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6 CONHECENDO OS MORADORES I: HOMENS E MULHERES NA ESFERA

6.6 MULHERES E HOMENS SÃO PROPRIETÁRIOS DO QUÊ?

Nesta seção serão analisados os enunciados e as ilustrações que representam os gênero relacionados com a propriedade, bem como, na constituição de sociedades comerciais.

1. A tia Elza, da cantina, comprou... (BONGIOVANNI, VISSOTO e LAUREANO, 1990a, p. 39).

2. Dona Carlota cercou a sua chácara... (BONGIOVANNI, VISSOTO e LAUREANO, 1990b, p. 96).

4. Marcelo repartiu entre seus dois filhos Rafael (15 anos) e Matheus (12 anos) 162 cabeças de gado... (BIANCHINI, 1991, p. 152).

5. Um comerciante paga impostos... (BONGIOVANNI, VISSOTO e LAUREANO, 1990a, p. 178).

6. Seu Ariovaldo comprou um carro... (BONGIOVANNI, VISSOTO e LAUREANO, 1990b, p. 171).

7. Clóvis e Oliveira formaram uma sociedade... (BONGIOVANNI, VISSOTO e LAUREANO, 1990b, p. 196).

8. Evandro, Sandro e José Antonio formaram uma sociedade... (BIANCHINI, 1991, p. 152).

9. Betão vai mudar de cidade. Bia, sua melhor amiga, resolveu organizar uma festa de despedida para ele em seu sítio e fez os mapas para distribuir para a turma. Observe... (PIRES, CURI e PIETROPAOLO, 2002b, p. 168).

10. Flávia tem uma banca de frutas na feira. Na semana passada... (ISOLANI et al., 2002a, p. 84).

11. Dona Nair vai presentear os funcionários de sua firma com caixas de sabonete. As caixas... (DANTE, 2003a, p. 84).

12. Um fazendeiro comprou uma fazenda com 60 alqueires mineiros. Repartiu entre seus três filhos de forma que todos receberam a mesma área de terra. Quantos hectares coube a cada filho? (GIOVANNI. CASTRUCCI e GIOVANNI JR, 2002a, p. 239).

13. Luís comprou uma casa, dando 30% do preço total do imóvel... (IEZZI, DOLCE e MACHADO, 2000b, p. 115).

14. Seu Waldir tem um viveiro de pássaros e outro de coelhos. Há 34 coelhos a mais do que pássaros, num total de 90 cabeças. Quantas patas de coelhos há a mais do que patas de pássaros? (IEZZI, DOLCE E MACHADO, 2000a, p. 58).

15. Seu Manoel da banca de jornais, está satisfeito: dos 180 jornais... (CENTURIÓN, JAKUBOVIC e LELLIS, 2003a, p. 175).

16. No açougue do seu Mané, um quilo de... (IEZZI, DOLCE E MACHADO, 2000a, p. 78).

17. A lanchonete de Marcos quer vender 100 sanduíches por semana, em média. Veja... (ISOLANI et al., 2002b, p. 131).

18. Oito pessoas trabalham na padaria do seu Manuel: três padeiros, o confeiteiro, dois ajudantes e dois copeiros. Para pagar... (IEZZI, DOLCE e MACHADO, 2000b, p. 186).

19. Pedrinho foi comprar material escolar na papelaria de seu tio Danilo, que era um tremendo gozador. Só para chatear, no lugar de dar o preço... (DANTE, 2003b, p. 202).

20. O dono de uma fábrica declarou: As coisas não vão bem para mim. Em abril... (CENTURIÓN, JAKUBOVIC e LELLIS, 2003a, p. 135).

21. No Pátio da concessionária de Luiz há 30 carros... (GIOVANNI. CASTRUCCI e GIOVANNI JR, 2002b, p. 111).

22. Luiz está montando uma oficina de marcenaria. Antes de comprar as ferramentas ele fez uma estimativa do seu gasto, baseado... (ISOLANI et al., 2002a, p. 68).

23. Claudinha e Roseli compraram em sociedade uma bicicleta. Claudinha entrou com R$ 400,00 e Roseli com R$ 500,00. Depois de algum tempo, venderam a bicicleta por R$ 720,00 e repartiram o dinheiro recebido proporcionalmente à quantia investida. Quanto Roseli recebeu de volta? (IEZZI, DOLCE e MACHADO, 2000b, p. 220).

24. Márcio, Maurício e Marcelo compraram uma sorveteria em sociedade. Márcio entrou... (IEZZI, DOLCE e MACHADO, 2000b, p. 181).

25. João e Maria montaram uma lanchonete. João entrou com R$ 20.000,00 e Maria, com R$ 30.000,00. Se ao fim de um ano eles obtiveram um lucro de R$ 7.500,00, quanto vai caber a cada um? (IEZZI, DOLCE e MACHADO, 2000b, p. 219).

26. Sérgio e Luiza formaram uma sociedade. Sérgio entrou com R$ 2 960,00 e Luiza, com R$ 2 500,00. Depois de certo tempo, obtiveram um lucro de R$ 163,80. Que parte do lucro coube a cada sócio? (IEZZI, DOLCE e MACHADO, 2000b, p. 220).

27. Meu primo e eu abrimos uma firma. Eu investi R$ 11 250,00 e ele investiu R$ 15 000,00. Ele fez cálculos e disse que meu investimento e o dele eram proporcionais a 2 e 3. Eu disse que não, que os investimentos eram

proporcionais a 3 e 4. Quem está certo? (CENTURIÓN, JAKUBOVIC e LELLIS, 2003b, p. 164).

FIGURA 51 – Os Sócios

Fonte: Centurión, Jakubovic e Lellis, 2003b, p. 164.

Poucos enunciados representam a mulher como proprietária. Isso pôde ser notado nos livros didáticos dos dois períodos analisados, embora, no segundo período essa representação tenha aumentado, porém, não de forma significativa. Os imóveis de propriedade feminina são utilizados, em sua maioria, para uso da família.

Com relação aos homens, eles são mais freqüentemente representados como proprietários de bens duráveis e que produzem riqueza nos dois períodos analisados, sendo que no primeiro período a predominância de propriedade é a de terrenos ou fazendas. No segundo período as propriedades são mais diversificadas predominando as relacionadas ao comércio. O patrimônio masculino é destinado prioritariamente a atividades produtivas e que geram postos de trabalho. Na maioria das vezes, as atividades desenvolvidas pelas empresas “masculinas” ocorrem no ambiente público, reforçando que este é o espaço do homem.

Em alguns enunciados os bens masculinos são para uso da família, porém não é mencionado que o proprietário tem família. Em outros enunciados existe a indicação de que o proprietário tem filhos, filhas ou sobrinhos/as. Entretanto, somente no enunciado do tio pode-se perceber alguma relação entre as duas personagens (tio e sobrinho).

Desta forma, pode-se concluir que mesmo no que tange ao patrimônio, fica mantida a relação da mulher com o cuidado da família e dos amigos e para atividades domésticas, ou seja, o patrimônio feminino encontra-se relacionado ao espaço privado enquanto que o masculino está localizado no espaço público.

No que tange às sociedades comerciais, os enunciados são raros nos livros dos dois períodos analisados. No enunciado em que duas mulheres se unem para adquirir uma bicicleta a sociedade dura pouco e logo elas decidem vender a mesma, tendo prejuízo na venda. Alguns apresentam a sociedade entre homens e não é possível identificar se o negócio prosperou ou não. Em outro (nº 27), foi utilizado o pronome “eu” e com isso não é possível identificar se a sociedade é mista ou não, pois depende de quem está lendo, porém a ilustração que vem logo após o enunciado (FIGURA 51) mostra dois homens em frente à empresa o que leva a concluir que o leitor é um homem.

Nos enunciados 25 e 26 encontra-se a representação de homens e mulheres trabalhando em conjunto para a constituição de uma empresa e em ambos, a empresa deu lucro. Estes dois enunciados contemplam a visão relacional de gênero o que não ocorre nos demais, nos quais homens e mulheres são representados em mundos separados.

Em resumo, na representação de gênero em relação à propriedade as mulheres são minoria. Os bens a elas relacionados são, na maioria das vezes, destinados ao cuidado da família, amigos e lazer, ou seja, o patrimônio da mulher é destinado à satisfação das necessidades pessoais e as atividades desenvolvidas neles são voltadas para o ambiente doméstico.

Por outro lado, o patrimônio relacionado aos homens é destinado a atividades produtivas que se desenvolvem no ambiente público. Na maioria das vezes eles são proprietários de comércio em variados setores. O número de enunciados que relacionam o homem com a propriedade é bastante superior ao de enunciados com a mesma representação para a mulher o que pode levar os alunos e alunas a concluir que o homem é o proprietário “natural” e que a mulher só será a proprietária na ausência de um homem na família. O patrimônio não é representado como sendo da família e sim de um dos cônjuges, predominantemente do homem. Poucos enunciados representam a relação entre homens e mulheres na constituição de empresas.