisfatoriamente com essa função, atrasando o envio de instrumentos administrativos e gerenciais, além de reclamarem muito da realização dessa atividade.

PSF como modelo substitutivo de organização da atenção básica e eixo orientador da organização do sistema de saúde. O município fez adesão ao Projeto de Expansão do Programa de Saúde da Família, apresentando uma meta de cobertura populacional de cerca de 70% para o ano de 2008.

O município foi um dos primeiros a implantar o PSF no Estado da Bahia e a cobertura do Programa evoluiu de menos de 10%, em 1999, a mais de 50% em 2001 (Quadro 3). Entretanto, a população de referência por equipe é superior ao esperado, sendo maior do que 4.000 pessoas em cerca de 60% delas. Na época do trabalho de campo, 5% das equipes de saúde da família estavam sem médico.

A organização das ações nas unidades básicas tradicionais é distinta daquela que se observa nas unidades de saúde da família no que diz respeito às práticas gerenciais, bem como às assistenciais propriamente ditas. Há, também, diferenças em relação aos salários dos profissionais, superior para aqueles vinculados ao Programa. Os entrevistados destacam como uma das diferenças mais importantes a ausência de vínculo entre profissionais e equipe.

A organização da atenção primária no município é territorializada, tanto em relação ao PSF quanto às unidades tradicionais, sendo que as áreas de implantação do PSF foram definidas pelo Conselho Municipal de Saúde, tendo sido priorizadas por apresentarem maior “risco social”: piores indicadores sócio-sanitários e carência de assistência.

As unidades tradicionais dão suporte às unidades de saúde da família em pediatria e ginecologia, reservando uma cota de vagas de consulta para essas áreas. Além disso, ofertam consultas médicas com clínico geral quando há falta de médico nas unidades de saúde da família, o que ocorre com certa freqüência devido à alta rotatividade desse profissional. Há uma definição de referência entre unidades de saúde da família e unidades tradicionais.

Diferentemente do município A, o município B tem uma equipe responsável pela coordenação da atenção primária com um elevado nível de organização, evidenciada pela

definição, normatização e rotinização de um conjunto de procedimentos relacionados às práticas gerenciais. Essa equipe tem um coordenador geral e se reúne com regularidade semanal.