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Modelo de Alinhamento Estratégico Jerry Luftman

3. Revisão da Literatura – Enquadramento com os Sistemas de Informação

3.3. Alinhamento dos Sistemas de Informação com o Negócio

3.3.2. Modelo de Alinhamento Estratégico Jerry Luftman

O alinhamento estratégico não é um evento isolado e singular, mas sim um processo contínuo em que a empresa vai adaptando as suas estratégias e infraestruturas às necessidades dos clientes e aos desafios impostos pela concorrência (Luftman, 1996).

De acordo com este princípio Luftman desenvolveu um modelo de avaliação da maturidade do alinhamento do IT com o negócio baseado em 12 elementos, que podem ser organizados no

38 modelo de Henderson and Venkatraman. A figura 3.2 ilustra o modelo de avaliação da maturidade do alinhamento do IT com o negócio.

Comunicação

- Compreensão do Negócio pelas TI - Compreensão do TI pelo Negócio - Educação/Aprendizagem Inter/ Intra-organização

- Regidez do protocolo - Partilha de Conhecimento - Eficácia das colaborações

Competência/Mesuração do Valor

- Métrica de TI -Métricas de Negócio - Métricas Balanceadas - Service Level Agreements - Benchmarking - Opiniões/Avaliações Formais - Melhoria Contínua Governança - Planeamento Estratégico do Negócio - Planeamento Estratégico de TI - Estrutura da Organização - Control orçamental - Gestão de Investimento de TI - Comitês de Direcção - Prioritização de processos Parcerias

- Perceção do Valor do TI pelo Negócio

- Papel das TI no planeamento Estratégico do Negócio

- Objetivos partilhados, risco, Prémios/Penalizações - Relações/Confiança - Patrocinador/Campeão Negócio Âmbito e Arquiteturas - Tradicional, Ativador/Controlador, Externo - Articulação de Standarts - Integração de Arquiteturas: Organização funcional Empresa Inter-empresas - Transparencia de arquiteturas, agelidade, flexibilidade

- Gestão de Tecnologia Emergente

Competências - Inovação, Empreendedorismo

- Locus Cultural do poder - Estilo de Gestão - Mudança de Prontidão - Cruzamento de carreiras,

formação/educação - Social, Político, ambiente

Interpessoal de confiança - Contratando e Retenção

Critérios de Maturidade do Alinhamento entre Negócio-TI

Figura 3.4 – Adaptação do modelo avaliação da maturidade do alinhamento do IT com o negócio (Luftman, 2000).

Este modelo é constituído por 6 critérios principais:  Comunicação;

 Competência / Mensuração do Valor;  Governança;

 Parceria;

 Âmbito e Arquiteturas;  Competências.

Cada um destes critérios possui um conjunto de práticas ou atributos, sendo que cada uma destas é mensurada por cinco níveis de maturidade, onde o nível 1 corresponde a um nível inicial e o nível 5 corresponde ao processo otimizado.

39 Em seguida são apresentados uma pequena descrição de cada um dos critérios, bem como de todos os atributos considerados importantes por Luftman (2000).

Comunicação:

Este critério serve para avaliar a compreensão entre a parte técnica e a parte da gestão do negócio, sabendo com isto se ambas tem uma interação puramente casual ou interagem regularmente, promovendo uma troca de ideias e/ou posições sobre assuntos de alinhamento das empresas. Saber se existe nas empresas do sector vitivinícola uma comunicação efetiva entre estas e os seus fornecedores, os seus consultores e com os seus parceiros de negócio, levando com esta situação a que o produto que oferecem esteja de acordo com as necessidades do mercado e dos consumidores.

Para uma melhor compreensão deste critério, é feita uma divisão em seis atributos tal como podemos observar na figura 3.3.

Figura 3.5 – Seis atributos da Comunicação, Luftman (2000)

O primeiro dos seis atributos da comunicação é sobre o entendimento do negócio pelas TI. Para que o TI apresente valor e tenha ação mais efetiva, este tem que entender o negócio, percebendo quais os processos desse negócio e mais importante conhecer os consumidores, os produtos, a competição entre outros. O segundo atributo é precisamente o inverso, ou seja, o entendimento das TI pelo negócio. O negócio deve estar aberto às capacidade de uma boa TI, mas também deve ter em conta as necessidades do TI e o que é necessário para manter esse bom nível de sistemas de informação e de tecnologia. Quanto melhor for esta compreensão e entendimento de ambas as partes, maior será a maturidade do alinhamento. O terceiro tributo é a capacidade interna e externa de aprendizagem da organização, com isto Luftman quer dizermos que quanto maior for a capacidade das empresas de aprenderem e melhorarem os seus conhecimentos (educação), das oportunidades como das experiências prévias, dos problemas e dos desafios, maior será a maturidade do alinhamento.

40 O quarto atributo consiste na rigidez do protocolo, e tem a ver com a maneira como o negócio e as TI comunicam entre si se essa comunicação é feita só num sentido ou nos dois sentidos. E se a comunicação é formal ou informal. Mas, para Luftman, para que haja um alinhamento eficaz este claramente deve ser nos dois sentidos e ser tanto formal como informal.

O próximo atributo incide na partilha do conhecimento, que é também muito importante, pois pode ser um facilitador para um bom alinhamento. O último atributo da comunicação é a eficiência e abrangência das colaborações. De acordo com Luftman, muitas empresas escolhem as colaborações como forma de facilitar melhorias no negócio. Os facilitadores, de acordo com Luftman, têm um papel de conduzir as interações entre diferentes empresas e com a vantagem de tornar essas interações mais rápidas e ágeis, melhorando-as.

Competência / Mensuração do Valor:

Este critério, segundo Luftman (Luftman, 2000), vai servir para que as empresas do setor vitivinícola possam fazer uma medição mais viável da sua performance e determinar qual o valor dos seus projetos e consequentemente apurar o valor do TI em termos da sua contribuição para o negócio. Aqui segundo Luftman, as empresas do setor podem fazer avaliações após as conclusões do projetos, para verificarem o que correu bem e o que correu mal, e com isto fazer melhoramentos aos processos internos. Com estes melhoramentos aumenta a probabilidade de sucesso em futuros projetos.

Para uma melhor compreensão deste critério, é realizada uma divisão em 7 atributos como podemos observar na figura 3.4.

Figura 3.6 – Sete atributos da Comunicação, Luftman (2000)

Os primeiros três atributos da competência e mensuração do valor estão relacionados com a métrica. O primeiro e segundo atributos são sobre as TI e o negócio, onde uma métrica mais formal é aplicada e os processos que a complementam estão implementados. O terceiro atributo é descrito como o nível de integração entre as métricas do negócio e das TI. O quarto atributo é sobre a disponibilidade dos Service Level Agreements (SLA) nas empresas, sendo

41 que não só esta disponibilidade é uma medida da maturidade, é também um indicativo da orientação do SLA. Para Luftman quantos mais destes SLA’s se encontram escritos em linguagem do negócio maior é essa maturidade.

Os últimos três atributos estão relacionados com os mecanismos de aprendizagem e com a avaliação de investimentos, todos estes juntos formam um nível de indicação de qual o nível de maturidade em que se encontra o alinhamento entre o negócio e o TI.

Todos estes atributos encontram-se conectados à maneira como é validada a contribuição e o valor das TI aos objetivos estratégicos. De acordo com esta premissa, quanto mais o negócio e as TI estiverem a trabalhar juntos, maior o nível de maturidade do alinhamento o que contribui para que o negócio e a empresa obtenham os frutos desse alinhamento.

Governança

Este critério, de acordo Luftman (2000), vai trazer a garantia que todos os participantes do negócio e do TI possam rever prioridades através de uma discussão formal de como fazer a melhor alocação dos recursos das TI e de como estes se alinham com o negócio.

Esta discussão pretende garantir que os recursos alocados sejam motivadores e não inibidores do alinhamento das TI com o negócio. Muitas vezes o alinhamento é apresentado como uma parte de uma boa governança, sendo por Luftman considerado como uma das seis dimensões do seu modelo. Para uma melhor compreensão deste critério, existe uma divisão em 7 atributos como podemos observar na figura 3.5.

Figura 3.7 – Sete atributos da Governança, Luftman (2000)

Os dois primeiros atributos são sobre a participação do negócio e do TI, tanto no planeamento estratégico do negócio como no planeamento estratégico do TI, sendo que cada um destes isolados não garante um alinhamento eficaz. Isto significa que para uma boa maturidade do alinhamento estes dois atributos têm que estar integrados.

42 O terceiro atributo consiste na estrutura de comunicação do CIO. Este deve reportar ao CEO para que existam melhorias no alinhamento de acordo com as necessidades do negócio. O quarto atributo está relacionado com a maneira de como o TI é orçamentado, pois na grande maioria das vezes o TI é visto apenas como um centro de custos e não centro de investimento e como instrumento para o lucro e valor para o negócio.

No quinto atributo, Luftman diz-nos a forma como as decisões dos investimentos TI são tomadas, pois quanto mais estes investimentos forem considerados como valor para o negócio, melhor. Os dois últimos atributos estão diretamente relacionados com o anterior, o sexto é sobre as comissões de direção, como estas são utilizadas pelas empresas e qual a periodicidade de reunião. Por sua vez, o sétimo atributo foca-se na maneira como as empresas fazem a gestão da prioridade dos projetos, sendo que um bom alinhamento consiste em vários projetos partilhados tanto pelo negócio como pelas TI.

Parceria

Segundo Luftman, este critério, tem por ambição garantir que o papel das TI nas estratégias de negócio seja relevante. Estas parcerias têm como um objetivo final uma evolução das TI de modo a que estas possam direcionar mudanças no negócio, nas estratégias do mesmo e mesmo nos processos.

Para uma melhor compreensão deste critério, existe uma divisão em seis atributos como podemos observar na figura 3.6.

Figura 3.8 – Seis atributos da parceria, Luftman (2000)

O primeiro atributo refere-se à perceção de como o negócio vê o valor das TI. Se estas são vistas como um custo para o negócio ou se pelo contrário estas são vista como um parceiro importante. O segundo atributo permite avaliar se as TI possuem um papel relevante no

43 planeamento estratégico do negócio. Se as TI possuírem esse papel, isto revela que existe um elevado nível de alinhamento e de maturidade nesse alinhamento.

O terceiro atributo, para Luftman, tem a ver com os objetivos, os riscos e as recompensas, se estas são ou não partilhadas entre o negócio e as TI. Sendo que, de acordo com Luftman, quanto maior o nível de partilha maior a maturidade.

No quarto atributo, podemos ver até que ponto os processos formais que existem estão focados em melhorar as relações de partilha entre o negócio e as TI. A gestão dos programas é vista por Luftman como sendo uma mais-valia na gestão dessas relações, mas de uma maneira mais formal. O quinto atributo foca-se nos níveis de confiança entre o negócio e as TI e o sexto atributo tem por objetivo avaliar os níveis de patrocinadores e de campeões dentro da empresa e o modo como estes se encontram distribuídos.

Âmbito e Arquiteturas

Quando pretendemos fazer uma análise sobre o nível de maturidade do alinhamento entre o negócio e as TI, um elemento importante é saber qual a maturidade na compreensão da parte técnica, sendo que esta vai muito além do papel mais tradicional das TI, back office e front

office da organização. Neste critério Luftman compele que as TI assumam uma função de

suporte a uma infraestrutura de negócio muito mais flexível e por outro lado transparente a todos os parceiros do negócio. Esta será obtida através de avaliações regulares e também da aplicação de tecnologias emergentes (Bernardo, A. 2014).

Para uma melhor compreensão deste critério, há uma divisão em quatro atributos, sendo que o atributo de integração de arquiteturas é subdividido em três partes, cada uma destas com os seus níveis de maturidade, como podemos observar na figura 3.7.

Figura 3.9 – Quatro atributos do âmbito e arquiteturas, Luftman (2000)

O primeiro atributo é sobre o âmbito da utilização das TI averiguando se este é um âmbito mais tradicional, como back office e front office, ou se para a organização as TI são importante

44 como motivadores para o negócio. O segundo atributo possui a função de saber a existência de normas claras, não só sobre a importância dessa existência, mas sim sobre se essas normas são seguidas ou não em toda a empresa.

O terceiro atributo é sobre a integração das TI na empresa. Quanto maior a integração das TI maior será a maturidade deste atributo no alinhamento global.

Finalmente, o quarto e último atributo consiste na flexibilidade da arquitetura escolhida para a empresa e se com esta implementada as TI conseguem responder rapidamente às mudanças do sector.

Competências

Com este critério procura-se que exista uma avaliação ao nível dos recursos humanos de modo a averiguar as suas competências num nível mais abrangente do que as considerações mais tradicionais, como o salário, formação, feedback de desempenho e oportunidade de carreira. Esta avaliação deve incluir a parte social da organização e também o ambiente cultural que é também muito relevante para a avaliação das competências. Para uma melhor compreensão deste critério na figura 3.8 estão indicados os quatro atributos que constituem este critério.

Figura 3.10 – Quatro atributos das competências, Luftman (2000)

O primeiro atributo incide na inovação e empreendedorismo que existe no ambiente da organização de modo a averiguar em que nível é posto em prática. O segundo atributo foca a instância do poder, tendo a ver com a questão de quem ou quando as decisões de TI são tomadas. A maturidade é maior quanto mais alto na hierarquia estas decisões são tomadas em conjunto pelos executivos de TI e do negócio.

O terceiro atributo está relacionado com a disposição da equipa de gestão para a mudança. Esta disponibilidade situa-se entre a resistência e a pró-atividade. O quarto atributo, segundo Luftman, recai sobre as mudanças de carreira avaliando o número de vezes que pessoas do gestão e do TI trocam de lugar.

45 Como referido anteriormente, cada um destes critérios é constituído por diversos atributos e é em cada um desses atributos que se vai atribuir os níveis de maturidade do alinhamento estratégico (AE), sendo cinco os níveis (Bernardo, A. 2014).

Nível 1 – nível inicial ou processo improvisado – este é um nível em qualquer organização que aqui se encontre não se encontram aptas a uma estratégia de alinhamento do TI com o negócio.

Nível 2 – Processo comprometido – neste nível encontram-se as empresas que estão comprometidas com o processo de maturidade do AE e que com isto começam a entender que existe uma mais-valia e potenciais oportunidades neste AE. Este é um nível que é caracterizado por ser direcionado às funções organizacionais dentro das empresas.

Nível 3 – Processo Estabilizado e Focado – neste nível as organizações estabeleceram processos focados na maturidade da AE, sendo que a este nível existe uma inserção das TI nos negócios, para além de um impulsionamento dos ativos das TI ao nível da organização. Nas organizações que se encontrem neste nível os sistemas aplicacionais estão mais relacionados com a gestão, sendo esta informação utilizada para tomar as diversas decisões de negócio. Nível 4 – Processo Gerido ou Melhorado – neste nível existe uma boa governança e os serviços que reforçam as TI são um centro de valor para a empresa. A este nível as organizações impulsionam os seus ativos das TI na extensão da empresa de modo a obter vantagens competitivas sendo as TI consideradas um contribuinte estratégico para o sucesso da organização.

Nível 5 – Processo Otimizado – neste nível as organizações apresentam processos integrados de governança onde se encontram os processos de planeamento estratégico de TI e do negócio. As organizações que se encontram neste nível pretendem estender o alcance do AE da organização para a cadeia de fornecimento de clientes e de fornecedores.

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