• Nenhum resultado encontrado

Número Mínimo de Indivíduos

Lapa Rasteira do Castelejo (Alvados, Porto de Mós) – Relatório do estudo do espólio osteológico

3.2. Número Mínimo de Indivíduos

A estimativa do Número Mínimo de Indivíduos adultos com base nos restos ósseos sugere a presença de pelo menos 5 indivíduos, representados pelo 1º e 5º metatarsianos esquerdos, o talus esquerdo e a ulna direita. A análise dos restos dentários sugere um val or mais elevado, de 8 indivíduos, representados pelo 2º molar inferior esquerdo.

No que concerne aos não-adultos, a análise dos restos ósseos e dentários sugere, à primeira vista, um número mínimo de 4 indivíduos, representados pela mandíbula. No entanto, quando considerados os dados da estimativa da idade à morte (ver abaixo), é possível discernir a presença de, pelo menos, 6 indivíduos não-adultos. Este valor é o mesmo que fora já estimado no anterior relatório (Tomé, 2010). Apesar de na campanha de 2010 se terem recolhido novos elementos ósseos pertencentes a indivíduos não-adultos, o cruzamento dos dados da estimativa da idade à morte não permitiu identificar a presença de mais não-adultos nesta amostra. Admitimos, porém, que esta análise poderia eventualmente considerar a existência de mais indivíduos juvenis, mas será mais sensato manter, por ora, este valor.

Somados os valores de indivíduos adultos e não-adultos, obtemos um NMI global de 14 indivíduos.

3.3. Demografia

Estimativa da idade

Os resultados obtidos na estimativa da idade à morte dos indivíduos não-adultos permitiram identificar indivíduos pertencentes a diferentes grupos etários. Destaque -se a presença de um recém-nascido, representado pela primeira costela e pela púbis esquerdas. Abaixo dos 5 anos de idade foi ainda possível identificar um outro indivíduo, que teria entre 18 e 36 meses de idade. O grupo etário mais representado, até ao momento, é o dos indivíduos entre 5 e 9 anos de idade – de facto, identificaram-se dois indivíduos em torno dos 6 anos e um outro, com 8 a 9 anos. Finalmente, regista-se ainda um adolescente, em relação ao qual apenas podemos afirmar que se deverá situar entre os 12 e os 15 anos. À excepção do indivíduo mais jovem até agora identificado (<6 meses de idade), dispomos de estimativas da idade à morte com base na erupção dentária para todos os indivíduos descritos, o que oferece maior facilidade de correlação destes dados (Figura 2).

Figura 2: Mandíbula de não-adulto (6±2 anos, IL9.A.9).

No que concerne aos indivíduos adultos, apenas foi possível determinar a presença de um indivíduo jovem, com base na análise das alterações da superfície auricular do coxal esquerdo e estimar a idade de um indivíduo acima dos 30 anos, com base na análise da extremidade esternal da clavícula esquerda.

Diagnose sexual

Foi possível realizar diagnósticos de sexo com base na mandíbula, no osso coxal, na largura bi - epicondilar do úmero e através do comprimento do talus e do calcâneo. Na maioria dos casos, foi apenas possível determinar o sexo para um indivíduo. De facto, tanto a análise da mandíbula, como do osso coxal, do úmero direito e do calcâneo esquerdo resultaram na identificação de apenas um indivíduo do sexo masculino. Já no que concerne ao talus direito, foi apenas identificado um indivíduo do sexo feminino. Tanto o talus esquerdo como o calcâneo direito permitiram a identificação de indivíduos de ambos os sexos. No primeiro caso, dois indivíduos do sexo masculino e um do sexo feminino, enquanto no segundo caso se identificou um indivíduo de cada sexo.

Osso Masculino Feminino

Mandíbula 1 0 Coxal 1 0 Úmero D 1 0 Talus D 0 1 Talus E 2 1 Calcâneo D 1 1 Calcâneo E 1 0

Tabela 3: Resultados da diagnose sexual.

3.4. Morfologia

Não foi possível realizar estimativas da estatura com base nos ossos longos. Os únicos resultados foram obtidos com base no talus e no calcâneo. Foi possível realizar estimativas sobre indivíduos de ambos os sexos. Os indivíduos do sexo masculino apresentam valores

0123 |

situados entre os 166 e os 170 cm, enquanto que as estimativas realizadas sobre peças pertencentes a indivíduos do sexo feminino se situam entre 155 e 158 cm.

Osso Peça Lado Sexo Estatura (cm) ±

Talus IL11.1A.SC14c E M 169,23 6,07 IL11.2A.SC1 E M 166,09 6,07 IL10.3A.38 E F 158,49 5,89 IM9.A.SC110 D F 156,59 5,89 Calcâneo IL10.8A.63 E M 170,16 5,75 IL9.A.1 E M 168,14 5,75 IN10.A.42 D F 155,72 5,46

Tabela 4: Resultados da estimativa da estatura com base no talus e no calcâneo.

Em termos da morfologia dos ossos longos, foi apenas possível estimar o Índice de Platibraquia sobre um úmero direito (80.95 – euribráquico) e o Índice de Platimeria sobre um fémur direito (72.73 – hiperplatimérico).

3.5. Paleopatologia

Os principais resultados obtidos são, naturalmente, relativos às patologias orais. De um total de 90 dentes permanentes analisados, 7 (7.78%) apresentavam lesões cariogénicas, afectando apenas os pré-molares e os primeiros e segundos molares. Predominam as lesões de menores dimensões, localizadas sobretudo sobre a zona interproximal.

Em termos do desgaste dentário, os valores médios registados são baixos a moderados, com um valor médio global de 2.67 (N=90). Os incisivos laterais são os dentes menos afectados (desgaste médio=2), enquanto os primeiros molares são os dentes mais severamente afectados (desgaste médio=3.4).

Já no que concerne aos depósitos de calculus dentário, registou-se uma frequência relativa de 38.9% dos dentes permanentes afectados (35/90). Em termos da severidade dessas acumulações de tártaro, predominam claramente os graus menos severos da escala aplicada (Figura 3).

Figura 3: Canino superior esquerdo (IL10.3A.SC25e) com depósitos de tártaro na superfície bucal.

O registo da perda dentária ante-mortem revelou 6 casos, num total de 60 alvéolos observados (10%). Esta condição afecta dois indivíduos, cada um deles com a perda de três dentes. Um deles apresenta a perda do segundo pré -molar e dois primeiros molares superiores esquerdos, enquanto que o outro indivíduo, do sexo masculino, apresenta a perda ante-mortem de ambos os incisivos centrais inferiores e do primeiro molar esquerdo inferior (Figura 4).

Figura 4: Mandíbula pertencente a um indivíduo do sexo masculino (IM10.2A.20) evidenciando perda ante-mortem de ambos os incisivos centrais e do primeiro molar esquerdo.

Ainda assim, esta pequena amostra osteológica humana apresenta vestígios de outras condições além das patologias orais. O registo de patologias degenerativas articulares foi apenas possível sobre a coluna vertebral e na epífise distal de um 1º metatarsiano esquerdo. Na coluna vertebral, registaram-se 8 vértebras afectadas em 69 observadas (11.6%), com maior incidência sobre as vértebras torácicas e lombares. Predominam as lesões do grau intermédio de severidade da escala aplicada (Figura 5).

Vértebras N Art % Cervicais 11 0/1/0 9,09 Torácicas 18 2/1/0 16,67 Lombares 19 0/2/0 10,53 Indeterminadas 21 1/1/0 9,52 Total 69 8 11,59

Tabela 5: Frequência de patologias degenerativas articulares sobre a coluna vertebral (N-total de vértebras analisadas; Art-número de vértebras com sinais de artrose).

0125 |

Figura 5: Vértebra lombar (IN11.A.3) com osteófitos marginais.

Em termos da patologia traumática, além de calos ósseos identificados na diáfise de um rádio esquerdo e de uma falange proximal do pé, registaram-se 5 vértebras com nódulos de Schmorl, num total de 69 vértebras analisadas (7.25%). As vértebras lombares parecem ser as mais afectadas, não se registando qualquer caso sobre a regi ão cervical (Figuras 6 e 7).

Vértebras N Schmorl % Cervicais 11 0 0,00 Torácicas 18 1 5,56 Lombares 19 2 10,53 Indeterminadas 21 2 9,52 Total 69 5 7,25

Tabela 6: Frequência de nódulos de Schmorl (N-total de vértebras analisadas; Schmorl -número de vértebras afectadas).

Figura 7: Vértebra lombar (IN10.1A.11) com nódulo de Schmorl na superfície superior.