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burocrático Econômico-financeiro Integrativo-Participativo Forma de

planejamento

Setorial e isolada Setorial, mas inserido no contexto da bacia hidrográfica Múltiplo e inserido no contexto da bacia hidrográfica Conflitos Intra e

intersetoriais Intersetoriais Processados endogenamente

Decisões Centralizadas Centralizadas Descentralizadas

Ator decisivo Poder executivo

federal Poder executivo federal União, Estados e sociedade civil Forma de utilização Exploração Exploração Conservação e preservação

Visão de uso Econômico Econômico Econômico e ecológico

Instrum. de planej. Segmentados Segmentados Integrados

Concepção do

gerenciam. Disciplinar Disciplinar Multi e interdisciplinar Mecanismos de

intermediação deinteresses

Excludentes e seletivos

Excludentes e seletivos Includentes e universalistas

Horizontes temporais Curto prazo Médio prazo Longo prazo

Fonte: Vellsoso e Mendes (2009, p.10.)

Por esse quadro a gestão dos recursos hídricos pode ser feito de forma isolada e setorializada (modelo setorial-burocrático), cujas decisões são centralizadas, sendo o ator decisivo o próprio poder executivo federal. A visão de uso no modelo setorial é apenas econômico, privilegiando assim apenas uma das dimensões da sustentabilidade do desenvolvimento territorial. Os instrumentos de planejamento são segmentados, já que são feitos de formas setoriais e o horizonte temporal é de curto prazo.

Já a gestão de recursos hídricos do modelo econômico-financeiro não diferencia muito do setorial, apenas a forma de planejamento apesar de ser setorializada ela está inserida num recorte espacial, a Bacia Hidrográfica.

Por fim, o terceiro modelo de gestão dos recursos hídricos é uma nova forma de conceber o planejamento, esse modelo acaba se tornando uma resposta aos desafios postos para os dois modelos expostos e que não conseguiram solucionar. O Planejamento na gestão integrativa se dá de forma múltipla e inserida no contexto da bacia hidrográfica. As decisões a serem tomadas são de forma descentralizadas, necessitando assim do envolvimento de um maior número de atores sociais representados pelos governos federais, estaduais, municipais, sociedade civil organizada, ONG`s, dentre outros. A visão de uso vai além do econômico, observando também as questões ligadas ao social, ao ambiental e ao institucional. Para tanto, os

40 instrumento de planejamento tem que ser de formas integradas e a concepção de gerenciamento se dá na forma da multi ou interdisciplinaridade. O seu horizonte temporal é de longo prazo.

Para Velloso e Mendes (2009), as características formais desses três modelos de gestão podem influenciar no processo de produção e reprodução de políticas públicas para uma determinada região, daí a necessidade de discuti-los através dos projetos hídricos para o sertão paraibano, reflexo dos modelos de gestão de recursos hídricos adotados pelo governo, na figura de um ator chave que foi o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS).

A primeira grande obra contra a seca promovida na região da bacia do Piancó- Piranhas-Açu foi a barragem Engenheiro Ávidos, que barra o rio Piranhas e está localizada no município de Cajazeiras, no estado da Paraíba. Tal obra, de acordo com o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), “tem como finalidade a irrigação de 5.000 ha de terras a jusante da barragem, o controle das cheias do rio Piranhas e a piscicultura”.

Os seus estudos foram iniciados na década de 20 do século passado e a sua construção foi iniciada em 1932 pelo engenheiro Moacir Ávidos e concluída em 1936 pelo engenheiro Silvio Aderne, ambos da antiga Inspetoria Federal de Obras Contras as Secas – IFOCS, hoje DNOCS.

A Barragem Engenheiro Ávidos possui uma capacidade de armazenamento de 255.000.000 m³ de água, atualmente, segundo dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA), o açude possui 11,83% de sua capacidade, com 30.165.000 m³ (AESA, jan. de 2014).

A segunda grande obra realizada pelo governo federal para o combate a seca na região da bacia do Piancó-Piranhas-Açu foi o Sistema Coremas-Mãe D`Água, cujo início da construção das barragens com o mesmo nome datam de 1939, através da instalação do laboratório de solos e estudos geotécnicos das jazidas. Em 1942 as obras foram totalmente concluídas.

O Sistema Coremas-Mãe D`Água é formado pela junção das águas dos dois açudes acima citado e localiza-se no Município de Piancó, estado da Paraíba. Dista cerca de 400 km de João Pessoa. O açude de Coremas tem uma capacidade de 720.000.000 m³, quanto o açude de Mãe D`Água de 638.000.000 m³ de acordo com os dados do (DNOCS), perfazendo um total de 1.358.000.000 m³, a maior do estado da

41 Paraíba. Atualmente o seu volume é de 393.280.000 m³, correspondendo a 28,96 % de sua capacidade (AESA, out. de 2012).

A bacia de captação do sistema mede cerca 8.000 km2 e é formada pelos rios Piancó e Aguiar. Ainda de acordo com o DNOCS, o conjunto Coremas-Mãe D`Água “justifica-se simplesmente como obra regularizadora do rio Açu, indispensável ao estabelecimento das obras de irrigação no baixo vale”.

Esse feito de regularização do rio Açu se dá pelo fato da perenização do rio Piancó, obtida mediante certa descarga, mais ou menos constante no Coremas, que fez surgir o aproveitamento total ou parcial do potencial hídrico da região do Médio Piranhas. Um determinado volume foi desviado para as várzeas de Souza, completando dessa forma as possibilidades de irrigação do sistema do Alto Piranhas. (DNOCS)

Na mesma região da obra da Barragem Engenheiro Ávidos no município de Cajazeiras, existe outra infra-estrutura hídrica, a Lagoa do Arroz que tem capacidade para cerca de 80.000.000 m³, com uma área inundada de 1228 hectares. O objetivo principal desse reservatório, de acordo com o DNOCS é a “perenização do riacho Cacaré para irrigação que fica a jusante da barragem”. Além da irrigação, objetiva-se outros usos como a piscicultura e a cultura de vazante.

De acordo com o DNOCS, na área do riacho Cacaré existe cerca de 1.800 ha de solos aluviais irrigáveis, que serão posteriormente, objeto de projeto específico de irrigação. Pois, o que ficou definido a partir do consumo anual de 13.160 m³/ha, verificado para a cultura do arroz em São Gonçalo, no município de Sousa, definiu- se para essa região, 800 hectares de área irrigável a partir do lago formado. Atualmente, a Lagoa do Arroz possui 12,50% de sua capacidade, com 10.003.338 m³ (AESA, jan. de 2014).

Outras obras e projetos de infra-estrutura hídrica estão sendo desenvolvidos pelo estado da Paraíba, todos com uma proposta parecida, voltadas para irrigação, piscicultura, cultura de vazante, dentre outros. Nas três infra-estruturas mencionadas percebe-se claramente o objetivo dessas obras, quais sejam: 1) “tem como finalidades a irrigação de 5.000 ha de terras a jusante da barragem, o controle das cheias do rio Piranhas e a piscicultura”; 2) como obra regularizadora do rio Açu, indispensável ao estabelecimento das obras de irrigação no baixo vale e 3) “perenização do riacho Cacaré para irrigação que fica a jusante da barragem”.

42 O quadro 3 mostra a comparação de entre os modelos de gestão dos recursos hídricos e as intervenções acima caracterizadas, mostrando em qual modelo tais obras se encaixam, bem como as fases correspondentes do DNOCS.

QUADRO 3 - COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS DE GESTÃO DOS