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Multa diária e não limitação ao valor do principal

Fiscalização e processo administrativo sancionador

3. Parte II – Etapa litigiosa

3.4 Multa diária e não limitação ao valor do principal

A possibilidade de imposição de multa diária em razão da continuidade da infração após decisão da agência reguladora, assim como o estabelecimento de parâmetros das sanções de fazer e de não fazer, harmoniza-se com um novo entendimento da atividade sancionadora da agência reguladora, menos voltada para uma resposta necessária a uma conduta irregular e mais orientada para alcançar os interesses públicos objeto da atividade regulatória.

Nesse cenário, a previsão de imposição de multa diária apresenta-se como um instrumento que busca o efetivo cumprimento das obrigações impostas e, consequentemente, em efetivas melhorias na atividade regulada.

Diante desse objetivo, qual seja o efetivo cumprimento das obrigações impostas com a finalidade de melhorar a prestação da atividade prejudicada pela conduta irregular, entendeu-se inadequado estabelecer qualquer tipo de limitação máxima à sanção de multa diária. Por essa razão, a multa diária incidirá o tempo que for necessário para que a obrigação imposta seja realizada, devendo, sempre, respeitar os

18 MARQUES, Floriano de Azevedo; CYMBALISTA, Tatiana Matiello. Os acordos substitutivos do procedimento sancionatório e da sanção. Salvador: Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico. 2011. p. 3.

parâmetros estabelecidos (a gravidade da falta e a extensão do dano ou prejuízo causado ao bem jurídico tutelado pela referida lei) e conter os requisitos mínimos (a descrição da obrigação imposta, o prazo razoável estipulado pela Agência para seu cumprimento e o valor da multa diária a ser aplicada pelo seu descumprimento) previstos.

Além disso, considerando-se que a imposição de multa diária tem como objetivo o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer determinada pela agência, sua aplicação não exclui a aplicação das demais sanções administrativas cabíveis.

Referências

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1. Introdução

O presente artigo tem por finalidade tratar da consensualidade no exercício das sanções do poder de polícia e da sua aplicabilidade às agências reguladoras.

Não pretende, portanto, ser um trabalho exauriente sobre o poder de polícia, nem busca esgotar todas as complexas celeumas acerca dos compromissos de ajustamento de conduta, mas apenas despertar uma discussão sobre a possibilidade de utilização de soluções consensuais em vez da imposição de penas administrativas, em especial em matéria de atividades reguladas.

Por meio da consensualidade, além de se atingir o mesmo objetivo da sanção administrativa, ou seja, a repressão a uma conduta lesiva a direito coletivo, também se observa uma função social, na medida em que tanto os interesses transindividuais envolvidos, como a própria preservação da atividade que causou a lesão, são sopesados a fim de que as obrigações a serem impostas para recomposição do dano permitam, por exemplo, uma punição menos gravosa ao causador do dano, mas mais eficiente aos particulares afetados.

Assim, apesar de o exercício do poder de polícia ser obrigatório pelo seu titular legitimado, a sanção de polícia não precisa ser necessariamente uma pena imposta unilateralmente,

Capítulo 4