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III. IMPLEMENTAÇÃO DO ESTUDO

3.4. ESTUDO DE DESIGN DE INTERAÇÃO

3.4.4. MODELO DE INTERAÇÃO DO PROTÓTIPO

Para a elaboração do modelo de interação a implementar no protótipo, houve a preocupação de tentar seguir os pressupostos de design estudados anteriormente. Tal como referido, as ações exercidas com os elementos dispostos na interface despoletam a projeção de conteúdos virtuais. Posto isto, constatou-se que quando temos vontade ou necessidade de fazer uso de algum material, seja este um copo, um lápis, um telemóvel ou um brinquedo, a tendência espontânea é a de pegarmos nos objetos e aproximá-los de nós. Pelo contrário, ao completar a intenção que nos levou a interagir com os mesmos, ou ao perdermos o interesse na sua utilização, procedemos à devolução dos artefactos à ambiência original, pousando-os.

Com base nestas observações, e de forma a manter uma consistência do sistema, definiu-se que o ato de levantar uma amostra seria identificado como a cativação do interesse em saber mais sobre ela, enquanto o movimento de a pousar apontaria para o termo da intenção de aceder a tais conteúdos. Esperou-se com a adoção desta linguagem de interação conseguir uma boa

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visibilidade e uma sensação de mapeamento instintivo, em que cada uma das ações fosse associada ao desencadeamento de uma operação característica. Neste sentido, o passo seguinte foi o da identificação da necessidade de delimitar claramente a área correspondente a cada uma das amostras – denominadas de constraints – com a finalidade de proporcionar aos utilizadores o reconhecimento inequívoco dos locais onde a interação com a interface conduz a resultados. Para tal, foi projetada uma película autocolante mate a dispor sobre a superfície, da qual falaremos mais adiante, na qual quatro regiões assumem dimensões e formas congéneres aos recortes apresentados pelas amostras geológicas. Adicionalmente pretendeu-se fornecer algum tipo de retroação indicadora do sucesso das ações efetuadas pelos visitantes, aquando da manipulação dos elementos hápticos do sistema. Dado que as amostras disponibilizadas pelo MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal apresentam cores distintas, concluiu-se que o fornecimento de feedback a nível visual poderia ser vantajoso neste caso, para mostrar os efeitos imediatos das ações realizadas. Assim, sempre que um objeto fosse levantado, surgiria uma luminosidade sob a área correspondente, com um tom de cor próximo da do elemento. Em oposição, quando o visitante pousasse a amostra, a luz apagar-se-ia, indicando o termo da manipulação do exemplar em questão. Relativamente à solução adotada para tentar responder a este último pressuposto de design de interação, reporta-se desde já a fragilidade da mesma na elucidação das pessoas com deficiência visual acerca do sucesso ou não das ações executadas. Porém, refere-se que, em qualquer lugar do MM Gerdau, encontra-se presente pelo menos um monitor pronto a auxiliar os visitantes, não só fornecendo explicações acerca do funcionamento de uma ou mais atrações, mas também para garantir o sucesso da experiência de interação levada a cabo pelos elementos do público ao fazer uso das interfaces existentes no espaço museológico.

Com base no que anteriormente foi mencionado, está-se agora em condições de discutir o modelo de interação simplificado do protótipo, apresentado na Figura 20.

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De forma a interpretar inequivocamente o esquema do modelo de interação refere-se desde já que as ações coloridas a verde representam o movimento de pegar numa amostra, ao passo que as de coloração alaranjada indicam o ato de pousar, pelo menos, um objeto do acervo. Por sua vez, repare-se na previsão de dois eventos distintos para o fornecimento de feedback aos visitantes, “A” e “B”, respetivamente a verde e a laranja. O primeiro diz respeito à situação em que uma luz se acende, e o segundo, ao momento em que a mesma se apaga.

Tomando como ponto de partida o “Estado Inicial”, no qual todos os artefactos se encontram dispostos sobre a superfície do sistema e a projeção visível é indicadora disso mesmo, o utilizador pode optar por manipular uma ou duas amostras geológicas, em simultâneo:

 Situação I – o visitante pretende apenas tomar conhecimento de informações respeitantes a uma amostra.

Da ação de pegar nesse objeto é despoletada uma resposta visual na forma de luminosidade – “feedback A” – com tonalidade semelhante à apresentada por este, que vai aumentando de intensidade ao longo do tempo até atingir o estado pretendido, mantendo-se constante a partir daí. Enquanto o manuseamento estiver a decorrer, a “Informação A” – referente à peça em questão – aparece projetada, ouvindo-se também a locução correspondente às informações sobre esta. No momento em que o utilizador decide pousar a amostra, é proporcionado o “feedback B”, isto é, a luminosidade da área referente à colocação da mesma vai-se esbatendo e a narração sonora desaparece lentamente.

 Situação II – o visitante já se encontra na posse de um exemplar geológico, mas gostaria de obter informações comparativas, em relação a outro.

Nesta situação, existem apenas três objetos pousados na interface, sendo que a área correspondente ao que está a ser manipulado se encontra iluminada. Quando o elemento do público exerce a ação de pegar noutra amostra, é fornecido feedback do tipo “A”, aclarando- se a zona onde esta estava disposta. Nesta sequência, os conteúdos projetados referem-se à “Informação B”, de comparação, tal como a explicação que se faz ouvir.

Refere-se, nesta altura, que o número máximo de objetos que podem ser manuseados em simultâneo é de dois; esta limitação tem como fundamento a segurança necessária para interagir com os mesmos – supondo que o visitante pegasse em três ou quatro ao mesmo tempo, o risco associado à provocação de danos ou mesmo de eliminar o registo material seria elevado.

De regresso à situação em que o visitante se encontra com duas amostras nas mãos, poderá optar por efetuar uma nova comparação – Situação III – ou devolvê-las à interface – Situação IV.

 Situação III – o utilizador manuseia dois exemplares, mas quer aceder à comparação de apenas um deles com outro novo.

Neste caso, ao exercer a ação de pousar uma amostra, o feedback proporcionado será do tipo “B”, conduzindo ao esbatimento da luminosidade da área correspondente, e os conteúdos projetados e audíveis serão referentes à “Informação A”, dado que deixou de haver elemento de comparação – refere-se que se optou por levar sempre o visitante de regresso ao ecrã onde são visíveis as informações sobre a amostra que tem em mãos, uma vez que nesta fase não é conclusivo saber se a pessoa deseja debruçar-se sobre os aspetos ligados à mesma, ou

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se pretende efetuar uma nova comparação. Ao pegar noutro artefacto, torna-se visível o “feedback A” na cavidade associada ao mesmo, e a projeção visível passa a ser do grupo “B”.  Situação IV – o visitante opta por devolver à interface as duas amostras que estava a

manusear.

Dado que a ação é a de pousar ambos os exemplares geológicos, a resposta é do tipo “B”, conduzindo à extinção da luz proveniente sob as áreas correspondentes. Consequentemente, todos os objetos estarão em repouso na superfície do sistema, e as luzes visíveis são de tom neutro – branco, resultado da soma de todas as cores – como forma adotada para cativar visualmente a atenção e a intenção de levar os visitantes a manusearem as amostras. De salientar, uma vez mais, que esta situação é apontada no esquema do modelo de interação como “Estado Inicial”, no qual a projeção remete para os quatro objetos e nenhuma explicação sonora é audível.

 Situação V – todas as amostras estão em repouso na interface e o visitante pretende comparar duas delas.

Neste caso, o feedback fornecido será do grupo “A”, iluminando-se progressivamente as duas áreas correspondentes aos objetos a serem manuseados. Como a informação pretendida de ser apresentada corresponde à comparação dos artefactos, a projeção corresponde à “Informação B”, bem como a locução audível. Nesta fase, o utilizador pode optar por três situações descritas anteriormente: encontrando-se com dois exemplares geológicos em mãos, se pretender obter detalhes referentes à comparação de apenas um deles com outro diferente, está-se perante a Situação III; caso queira tomar contacto com informações acerca de apenas uma amostra, deve pousar a outra e a situação será a I; se a finalidade for a de devolver o acervo à interface, então essa ação encontra-se explicitada na Situação IV.

Abordado o modelo de interação adotado para o protótipo, surge a necessidade de proceder ao estudo de soluções técnicas que se apresentem viáveis para a implementação do que se tem vindo a projetar até ao momento.