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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.4. MODELOS CONCEITUAIS DE AVALIAÇÃO DA QVT

Desde que foi considerado um aspecto indispensável à garantia da satisfação dos trabalhadores, com impactos na produtividade e na relação do trabalhador com sua atividade laboral, inúmeros modelos foram sendo criados a fim de qualificar, quantificar e direcionar as avaliações acerca da QVT nas organizações. Para Paiva e Couto (2008), a QVT evoluiu conceitualmente por meio de pesquisas e intervenções, procurando avaliar o nível de satisfação do indivíduo em relação ao seu trabalho e à saúde mental.

Freitas e Souza (2009) descrevem alguns dos modelos desenvolvidos com o intuito de identificar os aspectos que influenciam na QVT e avaliam que, embora os indicadores de QVT variem de acordo com a época a ser considerada, muitos desses

Rita Sirley Souto Barcelos 33 modelos permanecem atuais e úteis aos estudos, principalmente os exploratórios. Os mesmos autores ressaltam, entretanto, que em situações muito específicas, outras dimensões podem ser incorporadas ao modelo original.

Dentre os modelos utilizados para diagnóstico da QVT mais citados na literatura, destacam-se os de Walton (1973); Hackman e Oldham (1975); Westley (1979) e Werther e Davis (1983). Fernandes (1996) avalia que os principais modelos conceituais existentes são os de Nadler e Lawler (1983), Hackman e Oldhan (1975) e Walton (1973). Apesar das aparentes discordâncias, é importante salientar que a escolha da abordagem a ser utilizada dependerá da cultura organizacional em questão (Kanikadan & Limongi-França, 2007), dos objetivos que se quer alcançar (Paiva & Couto, 2008), do contexto atual da organização, dentre outros critérios.

3.4.1. Modelo conceitual de investigação

Após a análise da literatura disponível, definiu-se que, para o desenvolvimento desta investigação, seria adotado o modelo conceitual de investigação apresentado por Fernandes (1996), que considera que, se é essencial avaliação do nível de satisfação dos empregados de uma organização, há a necessidade de uma tecnologia comportamental apropriada. Dessa forma, a autora apresenta o modelo da Auditoria Operacional de

Recursos Humanos5, calcada em um modelo analítico de investigação, que busca dar

conta de uma das grandes dificuldades das organizações, que é o levantamento da percepção dos funcionários sobre a própria QVT. Fernandes (1996) justifica que:

Conhecer a percepção dos empregados sobre aspectos organizacionais, ambientais e comportamentais relativos à sua situação de trabalho, através de técnicas confiáveis e científicas, permite o monitoramento de melhorias contínuas, assim como se procede em termos dos programas de Qualidade Total (p. 16).

No intuito de também contribuir para a continuidade das pesquisas no âmbito da avaliação da QVT, Freitas e Souza (2009) propõem um modelo próprio, direcionado à avaliação da QVT em Instituições de Ensino Superior, segundo à percepção dos funcionários técnico-administrativos, buscando incorporar simultaneamente as diversas

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Rita Sirley Souto Barcelos 34 dimensões abordadas em outros modelos relevantes para o contexto específico. Diante dos objetivos do estudo que se propõe tal modelo, também mereceu uma análise cuidadosa, servindo de base para a construção do instrumento de coleta de dados para a pesquisa realizada.

Partindo-se do princípio de que é o próprio sujeito quem melhor pode comunicar sobre o nível de QVT que experimenta avaliar suas condições de trabalho, bem como levantar suas demandas para que possa melhorar seu desempenho laboral, essa metodologia se volta para as valiosas informações que estão disponíveis a todas as organizações, de forma, às vezes, evidente, outras vezes, latente.

Seguindo uma revisão da literatura, com base nos diversos indicadores relacionados à QVT, apresentados nos diferentes modelos de avaliação analisados, (especialmente Maslow, 1954; Herzberg, 1968; Walton, 1973; Westley, 1979; Werther & Davis, 1983 e Hackman & Oldham, 1975), Fernandes (1996, p. 86), estrutura a Auditoria Operacional de Recursos Humanos a partir das seguintes dimensões:

1. Análise pessoal sobre a QVT: objetiva detectar a percepção do funcionário sobre sua QVT, em termos gerais.

2. Condições de trabalho: explora o nível de satisfação do funcionário com as condições ambientais físicas em que os trabalhadores executam suas funções, abrangendo os seguintes itens: limpeza, arrumação e segurança.

3. Saúde: busca verificar a satisfação dos empregados quanto as ações da empresa no que se refere à saúde, em termos preventivos e curativos. Como itens

investigados, estão: assistência a funcionários, assistência familiar,

educação/conscientização e saúde ocupacional.

4. Moral: constata a efetividade das ações gerenciais referentes a aspectos psicossociais que se refletem na motivação e moral do profissional, tais como:

identidade na execução da tarefa, reações interpessoais,

reconhecimento/feedback, orientação para pessoas e garantia de emprego.

5. Compensação: identifica o grau de satisfação dos funcionários em relação a práticas de trabalho e política de remuneração, incluindo: salários (equidade interna e externa), salário variável (bônus, participação nos resultados), benefícios oferecidos, inclusive em relação a outras empresas.

6. Participação: analisa a percepção do entrevistado em termos de aceitação e engajamento nas ações realizadas, no sentido de gerar condições indispensáveis a sua participação efetiva, incentivadas a partir de oportunidade relacionadas a:

Rita Sirley Souto Barcelos 35 criatividade, expressão pessoal, repercussão de ideias dadas, programas de participação e capacitação para o posto.

7. Comunicação: avalia a eficácia das comunicações internas, em todos os níveis, verificando-se o nível de informação sobre aspectos que lhe dizem respeito, tais como: conhecimento de metas, fluxo de informações, notícias em veículos formais (jornais, revistas, entre outros.).

8. Imagem da Empresa: considera a percepção dos colaboradores em vista dos seguintes itens: identificação com a empresa, imagem interna, imagem externa, responsabilidade comunitária, enfoque no cliente.

9. Relação Chefe-subordinado: identifica a relação entre os níveis hierárquicos a partir dos seguintes itens: apoio socioemocional, orientação técnica, igualdade de tratamento, gerenciamento pelo exemplo.

10. Organização do trabalho: avalia a percepção dos funcionários sobre as novas formas de trabalho, considerando-se os seguintes itens:

inovações/métodos/processos, grupos de trabalho, variedade de tarefas, ritmo de trabalho.

Tais dimensões dão origem a itens de avaliação, reunidos em um instrumento de coleta de dados também sugerido pela autora. O nível de satisfação dos entrevistados em relação aos critérios selecionados é avaliado a partir de uma escala polarizada de satisfação referente aos seguintes níveis:

1. Bastante insatisfeito 2. Insatisfeito 3. Levemente insatisfeito 4. Neutro 5. Levemente satisfeito 6. Satisfeito 7. Bastante satisfeito

Na análise dos dados, considera-se que os intervalos entre esses níveis são equidistantes. Nesse modelo, sugere-se que os dados sejam coletados através do método de entrevistas face-a-face em profundidade. Indica-se, ainda, um espaço para observações de dados de natureza qualitativa, apresentados pelo entrevistado, tais como depoimentos, opiniões e sugestões específicas sobre a temática pesquisada.

Para a utilização deste modelo em pesquisas e avaliações organizacionais, a autora ressalta que o mesmo deve ser adaptado às peculiaridades e aos objetivos da

Rita Sirley Souto Barcelos 36 tarefa. A partir dos resultados, são levantadas as tendências de satisfação dos entrevistados.

Através da utilização desse modelo de referência, busca-se o levantamento da percepção dos servidores acerca dos fatores intervenientes no nível de satisfação em relação às condições e a organização do trabalho na instituição selecionada.

Considerou-se que, através da utilização desse atual e consagrado modelo de aferição de QVT, os objetivos do presente trabalho puderam ser alcançados no que compete à aferição dos níveis de satisfação e motivação, bem como às relações entre as variáveis observadas.

Após o aprofundamento na definição e fundamentação sobre a QVT, no próximo capítulo, descreveremos a metodologia utilizada na pesquisa, detalhando o tipo de estudo, questões e hipótese da investigação, instrumentos de medida utilizados, as variáveis, as etapas do desenvolvimento da pesquisa, a aplicação e tratamento estatístico, enfim, vamos detalhar os procedimentos metodológicos utilizados em toda a investigação.

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CAPÍTULO IV

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