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TEMPO DE ATUAÇÃO NO AEE

CAS/NATAL/RN

Eixo temático: atendimento educacional especializado

MARIA JOSÉ SILVA LOBATO1

Centro Estadual de Capacitação e de Atendimento às Pessoas com Surdez- CAS/NATAL/RN

EMILIANA OLIVEIRA DE LIMA2

Centro Estadual de Capacitação e de Atendimento às Pessoas com Surdez- CAS/NATAL/RN

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo relatar experiências de ensino e aprendizagem do Atendimento Educacional Especializado (AEE) desenvolvidos no CAS-Natal/RN. Diante desse contexto, O AEE tem como objetivo promover uma política de educação inclusiva visando atendimento complementar ou suplementar por meio de propostas de atividades que visem à autonomia social, comunicativa e de apoio pedagógico (leitura e escrita e compreensão de mundo) de forma a garantir o acesso, a permanência e a participação efetiva dos educandos surdos no processo de escolarização. Para tanto, são apresentados alguns conceitos relacionados à educação inclusiva na perspectiva do AEE. Nossa pesquisa configura-se como pesquisa ação (SEVERINO, 2007). Utilizamos como subsídios documentais, dentre outras fundamentações. Procuramos enfatizar a importância da proposta do projeto temáticos na área de matemática e seu impacto no processo de ensino e aprendizagem dos alunos surdos. Compreendemos que os projetos interdisciplinares em áreas de especialidade distintas (LIBRAS LI, Português L2, Raciocínio lógico e Compreensão de mundo) buscam atender às

necessidades educacionais dos alunos surdos valorizando suas

potencialidades individuais e coletivas buscando minimizar o processo desigual de ensino e aprendizagem por meio da construção de um ambiente de aprendizagem significativo.

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa é resultado de um esforço em pensar a prática pedagógica na perspectiva inclusiva a partir de questões problematizadoras que se apresentam no cotidiano do ambiente escolar que trazem implicações no processo de aprendizagem dos educandos surdos. O CAS-Natal/RN visa atender as especificidades linguísticas e apoio pedagógico dos alunos surdos por meio do atendimento complementar ou suplementar que auxiliem os alunos com surdez no processo de escolarização.

As pessoas com surdez têm conquistado direitos fundamentais que promovem a sua inclusão social como o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras), por meio da lei 10.436 abril de 2002 e sua recente regulamentação, pelo decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que também garante a obrigatoriedade do ensino de Libras na educação básica e no ensino superior (cursos de licenciatura e de Fonoaudiologia). Ademais, Lei 10.436/02 afirma que a Libras:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

O centro desenvolve seu plano de Atendimento Educacional Especializado visando atender as necessidades educacionais dos alunos surdos por meio do

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atendimento complementar ou suplementar, destacando-se três momentos didático-pedagógicos em um ambiente bilíngue, conforme Damázio et al (2007):

a) Atendimento educacional em Libras (contempla todos os conhecimentos das diferentes áreas de especialidade) emque todos os conhecimentos dos conteúdos curriculares, são explicados nessa língua;

b) Atendimento Educacional para o ensino de Libras (especificidades gramaticais dessa língua) que favorece o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos científicos;

c) Atendimento Educacional para o ensino da Língua Portuguesa (aspectos gramaticais dessa língua) no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para as pessoas com surdez.

Diante do exposto, o Atendimento Educacional Especializadodo CAS- Natal/RN ampara-se na Declaração Mundial de Educação para

Todos:satisfação das necessidades básicas de aprendizagem (UNESCO38, 1990), quando afirma que toda pessoa tem direito à educação.Assim, no Art. 3assegura como direito a “universalização ao acesso à educação e o fomento à equidade”.

Ademais, conforme Lobato (2015)a Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional que regulamenta o sistema educacional brasileiro desde a educação básica ao ensino superior. A LDB (BRASIL, 1996) afirma que educação perpassa todas as instâncias sociais e organizacionais. Também enfatiza no Art. 3º que o ensino deverá embasar-se em princípios, como descrito no Inciso I, segundo o qual aos alunos deve ser “assegurada à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1996).

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UNESCO é definida como a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Foi fundada logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo, através da educação, da ciência, da cultura e das comunicações. Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/topicos/a-unesco-e-a-educa%C3%A7%C3%A3o/0>. Acesso em: 03 mar. 2014.

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Além disso, Lobato (2015) afirma que na LDB (BRASIL, 1996) no capítulo V refere à educação especial, que o ensino deve ocorrer preferencialmente na rede regular, bem como elenca as diretrizes de acesso e permanência dos alunos que serão atendidos nas classes comuns, como exposto nos Art. 58 e incisos 1º e 2º afirma que:

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil (BRASIL, 2013, p.22).

A pesquisa foi organizada seguindo as seguintes etapas. Primeiramente apresentamos o resumo que contempla a justifica, objetivo, explicitação do problema, experiência educacional, local, metodologia utilizada e os resultados desta investigação. Posteriormente apresentamos a introdução que discorre acerca da política da educação inclusiva no Brasil que influencia nas diretrizes políticas voltadas AEE. Em seguida trataremos dos materiais e métodos desenvolvidos no AEE do CAS-Natal/RN. Por fim, destacaremos em nossas considerações finais alguns impactos que os projetos temáticos

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interdisciplinares provocaram no ensino e aprendizagem dos alunos com surdez.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa configura-se como pesquisa ação (SEVERINO, 2007). Este estudo está em processo de desenvolvimento no corrente ano. A turma do AEE tem dois atendimentos semanais, no contraturno da escola regular. Ademais, a professora ouvinte bilíngue (Libras e Língua Portuguesa) atende um grupo misto, ou seja, a turma é formada por 8 alunos, sendo 2 meninos e 6 meninas, com idades entre 14 e 16 anos, além de apresentar variações de linguagem compreensiva e expressiva da língua na perspectiva de Libras LI e Língua Portuguesa L2 , da simples à mais complexa proficiência linguística.

Diante desse contexto, apresentaremos alguns recursos didático- pedagógicos na perspectiva bilíngue desenvolvido na área raciocínio lógico que possibilita atender às necessidades educacionais dos alunos surdos, como apresentado na Figura 1, a seguir:

Figura 1- Calendário na perspectiva bilíngue

Fonte: Produção adaptada da professora

A atividade ilustrada na figura 1 apresenta o calendário na perspectiva bilíngue. Este material bilíngue é utilizando no cotidiano do AEE e tem como

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objetivo trabalhar grandezas e medidas. A presente atividade envolve diferentes áreas de especialidade (Libras LI, Língua Portuguesa L2, raciocínio lógico e compreensão de mundo).

Assim, por meio do calendário na perspectiva bilíngue pode-se trabalhar, por exemplo: nome dos alunos o nome dos dias da semana, organização temporal, datas comemorativas e festivas (aniversário dos alunos e dos familiares), dias da semana de atendidos no CAS, rotina semanal em casa, etc. Essa marcação também é feita no calendário mensal colado no caderno, afim de que os alunos surdos possam compreender e acompanhar a organização temporal do seu cotidiano.

Ao iniciar o ano letivo de 2016 a professora basicamente realizava o registro diário do calendário bilíngue, entretanto, após quatro meses de interação com o material os alunos já demostram autonomia para realizar a atividade diária. Além disso, realiza-se diariamente a marcação temporal do