• Nenhum resultado encontrado

Monitoramento e Formação: estratégias de intervenção no SGD

4. SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS: redes e interlocuções

4.3 FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS –

4.3.1 Monitoramento e Formação: estratégias de intervenção no SGD

Duas questões estão fortemente representadas pelos sujeitos da pesquisa, enquanto estratégia de intervenção e condicionante do fortalecimento do SGD e defesa de direitos de crianças e adolescentes: o monitoramento das ações desempenhadas pelas redes e a formação continuada dos membros da rede e na sociedade, em conformidade com o Capítulo VII da Resolução 113/2006, no item III, que trata da formação do SGD e no item V do monitoramento e avaliação das políticas públicas de garantias de direitos. Nesses dois pontos consideramos a especificidade do poder público, porém as organizações se relacionam diretamente e nossa intenção era verificar se as organizações monitoram essas ações.

Em relação às redes locais há uma exigência dos parceiros enquanto resultado das ações desenvolvidas de monitoramento, sendo assim as realizam de acordo com as ações previstas em seus projetos e planejamentos, ficando à margem das ações planejadas em conjunto, os conselhos possuem essa atribuição em seu arcabouço quanto aos planos de defesa de direitos, quanto às denúncias e sua resolutividade e aos programas e projetos.

O monitoramento deveria ser mais efetivo, o acompanhamento das ações e planos. Esses planos são construídos e devem ser implementados, então é papel nosso cobrar e conferir (Entrevistado 6).

Monitoramento não, só as visitas, são relatórios de supervisão na rede, passa a ter conhecimento dos programas (Entrevistado 8)

Em um período teve um GT mais direito, de 2005 a 2010 com amostra em escolas de João Pessoa e Lucena, em um processo mais constante. Naquele período pensamos que nossa missão fosse o monitoramento das políticas públicas, mas é muito difícil. Tem a questão orçamentária, ficamos sem ver isso, para monitorar os recursos. Atualmente trabalhamos com 22 propostas, é uma forma de sistematizar e monitorar as políticas públicas e foi assinado pelos candidatos a gestores (eleição 2012) (Entrevistado 2).

Com as condições frágeis de monitoramento das ações e políticas indagamos de que forma avaliam e acompanham as ações desempenhadas, o que indicam as relações entre sociedade e governo com forte incidência de representantes da sociedade civil no poder público e a falta de mobilização da sociedade civil.

Existem as câmaras dentro do CMDCA, as câmaras setoriais e ai uma preocupação nossa é que cada câmara geralmente tem 4 setores que vai debater a rede, a convivência familiar e comunitária e outras políticas que perpassam, então é interessante que 1 representante de cada comissão menor que compõe essa câmara participe para trazer as decisões para essa câmara que deveria ser mais efetiva, infelizmente por conta das fragilidades que a gente passa tanto enquanto gestão quanto sociedade, que esta um pouco desmobilizada a gente sabe que pessoas militantes hoje estão ocupando cargos e agente não pressiona, em fazer referencia a construir outros nomes, passamos por essa dificuldade também (Entrevistado 8).

Enquanto proposta é o de acompanhar as unidades de internação, já são 4 mortes de 2013 até agora (março 2014); o monitoramento é muito frágil não consegue acompanhar. Tem o CRIAR, a alta complexidade, os consórcios nos municípios. O governo fechou mais de 200 escolas estaduais e aí? O que foi feito? (Entrevistado 3).

De certa forma o monitoramento é feito pelas organizações que estão nas redes e ai então trás para dentro da rede. As entidades que acompanham trazem para rede (Entrevistado 7).

De acordo com os depoimentos, os momentos de formação das organizações perpassam pelos eventos e na parceria com outras organizações, não sendo em seus planejamentos uma prioridade de ação. Porém, na realidade, o que presenciamos é uma diversidade de momentos formativos, realizados pelo poder público e organizações da sociedade civil. Consideramos que há uma multiplicidade de ações e ou uma falta de articulação entre as partes.

Dos sujeitos entrevistados, quatro afirmam que não tem formação sistemática, e as ações que executam são desenvolvidas no âmbito das organizações:

[...] a gente vai está trabalhando trimestralmente com o tema de formação popular para estar sempre renovando essa discussão com os educadores principalmente, porque nossa organização tem 24 anos, então chegam novos educadores e precisamos estar discutindo sobre isso. Pensamos trimestral começando no 2° semestre (Entrevistado 5).

Os sujeitos que atuam no enfrentamento a todas as formas de violação de direitos de crianças e adolescentes, possuem em seu interior uma demanda de ações e de rotina de intervenção que pressupõe um arcabouço teórico, que já vimos anteriormente, são baseados em referências em sua maioria nos instrumentos de direitos e em autores oriundos da pedagogia. Nossa inquietação se dá pela condição que esses movimentos adquiriram de um projeto político coletivo de sociedade e se apresentam em seu interior disposição transformadora e perspectiva de articulação junto a outros sujeitos.

O Capítulo VIII, referente à Gestão do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, expõe a responsabilidade do órgão federal de manter a política de atendimento dos direitos humanos de crianças e adolescentes, com as seguintes atribuições mínimas:

I - articular e fortalecer o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente; II - funcionar prioritariamente como núcleo estratégico conceitual, para a promoção dos direitos humanos da infância e adolescência, no âmbito nacional; III - manter sistema de informação para infância e adolescência, em articulação com as esferas estadual e municipal; IV - apoiar técnica e financeiramente o funcionamento das entidades e unidades de execução de medidas de proteção de direitos e de medidas socioeducativas; V - Coordenar o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, especialmente os programas de execução de medidas socioeducativas; e VI - Co-coordenar o Sistema Nacional de Proteção de Direitos Humanos, especialmente os programas de enfrentamento da violência, proteção de crianças e adolescentes ameaçados de morte, os programas e serviços de promoção, defesa e garantia da

convivência familiar e comunitária, dentre outros programas de promoção e proteção dos direitos humanos de criança e adolescente.

Além disso, as entidades públicas nos três níveis deverão atender aos parâmetros previstos, correspondendo às competências da política de atendimento e se responsabilizar pela gestão dos programas, serviços e ações e no tocante à manutenção das unidades e buscar a cooperação no atendimento socioeducativo. À União cabe coordenar os programas e serviços de proteção, as medidas socioeducativas e suprir as condições necessárias para o desenvolvimento dos sistemas estaduais, distrital e municipais.

O art. 28. Incumbe à União: I elaborar os Planos Nacionais de Proteção de Direitos Humanos e de Socioeducação, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios; II prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de proteção especial de direitos e de atendimento Socioeducativo, no exercício de sua função supletiva; III colher informações sobre a organização e funcionamento dos sistemas, entidades e programas de atendimento e oferecer subsídios técnicos para a qualificação da oferta; IV estabelecer diretrizes gerais sobre as condições mínimas das estruturas físicas e dos recursos humanos das unidades de execução; e V instituir e manter o processo nacional de avaliação dos sistemas, entidades e programas de atendimento.

A construção dos planos, secretaria e as redes, são três planos estamos no quarto, ainda tem as comissões de monitoramento do CMDCA e Conselhos Tutelares e dos recursos do fundo. Antes, todos os recursos iam para as ONGs, as ONGs se adequaram aos planos de proteção e garantia de direitos. Uns pegam o mesmo plano para trabalhar temas que não estão dentro, e se adéquam aos planos institucionais que estão de acordo com os instrumentos. É mais outro recurso para os planos para as entidades de atendimento em João Pessoa (Entrevistado 8).

Um ponto de destaque dessa participação se dá pela comissão do SINASE, coordenado pelo CEDCA para adequação do atendimento socioeducativo no estado e nos municípios com a participação das instâncias públicas e da sociedade civil. O último capítulo da Resolução apresenta os parâmetros, planos, programas e projetos de institucionalização e o fortalecimento do SGD, com destaque dos Conselhos dos Direitos nos três níveis federativos e a responsabilidade de aprovar, de forma suplementar, os parâmetros específicos, como normas operacionais básicas para a institucionalização e fortalecimento do SGD da Criança e do Adolescente. Cabe aos conselhos aprovar os planos que visem planejar estrategicamente as ações de instâncias públicas e os mecanismos de garantia de direitos do Sistema de Garantia

dos Direitos de Crianças e Adolescentes. Quanto ao gerenciamento de recursos do fundo deverão ser analisados e aprovados pelos conselhos.

O último Capítulo trata dos parâmetros e seus assemelhados na institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente pelos Conselhos dos Direitos. A cada item correspondente estrategicamente a cooperação entre os entes federados na condução das políticas, com partilha de responsabilidades, cabendo ao estado e aos municípios, de acordo com o nível de responsabilização, respeitando as instâncias de participação e a devida paridade, as atribuições pelas políticas públicas (p.14).