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ARTE-EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO ESPECIAL

UMA PROPOSTA DE INCLUSÃO NA ESCOLA ATRAVÉS DA PRÁTICA MUSICAL

Dalva Simône Linhares17-Escola Municipal Profª Terezinha Paulino, RN

Verônica Campos Batista18- Escola Municipal Profª Terezinha Paulino, RN

Angélica Augusta L. do Monte19-Escola Municipal Profª Terezinha Paulino, RN

Resumo

O presente relato de experiência faz a análise das ações e efeitos da música acerca do processo de inclusão sócio-educativa em uma escola pública da rede municipal de ensino da cidade de Natal/RN. Dessa forma, essa atividade busca compreender as conexões e os efeitos da música sobre os alunos com e sem deficiência no processo de ensino e aprendizagem e enquanto seres sócio-culturais, facilitando assim a comunicação, a convivência e a integração destes, de forma atual e interdependente, ajudando-os a crescerem afetiva e intelectualmente. Como metodologia, utilizou-se vivências rítmico-sonoras com oficinas interativas, produções textuais, monitorias e grupamentos. Desse modo, se promoveu mudanças atitudinais e comportamentais em alunos e pessoas envolvidas no trabalho, como a concentração, dicção, coordenação motora, auto-estima, disciplina, autonomia, comunicação, socialização, fortalecimento dos vínculos afetivos dos alunos com a família, caracterizando assim, essa experiência, como um fomento para a construção de uma escola inclusiva. Assim, com essa atividade, verifica-se que a música não é somente uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de ensino, pois desperta o indivíduo para um mundo prazeroso e, satisfatório para a mente e o corpo, facilita a aprendizagem e também a inclusão.

Palavras-chave: música, inclusão, aprendizagem

Em um contexto globalizado e multicultural é imprescindível a necessidade de se trabalhar e educação numa dimensão inclusiva. Nesse sentido, a música, linguagem da comunicação presente na vida do homem é uma via em que o desenvolvimento pedagógico, humano e cultural pode se manifestar nas relações

17 smonelinhares@gmail.com 18 verinha.campos@oi.com.br 19 ange_likinha@hotmail.com

psíquicas e físicas apresentadas em sons e movimentos, nas relações de vivência e no respeito à diversidade, permitindo ao aluno mobilizar as suas competências cognitivas e emocionais para a formação e organização de conhecimento de mundo e de si mesmo.

Sob esse olhar, relata-se a experiência vivida com uma turma de alunos do 8º ano - sendo dez desses com deficiências - do Ensino Fundamental de uma escola municipal da rede pública, situada na periferia da cidade de Natal/RN, num contexto cuja pluralidade cultural oportuniza e desafia a novas possibilidades de conviver com as diversidades. Assim, pois, desenvolveu-se um trabalho com o objetivo de promover o conhecimento intelectual e as relações humanas por processos interativos de comunicação e inclusão por vivências musicais, investigando a contribuição da música no desenvolvimento intelectual e social dos alunos. Para isso, foi realizada reunião com os pais, cuja participação e envolvimento foram de considerável importância no processo. Como feito, promoveu-se aulas expositivas com conteúdos básicos sobre música (conceito, importância, paisagem sonora, elementos da música, propriedades do som, estilos musicais); apreciação musical; musicalização de poema; oficinas diversas com vivências rítmico-sonoras; oficina para construção de instrumentos musicais com materiais recicláveis; produção de relatórios; formação de lideranças e monitores.

Oficina com materiais recicláveis – Construindo instrumentos percussivos.

Alunos monitores dando aula. Estudando o texto “Pagodeira”

Esses procedimentos são apoiados no que a prática musical na escola aplica-se ao conhecimento construído no âmbito das relações, o que remete para a teoria sociointeracionista de Vygotsky (2000). Também abrange a perspectiva para uma educação multicultural neste século, proposta feita por Jacques Delors (2006) na apresentação dos quatro pilares da educação: Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Viver Juntos e Aprender a Ser. Ainda nesse contexto de importante visão, estudo e aplicação para a pedagogia musical na escola, Howard Gardner (1995) aponta a existência da Inteligência Musical em sua Teoria das Inteligências Múltiplas. Sobre a inclusão, Mantoan (2008) vem assinalar que a diferença é, pois, o conceito que se impõe para que possamos defender a tese de uma escola para todos. Na discussão sobre música e inclusão, Soares e Louro (2013), propõem uma nova postura socioeducativa, com base em seus estudos e experiências.

Nessas condições, se conduziu uma proposta de inclusão na escola através da prática musical no que se vislumbram os benefícios que a educação recebe com a pedagogia cultural e expressiva da música na escola ao ser analisada as relações e os efeitos desta acerca do processo de ensino e aprendizagem, envolvendo e interagindo a comunidade escolar de forma reflexiva e harmoniosa.

Para construir e desenvolver o presente trabalho apresenta-se as bases teóricas necessárias e utilizadas para fundamentá-lo, ressaltando os pontos abordados pelos autores pertinentes ao assunto em questão.

Na experiência relatada participam alunos com necessidades educacionais especiais, que se trata, segundo o Dicionário Interativo da Educação Brasileira

(EDUCA BRASIL,2013) de: “Necessidades relacionadas aos alunos que

apresentam elevada capacidade ou dificuldades de aprendizagem.”

Dentro dessa proposta de educação inclusiva, contextualiza-se que essa se refere ao processo de inclusão de pessoas com deficiências ou dos distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os níveis, da pré-escola ao quarto grau, conforme afirma Mrech (1998). Ainda mais, acrescenta Silva (2013) que a inclusão escolar é:

Antes de tudo como um processo educacional gradual e interativo. É um movimento que respeita às singularidades de cada ser humano, oferecendo respostas às suas necessidades e particularidades. A perspectiva primordial da inclusão é a certeza de que não existem pessoas iguais e são exatamente as diferenças entre os seres humanos, que o caracterizam. O aluno é então compreendido como um ser único, singular e social, que tem sua história de vida, constituindo-se então um ser histórico diferente.

Sendo assim, caracteriza-se a escola como um espaço para onde convergem pessoas das mais diversas identidades sociais, culturais, étnicas e religiosas. Nas relações diárias de convivência com essas diferenças se desenvolve o indivíduo e sua aprendizagem. Essas considerações, reforçam a prática musical numa perspectiva inclusiva, no que para Louro (2013) “uma pessoa com deficiência deveria ter as mesmas chances que qualquer outra pessoa no que se refere a educação musical, visto que, a aprendizagem musical trabalha diversos elementos importantíssimo para a formação humana.”

De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2010, p.9), esta assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão.

Nessas condições, foi efetivada uma proposta de inclusão na escola através da prática musical com reuniões semanais e momentos presenciais e vivenciais, de setembro a dezembro de 2012, contribuindo assim com o processo inclusivo da educação na escola, através da música. As oficinas de vivências rítmico-sonoras e o processo de inclusão e desenvolvimento dos alunos se deram concretizando a teoria sociointeracionista de Vygotsky que enfatiza o papel da linguagem no processo de desenvolvimento e aprendizagem social, cultural e histórica em que os conhecimentos são elaborados por meio das interações, partindo do social para o individual.

A cultura, para Vygotsky, é como uma espécie de “palco de negociações”, em que seus membros estão num constante movimento de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados. A vida social é um processo dinâmico, onde cada sujeito é ativo e onde acontece a interação entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um. [...] O processo de desenvolvimento do ser humano, marcado por sua inserção em determinado grupo cultural, de dá “de fora para dentro.” Isto é, primeiramente o indivíduo realiza ações externas, que são interpretadas pelas pessoas ao seu redor, de acordo com os significados culturalmente estabelecidos. A partir dessa

interpretação é que será possível para o indivíduo atribuir significados a suas próprias ações e desenvolver processos psicológicos internos que podem ser interpretados por ele próprio a partir dos mecanismos estabelecidos pelo grupo cultural e compreendidos por meio dos códigos compartilhados pelos membros desse grupo. (OLIVEIRA, 2000, p.38-39)

A escola, de modo geral, tem uma relação estreita com o mundo da cultura e com a sociedade. A abordagem de Vygotsky, analisada sob a ótica de Oliveira, constitui um norte para a prática de atividades com a música, no âmbito escolar.

Aqui, depara-se com a reflexão, a apreciação, o conhecimento e a pesquisa sonora que envolve o aluno e amplia seu interesse sobre o assunto, da mesma forma que o faz descobrir o outro. A este propósito, verificou-se na turma, a presença de alguns alunos com experiências musicais anteriores os quais foram convidados à monitoria, em alguns momentos, no processo de desenvolvimento do trabalho. Logo, com essa oportunidade de comunicação, observou-se uma mudança de comportamento em todo o grupo, no aprender a ouvir e respeitar a opinião dos outros pelo objeto de conhecimento, com sentido e significado, os alunos partilham, questionam e refletem sobre a música e a experiência que vêm vivenciando. Nesse sentido, dada a importância e necessidade para o diálogo com as diferenças, a articulação com vários tipos de conhecimento, com o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.79) contextualiza que é necessário procurar e repensar caminhos que nos ajudem a desenvolver uma educação musical que parta do conhecimento e das experiências que o jovem traz de seu cotidiano, de seu meio sociocultural e que saiba contribuir para a humanização de seus alunos.

Naturalmente, o trabalho segue com a presença constante de vivências rítmico- sonoras em que se faz uma descoberta da linguagem corporal com os diferentes sons e movimentos imitados, criados e recriados pelos alunos, da mesma forma que se aprendem pequenas canções em que os movimentos do corpo se somam as suas performances. Nessas atividades, desenvolvidas no contexto escolar, observou-se que os alunos eram estimulados a interagirem em seus saberes através da troca de experiências e descobertas. Nessa perspectiva, Gardner (1995, p.35) corrobora: Na Teoria das Inteligências Múltiplas, uma Inteligência serve tanto como o conteúdo da instrução quanto como o meio para comunicar aquele conteúdo.

A percussão com os meninos surdos. Ensaio antes da apresentação e grupo de percussão.

Note-se que dentro do conjunto de habilidades (corporal-cinestésica, lógico- matemática, linguística, espacial, interpessoal, intrapessoal) que Howard Gardner criou em sua teoria, encontra-se a Inteligência Musical que se caracteriza pela habilidade de reconhecer sons e ritmos, de pensar em termos musicais. Assim, pois, o cognitivo, o psicomotor, o emocional e o afetivo se manifestam em superação a timidez, ao medo e ao descrédito em si mesmo dando lugar a alegria da participação e a realização da conquista pessoal. A esse respeito, Snyders (1997, p. 92-93), assinala que:

Os alunos podem aprender a viver uma união musical do indivíduo com o grupo que resulte num desabrochar do indivíduo e do grupo: cada ouvinte interpreta a emoção do seu próprio jeito e, ao mesmo tempo, participa das reações dos outros, a tal ponto que se torna possível a unidade sensível de uma pluralidade viva.

À medida que as atividades vão sendo realizadas, percebe-se as habilidades e competências dos educandos se desenvolverem com grande envolvimento e interação com o grupo, que cresce humanamente nos valores e relações sociais vivenciadas em sua pluralidade. Isso fica ainda mais evidente quando se aplica aos quatro pilares norteadores da educação para o século XXI relatada por Jacques Delors (2006). Esses pilares estiveram presentes em todas as atividades realizadas. Pode-se destacar o “Conhecer” num encontro cuja importância, presença e efeitos da música, vislumbrou-se que esta é para todos, sendo que, após uma apreciação seguida de participação dos alunos, logo observou-se como ficaram atentos, alegres e comunicativos.

Para os alunos com deficiência, o acolhimento e a colaboração dos colegas são imprescindíveis para a participação e o desenvolvimento daqueles nas atividades propostas. As dificuldades de cada um se apresentam quase linear quando se

vivencia uma grande integração social em que o respeito e a solidariedade se unem na construção da aprendizagem, nas habilidades de coordenação motora, percepção sonora e comunicação. A esse respeito, Mantoan (2008, p.65) afirma que “talvez seja este o nosso mote: fazer entender a todos que a escola é um lugar privilegiado de encontro com o outro. Este outro que é, sempre e necessariamente, diferente!”

Portanto, a proposta de inclusão na escola pela prática musical abrange vários aspectos que norteiam o processo de ensino e aprendizagem e a promoção das relações entre as pessoas quando na abrangência de sua socialização.

Antes de dar início a presente proposta pedagógica buscou-se uma melhor formação a fim de conhecer mais, estimular e preparar melhor as aulas, através de leituras de textos, pesquisa em filmes, documentários, vídeos, relatos de experiências, conversas com outros profissionais e vivência da prática de instrumentos percussivos, através de oficina ministrada na própria escola, para os professores.

Oficina de percussão com equipe docente.

Na perspectiva de uma maior socialização na comunidade escolar, realizam-se encontros com os pais dos alunos para apresentar a proposta de educação musical a ser desenvolvida na escola e contar com a participação desses, os inserindo nas atividades a fim de reforçar, resgatar os laços afetivos, valores familiares e sociais, como também o acompanhamento na aprendizagem e educação dos filhos como um todo. Esse procedimento foi bem receptivo no decorrer das atividades realizadas com os educandos.

Essa integração família, alunos, professores vem transcorrer na expressão de sentimentos, espontaneidade, sensibilidade, de modo que o fazer e a emoção se encontrem livres. Diante disso, enfatiza Bréscia (2003, p.83) que a música é tida como um dos melhores meios de expressão e socialização do ser humano.

Nesse sentido, foi desenvolvido um trabalho com um grupo de 32 alunos com idade entre 13 e 18 anos. Dentre esses, participam quatro surdos, um com distúrbios de linguagem e comprometimento neuromotor, um com deficiência intelectual e lateralidade cruzada e quatro em avaliação psicológica.

Certamente, esses jovens aprenderam a fazer muitas coisas, dentre elas a produzirem relatórios sobre cada encontro, uma forma de potencializar a aprendizagem nas relações de busca, pesquisa, atenção, construção e criatividade. Também aprenderam a fazer, quando musicalizaram o poema “Pagodeira” de Elias José (2006, p.94) cujas estrofes foram divididas na turma (estilo jogral); daí foi colocado um ritmo, criado pelo grupo responsável pela percussão – na apresentação da culminância do trabalho – cujos sons foram retirados de instrumentos produzidos por eles mesmos.

Oficina de construção de instrumentos de percussão e musicalização do poema “Pagodeira” de Elias José.

As reuniões em círculo, o olhar, o contato, as partilhas e as oficinas ganharam força no aprender a viver juntos. Na oficina de instrumentos percussivos, a turma foi dividida em cinco grupos, sendo o maior desafio para o grupo que, na apresentação final, era o responsável pela percussão, pois este era composto por quatro alunos surdos, dois alunos bateristas e o professor intérprete em libras.

Logo no início, com a observação de que a turma era meio dispersa, desunida e indisciplinada, foi oportunizado a alguns estudantes, considerados “mais difíceis”, a experiência da responsabilidade de “aprender a ser” de uma forma mais intensa. Então, lhes foram atribuídas lideranças e outras funções as quais tiveram um efeito transformador na vida desses jovens.

Diante de todas essas colocações, reconhece-se que a pedagogia musical aplica-se no conhecimento e na comunicação de pessoas diferentes, no respeito a essas diferenças vivenciadas no dia a dia da escola. Ao lado dessas considerações, Pires (2006, p.120-121) acrescenta que:

As experiências do cotidiano em educação têm que ser compartilhadas, e é na cooperação que se constrói a história dos indivíduos, dos grupos, das culturas, das civilizações. No caso do processo de inclusão, as interações com o outro são benéficas para todos os alunos e a privação de tais interações dificulta a concretização desse processo.

Durante o desenvolvimento do trabalho, também se verificou, em atividades como a máquina sonora que no início, a maioria dos alunos apresentava dificuldades por muita timidez, vergonha, insegurança e medo de se expor e que resultou num efeito inovador, contagiante e motivador para os alunos que superaram suas emoções e/ou sentimentos a fim de participarem.

As imagens retratam ensaios e apresentação da Máquina Sonora.

Ao lado dessa experiência, relata-se a passagem da música Dig Dan (autor desconhecido) em que os estudantes “não demonstraram interesse” em cantar, falavam ao mesmo tempo dando outras sugestões ou desculpas para não participarem. Passando a música em pequenos grupos, a partir de um ou dois alunos (os surdos punham suas mãos no pescoço dos colegas para sentirem as vibrações do som e participarem do momento), todos cantaram entusiasmados, sendo maravilhoso ver o crescimento, a superação e a alegria desses jovens estampada em seus rostos. O que parecia tão difícil para eles, ficou tão resolvido, algo novo, diferente e bom de fazer. Nesse contexto, note-se a seguir o relato de alguns alunos:

“Na aula dessa terça-feira, tentamos entrar no ritmo e cantar uma música, que no começo parecia muito difícil, até me recusei a cantar, mas depois fui me soltando e percebi que não era tão difícil assim. Quando dividimos o grupo, a aula ficou bem melhor, porque só assim os alunos foi se soltando mais...embora eu não tenha participado de forma mais desejável, posso dizer que todas as etapas do projeto de música ajudaram mais na integração dos alunos, a trabalhar melhor em equipe, desenvolver nossa criatividade e desinibir um pouco mais os que tendem a timidez. Desde os primeiros momentos: com vídeos explicativos, a construção de fato da teoria apresentada, com os instrumentos de percussão... um mundo de sons próximos e possíveis nos foi revelado, fazendo uso de construções tão simples e até mesmo nosso próprio corpo como instrumento de música e canção nos levando a uma expressão corporal pouco comum nos revelando um para o outro quem éramos quando fazendo e sendo a música. Enfim... descobrimos todas as possibilidades da música com seus graus de qualidade e sua aplicação indireta ou diretamente na nossa vida; inclusive suas possíveis consequências. MRS (15 anos)

Eu admito que aprendi a lidar com nossas emoções e aprendemos a respeitar alguns colegas incapacitados de ouvir que demonstraram bastante interesse e cada dia que passa ficamos mais responsáveis para cumprir o que é nossa obrigação: aprender. Quero dizer que as aulas foram bastante interativas. PSMF (15 anos)

Essas colocações permitem perceber que a experiência vivenciada por esses alunos pondera a pedagogia da música na escola, suas relações com a educação e formação do indivíduo e seus amplos e variados benefícios trazidos ao homem.

Na educação pós-moderna, o conhecimento humano tende a combinar-se com a capacidade deste interagir intencionalmente na busca da plena compreensão, ou seja, de comunicar-se.

Nesse sentido, a música revela um caráter sóciointeracional à proporção que permite aos educandos a troca de experiências, sentimentos, emoções e valores, ao tempo em que os sons agem sobre o corpo e o cognitivo construindo conhecimento, de acordo com os relatos construídos pelos alunos. Além disso, é importante registrar a influência consequente das atividades realizadas na comunidade escolar (funcionários, pais, professores) através da alegria, da credibilidade, do apoio e do desejo de participação.

Alunos na organização para a culminância. Lembrancinhas feita por uma aluna para entregar aos colegas.

Na apresentação

À luz dessas considerações, evidencia-se que a prática da música na escola torna melhor a convivência, a tolerância e o respeito com as pessoas devido a sua essência multicultural. Os efeitos provocados pela música propiciam uma retomada de algo que alguém vivenciou não só em seu plano habitual, mas também de coisas que foram desconhecidas e podem ser resgatadas a partir do processo de transmissão. Da mesma forma, contribui a descobertas, gerando transformações. Essas mudanças criam possibilidades de descobrir novas potencialidades as quais o indivíduo não tinha consciência que as possuía. Nessa perspectiva, educar com música amplia seus objetivos, ultrapassa suas expectativas, contribuindo para a construção da cidadania e favorecendo a participação social ao permitir que os alunos ampliem a compreensão do mundo em que vivem, reflitam sobre ele e possam nele intervir.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Marcos

Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos de Ensino Fundamental: Arte. Brasília MEC / SEF, 1998.

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação