• Nenhum resultado encontrado

publicação x universidades que subsidiaram a pesquisa

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 F ASE DE A NÁLISE I: C ARACTERIZAÇÃO G ERAL DAS P ESQUISAS S ELECIONADAS

5.2.3 Análise dos Principais Resultados das Pesquisas Selecionadas

5.2.3.1 Mudanças nas práticas educativas por meio da mediação do pesquisador

5.2.3.1.3 Mudanças nas práticas desenvolvidas pelos gestores escolares

162

O gestor escolar exerce um importante papel dentro da educação inclusiva, são eles os responsáveis pela articulação de toda comunidade escolar para o desenvolvimento de uma comunidade colaborativa na escola. Além disso, são “eles que proverão os recursos para formação continuada dos profissionais e recursos componentes necessários ao coensino” (MENDES et al., 2014, p. 33).

A prática educativa desenvolvida pelos gestores escolares foram alvo de dois estudos; de Silveira (2009) que buscou identificar e intervir na prática desenvolvida pelo diretor escolar e Vioto (2013) que intermediou o trabalho do supervisor pedagógico com os professores. A tabela 12, a seguir, exibe tais dados.

163

Tabela 12 - Mudanças nas práticas desenvolvidas pelos gestores escolares

164

Como conferimos na tabela 12, Silveira (2009) e Vioto (2013) encontraram, como resultados de diagnóstico, pouco comprometimento dos gestores pedagógicos com as práticas educativas inclusivas – tanto nas desenvolvidas dentro de sala de aula pelos professores, como nas realizadas no contexto geral da escola.

Na pesquisa de Silveira (2009), o contexto antes da intervenção da pesquisa colaborativa encontrava-se desorganizado, devido recentes as trocas dos membros gestão e coordenação pedagógica. A partir dos dados de diagnóstico, ficou evidente a falta de sintonia e comunicação entre os professores, o pouco compromisso com sua prática educativa e com a escola.

Após os procedimentos de intervenção da pesquisa, ficou evidente que as ações tinham como perspectiva a gestão participativa, por meio de ações visando a partilha e reciprocidade na tomada de decisões; a cooperação entre a gestão da escola e os professores, principalmente, no que se refere a reorganização das ações de planejamento; acolhimento à todos os alunos; empreendimentos na diversificação de equipamentos pedagógicos e na infraestrutura da escola; por fim, investimento na formação dos professores e da equipe gestora.

Além disso, os resultados mostraram que a gestão compartilhada é benéfica à constituição da escola inclusiva sendo fundamental que os membros da escola aprendam a trabalhar junto e busquem, cada vez mais, o aperfeiçoamento de práticas de colaboração.

Vioto (2013), ao iniciar sua investigação, não encontrou ações da supervisora pedagógica que orientasse as práticas desenvolvidas em sala de aula pelos professores, por isso, identificou que as atividades desenvolvidas em sala de aula, geralmente, eram individualizadas e com poucas estratégias de ensino que favorecessem os alunos com NEE.

Os dados do levantamento das necessidades formativas e conhecimentos prévios, possibilitou que a supervisora orientasse as professoras para que desenvolvessem estratégias de ensino que contemplassem a participação dos alunos com NEE. Por conseguinte, as professoras conseguiram desenvolver junto aos alunos atividades diferenciadas em grupo que possibilitou a participação de

165

todos, tutoria de pares, andou pela sala estimulando os alunos na realização das tarefas.

Os resultados apresentados pelas 18 pesquisas selecionadas apresentaram mudanças significativas nas práticas educativas desenvolvidas pelos profissionais da educação, com intuito de favorecer o processo de inclusão dos alunos com NEE.

Entre as mudanças evidenciadas nas práticas educativas, constatamos que as principais referem-se: ao maior engajamento e comprometimento dos participantes com sua prática pedagógica; ao empreendimento de práticas e estratégias de ensino mais criativas; a adaptação de atividades, materiais e instrumentos avaliativos; ao melhor aproveitamento dos recursos de TA e instrumentos de avaliação e intervenção; ao melhor entendimento sobre a avaliação do aluno e suas NEE; e, por fim, a coesão entre os objetivos e as atividades propostas.

Embora algumas mudanças tenham ocorrido na direção do planejamento colaborativo, da cooperação entre a gestão da escola e os professores e da interação e a colaboração entre a professora de ensino regular e a professora de ensino especial, verificamos que essas práticas foram isoladas, isto é, não foram frequentes entre as pesquisas selecionadas.

De acordo com os dados expostos e analisados, até o presente momento, inferimos que as mudanças na prática educativa das participantes ocorreram em virtude do desenvolvimento da pesquisa colaborativa e seus procedimentos realizados com base na reflexão.

Para Ibiapina (2008, p. 72)

[...] a reflexão oferece mais poder para os professores (re)construírem o contexto social em que estão inseridos, proporcionando condições para que esse profissionais compreendam que, para mudar a teoria educacional, a política e a prática, é necessário mudar a própria forma de pensar, sentir e agir.

Assim, os procedimentos reflexivos apresentados pelas pesquisas selecionadas, aliava os conhecimentos práticos e teóricos, conforme é exposto na análise de Soares (2011, p. 214)

166 [...] foi fundamental pensar a formação aliada ao acompanhamento das práticas, o que permitiu uma transposição didática de conhecimentos teóricos para o ambiente da sala de aula, articulado inseparavelmente da reflexão na e sobre a ação.

A formação dos professores na perspectiva da educação inclusiva deve seguir esse percurso, e assim criar situações específicas que permitem os docentes elaborar novos conhecimentos, que possibilitem superar suas dificuldades e ampliar suas potencialidades e seus saberes em curso.

Ao analisar os saberes envolvidos na prática educativa inclusiva consideramos a dimensão das atitudes que referem-se as ações educativas positivas desenvolvidas pelos professores.

De acordo com o Rodrigues (2008b) essa dimensão refere-se “[...] as atitudes positivas face à possibilidade de progresso dos alunos”, isto é, o professor deve planejar sua intervenção baseando-se naquilo que o aluno é capaz de fazer e não focado apenas no seu déficit.

Os resultados alcançados pelos pesquisadores são consequências das atitudes positivas das participantes frente à inclusão de alunos com NEE. Tais atitudes, além de modificar positivamente as práticas educativas dos participantes, aumentando seu repertório de estratégias pedagógicas, possibilitaram resultados positivos sobre o desenvolvimento dos alunos com NEE.

Sobre isso, Rodrigues (2008b) afirma que o professor precisa conhecer diversas formas de eliminar e contornar dificuldades e barreiras que possam aparecer no trabalho com alunos NEE, possibilitando variadas formas para esse aluno chegar ao sucesso.

Tardif (2002) argumenta que os saberes dos professores não se constituem de forma isolada, são articulados à pessoa do professor, sua história de vida, sua formação e experiências profissionais, além das relações específicas estabelecidas com os alunos e com os demais profissionais da escola.

Assim, outras duas dimensões de saberes serão discutidas mais adiante, atreladas as mudanças conceituais envolvidas no processo de inclusão escolar dos alunos com NEE.

167