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Fundamentação teórica

3.5.1 Modelos de gestão do conhecimento

Assim como existem muitas definições para a GC, na literatura é possível também encontrar uma diversidade de modelos de processos de GC. A seguir quatro destes modelos serão apresentados.

Terra (2001) propõe um modelo em que a gestão do conhecimento é entendida a partir de sete dimensões da prática gerencial, conforme exibido na figura 11.

Figura 11(3) - Modelo conceitual sobre gestão do conhecimento na empresa Fonte: adaptado de Terra (2001).

Posteriormente, Kruglianskas e Terra (2004) interpretaram cada uma das sete dimensões do modelo para um contexto de pequenas e médias empresas:

• Visão e estratégia da alta gerência. A alta administração desempenha papel fundamental na definição dos conhecimentos a serem focalizados, na clarificação da estratégia empresarial e na definição de metas;

• Cultura organizacional. O desenvolvimento de cultura organizacional que seja voltada à inovação, à experimentação, ao aprendizado contínuo e à obtenção de resultados no longo prazo;

• Estruturas organizacionais. Novas estruturas organizacionais em grande medida baseadas no trabalho de equipes multidisciplinares com alto grau de autonomia e o desenvolvimento de processos específicos que facilitem a geração, organização, disseminação e reutilização de conhecimentos organizacionais;

• Políticas de recursos humanos. Práticas e políticas de recursos humanos associadas à aquisição de conhecimentos, à geração, à difusão e ao armazenamento de conhecimentos na empresa. Tais políticas e práticas devem contribuir para atração e retenção de pessoas que venham contribuir para o compartilhamento de conhecimento na empresa;

• Sistemas de informação e comunicação. Adoção de ferramentas de comunicação e sistemas de informação que afetem os processos de geração, compartilhamento e armazenamento de conhecimento nas organizações; • Mensuração de resultados. Compreensão mais apurada de onde reside de

fato o valor da empresa. O uso de indicadores relacionados à valorização do capital intelectual da empresa (sob várias perspectivas) e comunicação por toda organização tornaram-se mais do que necessários;

• Aprendizado com o ambiente. Engajamento da empresa em processos de aprendizado constante com o ambiente. As fontes mais comuns de conhecimento externo são: universidades, institutos de pesquisa, governo, clientes e parceiros.

Probst, Raub e Romhardt (2002) sugerem um modelo, visto na figura 12, para o estudo dos processos essenciais presentes à gestão do conhecimento organizacional. Seriam eles:

• Identificação do conhecimento. Diz respeito ao processo de analisar e descrever o ambiente de conhecimento da empresa, assegurando transparência interna e externa suficiente e auxiliando os funcionários localizarem o que precisam;

• Aquisição de conhecimento. Através de relações com clientes, fornecedores, concorrentes e parceiros, as empresas importam uma parte do seu conhecimento de fontes externas;

• Desenvolvimento do conhecimento. Complementando a aquisição do conhecimento, o desenvolvimento focaliza a geração de novas habilidades, novos produtos, idéias melhores e processos mais eficientes;

• Compartilhamento e distribuição do conhecimento. Condição prévia importante para transformar informações ou experiências isoladas em algo que todos na organização possam utilizar. Por meio da distribuição do

conhecimento é possível compartilhar e disseminar conhecimento já existente na organização;

• Utilização do conhecimento. Consiste no esforço de assegurar que o conhecimento presente em uma organização seja aplicado produtivamente nas atividades diárias da empresa;

• Retenção de conhecimento. Consiste em estruturar cuidadosamente o conhecimento que tenha valor potencial no futuro, evitando a sua perda da memória organizacional.

Figura 12(3) – Processos essenciais na gestão do conhecimento Fonte: adaptado de Probst, Raub e Romhardt (2002) e Dornelas (2003).

No modelo de Davenport e Prusak (1998b) existem quatro grandes etapas para o processo de gestão do conhecimento:

• Geração. Nesta etapa, o conhecimento é gerado de forma consciente e intencional por parte das pessoas, assumindo cinco formas: aquisição, recursos dirigidos, fusão, adaptação e rede de conhecimento;

• Codificação e coordenação. O conhecimento é codificado e apresentado de uma forma que o torne acessível, inteligível, portátil e organizado às pessoas que necessitem do mesmo. A maior dificuldade encontrada nesta etapa consiste em codificar e coordenar os conhecimentos tácitos, chegando-se na parte dos casos à facilitação de transferência do conhecimento;

• Transferência. Esta etapa acontece com o uso adequado de ferramentas de tecnologia da informação. A importância de se definir o tipo de conhecimento que se quer transferir permite direcionar o melhor método a ser utilizado; Aquisição Desenvolvimento Retenção Utilização Identificação Compartilhamento

• Utilização. O conhecimento transferido apresenta valor para a empresa quando ele for utilizado para provocar algum tipo de mudança, quer no comportamento das pessoas, quer no desenvolvimento de alguma idéia que possa ser utilizada.

Bukowitz e Williams (2002), na tentativa de possibilitar um maior entendimento à problemática do processo de GC, buscaram mapear caminhos, técnicas e ferramentas que pudessem facilitar este processo. A estruturação do processo de GC proposto pelas autoras tem por base dois cursos:

• A utilização do conhecimento no dia-a-dia para responder às demandas ou às oportunidades do mercado, chamado de processo tático, o qual abarca quatro passos básicos: obter, utilizar, aprender e contribuir;

• O processo estratégico de mais longo prazo, o qual combina o elemento intelectual com as exigências estratégicas. Este processo engloba os seguintes passos: avaliação, construção e manutenção e descarte.

Para cada um dos processos, quer tático, quer estratégico, há ferramentas diferenciadas para a implementação.

A etapa obtenha o conhecimento destaca que as empresas devem utilizar mecanismos eletrônicos, principalmente sistemas de informação, para depurar, a partir de uma infinidade de dados, as informações, bem como os conhecimentos que sejam efetivamente indispensáveis às suas necessidades.

A etapa use tem como tema central a inovação, principalmente quanto à forma com que as empresas podem criar soluções mais inovadoras a partir de sua base de informação e conhecimento. Ressalta-se que cabe à organização garantir aos seus funcionários os instrumentos que venham a capacitar a geração de criatividade inovadora.

Já a etapa aprenda, pode ser considerada como um grande desafio para as organizações, devido às dificuldades encontradas em buscar integrar o processo de aprendizagem à maneira como as pessoas trabalham. Além disso, há a necessidade de mudar a cultura do curto prazo, muitas vezes já instalada nas empresas, por um padrão de reflexão que tenha potencial de retorno no longo prazo.

A seguir, na etapa contribua, a organização pode e deve transferir as melhores práticas de forma a facilitar a contribuição por parte de seus funcionários. Esta fase

pode ser considerada crítica devido ao consumo de tempo e a ameaça à viabilidade individual de cada funcionário. No intento de minimizar estes problemas, a empresa precisa criar uma estrutura organizacional de GC, convencendo os seus funcionários de que contribuir proporciona retorno para todos na organização.

Em nível estratégico, o processo de GC tem início com a etapa avalie, constituindo a entrada na avaliação contínua do capital intelectual e exigindo da organização uma definição do conhecimento necessário, diferente daquele que já se possui.

A etapa construa e mantenha tem como objetivo assegurar que o capital intelectual futuro manterá a organização viável e competitiva, exigindo uma nova visão sobre o que a empresa quer gerenciar. Os relacionamentos junto aos funcionários, clientes, fornecedores, sociedade e concorrência, parecem constituir uma sólida base para tal desafio, proporcionando um estilo mais facilitador que chega a destacar a gestão do ambiente.

Por último, a etapa do descarte, ressalta a necessidade de as empresas tentarem se desapegar dos seus ativos físicos e de seus conhecimentos quando eles já não agreguem mais valor.

Em qualquer da condições expostas em qualquer um dos modelos, percebe-se a importância do uso da TI. Discutir-se-á, então, o uso da TI em GC.

3.5.2 Tecnologias da informação para a gestão do conhecimento