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Os caminhos percorridos pelas teorias pós-críticas abalaram as estruturas da modernidade, que se assegurava na “legitimidade” das ciências naturais positivistas, refutando assim todas as interferências das ciências humanas. Por outro lado, as resistências por parte dos teóricos das ciências humanas, bem como suas inovações no campo das pesquisas, acabaram por instituir com legitimidade no cenário acadêmico as teorias pós-críticas.

É por esses caminhos que venho percorrendo desde a introdução do texto, e assim continuo. Para entender o objeto da pesquisa, bem como seus objetivos, o referencial teórico está calcado nos Estudos Culturais, como já anunciado, e é esse terreno fértil que pode ser frutífero dentro da investigação. Ainda assim, no entanto, em

qualquer situação um terreno fértil sofre com as intempéries das ações da natureza. No caso deste estudo, em específico, as intempéries vêm das estruturas sociais que, por vezes, desconsideraram e desconsideram muitas das relações culturais existentes nos horizontes sociais.

Retornando aos ECs, vale notar que, para um solo ficar fértil, muitas vezes atitudes precisam ser tomadas, ou fusões têm de ser feitas e, nessa linha, os Estudos Culturais são também ágeis, segundo seus teóricos. A infertilidade tem como principais problemas a erosão, a perda de carbono orgânico e o desequilíbrio de nutrientes. No caso dos Estudos Culturais, eles se utilizam das erosões de uma estrutura social fixa para a inclinação das erosões no campo cultural, que darão novas formas de interpretação da realidade social.

Já as outras duas questões propõem uma perda de nossa rigidez, ou seja: se todos os alótropos de carbono são sólidos em temperatura ambiente, em outras condições eles podem mudar, sendo assim: se não tomarmos posturas reflexivas não perderemos essa austeridade de ver a sociedade de maneira fixa; por último, o desequilíbrio de nutrientes acarreta muito aos solos inférteis, logo, alimentar-se de muitos nutrientes é uma característica dos ECs. pois essa forma de buscar em outras fontes reflexões para algumas questões no campo da cultura é um dos fundamentos desse campo teórico.

Atualmente, “pós-modernismo” é um termo corrente tanto dentro quanto fora do estudo acadêmico da cultura. As ideias sobre o assunto entraram em discursos tão diversos que foram do jornalismo até as músicas intituladas pop, tendo como referência os debates marxistas ligados às condições culturais do capitalismo tardio ou multinacional.

Um dos terrenos que constitui as teorias pós-críticas é o pós-modernismo, de cujas intervenções os Estudos Culturais se utilizam nas análises feitas no âmbito da cultura, o que ocorre pelos motivos que serão enunciados no decorrer desta seção, onde se justificará também por que utilizo as ideias pós-modernas.

O termo “pós-modernismo” adentrou os mais diferentes vocabulários com rapidez e agregou-se às outras categorias intelectuais de análises sobre a cultura. A partir dos campos da história da arte, espalhou-se para a teoria política e para as páginas das revistas de cultura jovem, capas de disco e páginas de moda das revistas, entre outros meios de comunicação e informação. Isso parece indicar algo mais do que simples capricho do gosto pelo termo (STOREY, 2015).

Para o autor, é fundamental que o analista de cultura no campo dos Estudos Culturais domine os recentes debates sobre pós-modernismo. Storey argumenta que eles exercem uma potência importante para desvelar as estruturas modernas e entender os meandros pós-modernos. Mas o que se tem como certo é que, enquanto conceito, o “pós-modernismo” apresenta poucas evidências de desacelerar sua expansão crítica ao estilo colonialista de entender as vivências sociais, e é nesse sentido que intercorre sua proximidade com o objeto de estudo desta investigação.

Da mesma forma que se torna possível descrever com o adjetivo “pós-moderno” a decoração de um quarto, o projeto de uma edificação, a diegese20 de um filme, a

interpretação de um disco, de um comercial de televisão ou de um documentário, ou as relações “intertextuais” entre eles, o layout de uma página numa revista de moda, um jornal, seja ele televisivo ou impresso, uma tendência antiteológica na epistemologia, o ataque à “metafisica da presença”, uma atenuação geral do sentimento, o pesar coletivo e as projeções mórbidas de uma geração que se transforma pelas necessidades da informação e comunicação, também, na educação, das avaliações externas aos currículos, tudo pode ser analisado pelas estruturas pós-modernas (STOREY, 2015).

O clima do pós-guerra, que para o autor é confrontante com os desiludidos que acreditavam na modernidade, foi uma fase marcada por diferentes situações características. Dentre elas, dessa forma, houve, no período: um fetichismo por bens de consumo, um fascínio por imagens, códigos e estilos, um processo de fragmentação e/ou crise cultural tradicional, uma política da “descentralização” do sujeito, a emergência de uma “incredulidade em relação às metanarrativas”, a substituição dos eixos de poder unitários por uma pluralidade de formações de poder e discurso e a “implosão do significado”.

Além disso, também, o declínio da universidade, o funcionamento e os efeitos das novas tecnologias miniaturizadas, as amplas mudanças sociais e econômicas em uma fase de “mídia”, de “consumidor”, e, por fim, uma sensação de “indiferença do lugar”, dependendo do referencial, ou o abandono da “indiferença ao lugar”, que propõe um “regionalismo crítico”, ou mesmo uma substituição generalizada das coordenadas espaciais por coordenações temporais. Em meio a esse cenário, os dilemas da reflexividade são caldeamentos que têm como principais ingredientes as viradas cultural

20 Diegese é um conceito da narratologia e dos estudos literários, dramatúrgicos e de cinema, que diz respeito à dimensão ficcional de uma narrativa. A diegese é a realidade própria da narrativa (“mundo ficcional”, “vida fictícia”), a parte da realidade externa de quem lê (o chamado “mundo real” ou “vida real”).

e linguística, juntamente com o circuito da cultura, que, por sua vez, assentam-se sobre as concepções pós-modernas.

Porém, uma indagação paira sobre as concepções do pós-modernismo: é possível descrever tudo isso, no interior da temática dos Estudos Culturais, como “pós- moderno”? A apresentação de algumas exposições teóricas em relação ao tema se faz necessária.

Por volta dos anos 50, na chamada era “pós-industrial”, as modificações substantivas nos estatutos da ciência e da universalidade começam a ser aos poucos fragmentadas. Essa metamorfose encontra-se na crise da ciência e logo junta-se ao que se pode chamar de colapso da verdade, ocorrido nos últimos decênios do século XIX. Tais transformações não foram as eventuais substituições de uma “má” concepção de ciência por outra qualquer (STOREY, 2015).

Para Lyotard (2013), o que vem ocorrendo é uma modificação na natureza, mesmo da ciência, provocada pelo impacto das transformações tecnológicas. Ainda que o autor coloque a importância da TV no contexto das mudanças, pode-se considerar todo o aparato midiático, as telecomunicações, as redes de informações que se expressam em plataformas de imagens, notícias, vídeos, textos, áudios, entre outros delineamentos de representações no bojo das relações entre esses meios de comunicação. Toda essa motilidade tem consequências sobre o saber, ou seja, sobre o conhecimento das múltiplas culturas dentro da sociedade.

A consequência desse cenário foi tornar ineficaz o quadro teórico social organizado pela ciência moderna, que elegeu como problemática o conhecimento científico como sendo o discurso primário que entendia a sociedade, secundarizando as questões ontológicas em face das gnosiológicas (LYOTARD, 2013).

A isso seguem dois exemplos de cultura pós-moderna: a música pop e a televisão, ambas marcantes no tocante à sociedade. Storey (2015) expõe que em algumas obras foi encontrada a celebração da chamada “nova sensibilidade”, que significa, em parte, uma sensibilidade que se revolta contra a glorificação da revolução vanguardista do modernismo e que ataca tanto o status “oficial” desse movimento, como sua canonização, tendo como referências os espaços culturais que fazem alusões a relações etnocêntricas, os quais potencializam os tratos entre “alta cultura” e “baixa cultura” do mundo capitalista moderno.

Esse cânone, aos poucos, lamenta a morte do poder escandaloso e boêmio do modernismo, que, por sua vez, tinha a capacidade de chocar e desagradar certos grupos

por não entender as dinâmicas culturais. Com a intenção de ultrajar a partir das margens críticas, muitos dos teóricos que defendiam os dogmas da modernidade começaram a perder não apenas a capacidade de chocar e incomodar, mas também se tornaram básicos, clássicos, em um mundo canonizado. A cultura modernista tornou-se cultura burguesa. Seu poder subversivo, que fora exaurido pela academia e pelos espaços etnocêntricos, na esfera simbólica e material, é agora o cânone de uma vanguarda que deve lutar para manter seu lugar de status.

A nova dinâmica, conforme colocado por Lyotard (2013) e Storey (2015) é uma das explicações para a emergência do “pós-modernismo” em si, já que uma parcela da geração jovem dos anos 1960 inicia um movimento cultural que vai confrontar o movimento moderno, o qual é visto como um grupo de clássicos mortos, que oprime, como um pesadelo, o cérebro dos vivos.

Os autores apontam que o “pós-modernismo” nasceu da crítica, frente aos clássicos do modernismo, às possibilidades de ler o mundo e de se expressar nele e da consequente afirmação de novas formas de realizar essas ações. Um movimento que se deu não apenas em relação às visões científica e monoteísta vigentes, mas também no que se refere a expressar uma posição de refutação a um predomínio plural de novas leituras e da entrada desse paradigma nas universidades, no museu, na rede de galerias, na arte, no corpo, entre os mais diversos espaços, assolapando um “cânone” dos vários altos modernismos e atenuando tudo que nossos avós ou pais/mães entre outras pessoas consideravam ou consideram, neles: chocante, escandaloso, feio, dissonante, imoral e antissocial. Nesse sentido, Lyotard (2013) afirma:

Desde o momento em que se invalidou o enquadramento metafisico da ciência moderna, vem ocorrendo não apenas a crise de conceitos caros ao pensamento moderno, tais como “razão”, “sujeito”, “totalidade”, “verdade”, “progresso”. Constatamos que ao lado dessa crise opera-se sobretudo a busca de novos enquadramentos teóricos [...] (LYOTARD, 2013, p. VIII).

Lawrence Alloway foi um dos primeiros teóricos do movimento pós-moderno que se dedicou à área de análise relacionada à cultura urbana produzida em massa, como filmes, publicidade, ficção científica, música pop. Em suas considerações, seu sentimento não era de repulsa em relação aos objetos estudados, ou seja, não se percebia nada daquela aversão pela cultura comercial, “padrão”, moderna, existente entre a maioria dos intelectuais, mas ele aceitava tal cultura como um fato, estudando-a

detalhadamente. Nesse sentido, tratando de seus próprios estudos, Storey (2015) afirma que uma consequência deles foi retirar a cultura pop do âmbito do “escapismo”, do “entretenimento banal”, da “descontração” e passar a tratá-la com a seriedade de uma arte.

A principal contribuição de Lyotard, segundo Storey (2015), para os estudos sobre “pós-modernismo”, foi marcada pelo fato de o autor apontar uma crise no status do conhecimento nas sociedades ocidentais, expressa como uma “incredulidade em relação às metanarrativas”, o que ele chama de “a obsolescência do aparato metanarrativo de legitimação”. O teórico refere-se ao contexto contemporâneo como um momento em que se observa uma disseminada rejeição de todos os gêneros totalizantes que tentam contar histórias universais “metanarrativas” por meio de inclusão e exclusão. Tais gêneros funcionam, para ele, como discursos homogeneizantes que, em nome de princípios universais, arrolam e organizam a heterogeneidade em campos ordenados, silenciando e excluindo outros discursos, outras “vozes”, uma condição de mudez que, no contexto da diáspora, foi corriqueira entre o povo negro.

Nesse contexto, de acordo com Storey (2015), o “pós-modernismo” assinala o colapso de todas as metanarrativas e da verdade privilegiada que têm para contar, e, em vez disso, evidencia o crescente soar de uma pluralidade de vozes marginais, com sua insistência na diferença, na diversidade cultural e na defesa da heterogeneidade sobre a homogeneidade. Nesse sentido, para Lyotard, “o ‘pós-moderno’, enquanto condição da cultura nessa era, caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o metadiscurso filosófico-metafísico, com suas pretensões atemporais” (LYOTARD, 2013, p. VIII).

A condição moderna, segundo o autor, não mais é vista como uma progressão lenta, em prol da humanidade, em direção ao conhecimento absoluto e à liberdade absoluta. Com o passar do tempo esse objetivo fixo perdeu seu rumo, o declínio da “performatividade” foi uma das consequências. Do mesmo modo, a educação superior é exortada a criar habilidades, e não mais ideais. O conhecimento não é mais visto como um fim em si mesmo, mas como meio para se chegar a um fim. Como a ciência, a educação vai ser julgada por sua performatividade e, dessa forma, cada vez mais, moldada pelas exigências do “poder”. Ela não vai mais responder à pergunta, mas apenas ouvir e fazer as demandas que lhe são impostas.

Segundo Lyotard (2013), a pedagogia “pós-moderna” nos ensina a usar o conhecimento sob forma de capital cultural e econômico, sem lançar mão de

preocupações ou ansiedade quanto a ser verdadeiro ou falso o que é ensinado. Vale notar sua resposta, pouco favorável, acerca da mudança de status da cultura.

A cultura, ou cultura geral contemporânea da condição “pós-moderna” é, para Lyotard, uma cultura do “afrouxamento”, em que o gosto é irrelevante e o dinheiro é o único símbolo de valor, por esse motivo, o autor faz a crítica a essa maneira de pensar. A opinião de Lyotard se coloca no sentido de não ser a cultura pós-modernista o fim da cultura, mas, para ele, pelo contrário, a intenção do mundo superior do modernismo é deixada de lado pelo pós-modernismo, que se coloca, por sua vez, como o indício do advento de uma nova concepção epistemológica. Assim, aliado à compreensão de Storey (2015), se poderia afirmar que pós-moderno é o que rompe com um modernismo para formar uma cultura questionada a todo o momento (STOREY, 2015). Essas indagações podem ser colocadas até mesmo nas esferas educacionais.

Se o ensino deve assegurar não somente a reprodução das competências, como também seu progresso, seria preciso em consequência que a transmissão do saber não fosse limitada a informações, mas que ela comportasse a aprendizagem de todos os procedimentos capazes de melhorar a capacidade de conectar campos que a organização tradicional dos saberes isola ciosamente. A palavra de ordem da interdisciplinaridade, difundida sobretudo após a crise de 68, mas preconizada bem antes, parece seguir está direção. Ela chocou-se contra o feudalismo universitário, diz-se. Ela chocou com muito mais (LYOTARD, 2013, p. 94).

Em tais condições, teoricamente sufocadas pelas metanarrativas (modernistas), as autoridades patriarcais e imperialistas foram se diluindo (LYOTARD, 2013; STOREY, 2015).

Outro teórico que iniciou um processo de reflexão sobre as demandas modernas, inclinando suas ideias para as teorias “pós-modernas”, foi Kobena Mercer, que anunciou as novas ramificações da cultura. Para ele, tais subdivisões da cultura declaravam, em altas vozes, nada menos do que o fim de tudo o que possuía algum “valor” etnocêntrico. Às margens das concepções “pós-imperiais”, começaram a aparecer, aos poucos, os ruídos por espaço, bem como as práticas e as identidades emergentes dos povos africanos e asiáticos dispersos, começaram a se concentrar e perturbar certezas triviais e consensuais, abrindo novas maneiras de ver e entender as peculiaridades de viver no crepúsculo de um interregno histórico, em que o velho e o concreto estão morrendo e o novo ainda não consegue nascer, porém, inicia o óvulo já fecundado no útero social (STOREY, 2015).

Storey afirma que Best, Kellner e Jean Baudrillard foram as principais referências das teorias pós-modernas no mundo anglófono, bem como Baadrillardnesse, que potencializou a mais alta visibilidade às análises compostas por esse grupo. Ainda assim, a presença dessas pessoas não ficou confinada ao mundo acadêmico: artigos e entrevistas foram publicados, tudo que diz respeito aos ocidentais, que, sobretudo, alçaram um estágio importante em suas pesquisas no âmbito social e econômico ou produtivo em relação à ideologia ou cultura, pois artefatos, imagens, representações e até mesmo sentimento psíquicos fazem parte do cenário pós-moderno.

Segundo o autor, isso se explica em parte pelo fato de ter havido, no Ocidente, uma mudança histórica de uma sociedade baseada na produção de coisas para uma ancorada nas edificações de informações, o que o leva a propor a troca de nomenclatura, de “sociedade metalúrgica para uma semiúrgica”. Contudo, o “pós- modernismo” não é simplesmente uma cultura de análises do signo, ele é uma epistemologia que tem como objetivo entender esses signos no âmbito da cultura, nesse bojo, alimenta uma cultura do “simulacro original” – um simulacro é uma cópia idêntica sem um original.

Essa afirmação propõe uma reflexão sobre a reprodução mecânica, que destruiu a “aura” original, formulação que sustenta que foi desintegrada a própria distinção entre original e cópia. Um CD de algum artista pode ser um exemplo disso, já que ele pode ser visto, também, como uma “simulação”. Assim, quando alguém compra uma cópia de um álbum, não faz muito sentido falar em aquisição do original. Essa pessoa, dessa forma, teria testemunhado a exibição de uma cópia sem um original. Nesse caso escutamos uma cópia original. Outros exemplos são o de um filme e o de uma gravação musical: o primeiro é uma montagem feita a partir da edição de som e de cenas filmadas em sequências e momentos diferentes; a segunda, da mesma forma, é feita a partir da edição de sons registrados em sequências e circunstâncias também distintas (STOREY, 2015).

Toda essa maquilagem é chamada de simulação, a “geração de modelos de um real sem as origens ou a realidade: um hiper-real”. O hiper-realismo seria o modo característico da “pós-modernidade”, no domínio do hiper-real, a distinção entre a simulação e o “real” implode, e o imaginário desintegra, continuamente, um no outro. O resultado é que realidade e simulação são experimentadas como se não diferissem entre si, agindo ao longo de um contínuo, como uma montanha russa. Para Storey, muitas vezes simulações podem ser experimentadas como mais reais do que o próprio real.

Sobre o conceito de hiper-realismo, ou hiper-realidade, Silva (2000) o estuda e apresenta que ele é “[...] associado com a análise da “cultura do simulacro”. (p. 67). Sendo assim, para ele, “na cultura e na sociedade contemporâneas, torna-se impossível distinguir entre o “real” e sua reprodução, entre o genuíno e o falsificado, entre o autêntico e o alterado” [...]”. Quando a cópia é mais “real” do que a realidade, todos nós estamos sob a ótica da hiper-realidade ou do hiper-real.

Sobre o simulacro, o autor afirma que com a proliferação de imagens que caracterizam o cenário cultural contemporâneo, os signos não remetem mais às referências “reais”, mas simplesmente a outros signos, representações de representações ou simulacros. Atualmente vivemos assim na sociedade da hiper-realidade (STOREY, 2015).

Fredric Jameson, um crítico cultural marxista norte-americano que escreveu vários ensaios muito influentes sobre o “pós-modernismo” discorda de teóricos em sua insistência na ideia de que o “pós-modernismo” pode ser teorizado de uma melhor forma a partir de um enquadramento marxista ou neomarxista. Para Jameson, segundo Storey, o “pós-modernismo” é algo mais do que certo estilo cultural: é, acima de tudo, um conceito de “periodização”, esse seria o modo cultural dominante do capitalismo tardio ou multinacional.

Suas afirmações se baseiam na periodização, em três etapas: “capitalismo de mercado”, “capitalismo de monopólio” e “capitalismo tardio ou multinacional”, das quais esta terceira constitui a forma mais “genuína” de capital adentrando áreas até então não mercadificadas. Ao modelo linear ele conjuga um esquema tripartido de desenvolvimento cultural: “realismo”, “modernismo” e “pós-modernismo”. A afirmação de Jameson também retoma a influente tese de Williams, segundo a qual determinada formação social vai sempre consistir em “modos culturais” como o “dominante”, o “emergente” e o “residual”.

Williams afirma que a passagem de um período histórico para o outro não envolve, em geral, o colapso completo de um modo cultural e a instalação de outro. A mudança histórica pode, simplesmente, produzir uma alteração do espaço relativo ocupado por distintos modos culturais (STOREY, 2015).

Logo, em determinada formação social existirão dissemelhantes modos culturais, mas apenas um deles será dominante. Com base nessa tese, Jameson afirma