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Necessidades e atitudes dos bebés

No documento As percepções e as práticas (páginas 53-58)

Seres pequeninos! Ver-vos viver, Recolher, Aspirar a graça Das vossas existências,

que começam a abrir e a tomar cor, (…)

Irene Lisboa

5.1. O sono

Os padrões de sono do recém-nascido são muito diversificados. O bebé tem que recuperar da violência do parto antes de poder restabelecer o ciclo do sono/vigília (Brazelton, 2004).

Este autor acrescenta que se podem identificar seis estados de sono e vigília nos recém-nascidos: sono profundo, sono leve, estado de sonolência entre o sono e a vigília, estado de alerta, agitação e choro. No sono profundo e no choro, o bebé fecha-se aos estímulos do ambiente.

O bebé passa a um ciclo de vigília, logo após a recuperação dos estímulos do nascimento e do novo ambiente. Neste ciclo, o bebé abre-se para o seu novo mundo. Neste estado, ele já consegue ver e ouvir, e manter o estado de alerta. Se a actividade que o circunda for demasiado excitante ou aborrecida, passa a um estado que pode parecer de sono (Brazelton, 2004).

Por volta da terceira semana, os ciclos de sono e vigília começam a ficar mais organizados. Aos quatro meses, o sistema nervoso do bebé já está suficientemente amadurecido e já pode dormir 8horas seguidas.

Entre os 4 e os 6 meses, os bebés dormem em média 10 ou 11 horas, acordando uma ou duas vezes durante a noite. De dia dormem 4 ou 5 horas (Brazelton, 2004).

Aos 6 meses os bebés já estão preparados para dormir 12 horas por noite, podendo acordar algumas vezes. Durante o dia fazem uma sesta de 2 horas de manhã e de tarde (Brazelton, 2004).

Aos 10 meses regressa ao ciclo de 8 horas por noite e durante o dia já não consegue dormir. O mesmo já não acontece aos 12 meses, a maioria das crianças dorme cerca de 11 a 12 horas por noite. Algumas voltam a fazer pequenas sestas de manhã ou à tarde (Brazelton, 2004).

5.2. A alimentação

Depois das dificuldades habituais, a mãe e o bebé começam a conhecer-se profundamente.

“Depois das adaptações das primeiras semanas, a amamentação começa a ser algo de muito gratificante. A mãe começa a sentir que é capaz! Pode aumentar a sua satisfação com este feito importante, com o prazer natural de começar a conhecer o bebé intimamente. Cada mamada torna-se uma oportunidade para comunicar e para demonstrar o seu amor. Deu ao seu filho, ao seu cérebro, às suas funções corporais um começo maravilhoso” (Brazelton e Sparrow, 2004: 33).

Para Brazelton e Sparrow (2004), apesar de o bebé sentir a falta do colostro e dos anticorpos do leite materno, os leites em pó modernos estão ajustados às necessidades do bebé.

Aos quatro meses, as horas das refeições já estão mais definidas. Quase todos os bebés fazem um intervalo de três a quatro horas entre as refeições. Normalmente, são nesta altura introduzidos os alimentos sólidos.

Aos 8 meses, as horas das refeições já estão estabelecidas. A maioria dos bebés já está habituada a três refeições por dia e a pequenos lanches a intervalos regulares.

Nesta altura, o bebé começa a pegar em pedaços de comida ou em objectos para levar à boca. O mais interessante para ele, aos 8 meses, é usar o dedo indicador e o polegar para pegar em objectos.

Com um ano a criança já aprendeu que a comida serve para comer, para brincar e já não gosta de ser alimentada. Nesta idade, as crianças exigem que os pais desempenhem um novo papel, que as deixem aprender sozinhas.

5.3. O choro

“O choro é a forma de comunicação mais importante do recém-nascido” (Brazelton e Sparrow, 2004:14)

O choro e o grito são as primeiras manifestações do bebé. Constituem o principal modo de comunicação e o meio como o bebé exprime as suas necessidades. Como afirma Ramos:

“(…) os médicos tradicionais portugueses já faziam as suas interpretações do choro do bebé. Em 1891, o médico J. Cardoso num livro dedicado às mães, na p. 59, escreveu: “O primeiro grito do recém-nascido anuncia a entrada na vida”. A partir deste momento, o bebé grita por numerosas razões que é preciso analisar: se a criança está molhada, devemos mudá-la; se a criança está muito séria, deve-se torná-la alegre, deve-se verificar se ela não tem um alfinete que lhe faça mal, ou se um insecto não a picou; deve-se verificar se ela tem cólicas ou se está mal dos dentes. Mas há crianças caprichosas ou más que gritam sem razão. Com estas deve-se ter uma certa energia para lhes fazer perder os maus hábitos” (Ramos, 1993: 224).

Na actualidade, são muitos os estudiosos que analisam as atitudes dos bebés desde o nascimento. No que respeita ao choro, Brazelton e Sparrow (2004) referem que os pais podem identificar diferentes tipos de choro no recém-nascido: dor, fome, fadiga, tédio, desconforto ou a descompressão do fim do dia.

O choro de dor é um lamento curto, agudo e muito alto, seguido de um período de apneia a que se segue outro grito. Este tipo de choro não pára, mesmo que se pegue no bebé ao colo. O rosto do bebé fecha-se, os braços e as pernas flectem-se, e apertam-se contra o corpo.

O choro de fome manifesta-se através de soluços curtos mas contínuos. O choro é persistente, mas não muito alto. O bebé movimenta a cabeça de um lado para o outro e para a frente com a boca entreaberta; tenta levar a mão ou a roupa à boca, à procura de comida.

O choro de fadiga surge após um dia repleto de interacção com os outros, muito colo, barulho e muita actividade em torno do bebé. Claro, este começa a protestar. O choro de fadiga é ligeiro, quase um gemido, que vai aumentando de tom até se tornar num choro forte. Se o bebé for deitado no berço, acalma.

O choro de tédio reconhece-se no choramingar em soluços. O bebé olha à sua volta e só pára de chorar quando falam com ele, quando lhe fazem festas ou lhe pegam para brincar. O rosto do bebé apresenta-se relaxado e os olhos estão normalmente abertos, apesar de pouco vivos.

O choro de desconforto é um choro mais fraco do que o grito de dor, mas com momentos de grande intensidade. O bebé parece querer dizer que está incomodado com alguma coisa. Se pegarmos nele ao colo, o bebé pára de choramingar.

O choro de descompressão do fim do dia é um choro intermitente e muitas vezes ritmado, que acontece depois de um dia muito agitado, muito cheio de imagens, de sons e de actividades.

Síntese

Os bebés precisam de cuidados físicos e de um relacionamento afectivo, proporcionados sobretudo pela mãe nos primeiros meses de vida, para crescerem de uma maneira harmoniosa e saudável.

As crianças crescem segundo uma mesma sequência, em todo o mundo. Algumas parecem crescer muito rapidamente, enquanto outras crescem de forma mais lenta. A maioria das características, que fazem de cada indivíduo um ser único, deve-se à genética e às suas vivências enquanto criança.

Os recém-nascidos passam a maior parte do tempo a dormir, uma média de 16 horas por dia. Este tempo diminui rapidamente, até que por volta de um ano de idade passam a dormir cerca de 10 horas.

Um dos aspectos mais importantes da criança é o desenvolvimento das capacidades motoras. A visão desenvolve-se mais lentamente do que muitos dos outros sentidos.

Por volta de um ano de idade, os bebés conseguem associar os sons que produzem a objectos específicos e começam a pronunciar as suas primeiras palavras.

É através do choro que o bebé começa a comunicar. Os pais conhecem os tipos de choro do bebé e sabem identificar a sua causa.

No documento As percepções e as práticas (páginas 53-58)