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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

NORTE: UM ESTUDO PRELIMINAR

Maria Ilma de Oliveira Araújo1 - UFRN Rita de Cássia Barbosa Paiva Magalhães2 - UFRN

RESUMO

Esse estudo é um excerto de uma pesquisa de Mestrado em elaboração. O objetivo deste artigo é identificar o perfil dos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado na sala de recurso multifuncionais nas escolas estaduais do Rio Grande do Norte. É imperativo o processo inclusivo que vem se constituindo no Brasil nas últimas décadas que busca promover o aperfeiçoamento da educação escolar de maneira que todos os estudantes, indistintamente, tenham assegurado não só o direito a educação, mas sobretudo as condições necessárias para o seu aprendizado. Nesse sentido, discutimos a implementação da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva Inclusiva de 2008 que através do Decreto 7.611/11 e da Resolução CNE/CEB nº4/2009, instituem as diretrizes orientadoras para o Atendimento Educacional Especializado destinado aos estudantes da Educação Especial. Nesse percurso faz imprescindível realizar um mapeamento quantitativo do perfil profissional desses professores, no tocante a identificar aos aspectos formativos dada a inexistência de pesquisas com tais informantes. Esse estudo se caracteriza por uma abordagem qualiquantitativa, na construção dos dados, realizamos um Survey com uso de questionário semiaberto. Apresentamos inicialmente apenas os dados quantitativos, tratados preliminarmente, contendo os resultados da caracterização, perfil do professor, a saber: sexo, idade, formação inicial, formação continuada em educação Especial, tipo de formação continuada, pós-graduação em educação especial e tempo de atuação no Atendimento Educacional Especializado. Os dados já apontam para as fragilidades formativas dos professores e a preponderância de pedagogos como profissionais nas salas.

Palavras-chave:Educação Especial. AtendimentoEducacional Especializado.

Professores de Educação Especial.

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ilminhaoaraujo@gmail.com

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Introdução

Esteestudo é um excerto da investigação “Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas escolas estaduais do Rio Grande do Norte: a perspectiva dos professores”, em fase de elaboração junto ao Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na Linha Educação e Inclusão em contextos Educacionais.

O objetivo deste artigo é identificar o perfil dos professores do AEE das escolas estaduais do Rio Grande do Norte que atuam nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM). Ensejamos mapear quantitativamente os aspectos formativos dos professores do AEE da Educação Especial no Rio Grande do Norte.

Na educação especial o AEE atualmente vem sendo priorizado pelo Ministério da Educação (MEC) com base no Decreto nº 7.611/2011, implica um serviço da educação especial de apoio especializado, realizado de forma complementar ou suplementar a formação dos estudantes da educação especial. É ofertado preferencialmente nas SRM ou Centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições de cunho comunitário, confessionais e filantrópicas” (MARTINS, 2010).

No tocante a Política Nacional da Educação Especial em perspectiva inclusiva de 2008 o profissional (professor) do AEE é o responsável por fomentar o processo de inclusão e escolarização dos estudantes com deficiência conforme as atribuições que lhes são conferidas e definidas na Resolução CNE/CEB n.4/2009, art. 13, a saber:

• Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do estudante;

• Definição do cronograma e das atividades do atendimento do estudante; Organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção de recursos acessíveis;

• Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa e Aumentativa - CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular;

• Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia assistiva na sala de aula comum e demais ambientes escolares;

• Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes etapas e modalidades de ensino;

• Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre a aplicabilidade e funcionalidade dos recursos utilizados pelo estudante;

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Interfacecom as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras. (SEESP/MEC, BRASIL, 2010, p. 8).

Para atender o exposto acima o professor do AEE deve ter formação inicial que o habilite para exercício da docência e formação continuada na educação especial. (Ibid., art. 12).

Notadamente o arcabouço de atribuições que lhes são conferidas não se resume na prática ao atendimento apenas ao estudante da educação especial, se estende no atendimento a família, na interlocução com os professores do estudante no ensino regular e na interface com outros profissionais e áreas de conhecimento.

Martins, (2014) com base na pesquisa intitulada: Um Recorte sobre o Atendimento Educacional Especializado no Sistema Municipal de Ensino, em Natal/RN, sob o olhar de alguns docentes acentua que embora os professores relatem uma vivência nas salas de recursos multifuncionais, todos professores de AEE entrevistados sentem a necessidade de um aprofundamento teórico prático que seja voltado para conhecimentos em áreas específicas, tais como deficiência visual, surdez, deficiência múltipla, autismo, entre outros.

Nesse sentido, consideramos que embora os documentos legais sejam claros quanto as diretrizes do atendimento educacional especializado é no contexto da prática que se revelam fragilidades dos saberes específicos.

Para Pletsch (2009, p.145) “a formação deve atender às necessidades e aos desafios da atualidade. ” Uma formação profissional que possibilite não apenas o conhecimento técnico, mas que possa estimular a ação reflexiva crítica do professor de maneira a mobilizar os conhecimentos de forma colaborativa, no enfrentamento dos desafios vivenciados no cotidiano da escola. A soma desses conhecimentos e reflexões pode gerar aquisição de novos conhecimentos, estimular a valorização e o respeito sobre o conhecimento construído de cada um e partilhado por todos, o princípio da complementaridade de saberes, promovendo um melhor atendimento ao estudante.

O professor de AEE, neste sentido, antes de ser um profissional que foca nas necessidades específicas do aluno - via um Plano de Atendimento - é um articulador, na escola, de processos de educação inclusiva que implicam, inclusive, em mudanças de cunho curricular.

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No Estado do Rio Grande do Norte o atendimento educacional especializado realizado nas salas de recursos multifuncionais é um dos serviços da Educação Especial gerenciado pela Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC/RN) através da Subcoordenadoria de Educação Especial (SUESP). Atualmente o Estado do RN conta com 369 escolas estaduais contempladas com sala de recursos multifuncional, e 278 professores atuando no atendimento educacional especializado nas salas de recursos multifuncionais. Desse universo compomos uma amostra com 98 professores distribuídos em 4 DIRECs para a realização desse estudo.

Metodologia

Nossa abordagem dada a natureza do objeto de estudo é a perspectiva qualiquantitativa. Para Santos Filho (2013, p.49) os métodos quantitativo e qualitativo não são incompatíveis, pelo contrário, estão intimamente imbricados e, portanto, podem ser usados pelos pesquisadores sem caírem em contradição epistemológica. Stake postula (2011, p. 29) que “esses métodos são amplamente compartilhados, [...] a diferença entre os métodos quantitativos e qualitativos é mais uma questão de ênfase do que de limites”.

Na construção dos dados realizamos um Survey, com uso de um questionário semi-aberto. Segundo Babbie, (1999) esse método se caracteriza pelo interesse em produzir descrições quantitativas de uma população, com o uso de instrumento pré- definido, também busca descobrir a distribuição de certos traços e atributos, interesses e opiniões manifestas na população estudada.

Utilizamos como critérios para composição da amostra:

• Todos os professores de AEE da 1ª, 2ª, 9ª e12ª DIREC, que atuam nas SRM das escolas estaduais dos municípios que compõem cada DIREC.

• DIRECs foram escolhidas por apresentarem o maior número de professores atuando no AEE;

• Professores que atuaram nas SRM no atendimento educacional especializado no ano de 2015.

Para esse artigo utilizamos a amostra dos 98 professores que já participaram do estudo. Os dados coletados (construídos) foram analisados por meio de ferramental estatístico.

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A partir dos primeiros resultados quantitativos obtidos com a aplicação dos questionários traçamos um perfil dos professores de acordo com as categorias expostas nos gráficos.

O gráfico nº1 revela que a maioria dos professores são do sexo feminino, correspondendo a um percentual de 93%, sendo que apenas 7% são do sexo masculino:

SEXO

7%

F

M

93%

Gráfico nº 1- Distribuição por sexo dos professores do AEE das escolas estaduais do RN.

O gráfico nº2 apresenta que a maioria dos professores tem idade superior a 40 anos, 68%, 11% tem idade de 36 a 40 anos, 17% tem idade de 31 a 35 anos e 4% de 26 a 30 anos:

IDADE

51-55

56-60

26-30

10%

3%

4%31-35

17%

36-40

46-50

11%

36%

41-45

19%

Gráfico nº2- Idade dos professores do AEE das escolas estaduais do RN.

No gráfico nº3 observamos que maioria dos professores apresentam formação inicial em Pedagogia 82% e 17% formação inicial em licenciatura:

6 100 % 80% 60% 40% 20% 0 %

FORMAÇÃO INICIAL

82%

17%

PEDAGOGIA

LICENCIATURA

Gráfico nº 3 – Formação inicial dos professores do AEE das escolas estaduais do RN.

No gráfico nº 4 evidenciamos que 21 professores informaram não possuir pós- graduação e 69 possuem pós em outras áreas do conhecimento, apenas 19 informou possuir pós-graduação em AEE, 5 professores informou possuir mestrado e nenhum professor (a) informou ter doutorado:

PÓS GRADUAÇÃO

70 60 50 40

69

30 20

21

19

10

5

0

0

Gráfico nº4 – Formação em pós-graduação dos professores do AEE do estado do RN

O gráfico nº 5 mostra que a maioria dos professores informaram possuírem Formação continuada em Educação Especial, 80% e apenas 20% informou não possuir

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formação continuada em educação especial. Contudo como mostramos no Quadro nº 4 apenas 19 sujeitos tinham Especialização em AEE, o que pode indicar pouco conhecimento teórico sobre funções e papéis deste atendimento na escola regular:

POSSUI FORMAÇÃO CONTINUADA EM ED.