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MODELOS DE EAD EXISTENTES E OS MAIS UTILIZADOS

Na história da educação a distância, muitos modelos foram adotados, iniciando pela

aprendizagem por correspondência, que é o modelo mais antigo, praticamente não utilizado

mais, principalmente de forma isolada. A correspondência foi substituída pelo e-mail e pelos mensageiros instantâneos. No entanto, o ensino por correspondência, segundo Palhares (2009), foi um meio bastante utilizado até meados dos anos 90. Hoje, a correspondência é mais utilizada no ensino para envio de material didático, complementando as aulas a distância, via internet.

As experiências de educação via rádio, entre os anos 60 e 70, tinham caráter instrucional, com oferta de cursos destinados à alfabetização de adultos, supletivo, bem como para capacitar as pessoas no campo profissional. Conforme Bianco (2009), o rádio é ainda um meio adequado para a educação a distância, desde que não seja utilizado apenas para transmitir conteúdos formais. Destaca que, “pelo paradigma vigente, o meio torna-se um espaço de aprendizagem aberta para a produção de conhecimentos sobre temas ligados à cidadania, educação, cultura, meio ambiente, saúde e empreendedorismo” (p. 63).

Valente (2009) discute outro modelo de aprendizagem a distância que se refere à

aprendizagem por computador sem ligação à rede, isto é, através de CD-ROM. Nesse

modelo, o aluno obtém a informação através de textos, imagens, gráficos, animações, vídeos, sons, porém essa forma de ensino e aprendizagem isolada está centrada na transmissão do conhecimento, uma vez que não ocorre a interação entre professor-aluno e alunos-alunos. Esclarece que o CD-ROM combinado com outros recursos, como material impresso e atividades online, é o mais usual na maioria dos cursos de EaD, pois, de acordo com Valente (2009, p. 70), “[...] do ponto de vista educacional, é impraticável pensarmos que tudo o que uma pessoa deve saber tenha de ser construído de maneira individual, sem o auxílio dos outros”. Dessa maneira, o autor explica que o sujeito pode construir conhecimento de forma individual, porém essa construção vai até determinado ponto.

Na aprendizagem por e-learning, ou seja, via internet, através de Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA –, o processo de construção de conhecimento ocorre através do uso de diversos recursos e ferramentas que os AVAs oferecem, como: biblioteca, fórum de discussões, chat, páginas de texto web, atividades, wikis (texto colaborativo), diário, dentre outros, além da interação entre os participantes e o trabalho coletivo e colaborativo. Os ambientes virtuais oferecem recursos síncronos (como o chat, por exemplo) e recursos assíncronos (como o fórum).

Para Teles (2009), no modelo por e-learning, as noções de espaço e tempo se modificam: o acesso pode ser feito de qualquer lugar e o tempo é expandido a qualquer horário e dia. O planejamento adequado e a mediação do professor são fundamentais no processo de aprendizagem dos alunos.

Bulcão (2009) aborda a aprendizagem por m-learning, ou mobile-learning, que significa aprendizagem móvel ou em movimento, através da utilização de telefones celulares, pequenos computadores pessoais, como netbooks e também laptops em rede sem fio. Isso teve início a partir de uma política para unificar sistemas de ensino, a fim de proporcionar a mobilidade dos trabalhadores europeus. Muitos projetos em e-learning estão sendo implementados, complementando o ensino presencial ou como um recurso a mais na EaD, principalmente, para os alunos que estão em deslocamento contínuo e que querem aproveitar o tempo/espaço para aprender.

Já a aprendizagem por videoconferência nasceu como uma ferramenta de comunicação utilizada, inicialmente, no meio empresarial, para possibilitar reuniões de negócios. Nos últimos anos, passou a ser empregada com finalidade educativa, pois, dentre as mídias usadas na EaD, essa, de acordo com Cruz (2009, p. 87), é a que está mais próxima do presencial,

[...] ao permitir que participantes situados em dois ou mais lugares geograficamente distantes possam realizar uma reunião síncrona com imagem e som, por meio de câmeras, microfones e periféricos, como CD-ROM, vídeo e computador como base para apresentações em slides, internet etc.

A autora explica que esse recurso apresenta algumas limitações técnicas, assim como recursos didáticos, maneiras de interação, questões logísticas e afetivas que diferem da aula presencial, os quais os professores devem conhecer para melhor ensinar. A aula por videoconferência pode ocorrer de duas formas distintas:

a) aula mista: todos se reúnem na mesma sala e comunicam-se com pessoas que estão em outro local.

b) estúdio ou desktop: o professor ministra a aula sozinho, através de seu computador ou de um estúdio, para alunos que estão distantes em outras salas ou em seus computadores. Há a necessidade de câmera e microfone para ambos.

Nas salas de videoconferência, geralmente, há técnicos que assessoram durante as aulas. O tipo mais comum de videoconferência é o chamado ponto a ponto, ou seja, que liga duas salas. As pessoas de uma sala enxergam as de outra e podem se comunicar. Já a videoconferência multiponto “[...] permite realizar uma reunião com um grande número de salas interligadas” (CRUZ, 2009, p. 88). A imagem e a fala da pessoa são enviadas para todas as salas, no entanto, a pessoa que fala na videoconferência multiponto não consegue enxergar todas as salas ao mesmo tempo. Por isso, há necessidade de interagir de forma dinâmica, o que requer um planejamento feito com antecedência e com variados recursos, explorando as possibilidades pedagógicas da EaD, pois, muitas vezes, o professor precisa se utilizar de materiais como slides, por exemplo, para explicar determinado conteúdo.

A autora destaca que “[...] os problemas normalmente relacionados à comunicação na EaD, como solidão, sentimento de abandono, falta de contato social com os pares ou ausência de contato direto com o professor, não podem ser aplicados ao estudo por videoconferência” (CRUZ, 2009, p. 89). Explica, ainda, que, da mesma forma, a questão da afetividade e da linguagem corporal estão mais presentes nesse modelo do que nas aulas não audiovisuais e assíncronas.

Moran (2009) traz contribuições ao assunto abordado, salientando que existem dois modelos de EaD mais utilizados no Brasil. O primeiro é o modelo chamado tele/vídeoaula, que é o modelo mais tradicional, no qual o professor é visto pelos alunos ao vivo – teleaula (transmissão via satélite em salas nos polos) ou através de aula gravada – vídeoaula, produzida em estúdio e assistida pelos alunos individualmente ou reunidos em uma sala. Também são lançadas propostas de leituras e atividades presenciais e virtuais. A vídeoaula é composta de dois modelos: um semipresencial e outro online. No semipresencial, o aluno vai uma ou mais vezes por semana até o polo assistir aos vídeos, esclarecer dúvidas e realizar atividades relacionadas ao conteúdo com um professor responsável. No modelo online, os alunos acessam os vídeos através da internet, os quais estão disponibilizados em um ambiente virtual de aprendizagem, ou assistem através de CD ou DVD enviados pela instituição de ensino. Além disso, realizam atividades que são entregues a um tutor online.

O segundo modelo é denominado, de acordo com Moran (2009), de modelo WEB, em que o professor se comunica através de materiais impressos e digitais, elaborados com uma linguagem dialogada, com tutoria ou monitoria presencial e virtual, nos polos de apoio. É

utilizado um ambiente virtual de aprendizagem que passa a ser a “sala de aula”. Também é possível a utilização de “[...] web-conferência para alguns momentos de interação presencial com os alunos, para orientações, dúvidas e manutenção de vínculos afetivos” (p. 287).

No processo educativo via Web, também existem dois modelos mais utilizados: o virtual, em que os alunos se encontram presencialmente apenas para avaliações e os processos de ensino e aprendizagem ocorrem a distância pela internet, e o semipresencial, em que os alunos possuem atividades presenciais, além das virtuais, a serem realizadas nos polos de apoio.

Com base nos modelos apresentados, podemos dizer, conforme afirma Valente (2009), que a combinação de diferentes modelos de EaD e meios tecnológicos possibilita processos de ensino e aprendizagem com mais qualidade, na medida em que oferece distintos recursos e condições, para que os alunos possam construir conhecimentos. Entretanto, é necessário que os professores estejam cientes do que significa construir conhecimentos e disponham de tempo para interagir com seus alunos. Não existe uma tecnologia certa ou errada para a EaD, cada uma possui suas potencialidades e limitações, por isso, é essencial, na visão de Moore e Kearsley (2008), a combinação de mídias, buscando atender aos objetivos do curso, do planejamento e às necessidades dos alunos. Além disso, o professor deve atuar como mediador, orientador e contextualizador das questões dos alunos.

A partir do histórico e dos modelos de EaD, cabe recordar, de forma breve, os atos normativos que balizam a educação a distância.