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CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 INTERAGIR ORALMENTE EM LE

3.1.2 Motivação para conversar em francês

Em nossa pesquisa, além de questionar os entrevistados sobre o objetivo mais visado pelos alunos, procuramos identificar o que motiva esses estudantes a almejar a competência comunicativa que elegem. Foi assim que, classificando as justificativas dos aprendentes das escolas A e B que optaram pela conversação, obtivemos o seguinte resultado:

TABELA 5: Motivação para conversar segundo os alunos das escolas A e B

MOTIVAÇÃO DOS APRENDENTES PARA CONVERSAR EM FRANCÊS SEGUNDO OS ALUNOS DAS ESCOLAS A E B

CLASSIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS 2005 2008 Interagir com nativos (turistas, parentes e amigos) 82% 29%

Amor ao idioma - 27%

Viajar ao estrangeiro

a trabalho (Guiana Francesa) 4% - a passeio (Guiana Francesa/

França/Europa) 3% 24% Adquirir/aperfeiçoar a competência oral - 16% Adquirir outras competências na aprendizagem da língua - 4% Não justificaram 11% -

A tabela acima evidencia uma distância muito grande entre os percentuais relacionados à motivação “Interagir com nativos”.

Quanto aos quatro ensinantes entrevistados nas escolas A e B que optaram pela “conversação” (3 da escola A e 1 da B), 100% acreditam que a motivação dos alunos para falar na língua-alvo se deve ao “Amor ao idioma”. Entretanto, a tabela 5 nos mostra que o interesse de seus alunos pela conversação tem mais de uma causa, sendo as seguintes as principais: “desejo de interagir com os nativos” (29%) e “Amor ao idioma” (27%). De certa forma, é claro, esses dois motivos estão bastante próximos, pois esse amor e essa atração pela

língua francesa impulsionam os estudantes a interagir com os vizinhos franceses e, da mesma forma, a presença de turistas franceses em nosso Estado desperta a curiosidade, o interesse, a atração dos aprendentes por seu idioma (Cf. 1.4.3.2).

A classificação das respostas dos professores do CELCFDM nos dois momentos em que os questionamos sobre a motivação de seus alunos para conversar em francês e aquelas fornecidas pelos alunos dessa instituição, em 2008, resultou na tabela abaixo:

TABELA 6: Motivação para conversar segundo discentes e docentes do CELCFDM

MOTIVAÇÃO DOS APRENDENTES PARA CONVERSAR SEGUNDO OS PROFESSORES E ALUNOS DO CELCFDM

CLASSIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS

PROFESSORES ALUNOS

2005 2008

Interagir com nativos

(turistas/parentes/amigos) por razões sociais e/ou profissionais

29% 47% 47%

Amor ao idioma 16% 27% 13%

Conseguir emprego/montar um negócio 13% 13% - Viajar ao estrangeiro (França ou outro

país da Europa e /ou Guiana Francesa) 13% 7% 9% Adquirir/Aperfeiçoar a competência oral - 6% 31% Necessidade de se comunicar na língua

que aprendem 25% - -

Adquirir outras competências na

aprendizagem da língua 4% - -

Nessa tabela comparativa, podemos perceber uma evolução importante nas opiniões dos professores do CELCFDM no que diz respeito ao interesse dos alunos pelas trocas verbais com os visitantes nativos do francês provenientes do país vizinho. Conforme os números que obtivemos em 2005, 29% dos docentes apontam essa motivação para justificar o interesse dos alunos pela conversação; em 2008, o índice aumentou para 47% (um aumento de 18%), coincidindo com o percentual das respostas dos alunos entrevistados no mesmo ano. Esse aumento justifica-se, talvez, por uma maior atenção aos interesses dos aprendentes.

Mostraremos e comentaremos, agora, na tabela abaixo, a classificação que realizamos a partir das repostas de 17 professores e 253 alunos das três instituições que justificaram84 sua escolha em 2008:

TABELA 7: Motivação para conversar segundo os entrevistados

MOTIVAÇÃO DOS APRENDENTES PARA CONVERSAR SEGUNDO OS PROFESSORES E ALUNOS DAS 3 ESCOLAS

CLASSIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS 2008

PROFESSORES ALUNOS Interagir com turistas e amigos franceses 37% 37% Adquirir/aperfeiçoar a competência oral 5% 23% Amor ao idioma 42% 20% Viajar ao estrangeiro (Guiana Francesa,França

ou outro país da Europa) 5% 15% Conseguir emprego/montar um negócio 11% -

JUSTIFICATIVA EXCLUSIVA DOS ALUNOS DAS ESCOLAS A E B Adquirir outras competências na aprendizagem da língua 5%

A tabela acima revela pontos convergentes e divergentes entre as opiniões dos professores e dos alunos. As opiniões são divergentes, por exemplo, no item “Adquirir/ aperfeiçoar a competência oral”, apontado por 23% dos alunos e por apenas 5% dos professores. Há divergência também quanto à motivação que os alunos elegem em 1º lugar: 37% de nossos alunos desejam “Interagir com turistas e amigos franceses”, enquanto 37% dos professores elegem essa motivação em 2º lugar, apontando em 1º lugar a motivação “Amor ao idioma/consideram a conversação em francês primordial” (42%). Porém, a diferença entre os percentuais das respostas dos dois grupos no que tange à motivação maior do aprendentes é de apenas 5 pontos. Na realidade, a justificativa “Amor ao idioma” foi dada por 20% dos alunos, ocupando assim a 3ª posição na tabulação de suas respostas.

Outra divergência pode ser observada na justificativa “Adquirir/aperfeiçoar a competência oral”, apresentada por 23% dos alunos e por apenas 5% dos professores.

Os pontos convergentes entre as justificativas de professores e alunos residem na coincidência entre os motivos apontados por ambos os grupos. De fato, dos seis motivos que figuram na tabela, quatro coincidem. Essa constatação nos leva a crer que os ensinantes se basearam mais em reivindicações reais dos aprendentes do que em suposições.

Se nos pautássemos apenas pela entrevista realizada em 2005, na qual 82% dos alunos das escolas A e B afirmam que sua motivação principal para almejar a competência conversacional seria o desejo de se comunicar com turistas franceses (Cf. GOMES, 2006-a, p. 108-110), não teríamos elementos para identificar os reais fatores que, atualmente, motivam os alunos amapaenses a desejar essa competência. Dessa forma, as conclusões que apresentamos no presente trabalho levaram em conta, prioritariamente, os dados obtidos na segunda pesquisa, pelos seguintes motivos:

a) a entrevista de 2008 abrangeu um número muito maior de entrevistados (302 em vez de 35 alunos);

b) essa pesquisa envolve os alunos das três instituições escolares, enquanto a de 2005 envolveu apenas estudantes das Escolas A e B;

c) nessa entrevista, foram ouvidos os docentes das três escolas-campo, enquanto que a anterior só ouviu os do CELCFDM;

d) os resultados dessa sondagem mostram os anseios atuais dos estudantes.

Assim, os dados fornecidos por alunos e professores em 2008 não nos permitem afirmar – como o fizemos em 2006 (Cf. GOMES, 2006-a, p. 108-110) – que a motivação principal dos aprendentes no tocante à construção de uma competência conversacional seria interagir oralmente com nativos da língua-alvo oriundos da Guiana Francesa ou da metrópole, mas sim que a presença desses turistas em nosso meio é um dos principais fatores dessa motivação (Cf. 1.4.3.2) , ao lado de outros fatores, como o desejo de adquirir e aperfeiçoar a competência oral, o amor ao idioma e o sonho de viajar ao estrangeiro (Guiana Francesa, França metropolitana ou outro país da Europa).