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MONITORAMENTO DAS DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS – MDDA NO

MUNICÍPIO DE IELMO MARINHO

Giuliano Silva Pessoa

Discente do Curso de Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Enfermeiro pela Universidade Estácio de Sá (Estácio/RN). Especialista em Auditoria em Saúde pela Faculdade Integrada de Patos (FIP/PB). Especialista em Gestão de Políticas sobre DST/Aids, Hepatites Virais e Tuberculose pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: giuliano_s_pessoa@hotmail.com

Monike de Azevedo Silva

Discente do Curso de Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Nutricionista pela Universidade Potiguar (UnP/RN).

E-mail: monike_azevedo0@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Com a descentralização das ações do Ministério da Saúde para os municípios, têm sido realizados estudos objetivando, a partir das notificações epidemiológicas, o controle dos agravos que mais acometem a população. A doença diarréica aguda confi- gura-se como uma das principais causas de morbimortalida-

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causa de consultas médicas, logo depois das doenças respira- tórias agudas (COSTA, 2011 apud FACANHA e PINHEIRO, 2005).

A doença diarréica é um agravo que causa impactos de forma direta na população acometida, se não tratada, pode levar a óbito, principalmente a população mais vulnerável, onde estão situadas as crianças e os idosos. Porém existem condi- ções que levam o indivíduo a uma maior exposição ao quadro diarreico, quer seja de ordem ambiental, nutricional, social, econômico e cultural, sendo mais comuns em sociedades em que existem maiores desigualdades sociais. Esse agravo causa impactos de forma direta, através da desidratação e desnutrição crônica levando ao óbito, e de forma indireta, afetando a econo- mia pelos custos das internações, perda de horas de trabalho e redução da renda familiar (VANDERLEI et al., 2003).

As complicações mais freqüentes decorrem do prejuízo na absorção intestinal de macronutrientes e micronutrientes que a médio e longo prazos pode levar a deficiências no desen- volvimento físico e cognitivo do ser humano (SAZAWAL et al., 2006). Pode atingir qualquer faixa etária, mas é na infância que esta infecção causa maior mortalidade, sendo responsável por cerca de um terço de todas as hospitalizações entre os menores de cinco anos (COSTA, 2011 apud PEREIRA e CABRAL, 2008).

A diarreia não é um agravo de notificação compulsória, por isso acredita-se que há subnotificações da doença. Com o Monitoramento das Doenças Diarreicas Agudas - MDDA é possí- vel conhecer o número real no município, assim como também, detectar precocemente surtos e epidemias, tornando possível a implantação de medidas de controle e prevenção.

As doenças diarréicas agudas (DDAs) são de difícil moni- torização, porque envolve questões complexas, como por exem- plo, o incorreto entendimento, de parte da população e de

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profissionais de saúde, de que não é necessário procurar aten- dimento médico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde criou o Programa de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA) com o objetivo de conhecer seus números reais no Brasil permitindo a detecção precoce de surtos e de epidemias, tornando possível a implantação de medidas de controle e prevenção. Por não ser uma doença de notificação compulsória e sendo grande parte dos casos tratados em casa, acredita-se que no Brasil há uma considerável subnotificação dos casos de DDA, mascarando o número/dados das ocorrências de adoecimento por essa doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Todavia tomando como base essa linha de interes- se, buscou-se realizar este estudo para avaliar como o Monitoramento das Doenças Diarreicas Agudas (MDDA) esta se organizando e atuando na rede básica de saúde no município de Ielmo Marinho/RN mediante a verificação da correta notifica- ção por parte das Unidades Básicas de Saúde junto à ao Setor de Vigilância Epidemiológica do município; como também, os pontos de entrave do fluxo dessas notificações e o que os profissionais de saúde dessas unidades entendem sobre MDDA e sua importância para a vigilância das ações de saúde pública prestadas.

MÉTODOS

O município de Ielmo Marinho, esta situado na Região Potengi do Estado do Rio Grande do Norte, possui uma área de 312,028 km² e

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1,404 domicílios abastecidos pela rede pública de água os quais também contavam com sistema de coleta de lixo. Foi registrado no ano de 2010, apenas 01 óbito infantil, onde este não foi causa- do por doença diarreica aguda. No ano de 2010 a cobertura do Programa Saúde da Família atingiu um percentual de 100% dentro do município de Ielmo Marinho.

Neste trabalho foi feito um estudo transversal descritivo. Definindo-se como critério de inclusão, Unidades Básicas de Saúde com funcionamento pleno onde tem implantada a MDDA e profis- sionais de saúde que trabalham no Pronto Atendimento destas, no período estudado. Os dados foram coletados em duas etapas:

• Primeira Etapa: realizada na Vigilância Epidemiológica Municipal, onde se verificou todas as semanas epidemio- lógicas informadas através do impresso II da MDDA, por unidade notificante, no período que compreendeu as semanas epidemiológicas de 1 a 52 de 2016 e 1 a 10 de 2017. • Segunda Etapa: realizou-se de entrevista informal

(conversa aberta) aplicada aos profissionais de saúde distribuídos nas unidades básicas de saúde. Dentre as variáveis a serem observadas, foram analisadas as de maior relevância para o estudo incluindo a regularidade da notificação oportuna; fluxo das informações, prin- cipais dificuldades para realização do MDDA e o enten- dimento dos profissionais sobre o monitoramento das doenças diarreicas agudas.

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RESULTADOS [ESPERADOS]

Referindo-se a primeira etapa da coleta de dados, as planilhas referentes aos períodos de 2016 e 2017 das cinco unidades notifi- cadoras do município, apresentaram índices abaixo do esperado dos casos de diarreia.

No tocante as semanas Epidemiológicas negativas, estas foram presentes, mas em sua maioria sempre seguida de ações que mitigassem os casos, com realização mais eficiente de ações de prevenção direcionadas a população escolar que serviria de multiplicador da informação para suas famílias.

Todas as semanas epidemiológicas foram comunicadas com regularidade ao setor estatístico competente da Secretaria Municipal de Saúde.

Compreendendo a segunda etapa da coleta de dados, foi realizada a entrevista aberta com os profissionais de saúde das unidades de saúde notificadoras do município de Ielmo Marinho. Os profissionais escolhidos foram os enfermeiros das unidades de saúde que possuem a Estratégia de Saúde da Família/ESF. Estes foram selecionados tendo em vista, ser ativi- dade do enfermeiro, notificar, investigar e repassar as informa- ções relativas a agravos e notificações de sistemas gerenciados pela ESF regidos pelo Ministério da Saúde, onde está inserido o Monitoramento de Doenças Diarreicas Agudas/MDDA.

A entrevista deu-se com as enfermeiras no ambiente laboratorial das cinco unidades de saúde do município, mais especificamente, em seus consultórios de enfermagem.

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No tocante a entrevista, em relação à regularidade da notificação todas as profissionais referiram estar enviando as notificações em tempo oportuno e seguindo os padrões adota- dos pela Secretaria de Saúde, onde esta preconiza a entrega das notificações da semana epidemiológica anterior até o quarto dia da semana epidemiológica seguinte.

Referindo-se ao fluxo de informações, as entrevistadas relataram igualmente o seguinte padrão:

• Recepção do paciente com sintomas característicos de diarreia;

• O paciente é atendido em consulta médica ou de enfermagem;

• É feita anamnese do paciente (dias de ocorrências, quan- tidades de ocorrências de evacuações, aspecto das fezes, nível de desidratação e aspectos que incidam outras doenças ou infecções);

• Tal ocorrência é registrada em livro de produção de aten- dimento médico e de enfermagem;

• A ocorrência é coletada do livro de produção e lança- dana planilha de Monitoramento de Doenças Diarreicas Agudas;

• Planilha enviada em tempo oportuno pra Secretaria de Saúde.

As dificuldades encontradas pelas enfermeiras para a realização plena do monitoramento são diversas. Dentre tantas a mais apontada foi a do não registro médico, tendo em vista o atendimento mecanizado, passa despercebido o preenchimento de formulários e planilhas, que por sua vez, dificultam uma real estatística e monitoramento das diarreicas nas referidas

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unidades. Outro fator observado como negativo foi o horá- rio de atendimento da unidade, que sendo reduzido, e lotado de muitas atividades dos diversos profissionais, interfere na criteriosa identificação das doenças diarreicas agudas/DDA. Podemos citar ainda, o relato das técnicas de enfermagem sobre não ter conhecimento da diferença entre o registro no livro de gastroenterite para doença diarréica.

Por fim, as enfermeiras entrevistadas relataram a impor- tância do MDDA na prestação da assistência da Atenção Básica, visto que a Estratégia de Saúde da Família funciona com o foco na prevenção, dados estatísticos assim são de suma importância para traçarem-se metas de monitoramento e acompanhamento dos casos e população acometida pela patologia.

DISCUSSÃO

A eficácia dos processos – coleta, processamento, análise e transmissão da informação é fundamental para o monitora- mento e a avaliação do estado de saúde da população e para o planejamento, a organização e o funcionamento dos serviços de saúde. Entretanto, a realidade vista em Ielmo Marinho mostra desvios de qualidade em vários pontos desta cadeia, afetando a veracidade das informações geradas.

A coleta de dados e o preenchimento dos múltiplos formulários muitas vezes não tem importância para o próprio serviço, apenas existem para cumprir as determinações admi- nistrativas e, são agravados ainda pela falta de capacitação

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Portanto, é de extrema importância à promoção de ações que despertem as equipes das unidades básicas de saúde uma melhor consciência da importância dos SIS como ferramenta de vigilância epidemiológica, como por exemplo, capacitação de seus profissionais.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Vigilância

Epidemiológica. Manual de Monitorização da Doença Diarréica Aguda – MDDA. DDTHA/CVE-SES/SP, São Paulo, 2002.

COSTA, I. F. Perfil epidemiológico da doença diarréica aguda no estado de Rondônia, no período de 2007 a 2009, baseado no Programa de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA). Dissertação defendida e aprovada em 31 de março de 2011. Rio de Janeiro, março de 2011.

FAÇANHA, M.C.; PINHEIRO, A.C. Comportamento das Doenças Diarréicas Agudas em Serviços de Saúde de Fortaleza, Ceará, Brasil, entre 1996 e 2001. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2005, 21 (1): 49-54, Jan-fev.

PEREIRA, I.V; CABRAL, I.E. Diarréia aguda em crianças menores de um ano: subsídios para o delineamento do cuidar. Esc Anna Nery Rev. Enferm, 2008, 12(2): 224-9.

QUEIROZ J.T.M ; HELLER L; SILVA S.R. Análise da correlação de ocorrência da doença diarréica aguda com a qualidade da água para consumo humano no município de Vitória-ES.

Saude Soc., 2009, 18(3).

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VANDERLEI, LCM; ALVES GAP; BRAGA JU. Fatores de risco para internamento por diarréia aguda em menores de dois anos: estudo de caso-controle. Cad Saúde Pública, 2003, 19: 455-63.

UM SISTEMA DE ARQUIVAMENTO