• Nenhum resultado encontrado

NARRATIVA DE ENTREVISTA REALIZADA EM 04/03/2018

No documento Download/Open (páginas 175-183)

Meu nome é [..,]. Meu sinal é esse. E moro em Belo Horizonte. Na minha família meus pais são primos de primeiro grau, casaram e tiveram filhos. A primeira filha faleceu. O segundo filho, meu irmão, nasceu com problemas nas vistas. A terceira filha tem deficiência intelectual. Está viva, toma remédios e tem um quadro de epilepsia.

Eu sou o quarto filho. Nasci surdo e com dificuldades para enxergar à noite. Quando criança, brincava e batia a cabeça na parede e com 40 anos de idade minha visão foi diminuindo e, com dificuldade para enxergar, fui diagnosticado com Retinose Pigmentar.

Fiz cirurgia da catarata e comecei a usar bengala. Fiquei muito feliz, pois mesmo com toda dificuldade e baixa visão, a bengala me guia. Meu irmão também é surdo, tem deficiência visual, com o mesmo diagnóstico: Retinose Pigmentar.

Eu também nasci surdo, não ouvindo absolutamente nada. Minha visão era boa, normal e com o decorrer do tempo conseguia enxergar bem na claridade, mas com

dificuldades para ver à noite.

Tinha cegueira noturna, e mesmo usando óculos para enxergar de longe ainda tinha dificuldades por conta da catarata. Fiz a cirurgia da catarata, fizeram a raspagem e, desde então, não precisei mais usar óculos. Mas, devido à Retinose Pigmentar ficou cada vez mais difícil de ver.

A luz do sol doía meus olhos. O médico disse que era doença hereditária, já estava na genética e que a visão vai escurecendo aos poucos. Usar a bengala era bom, pois evitava cair nas ruas. Para mim é uma segurança. Ajudou-me muito, melhorando minha vida. Estou muito feliz porque uso a bengala, além de todos me ajudarem nos ônibus.

E também, como surdocego, todos os ouvintes gostam de me ajudar. Também meus amigos que sabem Libras, também o português escrito, usam Libras Tátil que eu entendo. Antigamente, aprendi a escrever perto e os ouvintes leem, entendem e me ajudam, usando a Grafestesia.

A Libras Tátil é muito boa. Com ela, compreendo perfeitamente. Entendo letras e números, e se as pessoas não entendem repito, e se não entendem novamente eu escrevo como, por exemplo, no ponto de ônibus, o número 2013.

Eu não consigo enxergar. Mas, eles me confirmam se está vindo o ônibus, balançando a mão com o sinal positivo (para cima e para baixo, significa sim) e com a mesma configuração de mão (para o lado direito e lado esquerdo, significa não). Eu entendo bem, é possível.

Eu ensino todos os ouvintes e eles aprendem a guiar o surdocego. É necessário orientá-los para crescer a acessibilidade para surdocegos. Por exemplo, alguém está falando em português, os surdos e surdocegos não entendem o que está sendo falado.

Através da Libras Tátil e Grafestesia eu entendo. E alguns ouvintes sabem Libras, mas todos conseguem se comunicar pela Grafestesia, escrevendo com um dedo sobre a mão do surdocego que está acostumado. É possível e demanda prática.

Quero deixar um conselho para as crianças, cegas, surdocegas ou baixa visão: que usem a bengala e aprendam Braille. Todos que não enxergam é preciso aprender a ler Braille, memorizar a Libras Tátil desde pequenos, para se desenvolverem e ser pessoas inteligentes, capazes de serem independentes. Por exemplo, irem ao banco sozinhas, entenderem os alimentos nos supermercados, desenvolverem a Libras Tátil, a comunicação háptica e a Libras em campo reduzido.

É preciso mostrar que são capazes. Os surdocegos, desde pequenos, precisam acostumar com a comunicação e serem felizes e inteligentes. Não desobedecendo a seus pais,

pois ficam tristes. Mas, precisam se esforçar em aprender os sinais para melhorar a vida e não serem totalmente dependente da família.

Precisam ter a independência em usar a bengala e se desenvolver, porque têm ouvintes que podem ajudar na Grafestesia, orientando os lugares a ir, ônibus. Pela Grafestesia todos entendem e conseguem guiá-los. Vocês são capazes!

Eu quero dar esse conselho para crianças e todos os surdocegos que encontrarem, que precisam de ajuda para melhorar a vida, assim como ajudaram a melhorar a minha, que sou surdocego.

Tenho baixa visão, mas com a bengala sou capaz de andar em todos os lugares. Escrevo os números de ônibus e mostro para pessoas que me guiam para vários lugares. E quero aconselhar que todos são capazes de irem tanto perto como distante, em todos os lugares.

APÊNDICE A

UMESP – UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Educação

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Elaine Gomes Vilela, RG n. 40.601.167-9, mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, sob a orientação da Profª Drª Adriana Barroso de Azevedo, proponho o desenvolvimento da pesquisa intitulada ―Surdocegos e os desafios nos processos socioeducativos: os mediadores e a tecnologia assistiva‖, que tem por objetivo refletir sobre o processo formativo de surdocegos frente às dificuldades encontradas nos espaços escolares e sociedade. A pesquisa busca identificar, a partir das narrativas dos surdocegos, o que emerge quando esses refletem sobre sua permanência na escola, o atendimento dispensado a eles pelos profissionais da instituição, identificar facilitadores na comunicação, utilização de recursos de tecnologia assistiva no atendimento ao surdocego, e capacitação de profissionais mediadores para inclusão efetiva.

Para tanto, conto com a sua colaboração para a obtenção dos dados para esta pesquisa, observando-se os esclarecimentos abaixo:

ESCLARECIMENTOS:

1. A participação nesta pesquisa é de livre escolha com a garantia de sigilo de identificação dos sujeitos se eles assim requisitarem e, ainda, retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma.

2. A pesquisa não envolverá nenhum tipo de custo para os participantes.

3. A participação na pesquisa não possibilita desconforto ou risco ao participante por se tratar da realização de uma entrevista. Caso algum sujeito sinta desconforto em relação a alguma questão, poderá declinar de respondê-la, ou desistir da pesquisa a qualquer momento. São Bernardo do Campo, ____ de _______________ 201_ .

Elaine Gomes Vilela

___________________________________________

Consentimento do(a) colaborador(a)

Nome completo e assinatura

____________________________________________ Local, ____________________________, ___/___/___.

APÊNDICE B

UMESP – UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Educação

DECLARAÇÃO DE RESPONDABILIDADE DA PESQUISADORA

Eu, Elaine Gomes Vilela, RG n. 40.601.167-9, mestranda do Programa de Pós- graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, sob a orientação da Profª Drª Adriana Barroso de Azevedo, proponho o desenvolvimento da pesquisa intitulada ―Surdocegos e os desafios nos processos socioeducativos: os mediadores e a tecnologia assistiva‖.

A realização da coleta das narrativas envolve surdocegos pré e pós-linguísticos, dessa forma declaro que:

(1) Assumo o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das informações se assim os entrevistados requisitarem.

(2) Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão utilizados para se atingir os objetivos previstos na pesquisa.

(3) Os materiais e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob a responsabilidade da pesquisadora.

(4) Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em periódicos científicos e/ou em encontros, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a privacidade e os direitos individuais dos sujeitos da pesquisa, não havendo qualquer acordo restritivo à divulgação.

(5) O CEP-UMESP será comunicado da suspensão ou do encerramento da pesquisa, por meio de relatório apresentado anualmente, ou na ocasião da interrupção da pesquisa. (6) Assumo o compromisso de suspender a pesquisa imediatamente ao perceber algum

risco ou dano, consequente à mesma, a qualquer um dos sujeitos participantes, que não tenha sido previsto no termo de consentimento.

São Bernardo do Campo, _____/_____/_____. ______________________________________ Elaine Gomes Vilela

APÊNDICE C

UMESP – UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Educação

TERMO DE CESSÃO DE DIREITO DE USO DE GRAVAÇÕES DE AUDIO, VIDEO E FOTOGRAFIA

Eu,..., RG: ..., autorizo a utilização de imagens de vídeo, de fotografias e de gravações de áudio, para uso em atividades de pesquisa. As atividades previstas incluem publicação dos resultados, exposição em salas de aula, congressos, hipermídia e Internet, relacionadas com o projeto de pesquisa de Elaine Gomes Vilela, intitulado: ―Surdocegos e os desafios nos processos socioeducativos: os mediadores e a tecnologias assistiva‖, a ser realizado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção do título de Mestre. Isto posto abre mão de qualquer direito autoral que possa incidir sobre as referidas gravações.

__________________________________________

Consentimento do(a) colaborador(a)

Nome completo e assinatura

____________________________________________

APÊNDICE D

ROTEIRO DE PLANO DE AEE

A. Dados de Identificação do aluno e Unidade Escolar

 Escola:

 Nome do aluno:

 Idade: Série: Turma: Turno:

 Professor do ensino regular:

 Professor do AEE (Guia intérprete): B. Plano de AEE

1. Organização do atendimento:

 Período de atendimento: de fevereiro a dezembro

 Frequência: 5 dias

 Tempo de atendimento: 5 horas

 Composição do atendimento: (X) individual () coletivo

 Outros: (atendimentos com integrantes da rede de apoio) 2. Objetivos do plano:

 Dar continuidade aos canais de aprendizagem que já estão em andamento.

 Estimular a memória visual

 Fortalecer os traços de personalidade

 Favorecer a interação social e autonomia

3. Atividades a serem desenvolvidas no atendimento ao estudante:

 Implantação do Braille

 Ampliação de vocabulário

 Orientação e Mobilidade (aprimoramento e uso da bengala) 4. Materiais necessários para o trabalho, a escola já possui:

 Reglete  Punção  Lupa manual  Computadores  Mouse adaptado  Impressora Braille

 Maquina Perkins

 Iped/Tablet

 Soroban

 Caderno com pauta ampliada a) Auxilio para vida diária e vida pratica

 Jogos adaptados

 Cadernos de experiências reais

 Bengala (aquisição futura)

b) Comunicação alternativa e aumentativa

 Língua de sinais

 Sistemas de calendário

 Objetos de referência

 Partes de objetos

c) Recursos de acessibilidade ao computador:

 Lupa eletrônica

d) Sistema de controle do ambiente

e) Projeto arquitetônico para acessibilidade:

 Rampas e corrimão f) Órteses e próteses g) Adequação postural h) Auxílio de mobilidade

i) Auxílio para pessoa com deficiência visual j) Auxilio para pessoa com surdez

 Intérpretes

k) Adaptações em veículos 5. Parcerias

a) Tipos de parcerias necessárias para aprimoramento do atendimento e da produção de materiais

 AHIMSA e cursos específicos na área ofertados pelo Grupo Brasil de Apoio ao surdocego

C. Avaliação dos resultados:

a) Indicação de forma de registro: Livro de Experiência Real b) Resultados obtidos diante dos objetivos do Plano do AEE

D. Reestruturação do Plano

1. Listar os pontos de reestruturação caso os objetivos do Plano não tenham sido atingidos:

 Os objetivos têm sido atingidos de acordo com as propostas e tempo de aprendizagem do aluno.

2. Pesquisar e implementar outros recursos:

 Bengala para mobilidade e autonomia 3. Estabelecer novas parcerias:

 Instituto Padre Chico na observação e pesquisa do processo de alfabetização de crianças cegas.

No documento Download/Open (páginas 175-183)