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Município de Pedro Afonso demarcado no mapa do Tocantins

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Fonte: SEPLAN/TO, 2005.

O Município de Pedro Afonso possui uma área 2.050,3 km² e uma densidade demográfica de 4,4 hab/km². A altitude da sede é de 201m.

Historicamente, a fundação de Pedro Afonso data de 1845 e ocorreu no século XIX, quando aportou no município o frei franciscano Rafael Taggia, com o objetivo de catequizar os gentios. O nome do município se deu em homenagem ao príncipe regente Dom Pedro de Afonso de Orleans e Bragança.

Do século XIX aos dias atuais, o município de Pedro Afonso viveu momento de apogeu e declínio, protagonizados pelo (a): látex, agricultura e pecuária.

Hoje a população do município aposta em um novo progresso econômico, oriundo da soja, a porta de saída para a sua recolocação no mercado produtivo no país, chegando a ser considerado um dos grandes pólos agrícolas do Estado do Tocantins.

A área de Pedro Afonso é composta de 7 municípios: Bom Jesus do Tocantins, Centenário, Itacajá, Itapiratins, Pedro Afonso, Recursolândia e Santa Maria do Tocantins. Faz parte da região nordeste do Estado. Localiza-se na confluência dos rios Tocantins e Sono. Pedro Afonso, distante 173 km da Capital do Estado do Tocantins, Palmas, possui mais de 150 anos de história.

Em termos demográficos, dos 9.028 habitantes que compõem a população total do Município, 81,17%hab vive na zona urbana e 18,83%hab na zona rural, segundo dados do IBGE (2000), como informa Tabela 3 acerca do crescimento do contingente populacional no período de 1999 a 2000.

TABELA 3: Demografia: contingente populacional entre o período de 1999 a 2000. População por Situação de Domicílio – 1991 e 2000

Itens 1991 2000 População Total 2.505 9.028 Urbana 1.657 7.328 Rural 848 1.700 Taxa de Urbanização 66,15% 81,17% Fonte: PNUD, 2000

No período de 1991 a 2000, a população do Município de Pedro Afonso atingiu uma taxa de crescimento anual de 15,94%, passando de 2.505h em 1991 para 9.028h em 2000, conforme PNUD (2000). A população rural representava no ano de 2000, 18,84%, taxa esta bem menor se comparada ao contingente populacional de 81,16% que vive na zona urbana.

Portanto, Pedro Afonso é um pequeno município do Estado do Tocantins, com uma população de 9.028 habitantes, cuja principal atividade econômica é a agropecuária, desenvolvida na maioria dos casos, em pequenas propriedades. Uma parcela pequena da

população vive em áreas rurais 18,84%, segundo o Censo de 2000. Trata-se de um daqueles municípios que contradizem o Censo de 2000, o qual de acordo com Veiga (2002) apontava um grau de 81,2% de urbanização do Brasil, conforme já citado anteriormente. Isto porque, além de apresentar baixa densidade demográfica, a sede do município – a “cidade” do mesmo nome – tem características predominantemente rurais. Este fato se confirma facilmente seja na forte ligação que tem com o campo, seja nos hábitos de vida, na representação cultural, nos setores de trabalho, no lazer ou na história familiar que o caracteriza.

De acordo com os dados do PNUD (2000), a renda per capita média do município cresceu 15,74%, passando de R$ 141,86 em 1991 para R$ 164,19 em 2000, como demonstra a Tabela 4.

TABELA 4: Renda: indicadores de renda, pobreza e desigualdade – 1991 e 2000 Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade – 1991 e 2000

Itens 1991 2000

Renda per capita Média (R$ de 2000) 141,9 164,2

Proporção de Pobres (%) 50,8 46,8

Índice de Gini 0,58 0,59

Fonte: PNUD, 2000

Estes dados demonstram que a pobreza, medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivale à metade do salário mínimo vigente em agosto de 2000, diminuiu 8,01%, passando de 50,8% em 1991 para 46,8% em 2000. A desigualdade cresceu, como indica o Índice de Gini passando de 0,58 em 1991 para 0,59 em 2000.

Um dos fatores, dentre outros, que contribuíram para este resultado está na política de desenvolvimento para o campo que vem sendo implementada no Estado na área da agricultura e da pecuária. O Município de Pedro Afonso se destaca no Programa de Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), que investiu na figura do produtor e no agronegócio.

Garcia (2003, p. 10), ao analisar o Programa de Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), alimenta a reflexão com um argumento desfavorável sobre a adoção deste programa, assim:

O Programa de Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), concebido (1974/1978) e implementado de acordo com interesses japoneses, visa criar uma pequena burguesia rural, altamente capitalizada e tecnificada, com elevado potencial de exportação de alimentos e de matérias-primas para o Japão.

Este argumento de Garcia (2003), identificado na distribuição demográfica, revela que o município de Pedro Afonso conta com uma população de 81,17%hab dela vive na zona urbana e 18,83%hab na zona rural, o que demonstra que graças à expansão do agronegócio no município, o contingente populacional da zona rural reduziu em relação à zona urbana. As explicações estão na economia tecnificada que dispensa o empregador de grandes contingentes de mão-de-obra, por um lado, e por outro, surge uma burguesia rural capitalizada e tecnificada.

O PRODECER conta com a parceria nos investimentos assim distribuída: o Japão investe 60% , o Governo Federal, 30% e o Produtor 10%. Os requisitos básicos para a escolha do produtor brasileiro residem na afinidade que ele demonstra ter com a área produtiva e o investimento na ordem de 10% do recurso, e como os custos para manter a lavoura são altos e os insumos caros, o pequeno produtor está excluído de antemão. Em sua análise, Garcia (2003, p. 20) afirma:

O PRODECER não é compatível com o macro objetivo. Seu propósito era de um segmento de elite – tecnológica, financeira e empresarial – de médios proprietários, no bojo de um ambicioso plano de cooperação com o Japão, com vista a gerar fluxos de exportação de grãos e matérias primas para aquele país. Ou seja, o projeto continua ligado a uma agricultura capitalista patronal - monocultura exportadora.

O diagnóstico do SEBRAE (2002, p.15), denominado Programa de Emprego e Renda e Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável, denuncia esta realidade contraditória, assim:

No município, a cultura da mecanização já existe, sendo que muitas propriedades já se utilizam desta importante ferramenta da produção, principalmente os produtores do projeto PRODECER (Soja). Entretanto ainda há os que não podem se utilizar desta ferramenta, pois são produtores de menor porte, sem acesso a projeto de financiamento, motivados pela escassez dos recursos financeiros e técnicos, inviabilizando os projetos acima referenciados.

Por isso, a modernização que vem se expandindo pelo município de Pedro Afonso nada mais é que a prova da degradação do trabalho do pequeno produtor. Neste sentido, os agricultores, nessa política de desigualdade, dificilmente serão atendidos pelos sistemas de financiamento nas atuais condições em que se encontram: grande maioria analfabeta, sem acesso aos serviços, e à assistência técnica, sem apoio à comercialização, etc., vez que os Bancos não se dispõem a correr riscos com este produtor.

Outro fator importante a ser considerado neste contexto é de que a soja/agronegócio não transformou, de fato, a vida econômica, produtiva, social, cultural do município, nem mesmo uma diretriz educacional elaborada por Brasília, como é o caso das Diretrizes

Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, Resolução nº 1, de 3 de abril de 2002, impactou a educação no município. De fato, a soja apenas contribuiu para que o município entrasse no mapa da agricultura extensiva, com um produto de demanda internacional, mas não no mapa de uma sociedade globalizada, cujas razões não vamos discutir por não serem objeto deste trabalho.

Neste contexto, confirma-se a idéia de que o agronegócio se caracteriza pelo aumento da produção, da mercadoria e seu objetivo maior é o máximo de lucro, mesmo a custo da precarização do modo de vida do camponês, bem como da degradação do meio ambiente.

O mais grave nesta situação é a falta de informações no que se refere às problemáticas vividas pelo camponês e pela própria população da zona urbana quando se refere à plantação de soja. Para eles, a soja se tornou a salvação e melhoria de vida, símbolo de desenvolvimento e progresso, esquecendo-se de que ela reproduz, através do agronegócio, o sistema capitalista e a injustiça social, difundindo a falsa ideologia de que todos são iguais perante o mercado. Na verdade, o que se observa é que a imagem do agronegócio é de caráter predador, expropriatório e excludente.

Diante do exposto neste Capítulo I, importa refletir e avaliar atentamente as políticas de desenvolvimento para o meio rural, para que elas não fomentem o caráter predador, expropriador e excludente, mas que promova a melhoria da qualidade de vida da população. Daí, a importância de compreender o contexto das políticas do sistema capitalista e sua influência no trabalho e na educação.

CAPÍTULO II

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