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Setorial Econômico-

financeiro Integrativo Engᵒ Ávidos (1936) * Hidroagrícola Coremas-Mãe D`Água (1942) * Hidrotécnica e Hidroagrícola Lagoa do Arroz (1987) * Hidroagrícola Setorial e isolada Setorial, mas inserido no contexto da bacia hidrográfica Múltiplo e inserido no contexto da bacia hidrográfica “tem como finalidade a irrigação de 5.000 ha de terras a jusante da barragem, o controle das cheias do rio Piranhas e a piscicultura” (EXPLORAÇÃ O) “justifica-se simplesmente como obra regularizadora do rio Açu, indispensável ao estabeleciment o das obras de irrigação no baixo vale” (EXPLORAÇÃ O) Um determinado volume foi desviado para as várzeas de Sousa, completando dessa forma as possibilidades de irrigação do sistema do Alto Piranhas (EXPLORAÇÃ O) “perenização do riacho Cacaré para irrigação que fica a jusante da

barragem”. Além da irrigação, objetiva-se outros usos como a piscicultura e a cultura de vazante. (EXPLORAÇÃO) Intra e

intersetoriais Intersetoriais Processados endogenamen te

Centralizadas Centralizadas Descentraliza das Poder executivo federal Poder executivo federal União, Estados e sociedade civil Exploração Exploração Conservação

e preservação Econômico Econômico Econômico e

ecológico

Segmentados Segmentados Integrados Disciplinar Disciplinar Multi e

interdisciplin ar

Excludentes e

seletivos Excludentes e seletivos Includentes e universalistas Curto prazo Médio prazo Longo prazo As fases em que as três obras se encaixam *

DNOCS 1946-1970 Hidrotécnica Intensificação das obras hidráulicas e de infra-estrutura energética. 1971-1999 Hidroagrícola Aproveitamento hídrico (abastecimento, piscicultura e agricultura irrigada).

43 Diante do objetivo de comparar os modelos de gestão dos recursos hídricos idealizados e praticados na região da Bacia hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu, levando em consideração obras realizadas pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS, percebe-se que tais modelos nos dão consubstancial material documental para caracterizar os modelos de gestão de recursos hídricos adotados, levando em consideração os três tipos, quais sejam: modelo setorial, modelo econômico-financeiro e o modelo integrativo.

De acordo com a comparação dos modelos sintetizados por Velloso e Mendes as três obras hídricas da Bacia Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu têm um caráter apenas de exploração, eliminando assim o modelo integrativo, já que possui uma característica de seu uso econômico e ecológico. Além do mais, nenhuma das três obras levou em consideração as conseqüências sociais e ambientais.

Pelo período em que foram construídos, o Engenheiro Ávidos e Coremas-Mãe D’Água foram da fase Hidrotécnica, no qual ocorre uma intensificação das obras hidráulicas e de infra-estrutura energética. Porém, percebe-se que com o passar do tempo, principalmente pós década de 1970, as duas obras se direcionaram para o aproveitamento hídrico de abastecimento, piscicultura, agricultura irrigada. A Lagoa do Arroz foi uma obra mais recente, do final da década de 1980 e já trouxe em sua concepção a questão hidroagrícola, para agricultura irrigada, abastecimento e piscicultura.

Desta forma, chegam-se as considerações de que tais obras encaixam-se no modelo de gestão setorializada e/ou econômico-financeiro, e sua utilização ao longo do tempo vai se dando para diferentes tipos de uso, tais como produção de energia, abastecimento, piscicultura, agricultura irrigada, cultura de vazante, além de lazer, diluição de dejetos das cidades, dentre outros.

Tais usos, com diferentes tipos de interesse podem gerar conflitos e, cada vez mais, uma gestão compartilhada, integrativa e participativa surge como uma alternativa para uma melhor gestão dos recursos hídricos de nossa região.

Por fim, experiências ainda embrionárias do modelo de gestão de recursos hídricos participativo-integrativo podem ser vistas na região da bacia, porém a sua operacionalização vai depender das repostas ao desafio de se ter uma formação de uma Consciência Ecológica; de se ter um planejamento transetorial da administração pública; de se ter a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos locais e; de se ter uma reorganização interdisciplinar do saber. Tais respostas começam a serem

44 materializadas com a Política Nacional dos Recursos Hídricos, através da Lei 9.433/97, tema a ser debatido no próximo subitem.

2.1.2.2 – Segundo período: Abertura do processo de Planejamento e Gestão das Águas através da Política Nacional dos Recursos Hídricos: a Lei 9.433/97 e sua influência no Plano Estadual de Recursos Hídricos da Paraíba

A degradação dos recursos hídricos em termos de quantidade e qualidade da água bem como uma distribuição justa e equitativa deste recurso entre a população está na pauta das agendas políticas mundiais sobre o tema.

O Brasil não está de fora dessa discussão cuja mobilização política e social em torno da questão da degradação hídrica passou por um processo de amadurecimento que culminou com a evolução das bases legais, ao final dos anos 90 do século XX, através de um dos arcabouços legais de gestão das águas mais modernas do mundo materializada pela Política Nacional de Recursos Hídricos e pelo Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos descritos na Lei 9433/97.

Como fundamentos, a Política Nacional de Recursos Hídricos definiu a água como: i) um bem de domínio público; ii) um Recurso Natural limitado, dotado, portanto, de valor econômico; iii) uma prioridade para o consumo humano e a dessedentação de animais numa situação de escassez; iv) um recurso que deve proporcionar seus usos múltiplos e; v) um recurso que deve ser gerido de forma descentralizada e participativa pelo poder público (federal, estadual e municipal), pelos usuários e pelas comunidades. Ainda mais, enquanto unidade territorial de planejamento, a Política Nacional de Recursos Hídricos definiu a Bacia Hidrográfica para implementar sua política, bem como, ser área de atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.

Todos esses fundamentos citados acima têm como objetivo atender ao princípio do desenvolvimento sustentável de assegurar a atuais e futuras gerações a necessária disponibilidade de água em padrões de qualidade adequada aos diferentes tipos de uso. Para tanto, a Política Nacional de Recursos Hídricos possui alguns instrumentos, a destacar: i) o enquadramento; ii) o planejamento; iii) a outorga; iv) a cobrança e; o sistema de informações.

Quanto ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) este representa a mudança de paradigma na estrutura da gestão hídrica

45 brasileira, incluindo ai a gestão hídrica do semiárido. Os seus objetivos estão ancorados na coordenação da gestão integrada das águas, na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, no planejamento, regulação e controle do uso da água, visando preservar e/ou recuperar os recursos hídricos, bem como promover a cobrança pelo uso da água.

Os atores sociais que fazem parte desse sistema são: o Poder Público Federal, Estadual e Municipal (o Estado), a Sociedade Civil Organizada (a Sociedade) e os Usuários da Água (o Setor Produtivo).

Enquanto um sistema de gerenciamento de recursos hídricos que busca a descentralização e a participação de diferentes atores sociais, o SINGREH possui alguns desafios, sintetizados pela figura 1.