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O Município de Pedro Afonso: retratando a realidade sócio-econômica e educacional.

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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CONTEXTO DA ZONA RURAL DE PEDRO AFONSO: reconstruindo a realidade sob o olhar docente

4.4 O CONTEXTO DA PESQUISA: conhecendo a realidade das instituições envolvidas

4.4.2 O Município de Pedro Afonso: retratando a realidade sócio-econômica e educacional.

Com mais de 150 anos de história, uma área de 2.050,3 km² e uma densidade demográfica de 4,4 hab/km², o Município de Pedro Afonso está situado na confluência do Rio Tocantins como o Rio do Sono, a 173 km de distância de Palmas (TO), sua principal atividade econômica, a agropecuária, se desenvolve na maioria dos casos, em pequenas propriedades, e uma agricultura de destaque no cultivo da soja, considerado o carro chefe da economia do setor.

Em termos demográficos, dos 9.028 habitantes que compõem a população total do Município, 81,17% vive na zona urbana e 18,83% na zona rural, segundo dados do IBGE (2000). Trata-se de um daqueles municípios que contradizem o Censo de 2000, que de acordo com Veiga (2003, p. 32) para efeitos analíticos não deveriam ser considerados urbanos, uma vez que contam com menos de 20 mil habitantes. De acordo com esta convenção, usada desde os anos 1950, se caracterizam como rural, uma população inferior a 20.000 habitantes, que em 2000, representava o índice dos 4.024 municípios brasileiros, o que por si só já derrubaria o grau de urbanização do Brasil de 81% para 70%.

Além disso, é preciso considerar, como afirma Pessoa (2007, p. 16), que não é mais possível considerar campo e cidade como realidades distintas,

[...] assim, é mais seguro falar do rural levando em conta três considerações: a) o rural não mais ou não apenas como categoria específica; b) o rural não mais ou não apenas como produção agrícola ou agropecuária; c) o rural como representação social e simbólica. Explicando um pouco melhor essa terceira dimensão, pode-se dizer que o rural, independemente de onde se mora ou do que se faz, é uma concepção de mundo, um modo como as pessoas e os grupos organizam suas relações sociais e produtivas.

Neste contexto, o Município de Pedro Afonso com suas ruralidades apresenta forte interação entre o campo e a cidade, devido, entre outros fatores, ao crescimento de pluriatividades promovidas pelo fluxo elevado de investimentos no agronegócio e, em conseqüência, o de pessoas de outras regiões do país, que para lá afluem em grande escala.

A respeito do agronegócio, pode-se dizer que o modelo de desenvolvimento idealizado pelo poder público do município está centrado em políticas para modernização do campo, pensadas e consolidadas a partir de um modelo de desenvolvimento econômico agropecuário, de orientação capitalista. Esta situação acarreta desigualdades de oportunidades para a população do campo, tal como Fernandes e Molina (2004, p.70) analisam: “[...] do ponto de vista econômico, a imagem do agronegócio foi construída para renovar a imagem da agricultura capitalista [...]. É uma tentativa de ocultar o caráter concentrador, predador, expropriatório e excludente”.

Com relação às políticas educacionais implementadas para a educação rural, na visão da Secretaria Municipal de Educação, elas se orientam pelas seguintes metas: a) desenvolver a formação específica do Programa Escola Ativa, com reuniões mensais, sempre que possível em parceria com a equipe da Diretoria Regional de Ensino - DRE orientada pela equipe do FUNDESCOLA/PALMAS; b) promover a implantação da proposta curricular e pedagógica, idêntica à desenvolvida na rede estadual de ensino; c) propiciar orientação pedagógica e organizar o transporte escolar. Porém, ao ser perguntado sobre as políticas para as escolas rurais, o Secretário Municipal de Educação, revelou o seguinte:

[...] a rede municipal de ensino não mais atenderá as escolas rurais com o Projeto que desenvolve a metodologia da Escola Ativa, pois falta apoio do FUNDESCOLA e recursos financeiros por parte do município para mantê-las (gasto alto para manter as escolas). Irão adotar a metodologia do Instituto Airton Senna.

Portanto, a fala do Secretario demonstra a ausência no município de uma política de fato para as escolas rurais, o que o obriga a organizar o ensino para as escolas rurais da mesma forma utilizada para a escola urbana. Este fato revela, portanto, que no município, o processo de absorção do rural pelo urbano está acontecendo de forma acelerada no contexto da globalização do capitalismo, tal como observa Ianni (1997, p. 53) assim: “[...] o desenvolvimento intensivo e extensivo do capitalismo no campo generaliza e enraíza formas de sociabilidade, instituições, padrões, valores e ideais que expressam a urbanização do mundo”.

Neste sentido, a proposta pedagógica das escolas do município não se orienta por uma concepção de Escola do Campo, mas sim de Escola Rural, nos moldes tradicionais das escolas localizadas em áreas rurais, corroídas por um processo acelerado de descaracterização da especificidade pedagógica, provocado pela globalização e, que segundo Oliveira (2007, p. 58) acaba sendo [...] a única referência de escolarização para as populações do campo a vertente

da educação rural, tratada secundariamente no conjunto de políticas públicas municipais para a educação.

No tocante às políticas de formação do professor do meio rural, o que se observou é que a políticas educacionais do município não privilegiam formação inicial nem a continuada. Portanto, o/a professor/a que quiser dar continuidade à sua formação acadêmica deverá contar com os próprios recursos para custear suas despesas de formação.

Os resultados da política de formação do professor para a zona rural revelam que das oito (8) professoras, duas, logo, (25%) encontram-se cursando nível superior, curso de pedagogia, na modalidade a distância na Fundação Universidade do Tocantins - UNITINS e outras, logo 75% do total, possuem com escolarização de nível Médio, e foram formadas pelo Programa de Formação de Professores em Exercício – o PROFORMAÇÃO37.

Quanto ao perfil etário do profissional docente no Município de Pedro Afonso que atuava na zona rural, no período da pesquisa, se observou que prevalece a faixa etária de 40 a 50 anos, correspondendo seis (6) professoras, o que demonstra que este contingente se caracteriza como de meia idade. O que mais se pôde concluir com os dados do perfil etário dos docentes, diz respeito à sua trajetória de formação acidentada e as dificuldades de continuar os estudos, refletidas nos baixos índices de capital cultural que possuem o que agrava o ensino no meio rural.

O município conta com 15 estabelecimentos escolares de educação básica, conforme dados do INEP/2006, dos quais, nove (9) estão localizados na zona urbana38 e seis (6) localizam-se na zona rural39. Essa distribuição desigual dos estabelecimentos escolares por localização urbana e rural reflete o grau de urbanização do município na trilha da tendência observada no país. Pertencem à rede municipal de ensino dois (2) dos nove estabelecimentos da zona urbana, e quatro (4) outros da zona rural, além de três extensões, que atendem somente o ensino fundamental das séries iniciais. Os dois estabelecimentos localizados na área urbana, porém oferecem Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, do regime seriado.

O processo de municipalização do ensino vivenciado na década de 1990 no país, fez com que os estabelecimentos de ensino que ofereciam as quatro séries do ensino fundamental,

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urso de nível médio, com habilitação para o magistério na modalidade Normal, realizado pelo MEC em parceria com os estados e os municípios, e destinado aos professores leigos, que lecionam nas quatro séries iniciais, classes de alfabetização ou Educação de Jovens e Adultos – EJA das redes públicas de ensino do país.

38 Para fins de se garantir o anonimato das informações, as professoras da zona urbana foram denominadas com

as letras A e B.

39 O mesmo critério foi adotado para as professoras da zona rural que receberam como identificação as letras C e

e estavam localizados na zona rural ficassem sob a dependência administrativa do município, processo este que atingiu o município de Pedro Afonso.

Por conta da municipalização do ensino, em Pedro Afonso, o atendimento dos alunos por escola variou de um mínimo de nove (9) para um máximo de setenta e seis (76) alunos, em que se incluem as escolas: Escola Municipal Bacabal (14 alunos), Escola. Municipal. Boa Esperança (76 alunos), Escola. Municipal Fazenda Cana Brava (9 alunos) e Escola. Municipal Grotão (26 alunos), conforme indica o Gráfico 5.

Gráfico 5: Número de Alunos da Zona Rural por Escolas Nº de alunos

11%

61% 7%

21%

Esc Mul. Bacabal

Esc. Mul Boa Esperança Esc Mul Fazenda Cana Brava

Esc Mul Grotão

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