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3. METODOLOGIA

3.4 Modelo teórico

De acordo com Collis e Hussey (2005), em um paradigma positivista, é comum a inclusão de hipóteses. “Uma hipótese é uma afirmação sobre a relação entre variáveis independente e dependente. Elas são deduzidas da leitura da literatura e da tentativa de aplicar teoria ao assunto que é investigado” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 124).

Na sequência, é apresentado o modelo teórico seguido de suas hipóteses. A Liderança Transformacional, Transacional e Laissez-Faire, Comunicação, Desempenho e Satisfação são os principais constructos. Para cada constructo, há um conjunto de variáveis, a saber:

Quadro 6 – Constructos do modelo teórico

Constructo Variável Características

Liderança Transforma-

cional (BASS, 1985)

Carisma

O líder inspira os outros a adotar um conjunto de comportamentos e atributos carismáticos que agrega. Transmite respeito e confiança, por meio das suas crenças e dos seus valores, fazendo com que os seguidores partilhem dos mesmos ideais e se sintam identificados com ele. Inspiração

Motivacional

O líder que tem uma visão forte para o futuro baseado em valores e ideais. Os comportamentos comuns são: estimulação com entusiasmo, construção da confiança e inspiração dos membros.

Estimulação intelectual

O líder que desafia normas da organização, incentiva o pensamento divergente, incentiva a inovação.

Consideração Individual

O líder que reconhece a necessidade de desenvolvimento de seus seguidores. Assumem o papel de mentores e escutam os conselhos dos seus seguidores.

Liderança Transacional (BASS, 1985)

Recompensa contingente

O líder atribui ou acorda o que é necessário ser feito e

promete recompensas ou de fato recompensa uma realização satisfatória.

Gerenciamento por exceção

(ativa)

O líder monitora ativamente os desvios padrão e erros dos subordinados para tomar medidas corretivas, se necessário.

Liderança Laissez-Faire (BASS, 1985) Gerenciamento por exceção (passiva)

O líder aguarda passivamente a ocorrência de erros e desvio padrão para depois tomar medidas corretivas.

Liderança

Laissez-Faire

O líder evita e se abstém da sua Liderança. É definido pelos pesquisadores como o estilo mais inativo e ineficiente. Decisões necessárias não são tomadas, ações são

prorrogadas, responsabilidade e autoridade não são usadas. Comunicação (LEAL; SENA; SOUSA, 2010; p. 784) Comunicação

A Comunicação é uma forma de interação na qual se

compartilham ideias, mensagens e sentimentos, podendo ter influência sobre o comportamento das pessoas que, por sua vez, irão reagir a partir de suas crenças, valores, histórias de vida e cultura.

Desempenho

Prazo Observância dos parâmetros de tempo estabelecidos para a efetivação de uma determinada atividade. Quantidade e

Qualidade

Quantidade implica considerar o volume de produção de uma determinada atividade e qualidade implica considerar os detalhes envolvidos no processo de efetivação de uma dada atividade.

Contexto O contexto envolve aspectos relacionados com entusiasmo, espírito cooperativo, disponibilidade para orientar e eficácia na efetivação de determinada atividade.

Satisfação (SIQUEIRA,

2008)

Salário

Contentamento do liderado com o que recebe como salário se comparado com o quanto o indivíduo trabalha, com sua capacidade profissional, com o custo de vida e com os esforços feitos na realização do trabalho.

Superior Contentamento do liderado com a organização e capacidade profissional do superior, com o seu interesse pelo trabalho dos subordinados e entendimento entre eles.

Natureza do trabalho

Contentamento do liderado com o interesse despertado pelas tarefas, com a capacidade de elas absorverem o trabalhador e com a variedade das mesmas.

Promoção

Contentamento do liderado com o número de vezes que já recebeu promoções, com as garantias oferecidas a quem é promovido, com a maneira de a empresa realizar promoções e com o tempo de espera pela promoção.

Os constructos apresentados e suas respectivas variáveis permitem apresentar o modelo teórico seguinte que embasa esta pesquisa.

Liderança Transformacional Comunicação Satisfação Liderança Laissez-Faire Liderança Transacional Desempenho H1 H3 H2 H4 H6 H5 H8 H7 H9 H10 H11

Figura 1 – Modelo teórico Fonte: Dados da pesquisa

São hipóteses deste trabalho:

Hipótese 1: A Liderança Transformacional influencia positivamente a Satisfação dos

liderados no e com o seu trabalho.

A Liderança Transformacional advém quando líder e seguidores aumentam a motivação um do outro. Segundo Burns (1978), um líder transformador é aquele capaz de aumentar o nível de consciência dos seguidores em relação à importância e ao valor dos resultados instituídos e os meios para alcançá-los. Esse nível de consciência parece fundamental para potencializar os níveis de motivação, por auxiliar na construção de sentido que o trabalhador vê no trabalho que realiza. Siqueira (2008) assevera que estudiosos defendiam a noção de ser a Satisfação no trabalho um componente da motivação que levava trabalhadores a apresentarem

indicadores de comportamento de trabalho importantes para os interesses empresariais.

Hipótese 2: A Liderança Transacional influencia positivamente a Satisfação dos

liderados no e com o seu trabalho.

A Liderança Transacional envolve uma transação entre líder e seguidores, na qual o primeiro fornece recompensa ao segundo, em troca do cumprimento de metas. Segundo Gill (2006), a Liderança Transacional reflete o que ou como as pessoas são, considerando suas necessidades existentes, desejos e preferências.

De acordo com Bass e Bass (2008), a Liderança Transacional se sustenta a partir da direção do líder ou da discussão mútua com os seguidores sobre os requisitos para se alcançar os objetivos desejados. O alcance dos objetivos trará Satisfação psicológica ou materialmente gratificante; por outro lado, a insuficiência no Desempenho resultará em decepção, desculpas, insatisfação e punição também psicológica ou material. Enfim, se a transação ocorre e as necessidades de líder e seguidores são cumpridas e se o líder tem o poder formal ou informal para fazê-lo, ele reforça o Desempenho bem-sucedido.

De acordo com Siqueira (2008), investigar a Satisfação no trabalho significa mensurar o quanto os retornos oferecidos pela empresa na forma de salário e promoção, o quanto o relacionamento com os colegas e chefias e o quanto a efetivação das atividades propiciam ao colaborador sentimentos de gratificação e prazer.

Hipótese 3: A Liderança Laissez-Faire influencia positivamente a Satisfação dos

liderados no e com o seu trabalho.

Segundo Bass (1985), o estilo Laissez-Faire abdica de responsabilidades, evita tomar decisões e se abstém da sua Liderança. É definido pelos pesquisadores como o estilo mais inativo e ineficiente. Decisões necessárias não são tomadas. Ações são prorrogadas. Responsabilidade e autoridade não são utilizadas.

Ao se considerar os aspectos de inatividade e ineficiência ressaltados, pode-se inferir que se trata de um estilo potencialmente capaz tanto de satisfazer a equipe na medida em que a deixa funcionar livremente quanto de minar seus níveis de Satisfação, uma vez que pode deixá-la carente do direcionamento necessário para ampliar seus níveis de consciência sobre a importância dos resultados (Liderança Transformacional) e, também, pela troca (Liderança Transacional) que propicia na construção de rumos para o alcance dos objetivos organizacionais.

Hipótese 4: A Liderança Transformacional influencia positivamente o Desempenho

dos liderados.

Na visão de Bass e Bass (2008), a Liderança Transformacional eleva o grau de maturidade do seguidor, seus ideais e suas preocupações com o bem-estar dos outros, da organização e da sociedade.

Purvanova, Bono e Dzieweczynski (2006) citam que, de fato, vários pesquisadores, incluindo Podsakoff, Mackenzie e Bommer (1996), têm sustentado que, embora os efeitos da Liderança Transformacional no Desempenho de tarefas sejam importantes, os efeitos da Liderança Transformacional sobre comportamentos extrapapel (aqueles que vão além das tarefas formalmente descritas) poderiam ser ainda mais significativos. Para esses autores, isso é compatível com a assertiva de Bass e Avolio (1995) de que a Liderança Transformacional é sobre a realização de "Desempenho além das expectativas".

Hipótese 5: A Liderança Transacional influencia positivamente o Desempenho dos

liderados.

Como já mencionado, a Liderança Transacional enfatiza a troca que ocorre entre um líder e seus seguidores. Nessa perspectiva, essa troca envolve direção do líder ou discussão mútua com os seguidores sobre os requisitos para se alcançar os objetivos desejados. Alcançando os objetivos, será psicológica ou materialmente gratificante; por outro lado, insuficiência no Desempenho trará decepção, desculpas, insatisfação e punição também psicológica ou material. Se a transação ocorre e as necessidades de líder e seguidores são cumpridas e se o líder tem o poder formal ou informal para fazê-lo, ele reforça o Desempenho bem-sucedido (BASS; BASS, 2008).

Hipótese 6: A Liderança Laissez-Faire influencia positivamente o Desempenho dos

liderados.

O líder não interfere até que o problema se torne grave. Ele espera para tomar uma ação até que os erros chamem a sua atenção, evitando mudanças desnecessárias (BASS; BASS, 2008). Nessa perspectiva, entende-se que a equipe se sente mais livre e com autonomia para alcançar os resultados esperados e isso tende a impactar positivamente o Desempenho.

Hipótese 7: A Liderança Transformacional influencia positivamente a Comunicação

com os liderados.

Holladay e Coombs (1994) destacam que líderes transformacionais se comunicam de maneira eloquente e com linguagem expressiva e entusiasmada. Esses são distinguidos por elementos que tendem a potencializar os níveis de qualidade nas relações empresariais e da Comunicação como um todo, porque correm riscos, articulam metas, elevam expectativas, dão ênfase na identidade coletiva, melhoram a autoafirmação e disseminam a visão da organização (EHRHART; KLEIN, 2001

Hipótese 8: A Liderança Transacional influencia positivamente a Comunicação com

os liderados.

Fazem parte do estilo de Liderança Transacional os comportamentos de recompensa contingente e o gerenciamento por exceção ativa. A recompensa contingente envolve a designação de tarefas e o acordo sobre o que precisa ser feito com o estabelecimento de recompensas em troca de um Desempenho satisfatório. No gerenciamento por exceção ativa, o líder monitora os desvios padrão e erros dos subordinados, para tomar medidas corretivas, se necessário. Segundo Bass e Riggio (2006), a recompensa contingente pode ser Transacional se for material, como um bônus, mas Transformacional se a recompensa for psicológica, como um elogio. A recompensa contingente na sua dimensão Transacional, por envolver trocas materiais e o atendimento de expectativas previamente acordadas, tende a fortalecer a relação de confiança no que foi combinado, que, por sua vez, pode fortalecer o fluxo da Comunicação.

Hipótese 9: A Liderança Laissez-Faire influencia positivamente a Comunicação com

os liderados.

O fator Laissez-Faire caracteriza-se pela ausência de qualquer transação, pela ausência de Liderança, em que o comportamento do líder é caracterizado por abdicar de responsabilidades e por evitar a tomada de decisão (BASS; BASS, 2008). Nessa perspectiva, pode-se fazer surgir um ambiente em que a equipe se fortaleça em termos de iniciativa e de assumir responsabilidades, o que tende a ser feito a partir de um processo de Comunicação baseado na confiança e na coesão de um grupo unido por um propósito único.

Hipótese 10: A Comunicação influencia positivamente a Satisfação dos liderados.

A Comunicação organizacional necessita ser entendida, de maneira integral, como elemento que atravessa todas as ações de uma empresa ou organização e que configura, de forma permanente, a construção de sua cultura e identidade. Cada vez mais, torna-se claro como os processos de Comunicação contribuem para desenvolver formas de inter-relação mais participativas e, portanto, mais comprometidas, dando maior flexibilidade às organizações como base de sua permanente transformação e facilitando sua interação social de modo responsável para conjugar seus interesses com as condições culturais, econômicas e políticas nas quais se movem (CARDOSO; 2006). Esse processo de influenciação da Comunicação na interação social parece ser elemento de otimização dos níveis de Satisfação das equipes.

Hipótese 11: O Desempenho influencia positivamente a Satisfação dos liderados.

De acordo com Shea (1999), os estudos de Howell e Frost (1989), ao sugerirem que um grupo de indivíduos trabalhasse por determinado período de tempo sob a Liderança de um ator treinado para exibir comportamentos de Liderança carismática, demonstraram que pessoas lideradas a partir do estilo carismático de Liderança tendem a obter maiores Desempenhos qualitativo e quantitativo de tarefa, além de maior Satisfação do trabalho e menor conflito e ambiguidade de papel, em comparação aos indivíduos que trabalham sob outro estilo de Liderança. Parece ser possível dizer que, para além de um ou outro estilo de Liderança que se faça determinante para o grau de bem-estar de uma equipe em um dado contexto de trabalho, o aspecto relacionado com Desempenho é um importante mobilizador dos níveis de Satisfação dos liderados.

Os estudos de Lawler e Porter (1978), citados anteriormente, demonstraram que é o Desempenho que tem maior influência na Satisfação do que o contrário. Seus consistentes achados de pesquisas mostraram que é o Desempenho o fator que mais satisfaz as pessoas. As maiores fontes de realização são as oriundas das recompensas intrínsecas obtidas via gratificação intrínseca de se fazer um bom trabalho e obter resultados, do que as denominadas recompensas, extrínsecas atribuídas pelo sistema organizacional.

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