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Narrativas digitais da religião no ciberespaço

Quando uma rede de computadores conecta uma rede de pessoas e organizações é uma rede social, já diziam Garton, Haythornthwaite e Wellman, em 1997, em seu texto “Studying

Social Online Network”. Existente em ciências como Matemática, Sociologia, Antropologia e

Biologia, o conceito obteve fama e notoriedade em fins dos anos 1990, com o advento da

World Wide Web, a rede mundial de computadores.

Redes são estruturas de dados encontrados em qualquer serviço de mídia social que permite às pessoas construir grupos de conexão. Vivemos num ambiente povoado de tweets,

posts, blogs e atualizações vindos da população no mundo conectado. Rede social é um

conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos, ou nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais) (RECUERO, 2015, p. 24), um mundo organizado por grupos sociais para constituir seus vínculos nas redes sociais. As redes sociais são metáforas para a estrutura dos agrupamentos sociais. São constituídas pelas relações entre os indivíduos e servem como estrutura fundamental para a sociedade. De acordo com a autora, as redes sociais tornaram-se a nova mídia por onde a informação circula, é filtrada e retransmitida; são ambientes conectados à conversação, onde a informação é debatida, gerando possibilidades de novas formas de organização social baseadas em interesses da coletividade.

A mídia social se refere a atividades, práticas e comportamentos entre as comunidades de pessoas que se reúnem online para compartilhar informações, conhecimentos e opiniões usando meios de conversação. Recuero lembra que meios de conversação são aplicativos baseados na web que permitem criar e transmitir facilmente o conteúdo na forma de palavras, imagens, vídeos e áudios. As mídias digitais são meios de comunicação baseados em tecnologia digital, meios de comunicação eletrônicos. Existem vários tipos de mídias sociais, cada uma com finalidade, operacionalidade e público-alvo diferentes. Elas oferecem ferramentas que facilitam a comunicação entre os usuários e o trânsito dos mais variados conteúdos, compartilhados ou produzidos por eles mesmos. Nesta Tese, trabalhamos especificamente a mídia Facebook,4 pelo fato de o seu foco ser voltado para o relacionamento

4 Criado em 2004 pelo americano Mark Zuckerberg e por alguns colegas universitários de Harvard, o Facebook tinha o objetivo inicial de comunicação entre os alunos da Universidade de Harvard, com possibilidades de

entre pessoas e as experiências de troca, embora também possua espaço para que pessoas e empresas disseminem seus conteúdos. Por meio de conexões online, essa mídia permite que seus usuários se apresentem em um perfil, acumulem “amigos” e unam-se a grupos virtuais com base em interesses comuns, como veremos em alguns exemplos ao longo deste trabalho.

A plataforma do Facebook não permite mudanças de aspectos das páginas, no entanto, permite a criação de aplicações externas, que, ao serem integradas, começam a fazer parte das funcionalidades de rede. Esta é uma característica da web 2.0, de plataforma aberta, funcionando como uma ferramenta de divulgação de aplicações de terceiros. Assim, a crescente utilização atual dessa mídia por todos os segmentos da sociedade aproxima relações, facilita e agiliza a comunicação e auxilia a Igreja na divulgação do catolicismo. As redes sociais mais usadas no mundo, segundo dados do Hootsuite do We Are Social, de 2018, são:

Figura 1: Imagem das redes sociais mais usadas no mundo em 2019

Fonte: https://wearesocial.com/uk/blog/2019, com elaboração da autora.

Alexandre de Santi, em um artigo publicado em 2015, na revista Superinteressante, diz que o Facebook é a maior rede da história. “Nunca existiu, antes, um lugar onde 1,4 bilhão de pessoas se reunissem e 936 milhões entrassem todo santo dia (só no Brasil, 59 milhões). Metade de todas as pessoas com acesso à internet, no mundo, entra no Facebook pelo menos uma vez por mês”. Ele tem mais adeptos do que a maior das religiões (a Católica, com 1,2 bilhão de fiéis), e mais usuários do que a internet inteira tinha dez anos atrás. Em suma: é o meio de comunicação mais poderoso da atualidade e tem mais alcance do que qualquer outra coisa que tenha existido (SANTI, 2015, p. 30). É inegável que as redes sociais da web estão, compartilhamento de informações acadêmicas, envio de mensagens e publicação de fotos. Posteriormente, a rede foi aberta a outras universidades e, em 2006, a todos os internautas, período em que houve uma grande expansão de usuários.

definitivamente, presentes na vida de um número muito grande de indivíduos, cada vez mais conectados, especialmente no Facebook, que representa hoje o maior site, no que se refere às redes sociais, de todos os tempos. Embora, no Brasil, 90% de pessoas estejam inseridas nessa plataforma, ela ainda é a maior rede de conexão de pessoas.

Fonte: https://www. cetic.br

As redes sociais são, portanto, ambientes muito importantes, como lugares de emergência de novos comportamentos das narrativas. No que diz respeito à relação com os

media interativos e a influência deles no contexto social, o Brasil destaca-se pelo número de

acessos à internet; em pesquisa divulgada pelo CETIC.BR (Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) sobre a disponibilidade das tecnologias da informação e comunicação (TIC), no ano de 2018, no Brasil, que teve por objetivo medir a posse e o uso da população brasileira em relação às tecnologias de informação e comunicação, mostrou-se que aumentaram a aquisição e o uso da internet para 93% de domicílios em relação à última pesquisa.

Em relação ao resto do mundo, 81% dos brasileiros com 13 anos ou mais estão ativos nas redes sociais, contra 58% em todo o mundo, e a penetração da mídia social é de 66%. O Brasil ocupa o segundo lugar em termos de horas gastas em plataformas de redes sociais por dia: 3h e 34 min. 130 milhões de brasileiros estão no Facebook e 69 milhões no Instagram. O alcance orgânico médio dos posts na página do Facebook no país é de 8,5%, contra 8% globalmente. As postagens na página do Facebook têm uma taxa de engajamento de 4,22% no

Brasil. No mundo, a média é de 3,75%. Para postagens em vídeo, o engajamento sobe para 6,74%.5

Figura 2: Redes sociais mais utilizadas no Brasil

Fonte: https://wearesocial.com/global-digital-report-2019, acesso em 30/10/2019.

Com as narrativas mediáticas, histórias de pessoas simples ou famosas têm ganhado notoriedade e complexidade cada vez maiores. Realmente não são algo intrusivo, mas estimulam envolvimento. Essas são características que têm sido valorizadas na comunicação produzida para as mídias digitais. O modo característico de apropriar-se do ciberespaço através de websites pessoais é entendido como forma permanente de construção de si, dentro do foco da pós-modernidade. Quanto às relações sociais elas existem desde que o homem se reúne em grupos. Somos animais sociais. As redes têm potencializado essa nossa característica, oferecendo locais em que possamos dar vazão às nossas expressões e relacionamentos. Segundo Murray (2003), a narrativa em ambiente digital oferece ao usuário a possibilidade de experienciar três categorias estéticas: a imersão, o desejo e a sensação. Elas fazem com que o sujeito obtenha a maior interação com a história: a imersão faz com que sejamos transportados para outros mundos, sem sair do lugar. O desejo de viver uma fantasia, transmitida pelas narrativas de um determinado universo ficcional, induz o nosso cérebro a

sintonizar narrativas de um determinado universo, o enredo proposto e anular temporariamente o mundo real à nossa volta. É a sensação de estarmos participando da história em outra dimensão. “A imersão pode requerer um simples inundar de mente com sensações [...]. Muitas pessoas ouvem música dessa maneira, como um aprazível afogamento das partes verbais do cérebro” (MURRAY, 2003, p. 102). Quando se está imerso no mundo virtual, é necessário que o usuário aceite as normas daquela plataforma, independentemente de suas ações e seu comportamento no mundo real serem diferentes do virtual. Imersos estão dispostos a aceitar o que não é que nos é dado.

Artistas digitais independentes utilizam a rede como um conjunto universal de propagação da arte, inserindo animações, histórias ilustradas, histórias hipertextuais e, inclusive, filmes digitais de curta-metragem. As narrativas de ficção científicas e fantasiosas emergem no ciberespaço. Contudo, os elementos documentais da web, como exemplo, “os diários de viagem, os álbuns de família e as autobiografias visuais do âmbito digital, têm levado na digital a se aproximar da narrativa multiforme.” (MURRAY, 2003, p. 120).

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